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Significado de Naum 1:2-8
Nesta seção, Naum usa um acróstico alfabético para expor o caráter de Deus. O acróstico é um poema em que a primeira letra de cada linha inicia uma palavra, uma mensagem ou uma lição. Vários textos têm a forma de acróstico no Antigo Testamento (por exemplo, Salmo 25; 34; 37; 119; Provérbios 31:10-31). O acróstico de Naum vai apenas até a metade do alfabeto hebraico, que contém vinte e duas letras. Os acrósticos geralmente apresentam um tratamento completo sobre um tópico (Provérbios 31:10-31); assim, metade de um acróstico indica incompletude. No caso de Naum, o acróstico provavelmente percorreu a metade do alfabeto hebraico para demonstrar que a destruição de Nínive refletia apenas um lado de Seu caráter. Dito de forma simples, embora Deus fosse um guerreiro-juiz furioso contra Nínive, Ele era protetor e libertador para Judá. Assim, Seu julgamento de Nínive significaria liberdade e paz para Judá (Naum 1:12-15).
Naum descreve o caráter de Deus usando o nome da aliança de Deus, Javé, muitas vezes traduzido como "o SENHOR" em nossas Bíblias (Êxodo 3:14). Significa "EU SOU" ou "O Existente". O profeta começa dizendo: Deus zeloso e vingador é o SENHOR. O adjetivo “zeloso” é "qanno" em hebraico. Refere-se à zelosa proteção de Deus ao Seu povo da aliança e Sua ira contra Seus inimigos.
Isso significa que Deus desejava preservar o que lhe pertencia (Deuteronômio 5:9; Isaías 42:8; 48:11). Israel era tratada como a esposa do Senhor (Ezequiel 16:8). Deus deseja proteger o que é Seu.
Embora os ninivitas fossem o instrumento de Deus para punir a Seu povo do pacto, eles fizeram mais do que deveriam ter feito. Portanto, Deus julgaria severamente aos ninivitas visando retribuí-los por seus erros. Em suma, o SENHOR é um Deus vingador. Deus garante que haja justiça para os erros cometidos.
A palavra “vingador” vem do verbo “vingar-se”. A ideia de se vingar reflete uma antiga prática do Oriente Próximo pela qual um parente próximo era responsável por punir a um criminoso de forma que se encaixasse no crime cometido por ele. No entanto, havia certas restrições no antigo Israel, porque um vingador só poderia agir em casos de assassinato premeditado, porém não de morte acidental. É por isso que Moisés ordena a Israel que reserve cidades de refúgio para fornecer asilo a alguém que cometesse um homicídio acidental (Deuteronômio 4:41-43; 19:1-13). Essa restrição garantiria que o povo de Deus não derramasse sangue inocente.
No livro de Naum, o vingador é o SENHOR, Aquele que é perfeito e justo "em todos os seus caminhos" (Deuteronômio 32:4). De fato, o SENHOR é um Deus vingador e irado. A palavra traduzida como “irado” é literalmente "possuidor de ira" no texto em hebraico. A “ira” de Deus significava intensa raiva e indignação provocada pela desobediência e injustiça humanas. Deus frequentemente derrama Sua ira entregando as pessoas ao que elas desejam (Romanos 1:24,, 2628). Porém, Ele também derrama Sua ira exercendo uma espécie de reversão do segundo maior mandamento, que é o de amarmos ao próximo como a nós mesmos. Deus derramaria Sua ira sobre Nínive, fazendo a eles o que eles haviam feito a outros.
O Novo Testamento também diz que a ira de Deus é derramada sobre a injustiça através dos instrumentos dos governos humanos (Romanos 13:4). Deus usou a Assíria como Seu instrumento para trazer justiça sobre o reino de Israel, também chamado Samaria. O livro de Amós cobre a injustiça galopante em Israel/Samaria e deixa claro que Deus pretendia usar a Assíria para executar Sua justiça sobre eles. Porém, a Assíria era cruel e perversa. Assim, Deus executaria Sua justiça sobre eles também.
