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Significado de Mateus 3:13-17

Jesus chega da Galiléia para ser batizado por João. João reconhece a Jesus como o Messias e O batiza. Assim que sai da água, o Espírito de Deus desce como pomba sobre Ele. Uma voz do Céu anuncia que Jesus é o Filho de Deus.

A narrativa introdutória de Mateus sobre Jesus, o Messias, o filho de Davi e herdeiro do trono (2 Samuel 7:13) alcança o clímax com a chegada de Jesus, o Messias. Mateus registra que Jesus chega da Galiléia a João (o Batizador) no Jordão. Mateus já explanou como Jesus havia chegado à Galiléia (2:22,23). João (o autor do Evangelho) nos conta que este evento do batismo de Jesus aconteceu no dia seguinte (João 1:29). Diferentemente dos que haviam vindo de Jerusalém, Judéia e distritos no entorno do Jordão para serem batizados por João, Jesus viajou mais de 160 quilômetros de distância, aproximadamente cinco dias de viagem, em direção ao Mar da Galiléia, no norte.

O batismo de Jesus no Jordão faz duas alusões a figuras do Antigo Testamento. A primeira é Moisés, o autor da Velha Lei. Moisés concluiu seu ministério junto ao Rio Jordão. Jesus, o cumpridor da Velha Lei e autor da Nova Lei, inicia Seu ministério no Rio Jordão.

A segunda figura do Antigo Testamento é o successor de Moisés, Josué. Josué liderou a passage dos filhos de Israel pelo Jordão em direção à Terra Prometida. Os nomes Jesus e Josué, em hebraico (e grego), são os mesmos. No hebraico, seus nomes são Yeshua, que significa “YAHWEH salva”. As primeiras ações públicas dos ministérios de Jesus e Josué ocorreram junto ao Rio Jordão e ambas as ações foram seladas por sinais ou milagres divinos (Josué 3).

Jesus é tanto o segundo Moisés (Deuteronômio 18:15, 16) quanto o segundo Yeshua. Moisés deu a lei, Jesus cumpriu a lei e a restabeleceu em termos espirituais, ou seja, escrita em nossos corações (Jeremias 31:31-33). Josué lideou Israel à Conquista da terra. Jesus retornará para conquistar toda a terra (Apocalipse 19:11-19).

João fica chocado com o pedido de seu primo. A forma como João recepciona a Jesus é completamente oposta à sua repreensão dos fariseus e saduceus. Ao invés de envergonhar a Jesus, João parece estar envergonhado ele próprio. Porém, João tenta dissuade-lo, dizendo: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” A resposta de João tem a ver com o que ele havia dito anteriormente a respeito de sua indignidade em comparação com o Messias.

Em Sua resposta, Jesus gentilmente reconhece a dificuldade de João e sua reação de querer ser batizado por Ele. O Messias diz ao Batizador: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.

É interessante notar que João 1:33 indica que João não sabia, antes de batizar a Jesus, que Ele era o Messias. Deus havia revelado que ele conheceria o Messias quando visse o Espírito descendo e permanecendo sobre Ele. Isso não ocorreu até que Jesus saiu da água. Isso significa que a pergunta de João a seu primo - “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” - foi baseada no conhecimento pessoal da vida justa vivida por Jesus. João sabia que Jesus não precisava se arrepender de coisa alguma.

A que Jesus poderia estar se referindo quando declarou “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça”? Parece claro que Jesus não precisava ser batizado como símbolo da demostração de arrependimento por Seus pecados. Então, por que Ele precisou ser batizado?

É importante observar que Jesus disse “nos convém”. João tinha um papel a cumprir, Jesus tinha o dele. O batismo tinha um propósito específico, ouo seja, cumprir a justiça. A palavra justiça, no grego, é “dikaiosune”. A ideia da palavra é mostrar que tudo está funcionando de acordo com o que foi planejado. O apóstolo Paulo correlacionou “dikaiosune” ao corpo humano, no qual todos os membros são partes funcionais de acordo com o propósito de cada uma (Romanos 12:3-8; I Coríntions 12:12-31). O filósofo grego Platão descreveu “dikaiosune” como todos os habitantes de uma cidade fazendo o melhor que podem para o benefício de todos.

Jesus parece dizer a João: “Precisamos fazer isso juntos, porque cada um de nós tem um papel específico a desempenhar, a missão que Deus nos deu.” Para seu crédito, João concorda, embora, naquele momento, ele ainda não consiga entender claramente como o batismo de uma pessoa justa poderia cumprir a justiça. Até aquele momento ele estava batizando apenas pecadores arrependidos.

Como o batismo de Jesus por João cumpriu os papeis de ambos? João foi o precursor de Jesus. A missçao primária dada a ele foi a de preparar o caminho para Jesus. O batismo serviria como uma unção especial antes da proclamação de Seu Reino pelo Rei Messias. Neste quesito, Jesus era como o filho de Jessé, Davi, que foi ungido rei pelo profeta Samuel (1 Samuel 16:1-13). No caso de João Batista, ele era o profeta. Ao invés de ungir Jesus com óleo, que teria sido o sinal de que Ele estava sendo comissionado como Rei, Jesus é batizado. Este deve ter sido um indicativo de que o ministério inicial de Jesus teria um foco espiritual e não terreno.

Também é possível que Deus tenha planejado demonstrar que Jesus deveria servir de modelo. Se os súditos do Reino são comandados a se batizar em preparação para o Reino dos Céus, o batismo do Rei deveria também se ter um papel de preparação similar. Tal percepção está alinhada com o que o livro de Hebreus relata sobre a missão sacerdotal do Messias:

“Por onde importava que, em tudo, fosse ele feito semelhante a seus irmãos, para que viesse a ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas referentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hebreus 2:17).

