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Significado de Números 11:16-25

Os versículos 16–25 contêm a resposta do SENHOR às perguntas de Moisés.

Respondendo às perguntas de Moisés nos versículos 10 a 15, o Senhor fala com ele (v. 16). Ignorando seu desabafo, o SENHOR lhe ordena: “Ajunta-me setenta homens”. Moisés havia declarado no versículo 14: "Eu só não posso levar todo este povo". Em vez de discutir com Moisés, Deus simplesmente fornece um plano que responde à sua real necessidade. Ele disponibiliza setenta homens para ajudar a suportar a carga administrativa de liderar Israel. Já havia um precedente a respeito de setenta anciãos entre o povo de Israel, já que setenta anciãos haviam acompanhado Moisés até o Monte Sinai (Êxodo 24:9). Jesus enviou setenta discípulos para ministrar às cidades de Israel (Lucas 10:1). Isso pode ser mais uma imagem de que Jesus era o cumprimento da profecia de que Deus levantaria outro profeta como Moisés, que falaria a Israel claramente (Deuteronômio 18:17-18).

Os homens deveriam ser selecionados entre “os anciãos de Israel, que sabes serem os anciãos do povo, e seus oficiais”. Em outras palavras, eram homens com capacidade de liderança comprovada. O termo “ancião” indicava um líder. Este termo também é usado no Novo Testamento referindo-se aos que deveriam liderar a igreja (1 Timóteo 5:17, Tito 1:5, Tiago 5:14).

Moisés é instruído a trazer os anciãos à tenda da revelação. Conforme demonstrado em Êxodo 4, ele não confiava em fazer o que o SENHOR desejava sem assistência. Assim como Deus nomeou a Arão para ajudá-lo em Êxodo 4, o SENHOR agora nomeia setenta homens para auxiliá-lo a lidar com o povo e suas necessidades.

Uma vez reunidos, o SENHOR diz a Moisés que Ele desceria e falaria com ele lá (v. 17). Tirarei do Espírito que está sobre ti e pô-lo-ei sobre eles. O “espírito” era o Espírito Santo que o Senhor dera a Moisés. O propósito do Espírito que viria sobre os homens era o de inspirá-los a carregar o fardo do povo com Moisés. No Novo Testamento, os crentes recebem o Espírito de Deus, que desce e habita neles, dando-lhes o poder da ressurreição para andar em sua nova vida. Grande parte do Novo Testamento é dedicada a ajudar os crentes a entender a importância de andarem nesse poder, deixando de lado os desejos da carne (Mateus 6:24-27).

Moisés ainda era o líder escolhido pelo Senhor de Israel, mas agora ele não precisaria mais suportar tudo sozinho. Este foi mais um exemplo do quanto o SENHOR era gracioso com Seu servo. Deus parecia não se importar quando ele expressava sua frustração. Deus ignora suas emoções e vai direto para uma solução.

O SENHOR, então, ordena a Moisés que dissesse ao povo: "Santificai-vos para amanhã e comereis carne" (v. 18). Ele lembra o povo de que eles haviam clamado aos ouvidos do Senhor, dizendo: "Alguém nos dê carne para comer! Pois estávamos bem no Egito." Ao dizer isso, o povo expressava sua rejeição à graciosa provisão do Senhor através do maná.

Israel também parecia ter-se esquecido de que estava em escravidão opressiva e desumana e que Deus os estava levando a uma "terra que manava leite e mel" (Êxodo 3:8, 17). Esta é uma excelente ilustração para os crentes do Novo Testamento (1 Coríntios 10:11). Os israelitas tiraram os olhos do novo país para onde estavam indo e continuavam obcecados com o “conforto” do Egito. Os crentes do Novo Testamento também estão em uma jornada para uma nova terra. Deus promete que eles herdarão a terra se andarem fielmente (Mateus 5:5; Apocalipse 3:2). Porém, para agradarem a Deus, eles precisam andar em fé (Hebreus 11:6). Deus ensinará uma lição a Israel e os julgará, como sempre faz, dando-lhes o que eles pediram.

Moisés diz ao povo que o Senhor lhes daria carne. De fato, Deus forneceria carne suficiente para que eles comessem, não um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias (v. 19). Em outras palavras, a provisão do Senhor não duraria pouco tempo. Em vez disso, o povo comeria carne por um mês inteiro (v. 20).

Embora a provisão de carne por um mês parecesse ser uma bênção do SENHOR sobre Seu povo, ela passa a ser um instrumento de julgamento, porque o povo se empanturra tanto de carne a ponto de “sair por suas narinas e se tornar repugnante”. Aquilo que parecia ser uma bênção torna-se uma fonte de sofrimento.

Este é um padrão nas Escrituras: os instrumentos de juízo de Deus é, muitas vezes, dar às pessoas o que elas pedem. Romanos 1 afirma que a ira de Deus é derramada sobre a injustiça, entregando as pessoas às suas próprias concupiscências (Romanos 1:24), chamada de vícios (Romanos 1:26) e, em última análise, o que podemos rotular como perda da saúde mental (Romanos 1:28).