Em duas linhas sinônimas, declara o profeta Naum: O SENHOR se vinga de Seus adversários e reserva ira para Seus inimigos. Os ninivitas eram inimigos de Deus porque amavam ao pecado e maltratavam a Seu povo. Deus havia proporcionado uma janela de oportunidade para que eles se arrependessem ao enviar Jonas para avisá-los de Seu julgamento (Jonas 3:4). Como o arrependimento deles durou pouco, Deus estava pronto para derramar Sua ira sobre eles. Ele os puniria para demonstrar Seu poder sobre o império assírio e para salvar Judá de ser destruído por eles.
Embora Deus seja um Deus irado, Ele sempre dá um tempo de arrependimento aos ímpios, para que Ele possa ser "irrepreensível" quando julgar (Salmo 51:4). Ele frequentemente permite três ou quatro gerações de tempo para que as nações se arrependam (Gênesis 15:16; Números 14:18). Naum deixa claro que o SENHOR é paciente ao afirmar: O SENHOR demora a se irritar. Essa expressão idiomática significa "de nariz comprido". Alguém com nariz curto era considerado como temperamental quente. Porém, alguém com um nariz longo era considerado como longevo e paciente.
O SENHOR havia sido paciente com os ninivitas. Ele havia contido Sua ira contra eles, dando-lhes tempo para se arrepender (2 Pedro 3:9b). É por isso que Ele enviou Jonas a eles. No entanto, os ninivitas abusaram da paciência de Deus; foram cerca de quatro gerações desde que os ninivitas haviam se arrependido. O Senhor certamente os puniria, porque Ele é grande em poder.
A declaração de que o SENHOR é grande em poder significa que Ele tem total autoridade sobre o mundo. Ele "revestiu-se e cingiu-se com força" (Salmo 93:1). Todas as autoridades são nomeadas por Deus (Romanos 13:1). Sua paciência se dá porque Ele deseja que o bem venha sobre todas as pessoas, e "não deseja que nenhum pereça, mas que todos venham ao arrependimento" (2 Pedro 3:9b).
Deus é o Todo-poderoso (Salmo 147:5). Ele "sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder" (Hebreus 1:3). Somente Ele tem o poder para salvar e julgar (Êxodo 3:19-20; 6:6). Ele pode julgar a qualquer momento. Porém, a preferência de Deus é que todos se arrependam.
Embora o SENHOR esteja sempre disposto a perdoar, Ele de modo algum deixará os culpados impunes, porque Ele é justo (Êxodo 34:7). O livro de Romanos nos diz que "não há parcialidade com Deus" (Romanos 2:11). Ele sempre julga os culpados por sua maldade, no devido tempo. Portanto, Nínive cairia sob o julgamento de Deus no momento apropriado.
Naum, então, fala do poder do SENHOR usando imagens do mundo natural. Ele diz: Em Redemoinho e tempestade são o Seu caminho. O termo “redemoinho” refere-se aos ventos fortes, como um redemoinho, semelhante a um pequeno tornado (Jeremias 23:19) que acompanhava as tempestades no mar (Jonas 1:4; Salmos 107:25), ou uma tempestade destrutiva (Jó 27:20). O termo geralmente sugere imagens de destruição e desperta sentimentos de impotência diante da tempestade (Oséias 8:7). Tal é o poder de Deus; nada pode impedi-Lo em Seu caminho.
Embora furacões e tornados tenham o poder de deixar os seres humanos impotentes e desesperados, o SENHOR tem todo poder para acalmá-las sempre que quiser. Ele é o mestre das tempestades e controlador dos ventos. O profeta Habacuque declara a respeito do Senhor: "Os montes te viram e tremeram; a chuva das águas te teme" (Habacuque 3:10). O poder de Deus é tão grande que as nuvens são o pó sob Seus pés, o que significa que Ele as pisa sob Seus pés (2 Samuel 22:10).