Após ouvir a resposta de Jesus, João permitiu que Jesusse aproximasse e fosse batizado. Porém, após ser batizado, algo miraculoso aconteceu, assim que Jesus saiu da água. Mateus chama nossa atenção para este fato usando as seguintes palavras: “Eis que”, como se quisesse dizer aos leitores: “Prestem bastante atenção ao que aconteceu a seguir.” “Se abriram os céus, e veio o Espírito de Deus descer como pomba e vir sobre ele; e uma voz dos céus disse: Este é o meu Filho dileto, em quem me agrado”.

Os céus se abriram pode significar que começou a chover de repente, ou que os céus começaram a revelar algum vislumbre da glória de Deus. O que quer que tenha ocorrido, aquele sinal manifestou que algo especial havia acabado de ocorrer. No entanto, não foi o único sinal.

E veio o Espírito de Deus sobre Ele como uma pomba. Esta é a segunda menção ao terceiro membro da Trindade Santa neste capítulo. Mateus nos conta que João viu o Espírito de Deus  descer e pousar sobre Jesus na forma de uma pomba. Pombas na Bíblia simbolizam a paz. Foi uma pomba que retornou a Noé  com um ramo de oliveira após a ira de Deus ter destruído a terra no dilúvio (Gênesis 8:8-12). A descida do Espírito Santo sobre Jesus na forma de uma pomba era a aprovação da obra que Jesus estava por começar. Não fica claro se esta pomba, ou a presença de Deus, foi visível a todos. Mas, está abundamente claro que foi visível a João. João, o autor do Evangelho, registra as palavras de João Batista:

“Vi o Espírito descer do céu como pomba, e permaneceu sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me enviou a batizar com água disse-me: Aquele sobre quem vires descer o Espírito e ficar sobre ele, este é o que batiza com o Espírito Santo. Eu tenho visto e testificado que ele é o Filho de Deus” (João 1:32-34).

Neste ponto, João sabe que Jesus é o Messias prometido, ao ver este sinal. João já sabia que Jesus era seu primo. Ele sabia que Jesus vivia uma vida justa, evidenciada pelo fato de dizer que ele precisava ser batizado por Jesus, não o contrário. Porém, ele não sabia ainda que seu primo era o Messias. Não temos qualquer indicação de que João sequer suspeitasse que Jesus fosse o Messias prometido. Até aqui, Mateus explicou como Jesus era o herdeiro do trono, embora issos ainda fosse oculto a todos. Ele cumpriu a profecia ao nascer em Belém de uma virgem, ao sair do Egito e crescer na Galiléia. Agora, o véu começa a ser levantado e a identidade de Jesus começa a ser revelada. O profeta João Batista é testemunha da missão de Jesus como o Messias real, o prometido de Israel.

Mateus, a seguir, traz a atenção do leitor a um Segundo “Eis que”, desta vez para dizer que uma voz do céu começou a falar. E isto foi o que a voz disse: “Este é meu filho dileto, em quem me agrado.” A voz é do Pai. A Bíblia não deixa claro exatamente quem ouviu a voz, se todos ou apenas Jesus e João. Marcos e Lucas relatam que a voz falou diretamente a Jesus, dizendo: “Tu és meu filho amado, em quem eu tenho prazer” (Marcos 1:11; Lucas 3:22). Mateus e João indicam que pelo menos João Batista ouviu a voz, mas o apóstolo usa o termo “Este é” (terceira pessoa do singular), referindo-se a Jesus. Outros podem ou não ter ouvido a voz. É possível que uma voz tenha falado e que Jesus a tenha ouvido em Si mesmo, enquanto João (e os outros) a tenham ouvido falar sobre Jesus.

O que fica claro é que os quatro Evangelhos validam o fato de que algo foi dito, afirmando que Jesus era o Filho de Deus.

É importante notar que Deus estava satisfeito com Seu Filho durante os trinta anos anteriores. Jesus não tinha desempenhado nenhum “ministério integral” até aqui. Ele era filho de Maria e José, um “tekton”, ou artesão, provavelmente tenha trabalhado com seu pai adotivo e fosse um membro da comunidade. Após a descrição de Lucas sobre como Jesus dexiou maravilhados os escribas (provavelmente por volta dos 12 anos de idade), ele nos conta que Jesus “crescia em estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lucas 2:52). O fato de Jesus viver uma vida consistente com os princípios de Deus e em obediência a Sua vontade levou o Pai a dizer que estava satisfeito com Ele. Isso está alinhado com as admoestações bíblicas de fazermos tudo “como para o Senhor” (Colossenses 3:23, 24).

O batismo de Jesus marca um dos raros momentos nas Escrituras que explicitamente menciona as Três Pessoas da Trindade de uma só vez. Aqui vão outras:

  • Gênesis 1 menciona Deus Pai, Deus Espírito e a Palavra falada.
  • Na noite em que foi traído, Jesus comunica aos discípulos sobre a presença do Ajudador - o Espírito Santo, que viria depois dele (João 14), antes de orar ao Pai logo depois (João 15).
  • Em algumas traduções, 1 João 5:7 diz: “Três são os que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue, e estes três concordam” (1 João 5:8).

A menção à Trindade no batismo de Jesus é um evento significativo, não apenas deixando claro que Jesus é Deus, msa também inaugurando o ministério de Jesus. Mateus usa este momento para colocar um selo de divindade sobre Jesus e ratificar o tema central do seu Evangelho: “Jesus é o Messias Divino que veio para proclamar Seu Reino”.

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