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Significado de 1 Pedro 3:1-7

Esposas e Maridos. Pedro descreve os casamentos harmoniosos, nos quais maridos e esposas servem igualmente um ao outro para o benefício mútuo. As esposas ajudam a seus maridos de forma mais eficaz tendo bom caráter, uma vida espiritual digna e falando respeitosamente – tudo isso influencia positivamente a seus maridos. Os maridos efetivamente demonstram amor às suas esposas quando procuram compreendê-las e quando as tratam com honra como parceiras iguais. Pedro ensina aos maridos que quando eles não honrarem às suas esposas, Deus não ouvirá às suas orações.

Vale lembrar que o público da carta do apóstolo Pedro são os judeus exilados vivendo na diáspora romana (dispersão). Esses judeus estavam longe de casa, vivendo para um Deus que não era aceito pelo governo romano ou pela cultura romana. Esses crentes eram desajustados culturais:

"Aos estrangeiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, eleitos" (1 Pedro 1:1).

Pedro lhes instrui a como viver naquela circunstância difícil. A solução era abraçar a identidade de um exilado, não apenas como exilados de Israel, mas também como exilados do sistema mundial. A palavra traduzida como "estrangeiros" em 1 Pedro 1:1 também é traduzida como "peregrinos" - alguém em uma jornada.

Nossa verdadeira cidadania está no céu (Filipenses 3:8), mas nossa existência está aqui nesta terra. Estamos todos em uma jornada. Nosso trabalho é o de abençoarmos a terra enquanto estivermos aqui. Porém, nosso destino final é outro lugar. A ideia de exílio e retorno é um tema em toda a Bíblia. A humanidade foi exilada fora do Éden (Gênesis 3:24). Os fiéis voltarão a reinar em uma nova terra onde habita a justiça (Apocalipse 21:1-4)

Quando os judeus foram exilados de Judá para a Babilônia (586 a.C.), Deus declarou que eles retornariam depois de 70 anos. Porém, Deus os instruiu a abençoar aquela terra, construir casas, criar famílias, orar pela terra e buscar a paz ("Shalom") para as cidades nas quais habitavam (Jeremias 29:4-7). "Shalom" é a ideia de harmonia e justiça, as coisas funcionando em perfeita sintonia umas com as outras, conforme projetadas por Deus. Os crentes em Cristo devem fazer o mesmo. Eles devem trazer "shalom" para seu entorno, através de seu exemplo. Isso é verdade nos temas em geral, mas especificamente no casamento.

Nesta passagem, Pedro mostra exatamente como os maridos e as esposas poderiam alcançar a harmonia. Ele elabora sobre:

  • Como as mulheres poderiam entender aos homens e ministrar a eles
  • Como os homens poderiam entender às mulheres e ministrar a elas
  • Em outras palavras, "como servir uns aos outros"

No contexto anterior ao capítulo 3, Pedro fala sobre viver de acordo com a vontade de Deus em uma terra estrangeira:

"Pois tal é a vontade de Deus para que, fazendo o certo, possais silenciar a ignorância dos homens tolos. Ajam como homens livres e não usem sua liberdade como cobertura para o mal, mas usem-na como servos de Deus. Honrem todas as pessoas, amem a fraternidade, temam a Deus, honrem ao rei" (1 Pedro 2:15-17).

O capítulo 3 começa com a frase: Igualmente, conectando o texto a seguir com a passagem anterior que havia tratado das dificuldades da vida. Isso significava que os leitores devessem esperar que o casamento fosse um desafio. Pedro escreve:

Da mesma forma, vós, esposas, sejam submissas a seus próprios maridos para que, mesmo que algum deles seja desobediente à palavra, possam ser vencidos sem palavra pelo comportamento de suas esposas, ao observarem seu comportamento casto e respeitoso (vs. 1-2).

