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Significado de Filipenses 2:1-4

Paulo diz aos filipenses que a melhor maneira de ajudá-lo quando servem a Cristo é adotando a perspectiva de Jesus e obedecendo a Seus mandamentos.

Paulo admoesta os crentes de Filipos a que sejam de uma só mente, mantendo o amor, unidos em espírito, com a mesma intenção e um único propósito. O único propósito que Deus desejava que os filipenses tivessem era seguir a mesma abordagem que Jesus havia tomado. A abordagem de Jesus, que Paulo desejava que fosse tomada pelos filipenses, era:

  1. Enxergarem-se como servos em uma grande missão, como Jesus;
  2. Não se verem maior do que a missão dada a eles por Deus, mas fazer o que Deus ordenava;
  3. Serem servos de Deus, humilhando-se completamente;
  4. Esvaziarem-se de propósitos egoístas, procurando servir plenamente à missão dada por Deus.

O que Paulo vai afirmar, paradoxalmente, é que, se os crentes fizerem essas coisas, eles alcançariam o prêmio máximo da vida, compartilhando a mesma recompensa que Jesus alcançou. Isso se encaixa no paradoxo dado por Jesus de que o caminho para ganharmos nossa vida é abrir mão dela (Mateus 16:24-25).

Paulo pede a seus irmãos e irmãs em Filipos: Completem minha alegria sendo da mesma mente. Parece paradoxal que Paulo lhes peça que completem sua alegria, já que toda esta seção se concentra em servir aos outros. No entanto, é algo consistente porque Paulo argumenta que servir aos outros é algo que sempre nos faz bem. Nesta primeira metade do capítulo 2, Paulo nos apresenta alguns passos específicos a serem tomados para cumprirmos a admoestação de Jesus de tomarmos nossa cruz diariamente e entregarmos a vida para que a encontremos. Ele argumenta que esses passos difíceis são, na verdade, do nosso maior interesse (a longo prazo). Isso se encaixa com a admoestação de Jesus em Mateus:

"Então Jesus disse aos seus discípulos: 'Se alguém quiser vir depois de mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por Mim a encontrará'" (Mateus 16:24-25).

No capítulo 4, veremos que os filipenses se interessavam especificamente pelo ministério de Paulo e forneceram apoio financeiro a ele durante todo o seu ministério. Na verdade, o impulso de Paulo em escrever esta carta pode ter sido o recebimento de uma doação financeira que o ajudara a pagar suas despesas, incluindo a casa onde ficou em Roma (Filipenses 4:10).

Paulo expressa gratidão pela dádiva financeira. Porém, ele fica ainda mais entusiasmado por causa da recompensa eterna que os filipenses receberiam por sua participação no Evangelho com ele (Filipenses 4:17). Ele os amava e buscava o melhor para eles. Paulo acreditava ser de seu interesse buscar o melhor interesse deles.

O capítulo 2 se concentra na escolha de uma perspectiva de vida. Deus concedeu a escolha moral aos seres humanos. Isso é parte do que significa ser criados à Sua imagem (Gênesis 1:26; 2:17). Podemos observar que existem três áreas primárias de administração para as escolhas que cada pessoa gerencia. Todos nós escolhemos em quem ou no que confiar. Todos nós escolhemos quais ações tomar, ou não tomar. E todos nós escolhemos uma perspectiva, como olhar para as coisas. Muitos escolhem uma perspectiva sem realmente terem consciência de que o fizeram. Paulo é muito específico aqui ao exortar a seus amados parceiros em Filipos a serem intencionais na escolha de uma perspectiva. A perspectiva que Paulo desejava que eles escolhessem era a mesma escolhida por Jesus. Jesus escolheu obedecer plenamente a Seu Pai e fazer algo indesejável e abaixo de Sua posição.