O poder de Deus é incrível. Ele repreende o mar e o faz secar; Ele seca todos os rios. O verbo traduzido como “repreender” às vezes se refere a uma bronca, como quando Boaz instruiu os ceifeiros a não repreender Rute quando ela se junta a eles para "colher" no campo (Rute 2:16; Gênesis 37:10). Em nossa passagem, no entanto, o verbo tem o sentido de dar uma ordem a alguém ou algo. Assim, Deus ordena que o mar e todos os rios se secassem, e eles O obedeceram (Êxodo 14:21-22; 15:8). Como resultado, Basã e Carmelo murcham. Até as flores do Líbano murcham. Quando Jesus repreendeu à tempestade, aquilo foi um sinal claro a Seus discípulos de que Ele era Deus (Marcos 4:39-41).
A região chamada Basã era uma terra rica e fértil localizada no que é hoje as Colinas de Golã, a leste do Mar da Galiléia. Era conhecida por seu gado abundante (Deuteronômio 32:14; Ezequiel 39:18). O gado pastava nos exuberantes campos disponíveis em Basã (Amós 4:1).
A região chamada Carmelo ficava no território de Israel. Era uma cordilheira montanhosa que se estendia por cerca de 35 quilômetros ao longo do Mar Mediterrâneo e se projetava para sudeste, no fértil Vale de Jezreel. Era uma terra fértil, com bosques, flores e vinhedos abundantes.
O Líbano era uma bela região localizada ao norte de Israel. Era conhecido por suas árvores e cordilheiras (Jeremias 18:14). Embora Basã, Carmelo e Líbano representassem as partes mais férteis da terra de Canaã, o SENHOR tinha poder de fazê-los sofrer seca e perder toda sua vegetação (Isaías 33:9).
A frase “Ele repreende o mar” também pode ser tomada figurativamente, pois o mar muitas vezes representa as nações (Apocalipse 17:15). Deus repreenderia à Assíria, o principal império sobre todas as nações.
O SENHOR também controla os terremotos. Até as montanhas, que simbolizam estabilidade e segurança, tremem por causa dEle. As colinas se dissolvem diante Dele (Miquéias 1:4). Seu poder pode transformar todos os elementos do mundo natural. De fato, a terra é perturbada por Sua presença, o mundo e todos os habitantes que nela habitam. Isso significa que Deus pode lançar todo o mundo natural em convulsão.
Ao entender as implicações do poder do Senhor, o profeta faz uma pergunta em duas partes: Quem pode permanecer diante de Sua indignação? Quem pode suportar o fogo de Sua ira? O verbo “permanecer” significa resistir, como quando os guerreiros lutavam para manter seu terreno contra seus adversários (Juízes 2:14; Josué 10:8). O verbo “suportar” aqui significa literalmente se revoltar contra alguém ou algo. A resposta implícita à pergunta de Naum é que ninguém, incluindo os ninivitas, podia resistir a Deus. Somente Ele pode trazer vida e destruição (Deuteronômio 32:39).
Quando o SENHOR vem em juízo, Sua ira é derramada como fogo. O termo “fogo” denota uma manifestação física de destruição. Nos tempos antigos, as pessoas usavam o fogo para cozinhar os alimentos (Êxodo 12:8; Isaías 44:15-16), para servir de luz), para refinar metais (Isaías 1:25) e para queimar lixo (Levítico 8:17). Eles também usavam o fogo como instrumento de guerra, com o qual os conquistadores queimavam as cidades dos conquistados (Josué 6:24; Juízes 1:8; 1 Reis 9:16). Em nossa passagem, o fogo é usado para demonstrar o poder destrutivo de Deus. Assim como o fogo arde intensamente, assim também a ira de Deus seria derramada intensamente. Como resultado, até mesmo as rochas são quebradas por Ele.