Igualmente como o que deveria com o rei, os patrões, etc, Jesus é nosso exemplo de como viver. Igualmente, "Esposas, façam o bem quando seus maridos estão dificultando sua vida; busquem o melhor para eles. Façam isso como ao Senhor. Façam de seus maridos uma prioridade."

Os crentes devem sempre agir como pessoas livres do pecado, livres para escolher viver como Deus projetou. Ao fazermos o bem, calamos os malfeitores. Somos plenamente aceitos pelo favor de Deus. Se tememos a Deus, buscando Sua aprovação, usamos nossa liberdade no serviço a Ele e a nossos semelhantes, fazendo aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós. Nosso verdadeiro mestre é Deus e qualquer autoridade humana sobre nós é um mero ser humano.

Porém, nosso mestre (Deus) nos pede que tratemos até mesmo aos tolos e ignorantes como seres humanos valiosos. Deus também nos pede que honremos ao rei. No caso do público de Pedro, tratava-se de César Nero, que não era amigo dos cristãos. Na verdade, em última análise, Nero mataria a Pedro e ao apóstolo Paulo. No entanto, Deus nos chama a amar nossos inimigos. Especialmente, no entanto, somos chamados a fazer o melhor que pudermos para amar aos crentes (João 13:34). Isso significa ajudar e trazer cuidados particulares e deliberados a irmãos e irmãs em Cristo. Como exilados, não devemos nos importar com as honras do mundo. Em vez disso, devemos cuidar da honra de Deus.

Jesus foi o nosso melhor exemplo de servo-líder. Pedro apontara para Jesus anteriormente em sua carta:

"E, sendo injuriado, não injuriou em troca; enquanto sofria, não proferia ameaças, mas continuava confiando-se àquele que julga com retidão" (1 Pedro 2:23).

Jesus fez o que fez pela aprovação de Seu Pai. Ele perturbou a todo o status quo em Seu entorno. Ele derrubou a dois governos (Israel/Roma) falando a verdade em amor e vivendo uma vida dedicada a servir aos outros, agradando a Deus. Hebreus 12:1-2 nos diz que Jesus "desprezou a vergonha" de morrer na cruz. Ele não permitiu que a vergonha o controlasse. Ele não agiu por medo da dor e da perda. Em vez disso, Ele rejeitou à vergonha. Ele não deu valor à humilhação, já que olhava para a incrível honra e recompensa por obedecer ao Pai. Jesus deu tão pouco valor à desonra e ao ridículo usados pelo mundo para nos forçar a nos conformar a ele que Ele foi completamente desprezado ao seus olhos.

Nesta passagem sobre os relacionamentos conjugais, Pedro exorta seu público a tomar exatamente essa mesma atitude no casamento que deveria tomar em todas as outras circunstâncias: façam o bem, sejam servos, mesmo que isso signifique sofrer perdas e rejeições.

É muito mais natural para as pessoas desejarem que os outros as sirvam. O exemplo de Jesus nos mostra o contrário.

Os versículos imediatamente posteriores a esta passagem (1 Pedro 3:1-7) tornam inescapável que o ponto aqui é servir uns aos outros:

"Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando-vos como irmãos, misericordiosos, humildes, não retribuindo mal por mal, nem injúria por injúria; mas, pelo contrário, bendizendo, porque para isso fostes chamados, a fim de que recebais bênção por herança" (1 Pedro 3:8-9).

Se quiserem "herdar a bênção", os casais devem servir a seus cônjuges. Todos se beneficiam, tanto a pessoa que está sendo servida e o que a serve. Ambos herdam uma bênção ao serem uma bênção. Isso é declarado abertamente em outra passagem sobre maridos e esposas, em Efésios 5:28:

"Assim, os maridos também devem amar suas próprias esposas como seus próprios corpos. Quem ama a própria mulher ama a si mesmo" (Efésios 5:28).

Vemos aqui que é do nosso interesse amar e servir a nosso cônjuge.