Parece que os crentes em Filipos procuravam apoiar a Paulo sem que isso lhes fosse solicitado (4:15-16). Agora, eles of azem mais uma vez, enviando fundos para apoiá-lo enquanto estivesse preso. Isso mostrava um amor particular, porque Paulo estava em prisão domiciliar em Roma, aguardando a audiência de seu recurso diante do César (Atos 28:18-19). Isso poderia colocá-los em risco: culpa por associação. Aparentemente, eles eram destemidos neste assunto. Talvez a influência dos soldados romanos aposentados dentro do número de crentes em Filipos tenha traduzido a coragem de sua vida anterior para esta nova arena de guerra espiritual.

O apoio destemido e fiel dos filipenses é parte da razão pela qual Paulo os considera participantes plenos e participantes com ele no ministério do Evangelho (1:5,7).

Paulo, agora, lhes diz como poderiam melhor ministrar a ele: tornando-se semelhantes a Cristo.

Paulo apresenta algumas maneiras de completar sua alegria:

  • Portanto, se há algum encorajamento em Cristo,
    • Os filipenses poderiam encorajar a Paulo, ele lhes dirá como.
  • Se há alguma consolação de amor,
    • Os filipenses poderiam amar a Paulo, ele lhes dirá como.
  • Se há alguma comunhão do Espírito,
    • Os filipenses poderiam ter comunhão com Paulo plenamente, no Espírito, Paulo lhes dirá como.
  • Se algum afeto e compaixão,
    • Os filipenses poderiam ter afeição por Paulo em seu estado de prisão e ter compaixão por ele em sua aflição; Paulo lhes dirá como.

Paulo diz aos filipenses que eles poderiam completar sua alegria através da transmissão de afeto, compaixão, comunhão, amor e encorajamento. E como os filipenses poderiam realizar tudo isso para Paulo? Tendo uma só mente.

A frase “mesma mente” é uma tradução da palavra grega "phroneo", que ocorre de formas variadas dez vezes diferentes nesta carta. Significa "adotar uma mentalidade" de algum tipo. Paulo diz que sua alegria poderia ser completada se os filipenses adotassem uma mentalidade unificada em relação à vida. Essa mentalidade, como será explicado em breve, é a mentalidade de obediência radical a Cristo.

Havia uma pergunta implícita dos filipenses: "Paulo, como podemos ajudá-lo? Como podemos amar, encorajar e fazer parceria com você?" Paulo responde: "A melhor maneira de me ajudar é estar unificados no propósito, escolher uma mentalidade comum de obediência radical no Espírito". Os filipenses ajudariam a Paulo quando servissem a Cristo de duas maneiras: a) adotando a atitude/perspectiva de Jesus e b) obedecendo a Seus mandamentos.

Paulo expande o propósito da unidade: Manter o mesmo amor. O apóstolo desejava que eles mantivessem o mesmo amor uns pelos outros. Jesus havia escolhido amar a humanidade e dar-se como sacrifício final por obediência a Seu Pai. Jesus escolheu essa mentalidade ("phroneo"). Paulo desejava que os filipenses também escolhessem essa mentalidade. Ele desejava que eles estivessem unidos em espírito, com a mesma intenção e um mesmo propósito. Esse propósito único seria andar como Jesus andou, buscar constantemente servir ao melhor interesse alheio, fazer tudo o que Deus lhes pedisse, sabendo que (apesar das aparências) esta era a melhor escolha. Era uma expressão radical de fé na benevolência de Deus, que apenas nos pede para fazer o que é melhor para nós (mesmo quando isso parece impossível).

Paulo exorta-os a não fazerem nada por egoísmo ou presunção vazia. É claro que todos nascemos com uma inclinação para o egoísmo. Somos orientados para nós mesmos. Isso é reconhecido no segundo maior mandamento: amar ao próximo como amamos a nós mesmos (Levítico 19:18; Mateus 22:39). A presunção neste mandamento é a de que já nos amamos. Se não reconhecermos que há algo maior do que nós mesmos e apenas seguirmos aos nossos próprios caminhos, isso simplesmente se tornará uma presunção vazia. Paradoxalmente, quando reconhecemos que Deus sabe o que é melhor para nós mais do que nós mesmos e seguimos aos Seus caminhos, isso acaba servindo aos nossos verdadeiros interesses.

