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Significado de Salmos 51:7-9

Depois de vasculhar seu coração na presença de Deus, Davi percebe sua condição desesperadora de seu pecado e clama a Deus. Ele sabia que precisava ser purificado, lavado e curado.

Davi se volta a Deus com um intenso clamor em seu coração. Ele reconhece a necessidade de ter a verdade implantada em seu íntimo (Salmo 51:6). Porém, ele reconhece que somente Deus poderia limpar a profundidade de seu pecado; ele não consguiria fazer isso sozinho. Davi clama a Deus: Expurga-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais branco que a neve (v. 7).

O uso do hissopo é uma referência ao rito de purificação que tomava a planta chamada hissopo, ou alguma outra planta aromática semelhante, mergulhando-a em água e aspergindo-a para purificação. Deus ordenou aos filhos de Israel que mergulhassem o hissopo no sangue e o aspergissem nos umbrais das portas na Páscoa (Êxodo 12:22). O sangue fez com que o anjo da morte passasse sobre as casas marcadas. Este era um prenúncio do sangue de Cristo, que é a nossa Páscoa.

A palavra “purificar” usada aqui indica que Davi estava pedindo uma purificação que o libertaria dos efeitos adversos do pecado. Um dos efeitos adversos era a separação da comunhão entre ele e Deus.

A imagem aqui - o rito de purificação com o hissopo - era a de um sinal exterior, visível que representava a limpeza interior do coração.

Davi já havia pedido a Deus que o lavasse (v. 2) e o purificasse (v. 7). Agora, ele repete seu pedido a Deus: Lava-me e eu serei mais alvo que a neve. Aqui, Davi expressa sua confiança de que, se Deus o lavasse, o resultado seria certo: ele ficaria mais alvo que a neve. A expressão “mais alvo que a neve” descreve uma pureza completa no coração e no espírito, purificando-os das coisas que os corrompem e separam do Criador.

Davi ansiava pela reconexão com Deus. Isso significava que a justiça de Deus precisava superar e transformar as trevas do pecado que haviam poluído sua alma. A Lei de Moisés — observada nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, a Torá — advertia e revelava as profundezas do pecado às quais as pessoas poderiam descer. Somente a graça de Deus é capaz de lavar - limpar, purificar - e, assim, reunir o espírito humano caído com seu Criador (Eclesiastes 12:7; Zacarias 12:1). O maior dom da graça purificadora e transformadora estendida por Deus a toda a humanidade está na pessoa de Seu Filho, Jesus.

Davi percebe que precisava de uma limpeza completa, algo que penetrasse até o seu coração.

Os crentes do Novo Testamento precisam do mesmo processo para terem uma comunhão contínua com Deus e uns com os outros. Felizmente, por meio de Jesus Cristo, vemos a provisão de para a purificação do nosso coração.

A purificação do coração começa com a salvação inicial, momento em que somos libertos de uma vez por todas da penalidade do pecado, que é a separação eterna de Deus e Sua família. Os crentes do Novo Testamento recebem o dom gratuito da vida eterna ao crerem em Jesus (João 3:14-15).

Isso é confirmado pelo escritor do livro de Hebreus:

"Quando Ele [Jesus] fez a purificação dos pecados, sentou-se à direita da Majestade no alto" (Hebreus 1:3b).

A imagem de Jesus sentado à direita de Seu Pai invoca duas realidades:

  1. A purificação dos pecados por meio de Sua morte na cruz foi suficiente para cobrir a todos os pecados, em todos os tempos (Colossenses 2:14). O fato de Jesus ter-se sentado à destra de Deus significa que Sua obra foi concluída.
  2. Pelo fato de Jesus ter feito a vontade de Seu Pai até a morte de cruz, Ele foi elevado acima de todas as coisas (Filipenses 2:9-10).

Quando Pedro relatou a seus companheiros apóstolos e outros líderes da igreja em Jerusalém sobre seu ministério aos gentios, ele confirmou a obra de Deus no coração dos não-judeus, falando em termos de purificação: "E Deus, que conhece o coração, testificou a eles dando-lhes o Espírito Santo, assim como fez conosco; e não fez distinção entre nós e eles, purificando-lhes o coração pela fé" (Atos 15:8-9).

Davi, entretanto, sendo um homem segundo o coração de Deus, representa os crentes do Novo Testamento que já receberam o dom gratuito da salvação eterna. Os crentes não precisam de purificação de pecados para se tornarem justos aos olhos de Deus. Os crentes precisam ser purificados dos pecados para restaurar sua comunhão com Deus e uns com os outros.

A idéia de a confissão ser a chave para a restauração da comunhão com Deus e com os homens é um tema da primeira epístola de João:

"Porém, se andarmos na Luz, como Ele está na Luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 João 1:7).

Assim, o Novo Testamento passa do mero rito da purificação com hissopo (v. 7) para a aplicação do sangue de Cristo para a purificação contínua do coração e restauração da comunhão com Deus e uns com os outros.

Davi continua: Faze-me ouvir gozo e alegria, para que se regozijem os ossos que esmagaste (v. 8).

Alguns dos efeitos ou consequências negativas do pecado do qual Davi pedia a Deus para "lavá-lo", "limpá-lo" e "purificá-lo" são mencionados aqui. Ele sentia o peso do pecado e da culpa ao clamar: que se regozijem os ossos que esmagaste.

Conforme Natã havia profetizado, os pecados de Davi seriam perdoados, mas as consequências de seu pecado viveriam com ele:

"Agora, da tua casa não se apartará jamais a espada, porque me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, heteu, para ser tua mulher. 11Assim diz Jeová: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti; tomarei tuas mulheres à tua vista, dá-las-ei ao teu próximo, e ele se deitará com elas aos olhos deste sol" (2 Samuel 12:10-11).

A palavra hebraica traduzida como “ossos”, neste caso, representa todo o ser de Davi. O castigo de Deus a Davi fez com que ele se sentisse esmagado, quebrado. Por que Deus faria isso? Porque deixar Davi em pecado seria um mal muito maior do que Sua disciplina. Como Deus diz no Novo Testamento:

"Aqueles a quem amo, repreendo e disciplino; portanto, sede zelosos e arrependei-vos" (Apocalipse 3:19).

Por mais dolorosas que fossem as consequências do pecado de Davi e do castigo de Deus, o rei parecia estar mais preocupado com o que acontecia interiormente em seu "ser mais íntimo". Ele roga a Deus:

Esconde dos meus pecados o teu rosto e apaga todas as minhas iniquidades (v. 9).

Esta é uma declaração extraordinária. Ao longo do Antigo Testamento, sempre que lemos sobre uma referência a Deus escondendo Seu rosto, temos a indicação de uma comunhão quebrada com Ele. Isso é algo que o salmista desejava evitar; vemos aqui um apelo do rei para que Deus não escondesse Seu rosto dele.

Davi apela a Deus para esconder Seu rosto de seus pecados, não de sua pessoa. Como faz no versículo 1, ele novamente apela para que Deus apague todas as suas iniquidades. A idéia parece ser a de que este era um preâmbulo para a restauração de sua comunhão com Deus.

Davi sabia que não merecia isso, mas confiava na graça de Deus, conforme afirma no versículo 1:

"Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; segundo a multidão das tuas ternas misercórdias, apaga as minhas transgressões".
Esta era a única esperança de Davi. É o mesmo para todos nós. Felizmente, temos um Deus misericordioso que sempre deseja nos perdoar (1 João 1:9).

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