O termo “rochas” é "tsûr" em hebraico. Refere-se literalmente a pedras duras. As rochas desempenhavam um papel importante no mundo antigo. Por exemplo, uma rocha servia como (1) lugar de refúgio (Êxodo 33:18-23); (2) lugar alto que proporcionava segurança (Números 23:1-9); (3) lugar de sacrifício ou altares (Juízes 13:19-20); e (4) lugar de água (Êxodo 17:3-7; Deuteronômio 8:11-16). Embora as rochas sejam duráveis, estáveis e imóveis, elas não podem permanecer diante do SENHOR (1 Reis 19:11). A imagem aqui pode ser a de Deus derrubando as muralhas e fortalezas de Nínive, expondo-a ao ataque e levando-a a ser derrotada.
A imagem da ira de Deus sobre Nínive é severa. Ela mostra que Deus agiria como um guerreiro vingador para punir aos ninivitas por seus erros. No entanto, essa imagem refletia apenas um lado de Seu caráter. Nosso Deus nem sempre está irado. Como Naum aponta, o SENHOR é bom. Sua bondade é parte integrante de Sua natureza. Assim como o fogo por natureza é quente, o SENHOR é por natureza bom. Ele é um refúgio no dia da angústia.
O termo “fortaleza” denota um lugar alto que fornece refúgio para as pessoas. Muitas vezes era construída nas altas montanhas e impenetrável, permitindo que as pessoas fossem protegidas de seus inimigos. Como tal, torna-se uma metáfora para a segurança que as pessoas podiam encontrar no SENHOR (Salmos 62:1-8).
O salmista Davi faz essa afirmação de forma bastante enfática ao chamar a Deus de "meu escudo e chifre da minha salvação, minha fortaleza" (Salmo 18:2). Como fortaleza, o SENHOR protege ao Seu povo nos momentos de dificuldade. Ele conhece aqueles que se refugiam Nele, o que significa que Ele reconhece e protege àqueles que depositam sua confiança Nele (Salmo 34:6). Isso parece ser um contraste; o SENHOR seria uma fortaleza para Judá enquanto destrói as fortalezas da Assíria. Porém, também é um princípio: aqueles que se refugiam em Deus são protegidos enquanto Sua ira é derramada sobre aqueles que exploram a Seu povo.
Os que se opõem a Deus não têm Sua proteção ou provisão: com um dilúvio transbordante, Ele fará um fim completo de seu local. A frase “com um dilúvio transbordante” significa que o julgamento de Deus sobre Nínive seria avassalador, intenso. Viria de forma devastadora. Deus traria um fim completo aos iníquos ninivitas, retribuindo-lhes por todos os anos nos quais haviam oprimido a Seu povo. O lugar de Nínive não mais subsistiria.
Uma vez que os ninivitas eram inimigos de Israel, eles também eram inimigos de Deus, já que o povo de Israel pertencia a Ele, assim como os crentes de hoje pertencem a Ele. E como Deus não compartilha Sua "glória" com ninguém (Isaías 42:8), Ele perseguiria Seus inimigos nas trevas. O verbo “perseguir” é frequentemente usado em contextos militares para denotar a perseguição ativa de uma pessoa com intenção hostil (Deuteronômio 1:44; 1 Samuel 23:25). A palavra “trevas” é usada aqui metaforicamente para retratar o terror e a morte que Deus traria sobre Seus adversários (Jó 18:18).
Em resumo, Naum descreve várias características marcantes do Senhor. Ele é zoleso em proteger a Seu povo escolhido e defender Seu governo justo no universo (v. 2). Ele é paciente e justo (v. 3). Ele é grande em poder e tem controle total sobre toda a criação (vv. 3-6). Ele é bom; Ele protege a Seu povo e provê para ele (v. 7). Ele é um juiz poderoso e justo; Ele pode destruir Seus adversários com julgamento (v. 8).