Esses princípios só podem ser vividos por uma escolha. Somos livres! Os maridos devem amar, o que significa uma escolha. Não há nada em 1 Pedro que diga: "Deus fará isso por você" ou "Você deve forçar seu cônjuge a fazer isso". Cabe ao indivíduo escolher. Esta passagem não deve ser usada como uma oportunidade para acusar ou fazer exigências ao cônjuge.

Vale ressaltar que as instruções são dadas primeiramente às mulheres. Isso ocorre possivelmente porque as mulheres têm maior influência nos relacionamentos. Isso porque os homens temem muito e evitam a rejeição feminina. Isso significa que as mulheres possuem uma influência poderosa sobre os homens, um poder que elas podem usar para um grande bem. Pedro instrui as esposas a exercerem esse grande poder. Pedro começa com a circunstância na qual o marido é desobediente à palavra de Deus. Como os homens tendem a ser cabeças duras, esta provavelmente seja uma situação típica.

Às esposas, Pedro exorta: “Sede sujeitas a vossos maridos, para que, se ainda alguns há que não obedecem à palavra, pelo procedimento das mulheres, sejam estes ganhos sem a palavra, considerando o vosso procedimento casto e com temor” (v. 1,2).

Geralmente, os homens temem a rejeição feminina e priorizam evitá-la.

Vemos isso logo no primeiro relacionamento conjugal: Adão e Eva. Aparentemente, Adão estava ali com Eva, observando todo o diálogo com a serpente se desenrolar. Ele não interveio para proteger sua esposa e conscientemente desobedeceu a Deus atendendo a seu pedido:

"Deu também a seu marido e ele o comeu" (Gênesis 3:6).

O apóstolo Paulo afirma que apenas Eva foi realmente enganada pelas mentiras da serpente, Adão não foi. Sua motivação não era ser como Deus, mas encontrar a aprovação de sua esposa tomando o fruto que ela lhe ofereceu:

"E não foi Adão a ser enganado, mas a mulher caiu em transgressão" (1 Timóteo 2:14).

A serpente não tentou a Adão. Ela veio até Eva, que deu o fruto a Adão. Adão não disse: "Não faça isso", talvez porque não quisesse arriscar a rejeição. Isso indica que Deus fez com que as mulheres tivessem imensa influência relacional sobre os homens.

As esposas possuem uma imensa influência para fazer o bem a seus maridos. Pedro dá às esposas instruções específicas sobre como usar sua influência para o bem — sendo líderes-servos incríveis, como Jesus, e causando um enorme impacto em seus maridos.

Mais uma vez, é importante notar que Pedro não diz: "Homens, forcem suas esposas a serem submissas e respeitosas". Em vez disso, Pedro se dirige desta forma às esposas: "Mulheres, Deus deseja que vocês façam uma escolha melhor". Vocês têm uma escolha. Vocês podem fazer isso ou não. Depende de vocês. Ao fazerem a melhor escolha, vocês estarão fazendo um grande bem.

Por que as esposas deveriam fazer tal escolha? Porque sua vida vai melhorar, já que  fazem o bem. Elas serão abençoadas. Provavelmente (nem sempre) isso fará com que o marido (desobediente à palavra) se comporte melhor (seja conquistado). O bom exemplo da esposa que imita o bom exemplo de Cristo terá forte influência sobre o marido rebelde, ao observar o comportamento casto e respeitoso de suas esposas.

Todos nós decidimos a quem nos submetemos, a quem obedecemos. Por exemplo, todos nós escolhemos se queremos estar sujeitos a Deus ou ao dinheiro (Mateus 6:24-26). Lemos nos versículos anteriores que devemos estar sujeitos às autoridades governamentais, porque elas são nomeadas por Deus — mas a escolha é nossa, não precisamos nos submeter a elas (1 Pedro 2:13-14). Lemos que devemos estar sujeitos aos nossos empregadores (podendo incluir clientes ou investidores) e servi-los como se servíssemos ao Senhor — a escolha é nossa escolha, não precisamos nos submeter a eles (1 Pedro 2:18).

