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Significado de Provérbios 7:22-27
Nesta seção, Salomão conclui sua narrativa sobre o jovem envolvido em adultério (Provérbios 7:6-21). Na seção anterior, no meio da história, Salomão percebeu a estratégia de sedução da mulher e que ela tinha surtido efeito.
Ele a segue logo, como o boi que vai ao matadouro (v.22).Sem argumento ou questionamento, o moço vai com a sedutora. Ela promete uma noite de "carícias" até "a manhã". Esta história é uma alegoria sobre como o mal pode nos tentar, nos distraindo do caminho da sabedoria e nos levando a problemas. Salomão diz aqui que o jovem a segue repentinamente (ou imediatamente/diretamente). Ele perdeu sua bússola moral.
Com luxúria nos olhos, ele não percebe que está sendo conduzido à destruição. Ele pensa que está sendo levado para a diversão, para algo que deseja, permitiu-se ser enganado, como um boi indo para o abate, é levado sem perceber o horror que o aguarda. Quando nos desligamos da realidade, deixamos de enxergar o que está realmente acontecendo e nos deixamos convencer por nossas próprias ilusões e desejos carnais.
O jovem também vai como louco agrilhoado para a correção (v.22). Uma tradução literal dessa frase é "como um tolo à correção das algemas". Isso reitera que o jovem não está ciente do destino que o aguarda. Ele é um tolo, alguém que não reconhece o que é verdadeiro. Ele se submete à correção (ou disciplina) das algemas (ou troncos - outro sinônimo é "grilhão"). Ele está sendo entregue à prisão, à limitação, à imperfeição da maldade.
Quando o Apóstolo Paulo defendeu seu evangelho da graça, ele repudiou a falsa alegação de que ensinava que, uma vez que somos justificados diante de Deus unicamente pela fé, deveríamos pecar (Romanos 3:8). Uma das razões que Paulo apresenta para não pecarmos é porque o pecado leva à escravidão e à morte (Romanos 6:15-16). Este episódio dos Provérbios é uma ilustração desse princípio.
Salomão apresenta um terceiro exemplo do mundo animal.Até que uma seta lhe traspasse o fígado, como o pássaro se apressa para o laço, sem saber que está armado contra a sua vida.(v.23).
Em todos esses exemplos do mundo animal, há um momento em que a presa percebe a verdadeira armadilha, mas, nesse ponto, já é tarde demais. Eles percebem pouco antes de sua destruição: Uma flecha perfura o fígado e há uma dor de consciência. Um pássaro se precipita numa armadilha e percebe, no momento em que sua vida está terminando, que cometeu um erro fatal. Assim é com este jovem, ele não sabe que custará sua vida envolver-se com a mulher adúltera. Ele está seguindo a sedutora em direção à sua própria destruição.
Nesta história, Salomão não nos diz que tipo de morte/separação o jovem experimentará. No capítulo anterior, Salomão alertou sobre a ira de um marido ciumento, que poderia ser a fonte de violência física (Provérbios 6:34-35). No entanto, há muitas formas de separação que o adultério traz, incluindo uma separação interna de nosso eu em relação à nossa bússola moral.
Não é que a sedutora necessariamente deseje prejudicá-lo fisicamente, é provável que ela esteja focada em explorar o jovem para seus próprios fins. O que Salomão quer dizer é que, ao optarmos por flertar com a maldade, agir na maldade e depois confiar na sedução da maldade, nos afundamos cada vez mais no caminho do mal. Pensamos que podemos escapar das consequências, mas o pecado sempre conduz à morte.
Podemos nos acomodar a uma nova forma de vida (ou, mais literalmente, nos comprometer com o caminho da morte). Um adultério se torna muitos, um ato de maldade se transforma em um padrão, com isso, nossa vida é apagada. A sabedoria para a qual fomos criados é ignorada, a oportunidade de cuidar dos outros e amar a Deus é substituída por um padrão de buscar satisfazer os desejos da carne.
Salomão encerra sua narrativa aqui e passa para a voz de pai para filho:
Agora, pois, filhos, escutai-me; (v.24). Esta é a última vez que Salomão utiliza a expressão "meus filhos" até mais adiante no livro de Provérbios (consulte as notas sobre Provérbios 7:1-5). Essa advertência pode ser vista como o ponto culminante de seus alertas, de suas súplicas.
