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Significado de Salmos 139:23-24
Nos versículos anteriores (1-4; 7-16), Davi exaltou ao Deus onisciente (sabe tudo), onipresente (presente em todos os lugares) e onipotente (todo-poderoso). Agora, ele pede a Deus, mais uma vez, que sondasse seu coração. É claro que Davi não duvidava de que Deus já conhecesse tudo a seu respeito. Ele se coloca diante de Deus como alguém que desejava ser ativamente conhecido e visto por Ele. Embora o salmista pudesse cometer erros, ele desejava ter o caráter certo em seu coração, o de arrependimento. Sua preocupação com seu caráter interno é a razão pela qual Davi foi considerado um homem “segundo o coração” de Deus (1 Samuel 13:14).
A palavra hebraica traduzida aqui como “coração” é "levav" e inclui o que podemos chamar de "mente". O termo é usado para se referir aos pensamentos e intenções (Gênesis 20:5-6: Levítico 19:7). Também inclui a determinação, a coragem, o medo (Levítico 26:36) e o desânimo (Deuteronômio 1:28). Aqui, Davi convida o Senhor para entrar em seus pensamentos mais íntimos, pedindo que Deus alterasse sua perspectiva para que ele pudesse ver as coisas de forma verdadeira, como Deus as via, e para ajudá-lo a andar de maneiras que trouxessem prosperidade à sua alma.
Davi pede a Deus que o sonde e conheça seus pensamentos, para ver se havia algum caminho mal nele. Os pensamentos de Davi provavelmente eram derivados da falta de confiança em Deus, ou de uma perspectiva imprópria. Em ambos os casos, alinhar-se com a perspectiva de Deus era a solução. Davi reconhece que não poderia alcançar a perspectiva de Deus por conta própria e pede Sua ajuda. Esta é uma ajuda à qual Deus fica sempre feliz em fornecer, de acordo com muitos versículos das Escrituras (Provérbios 3:5-6; Lucas 11:13; Tiago 1:5, 4:2-3).
O convite de Davi a Deus incluiria lidar com os tipos de pensamentos que o distraíssem ou o fizessem perder sua confiança em Deus. Davi não vivia na ilusão de que podia esconder alguma coisa de Deus. Ele já havia expressado que Deus sabia de tudo. Uma vez que Deus sabia de tudo, Davi o convida para sondar seu ser interior (coração) e ajudá-Lo a descobrir a verdade. Isto é algo que Jesus recomenda todos os crentes a fazer: ouvir Sua voz, convidá-Lo a ter comunhão íntima, aprender e viver numa perspectiva verdadeira (Apocalipse 3:19-20).
Os pensamentos em si mesmo não são um problema - Davi não parece sugerir que deveria suprimi-los. No entanto, ele reconhece estar no controle do que se passava em seus pensamentos. Ele pede a Deus que coloque seus pensamentos à prova, a fim de orientá-lo a como administrá-los bem. Esta é uma ilustração de como cumprirmos a admoestação do Novo Testamento:
"Portanto, humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no momento oportuno; lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós" (1 Pedro 5:6-7).
Esses versículos de 1 Pedro encorajam os crentes a colocar sua dependência no Senhor, a confiar Nele, ao invés de confiar no mundo ou nas pessoas. Ao fazermos isso, nosso cuidado sai da tarefa impossível de sempre agradar aos outros para a confiança nas promessas de Deus. Para isso, precisamos redirecionar nossos pensamentos. Davi reconhecia a necessidade de pedir a ajuda de Deus para a realização desse ajuste em sua mentalidade.
Davi também pede a Deus que o ajudasse a identificar o “caminho mal” no qual ele poderia estar trilhando. Davi, agora, muda dos pensamentos para as ações. Isso é apropriado, pois os pensamentos nos levam às ações. Davi não desejava escolher caminhos que fossem prejudiciais. Algumas traduções traduzem o termo “mal” como "perverso". A palavra hebraica traduzida como “mal” aparece, em alguns outros versículos, como "tristeza". Todos os termos se encaixam, já que andar longe dos caminhos de Deus nos leva à muitas dores. A maldade ou o pecado ocorrem quando nos afastamos dos caminhos de Deus. Todas as nossas escolhas, a partir disso, acabam nos levando à morte (Deuteronômio 30:19-20; Romanos 6:23). A morte significa separação. Quando escolhemos os caminhos da maldade, nos separamos das bênçãos dos caminhos de Deus.