O próprio Jesus está sujeito a uma Autoridade:

"Quando todas as coisas lhe forem submetidas, então o próprio Filho também será submetido àquele que submeteu todas as coisas a Ele, para que Deus seja tudo em todos" (1 Coríntios 15:28).

Jesus está sujeito ao Pai. Como diz Efésios 5, quando um marido ama sua esposa sacrificialmente, ele ama a si mesmo (Efésios 5:28-30). Podemos ver o grande resultado e benefício do amor sacrificial de Cristo: o Pai sujeitou todas as coisas ao Seu Filho como recompensa.

Assim ocorre com mulheres e homens: ao colocarem seu interesse de seu cônjuge acima de seus próprios interesses, obtemos os maiores benefícios.

Não precisamos fazer isso. Ninguém pode nos forçar a fazê-lo. É a melhor opção, mas precisamos escolhê-la. Como acontece com todas as Escrituras, esta é uma maneira renovada de pensar: servir aos outros é o caminho para nosso próprio bem (Romanos 12:2).

Como as esposas, na prática, podem colocar as necessidades de seus maridos acima de seus próprios desejos?

Deus criou o homem e a mulher. Ele os criou à Sua imagem (Gênesis 1:27). Somos fisiologicamente diferentes. Os homens têm hormônios diferentes das mulheres. E, o mais importante, os homens têm cérebros diferentes. Quando bebês do sexo masculino estão no útero, em um certo ponto, seus cérebros recebem um banho de testosterona que interrompe a grande parte das conexões entre os dois lobos cerebrais. Isso significa que as passagens entre os lobos esquerdo e direito do cérebro são pequenas nos homens. É por isso que, ao brincar, as meninas normalmente usam a fala e os meninos fazem barulhos.

Isso significa que os homens perdem muitos dados pelo caminho. Eles são excelentes no foco, mas não em multiprocessamento. As mulheres conseguem observar seus filhos e ouvir a outras três conversas ao mesmo tempo, bem como se lembrar dos próximos compromissos, enquanto também enviam mensagens a alguém. Os homens se concentram em uma coisa de cada vez. Isso ocorre porque as passagens masculinas entre seus lobos cerebrais são limitadas. Este foco é um ponto positivo e negativo ao mesmo tempo.

Toda fraqueza pode ser uma força. Os homens não conseguem se focar em várias coisas de uma só vez, mas são extraordinários naquilo que entendem e fazem com profundidade. Eles são dotados para resolver problemas — dar sentido às coisas. O que facilmente se torna uma fraqueza: os homens são dotados de auto racionalização. Os homens naturalmente se concentram em si mesmos, racionalizando seu comportamento e são bastante hábeis em fazê-lo.

O que leva os homens a precisarem da ajuda de suas esposas para seguir à palavra de Deus é:

Igualmente vós, mulheres, sede sujeitas a vossos maridos, para que, se ainda alguns há que não obedecem à palavra, pelo procedimento das mulheres, sejam estes ganhos sem a palavra, considerando o vosso procedimento casto e com temor.

Pedro fala sobre os homens que viviam pecaminosamente: Alguns [maridos] que não obedecem à palavra. Esta desobediência é inevitável em todos os crentes, pois ainda lutamos contra nossa natureza pecaminosa, mas especialmente nos homens, que preferem obedecer a si mesmos em vez da palavra de Deus.

Os homens não são apenas dotados de auto racionalização, eles também são propensos a buscar poder. Isso significa que os homens são teimosos. Auto racionalizadores teimosos não tendem a "obedecer à palavra". Eles acham que sabem mais. Os homens, às vezes, parecem estar alheios a tudo, mas o mais provável é que estejam apenas absorvidos em si mesmos.