A carne tornou-se uma maldição porque eles haviam rejeitado ao Senhor, dizendo: "Por que saímos do Egito?" Este era o verdadeiro problema: seu desejo pela carne era uma rejeição da pessoa e da obra do Senhor. Os israelitas rejeitavam Sua obra de libertação do Egito e Sua direção e proteção rumo à Terra Prometida. Eles entregaram-se à tendência humana de colocar sua felicidade em adquirir "mais". Quando definimos a felicidade como "mais", nunca conseguiremos ser felizes, por definição, porque "mais" é sempre "aquilo que não temos".

Israel também rejeitou ao tempo de Deus. O plano de Deus era abençoá-los com "leite e mel" quando habitassem na Terra Prometida. Eles não estavam contentes em seguir o plano de Deus, ou aceitar Seu tempo. Em vez disso, eles desejavam que Deus seguisse a seu tempo e cumprisse suas demandas.

Aparentemente, Moisés questionou a credibilidade da instrução do Senhor de ter que dizer ao povo que eles estavam prestes a ter toda a carne que desejassem: "Este povo no meio do qual estou são seiscentos mil homens de pé” (v. 21). 600.000 era o número de homens que haviam deixado o Egito, de acordo com Êxodo 12:37. Acrescente-se a esse número de homens o número de mulheres e crianças e popdemos concluir que havia entre 1,5 milhão e 2 milhões de israelitas no arraial. Na perspectiva de Moisés, não haveria gado suficiente para atender à necessidade de alimentar a todo o povo.

Mesmo à luz desse número, Moisés responde ao SENHOR: Todavia, tu disseste: Dar-lhes-ei carne, para que a comam um mês inteiro”. Moisés novamente questiona o SENHOR, dizendo-lhe que não havia animais suficientes em seus rebanhos para alimentar o povo por um mês inteiro. Ele pergunta ao SENHOR (talvez sarcasticamente): “Matar-se-ão rebanhos e gados, que lhes bastem? Ou ajuntar-se-ão para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem? (v. 22). Implícito nessas perguntas estava o fato de que, dado o tamanho atual dos rebanhos, não havia como todos os dois milhões de pessoas serem alimentadas com carne por um mês inteiro.

A resposta do SENHOR é específica. Ele diz a Moisés: "Porventura é curta a mão de Jeová?" (v. 23). Assim diz o texto em hebraico. Esta é uma figura de linguagem chamada de antropomorfismo (descrição de um atributo de Deus usando uma característica humana). O SENHOR, em essência, pergunta a Moisés: "Você acha que eu não sou capaz de alimentar o Meu povo?"

Deus, então, diz a Moisés: Agora mesmo, verás se a minha palavra se te cumprirá ou não. Observe que Deus não diz a Moisés como iria suprir o povo com carne por um mês inteiro. Ele apenas desafia Moisés a observar o que Ele faria. Esta era uma declaração clara do poder e da soberania do Senhor sobre a natureza. Foi também uma oportunidade para Moisés crescer mais um pocuo em sua fé.

Respondendo às declarações do SENHOR, Moisés obedece. Ele faz perguntas a Deus, mas quando o SENHOR lhe dá uma ordem, ele deixou de lado suas dúvidas e obedece: Saiu, pois, Moisés e referiu ao povo as palavras de Jeová; ajuntou setenta homens dos anciãos do povo e fê-los estar ao redor da tenda (v. 24). Mesmo tendo dúvidas, Moisés foi obediente e fez o que lhe foi ordenado. Deus trabalhava na relutância de Moisés por causa de sua pouca fé.

Uma vez reunidos os setenta junto ao tabernáculo, o Senhor desceu na nuvem e falou com ele (v. 25). A nuvem era a forma como o SENHOR se manifestava aos israelitas (Êxodo 13:21, 40:38; Números 9:15). Em seguida, Ele tomou do Espírito que estava sobre ele (ou seja, Moisés) e o colocou sobre os setenta anciãos. Assim, os setenta receberam a capacidade de fazer o que o Senhor ordenava.

E aconteceu que, quando o Espírito desceu sobre eles, eles profetizaram. Não sabemos o que os setenta disseram em suas profecias, mas aquela era uma evidência visível de que o Espírito Santo estava sobre eles. O fato de terem profetizado uma única vez e não o terem feito novamente demonstrava que os setenta não receberam o espírito de profecia, mas apenas o espírito para servir ao SENHOR na administração das necessidades de Seu povo. O fato também demostra que os setenta não estavam no mesmo nível de Moisés, porque o SENHOR ainda falava somente através de Moisés. Parecia ser apenas o sinal de uma unção especial.

Isso traz à mente a descida do Espírito Santo sobre os discípulos em Atos 2. Como os setenta deste capítulo, o Espírito Santo veio sobre os discípulos para equipá-los a fazer a obra do Senhor sobre a terra.

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