A narrativa que ele compartilhou neste capítulo tem um tom dramático, uma tensão, uma sensação de desespero. Portanto, Salomão diz: ouça-me. Estou prestes a contar como evitar a destruição de sua vida. Preste atenção nas palavras da minha boca (v.24). Isso não é apenas conversa fiada, é uma instrução que pode salvar a sua vida.
Sua advertência é clara e direta. Não se desvie para os seus caminhos o teu coração (v.25). Isso pressupõe que o leitor está no caminho certo, que foi criado para isso, ou pelo menos, que isso é a realidade e o que está em seu melhor interesse. Ele precisa se afastar para encontrá-la. Os caminhos dela são o caminho da maldade.
A conclusão aqui é que o coração tem uma inclinação para se desviar para os caminhos dela. Isso está em consonância com os avisos das Escrituras de que um coração não redimido é atraído pela maldade (Jeremias 17:9). Mas também é inferido que temos uma escolha, uma vontade, que pode sobrepujar o coração. Não podemos permitir que nossos corações se desviem. A ênfase aqui está na intencionalidade; uma escolha deliberada e ativa.
Os caminhos dela são uma negação e perversão da realidade. O jovem tem uma escolha sobre como responder quando confrontado com essa perversão. Salomão também adverte sobre ser diligente para não entrar acidentalmente ou inadvertidamente em um caminho que nos coloque em perigo. Salomão diz: Não se desvie para os caminhos dela (v.25). Desviar-se é errar sem rumo, ser descuidado, não apenas devemos escolher ativamente NÃO seguir as intenções malévolas em nosso coração, mas também precisamos ser diligentes e intencionais para evitar, indevidamente, nos desviarmos para o caminho dela.
A única maneira de evitar esse desvio indevido é ser intencional sobre o caminho que escolhemos. Salomão nos aconselha a manter o curso para o qual fomos criados, ao qual realmente pertencemos, o caminho que realmente desejamos percorrer. Novamente, escolher a maldade requer desviar-se. Também é importante notar que caminhos e sendas estão no plural aqui. A mulher adúltera tem muitas estratégias, muitos meios e abordagens práticas (o sexo e o adultério são apenas um deles). A chave para evitá-los todos está em seu coração. Não é apenas um aviso físico para evitar estar no lugar errado na hora errada, é um aviso espiritual para alinhar seu coração com o que é verdadeiro.
Pois ela a muitos tem feito cair feridos; e muitíssimos são os que têm sido mortos por ela (v.26). A narrativa de Salomão era uma história de advertência, mas não um incidente isolado, parece que ele está tentando explicar algo que vê o tempo todo, uma frustração e tristeza prevalentes para ele. Ele não está tentando contar uma história única e isolada, está tentando descrever o que viu se desdobrar em muitas histórias. Muitos encontraram o caminho da maldade, é um caminho amplo e lotado, tenha cuidado para não estar entre eles. A palavra para vítima é "halal"; significa "ferido mortalmente". Aqueles que, como o jovem na história, estavam se debatendo em problemas. Ela os agarrou e os abateu.
Claro, a ironia de tudo isso é que, no final, Salomão não seguiu seu próprio conselho (1 Reis 11:4-5). Ele baixou a guarda em seus últimos anos e isso resultou na queda de sua dinastia. Isso torna a história de advertência ainda mais relevante.
A casa dela é o caminho para o Sheol, descendo às câmaras da morte (v.27). A sedutora, nos versículos 16-17, contou ao jovem como decorou sua cama e a cobriu de perfume em preparação para ele. Quando a história termina, os dois estão voltando para a casa dela, para se envolverem em tudo o que ela lhe prometeu.
Salomão deixa claro aqui que a casa dela é nada menos que a morte. Sheol era a palavra do Antigo Testamento para "lugar dos mortos". Podia significar "sepultura", "cova" ou "inferno". Aqui, está aludindo à destruição do jovem ingênuo que escolheu o caminho da maldade.
O jovem está caminhando para sua perdição, descendo às câmaras da morte. Câmaras significa "quartos", uma alusão aos aposentos que ela prometeu serem tão ornamentados e repletos de prazeres carnais. Na realidade, é uma cama de morte.
Salomão nos convida a substituir a imagem de uma noite de folia e êxtase por uma imagem mais completa, uma noite de indulgência seguida por consequências massivas de morte e destruição. Esta história de advertência é para todos nós e relaciona-se a qualquer tipo de pecado. A consequência do pecado é sempre a morte (Romanos 6:23).