E assim, o conselho de Deus sobre o que as esposas deveriam fazer para buscar seus próprios interesses era buscar o melhor interesse de seus maridos:

Não usem palavras corretivas (um marido desobediente pode ser conquistado por uma palavra pelo comportamento de sua esposa). Palavras corretivas para um homem soam como rejeição - as esposas deveriam fugir dessas palavras.

  • Usem o contraste — usem o seu exemplo (seu comportamento ou conduta). Quando as esposas vivem como exemplo piedoso, semelhantes a Cristo, geralmente isso é irresistível aos homens e eles seguirão a seu exemplo.
  • Façam do seu exemplo principal o seu personagem.
  • Usem palavras de respeito, palavras de honra. Isso é como mel para o homem.
  • Sejam corajosas. É preciso fé de que Deus verá sua coragem. Vocês precisam crer que atitudes que possam parecer não naturais são para o seu bem.

Ainda em relação às esposas, Pedro faz uma analogia entre a aparência exterior e a interior:

Não seja o seu adorno o enfeite exterior dos cabelos entrançados, das guarnições de renda de ouro ou da compostura dos vestidos, mas seja o homem que está escondido no coração, no vestido incorruptível de um espírito manso e tranquilo, que é de grande estima diante de Deus (v. 3,4).

Pedro descreve a maneira como as mulheres deveriam se vestir, acentuando sua beleza natural. Elas não deveriam colocar sua atenção nas tranças dos cabelos ou no uso de joias ou vestimentas sofisticadas. Tal descrição estaria fundamentada na moda, buscando destacar sua beleza, ou talvez para atrair a atenção de alguém - os adornos seriam meramente externos.

Pedro incentiva as esposas a revestirem tanto a seu ser interior como seu exterior. O adorno interior, espiritual, está na pessoa do coração, a qualidade imperecível de um espírito suave e tranquilo, precioso aos olhos de Deus. Deus olha principalmente para a beleza interior, a beleza do caráter.

Um espírito manso e tranquilo possui uma qualidade imperecível, nunca se deteriora, enferruja ou perde valor, é sempre precioso aos olhos de Deus.

A boa aparência das esposas lhes dá uma alavancagem relacional ainda maior. Porém, não é disso que seus maridos mais precisam. O que os homens mais precisam é de um bom exemplo de alguém que os respeite. Os homens geralmente acham irresistíveis as mulheres honradas, de caráter e respeitosas.

Pedro dá um exemplo desse tipo de mulher do Antigo Testamento:

Pois assim se adornavam também, noutro tempo, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando sujeitas a seus maridos, como Sara obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vos tornais filhas, se fazeis o bem e não temeis perturbação alguma (v. 5,6).

As santas mulheres do passado que esperavam em Deus e seguiam a esta abordagem buscavam o melhor para seus maridos e, portanto, buscavam o melhor para si mesmas, falando a eles palavras de respeito. Foi desta maneira - conforme Pedro acabara de descrever, usado seu adorno espiritual, sua vestimenta espiritual - que aquelas mulheres nos foram exemplo.

As santas mulheres são uma grande ilustração da pessoa oculta do coração, a vida espiritual interior de uma esposa que tem um espírito suave e tranquilo, que Deus valoriza como algo precioso e imperecível. Foi assim que Sara depositou sua fé em Deus (ela esperou em Deus) e se adornou. Ela era submissa e obedecia a seu marido Abraão.

Sara escolheu submeter-se a Abraão. Esta foi uma escolha dela, assim como todas as pessoas devem submeter-se a seus empregadores e às autoridades civis (1 Pedro 2:13-20). É preciso muita coragem para buscar o melhor para o outro - especialmente aos homens teimosos. Sara fez isso porque temia e esperava em Deus, o que significava que ela colocava a aprovação de Deus acima de qualquer rejeição do mundo.

Sara é o exemplo do uso das palavras de honra. Ela obedeceu a Abraão, chamando-o de senhor. Vale a pena notar o final da história dela. Somos chamados a obedecer a Deus e aceitar quaisquer resultados que venham. Porém, esta passagem nos diz que a tendência de que a honra ocorra é muito grande.