A ideia de um “caminho mal” pode se referir a um hábito pecaminoso. Muitas vezes, somos cegados para um pecado habitual em nossas vidas, concentrando-nos nos pecados que podemos facilmente identificar. Nenhum ser humano precisa ser ensinado a racionalizar. Davi parece reconhecer isso e pede a Deus que entre profundamente em seu íntimo e lhe mostre o que a verdade. Ao fazer isso, Davi reconhece a realidade do nosso destino final, conforme afirmado em Hebreus:
"Pois a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante que qualquer espada de dois gumes, e que penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e pronta para discernir as disposições e pensamentos do coração. Não há criatura que não seja manifesta diante dele, mas todas as coisas estão nuas e descobertas aos olhos daquele a quem havemos de dar contas" (Hebreus 4:12, 13).
Davi parece reconhecer a realidade de que Deus julga a própria divisão da alma e do espírito; assim, ele desejava que Deus revelasse o que estava lá e trouxesse à tona tanto seus pensamentos (coração) quanto suas ações (caminho).
Cada um de nós pode pedir a Deus para revelar os pecados que cometemos e que foram normalizados em nossas vidas, a ponto de nem sequer conseguirmos identificá-los. Podemos pedir a Deus que transforme nossa perspectiva, para que possamos ver aos nossos pecados como autodestrutivos. Esta é a verdadeira realidade para qualquer comportamento pecaminoso. Esta atitude pode nos levar a tomar decisões que evitarão nos levar a danos e perdas. Davi reconhece que seu verdadeiro interesse dera deixar de lado o seu eu e sua auto racionalização, substituindo-os pela confiança em Deus e em Seus caminhos.
Ao pedir que Deus o sondasse, Davi comunica ao Senhor que ele sabia sobre sua responsabilidade por seus pensamentos e ações. Embora Deus soubesse de tudo e tivesse poder sobre tudo, Davi entendia que isso não significava que Ele era o causador de suas ações. Ele desejava que Deus o examinasse, como se estivesse em um julgamento, como a pessoa que havia feito aquelas escolhas. A palavra “sondar” também pode ser traduzida como "pesquisar". Davi pede a Deus para fazer um exame completo nele, como um exame para se diagnosticar um câncer.
O salmista deixa claro sua motivação na linha final do salmo: ele desejava que Deus o conduzisse “pelo caminho eterno”. O propósito de Deus em nos conhecer O leva a nos redimir de nossas más escolhas. Deus pode nos levar a ver as coisas como são, ensinando-nos a adotar uma perspectiva verdadeira. Ele pode nos dirigir a fazer boas escolhas, ao invés de escolhas que nos sejam prejudiciais.
O “caminho eterno” é o caminho para os benefícios que duram para sempre, em vez dos benefícios que são fugazes. Davi desejava viver de forma a acessar os benefícios eternos, em vez de simplesmente os benefícios temporais. Supondo que Davi tenha escrito isso enquanto ainda governava como rei, esta é uma perspectiva bastante notável. Davi reconhece que mesmo o lugar mais alto do sucesso terreno é temporário. Ele buscava benefícios que fossem eternos.
Alcançar a vida eterna é um dos principais temas do Novo Testamento. A vida eterna é tanto um dom quanto uma recompensa, semelhante à vida física. Cada ser humano recebe a vida física como um dom. Porém, a plenitude da experiência da vida é substancialmente impactada por nossas escolhas. Nós, crentes, renascemos espiritualmente, assim como os israelitas eram libertos do veneno das serpentes ao olharem para a cobra de bronze erguida em um poste. Recebemos o dom do novo nascimento ao olharmos em fé para Jesus, esperando ser libertos do veneno do pecado (João 3:3, 14-16). Assim, recebemos a vida eterna como um dom, dado gratuitamente por Deus, através do Cristo levantado na cruz (João 3:14; Colossenses 2:14).
Uma vez nascidos do Espírito, somos redimidos e, agora, podemos fazer escolhas que nos levem à recompensa da vida eterna (Romanos 2:7; Marcos 10:17-22). Davi convida o Senhor para entrar em seu íntimo, com vistas a ajudá-lo a fazer escolhas que o levassem à vida eterna (Deuteronômio 30:19-20).
Se queremos o maior benefício na vida, precisamos que Deus nos guie. Precisamos da ajuda de Deus para reconhecermos quais perspectivas são verdadeiras. Precisamos ser obedientes e seguir aos Seus caminhos. Ter humildade significa reconhecer a realidade como ela é. Parte desta realidade é que Deus já sabe tudo o que fizemos e faremos e que Ele tem poder sobre todas as coisas. Assim, quando reconhecemos isso e pedimos Sua ajuda para reorientar nossas perspectivas e ações para maneiras benéficas, abraçamos a realidade como ela é. Também semeamos para colher o maior benefício possível na vida. A maneira de herdarmos a recompensa da herança do Reino de Deus é aplicar essa atitude em todas as coisas que fazemos:
"Tudo o que fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor e não aos homens, sabendo que do Senhor recebereis a recompensa da herança. Estais servindo a Cristo, o Senhor" (Colossenses 3:23-24).