A perspectiva adequada para a melhor escolha é ter humildade de espírito, ou seja, o oposto do egoísmo ou da presunção vazia. Servimos aos nossos interesses próprios sempre que obedecemos aos mandamentos de Jesus e consideramos uns aos outros mais importantes do que nós mesmos. Isso não significa que não amamos mais a nós mesmos; o mandamento de amar aos outros como amamos a nós mesmos ainda funciona plenamente. Significa, no entanto, que mudamos o foco de nós mesmos para os outros. Assim, não nos limitaremos a zelar pelos nossos próprios interesses pessoais, mas também pelos interesses dos outros. O exercício aqui parece ser o de fazer uma mudança consciente do "o que eu quero?" e substituí-lo por "o que é do melhor interesse das pessoas ao meu redor?"

Esta parece ser uma aplicação prática da escolha de atitude, a fim de alinharmos nossa mentalidade, conforme a instrução de Jesus. Durante Seu ministério terreno, Jesus disse aos discípulos: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último de todos e servo de todos" (Marcos 9:35).

Aqui, Paulo está, na verdade, dizendo a seus amados parceiros no Evangelho qual o caminho para serem grandes, o caminho para as maiores recompensas, o caminho para sua maior bênção. Ao fazer isso, o apóstolo instrui a todos os crentes. O caminho para a verdadeira grandeza é visto através do serviço ao próximo. Isso requer humildade de espírito. Uma única palavra grega é traduzida como “humildade de espírito”. A raiz do termo "humildade" também é encontrada em 1 Pedro, que afirma:

"Vós, homens mais jovens, estai igualmente sujeitos aos vossos mais velhos; e todos vós, revesti-vos de humildade uns para com os outros, pois DEUS SE OPÕE AOS SOBERBOS, MAS DÁ GRAÇA AOS HUMILDES. Portanto, humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no momento oportuno, lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele cuida de vós" (1 Pedro 5:5-7).

A parte em maiúsculas parece ser uma citação de Provérbios 3:34 no Antigo Testamento. Portanto, este é um conceito que está espalhado em toda a Escritura. A palavra hebraica em Provérbios 3 traduzida como "humilde"  também aparece em Números 12:3, ao afirmar que Moisés era o homem mais humilde de toda a terra. Se estudarmos os traços de Moisés, torna-se evidente que um dos atributos centrais da humildade (se não sua própria essência) é a capacidade de ver a realidade como ela é, deixar de lado a autojustificação e abraçar a verdade. Uma das grandes verdades é que somos criaturas limitadas que receberam o grande dom de fazer escolhas morais. Paulo nos exorta a reconhecer essa realidade e escolher confiar em Deus, que tem sabedoria ilimitada, em vez de confirmarmos em nossa própria capacidade limitada.

Vale ressaltar que humilhar-se é uma decisão ativa, envolvendo o reconhecimento da soberania de Deus, juntamente com a fé de que Ele sabe o que é melhor para nós. Se Deus permite algo ruim em nossas vidas Ele, de alguma forma, transformará isso para o nosso bem. Para isso, é preciso deixar de lado o “eu”; a confiança em nós mesmos, e não em Deus é uma presunção vazia. É vazia porque não há substância aí.

Vale a pena notar ainda que, se escolhermos tomar a decisão de ter humildade mental e confiar que os caminhos de Deus são para o nosso bem, Deus recompensará isso grandemente. Como afirma o apóstolo Pedro, Deus "vos exaltará no momento oportuno". Quando operamos por egoísmo ou presunção vazia, sempre exigiremos ser exaltados da maneira que queremos e no momento que queremos. Isso faz com que sejamos derrubados.

Na próxima seção, Paulo expandirá significativamente o assunto de como se desenvolver o tipo de atitude que ele exorta os crentes a adotar. É a mesma atitude que Jesus escolheu. A cada um de nós é dada a escolha de como olhar para as coisas deste mundo, que perspectiva escolher, que atitude adotar. A forma como administramos essa escolha está na raiz de quem nos tornamos. Paulo exorta àqueles a quem ama a fazer essa escolha com sabedoria.

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