O marido de Sara, Abraão, era um homem muito rico. Ele era poderoso. Os homens ricos e poderosos do antigo oriente normalmente tinham muitas esposas e concubinas. Mas não Abraão. Ele só tinha uma: Sara. Mesmo quando Sara era estéril, Abraão ficou apenas com ela.

Foi Sara quem teve a ideia de ter um filho com uma concubina (Gênesis 16:2). E Abraão amou a seu filho Ismael. Ele acreditava que Ismael seria o herdeiro prometido (Gênesis 17:18, Gênesis 21:10-11). Deus prometeu que o herdeiro viria de seu corpo. Ele não prometeu que ele viria através de Sara, exceto depois do nascimento de Ismael (Gênesis 17:19).

Porém, quando Sara pede que Abraão mandasse Agar e Ismael embora, Abraão a obedeceu. Ele honrou o desejo de Sara, mesmo que isso significasse a partida de seu filho (Gênesis 21:10-14). Este era o tipo de influência que Sara tinha sobre Abraão.

Como isso aconteceu? Em parte, porque Sara chamava Abraão de senhor, o que significava que ela usava palavras de honra e respeito a ele. Sara era uma bela mulher (Gênesis 12:11). Mas parece que a ênfase nesta passagem está no respeito de Sara por Abraão.

Isso mostra que os homens caem em si quando recebem elogios e receptividade das mulheres, às vezes de forma imprudente, para sua própria ruína (como ocorreu entre Sansão e Dalila). Os homens odeiam a rejeição. Palavras críticas doem como fogo. Os homens fogem do fogo. Os homens correm para o mel. Esta passagem indica que as palavras respeitosas de uma mulher de caráter piedoso podem remodelar e domar a seu esposo, buscando levá-lo a andar em obediência aos caminhos de Deus.

Nada disso quer dizer que as esposas são responsáveis pelas escolhas dos maridos. As esposas são responsáveis apenas por suas próprias escolhas. A questão é que, quando as esposas afirmam respeito, elas enviam sinais de "não rejeição" ao marido. Elas usam seu poder relacional para o bem.

Há um episódio na vida de Sara e Abraão que mostra a coragem de Sara e como ela honrava a Abraão. Eles estavam indo para o Egito. Abraão pediu a Sara que dissesse ao povo que ela era sua irmã, o que era verdade (ela era meia-irmã de Abraão, já que o Senhor ainda não havia proibido o casamento intrafamiliar - Levítico 18:9). O raciocínio de Abraão era: "Você é linda e a prática no Egito é assassinar o marido e tomar sua esposa". Ela fez o que ele pediu. Ela honrou a Abraão dessa maneira, ela confiou nele.

Provavelmente era razoável que ela confiasse que seu marido a protegeria e que ele viria buscá-la. Podemos ver alguns capítulos depois o que Abraão realizou ao resgatar a seu sobrinho Ló. Ló foi levado como refém; assim, Abraão reuniu 318 homens aos quais ele havia treinado, marchou a noite toda, alcançou aos quatro reis que tinham acabado de derrotar aos cinco reis locais, derrotou-os em um ataque noturno e recuperou tudo, além de seu sobrinho. Abraão e seu exército voltaram para casa e devolveram tudo, exceto os 10% que ele deu a Melquisedeque, o sumo rei e sacerdote de Salém. É provável que Sara tenha observado essa determinação e capacidade em Abraão.

Abraão não era um homem fraco. Ele parece estar dizendo a Sara: "Eu não posso resgatá-la se eu for emboscado e assassinado; então, por favor, me dê tempo para vir buscá-la". Ela precisava confiar que ele viria buscá-la, como mais tarde fez com seu sobrinho Ló.

O costume era negociar o dote com o irmão, de modo que, como irmão de Sara, Abraão teria a capacidade de encontrar uma maneira de retirar Sara de lá antes que ela fosse adicionada ao harém do rei.

Tudo funcionou exatamente como Abraão planejou; o Faraó tomou a Sara, mas neste caso, Deus interveio. Mais tarde, Abraão realizou o trabalho de resgatar a seu sobrinho Ló. No caso de Sara, Deus fez a obra.

Sara provavelmente já havia visto a bravura de Abraão. Porém, enquanto estava no Egito, foi a vez de ela ter coragem e honrar a Abraão, confiando em seu plano. Foi preciso muita coragem. E ela teve essa coragem; ela confiou e honrou a seu marido.

Pedro atribui essa coragem às esposas de seu tempo. Elas deveriam adornar seu espírito com uma natureza calma e gentil, tratando a seus maridos com honra. Ele explica que as esposas se tornariam filhas de Sara caso fizessem o que era certo, sem se assustarem com qualquer medo.  Elas seriam semelhantes a Sara, seriam como ela, como suas filhas, carregando seu legado, se tivessem coragem de fazer o que era certo (sem medo, honrando a seus maridos).

Pedro, agora, se dirige aos maridos e como eles deveriam amar e servir às suas esposas:

Igualmente vós, maridos, vivei com elas segundo a ciência, como sendo vaso mulheril mais fraco, dando-lhes honra como a herdeiras juntamente convosco da graça da vida, para que as vossas orações não sejam impedidas. (v. 7).

Assim como as esposas deveriam buscar o melhor para seus maridos, os maridos deveriam servir às suas esposas.

O apelo é para que os homens tenham coragem. Do ponto de vista do homem, é preciso coragem para tentar entender uma mulher. Porém, é seu trabalho como marido conviver com sua esposa de forma compreensiva. Isso significa que os homens precisam se engajar. Isso é assustador para a maioria dos homens. Eles são tímidos e preferem se envolver relacionalmente o mínimo possível.

Em Efésios 5, Paulo diz aos homens que a maneira de amar suas esposas como Cristo amou a igreja e se entregou por ela é usar palavras que as elevassem. Jesus santificou Sua igreja, Sua noiva "tendo-a purificado pela lavagem da água com a palavra" (Efésios 5:26). A aplicação dos maridos amarem suas esposas como Cristo ama a igreja (Efésios 5:25) inclui o uso de palavras que ajudem suas esposas a crescer na santificação em Cristo.

Isso exige coragem para os homens. Eles temem a rejeição e o uso de palavras para "santificar" envolve o risco de rejeição. Certamente, Jesus nem sempre nos diz o que queremos ouvir. Por outro lado, Jesus pune aos que ama (Hebreus 12:3; Apocalipse 3:12). Os maridos estão longe de ter o conhecimento ou a autoridade de Jesus. Mas devem se envolver com suas esposas em amor, procurando ajudá-las a crescer.

As mulheres são propensas a usar palavras e são exortadas a usar o exemplo. Os homens relutam em usar palavras, mas são exortados a ter a coragem de amar usando as palavras. Em cada caso, o objetivo é servir ao outro em amor. Em cada caso, ao servirem em amor, eles buscarão seu melhor interesse.

É mais fácil para os homens serem como "Adão". Eles tendem a apenas observar sem intervir, temendo dizer à sua "Eva": "Eu acho que você não deve comer esta fruta".

Por aplicação, Pedro parece indicar que os homens devem:

  • Fazer uso de palavras relacionais, no nível da alma, a fim de entender suas esposas;
  • Arriscar a rejeição (que Adão não esteve disposto a arriscar), usando palavras para ajudar suas esposas a ser o melhor possível. Eles devem buscar o melhor para elas, falando a verdade em amor.

Os homens geralmente preferem apaziguar do que se engajar. Porém, para que um homem realmente ame sua esposa, ele precisará de coragem para superar a preocupação com a rejeição e buscar o melhor para ela.

Mulheres, demonstrem honra aos maridos usando palavras de respeito.

Homens, demonstrem honra às esposas usando palavras de compreensão.

A expressão grega traduzida como “vaso mais fraco” (v. 7) é usada em outras passagens em que alguém precisava de ajuda. De que tipo de ajuda uma mulher precisa? As mulheres suportam a dor melhor do que os homens. Eles suportam estar sozinhas melhor que os homens. Então, do que elas mais precisam?

As esposas precisam do convite do marido para compartilhar a vida com ele, a fim de cumprir seu desígnio. Elas precisam ser tratadas como herdeiras da graça da vida (v. 7). Um herdeiro é um parceiro. Deus fez Eva para ser a ajudadora de Adão, uma parceira. Para ter uma parceria, precisamos de um parceiro. São necessárias duas pessoas. As esposas precisam de alguém. Elas precisam de um convite.

A palavra traduzida como "ajudadora" em Gênesis 2:18 é usada 21 vezes no Antigo Testamento ("ʿēzer"); Deus é o nosso Ajudador. Ser ajudador significa agir à imagem de Deus. As mulheres têm um chamado elevado e santo, feito à imagem de Deus:

"Nossa alma espera o Senhor; Ele é a nossa ajuda e o nosso escudo” (Salmos 33:20).

Porém, para que seja ajudada, ela precisa do convite do parceiro, o marido.

Quando os maridos não convidam as esposas para participar plenamente como parceiras de tudo o que fazem em suas vidas, eles impedem que suas esposas cumpram seu chamado como coerdeiras da graça da vida.

Para os homens, isso é um enorme desafio. Não é algo que os homens fazem naturalmente. Os homens estão focados em uma coisa de cada vez. Os homens não gostam de vulnerabilidade. Eles não gostam de se expor a uma possível rejeição dizendo a suas esposas algo que eles acham que vai ajudar, mas que elas podem não gostar ("Eva, eu recomendo que você não coma essa fruta"). Porém, os homens precisam abraçar a essas coisas e honrar suas esposas. Fazê-lo é servir a seu próprio interesse (Efésios 5:28).

Esta passagem termina com uma realidade preocupante: se os maridos não tratarem suas esposas com honra e compreensão, suas orações serão prejudicadas. Se os homens não convidarem suas esposas a se associarem a eles na vida, Deus não convidará os homens (parte de Sua noiva) a entrar em parceria com Ele.

O padrão bíblico é que Deus faz a nós o que fazemos aos outros. Este é muitas vezes o Seu julgamento. É também o Seu perdão, como vemos na oração de Jesus, que pede a Deus que nos perdoe assim como nós perdoamos aos outros. Depois, Jesus explica:

"Porque, se perdoardes aos outros por suas transgressões, vosso Pai celestial também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos outros, seu Pai não perdoará vossas transgressões" (Mateus 6:14-15).

Para os homens, se eles realmente amam suas esposas, eles procurarão entendê-las. Eles procurarão convidar suas esposas para uma parceria total, para que suas orações não sejam interrompidas (para que a parceria com Deus não seja interrompida por sua falha em honrar a esposa).

Tudo isso se resume em descobrirmos formas de amar uns aos outros como Jesus nos ama. Às vezes, Jesus diz coisas que não queremos ouvir — como, por exemplo, quando Ele nos diz para nos concentrarmos nas necessidades do nosso cônjuge em detrimento das nossas próprias necessidades. Isso pode ser difícil. Às vezes, a verdade é difícil. Às vezes, a paciência é difícil. Cada situação requer muita sabedoria.

No entanto, Deus é nosso parceiro. Podemos amar ao nosso cônjuge como um serviço a Deus. A igreja é a noiva de Cristo e Ele é nosso exemplo de amor (Efésios 5:32). As esposas têm a santa oportunidade de dar exemplo a seus maridos sobre como se envolver construtivamente como uma ajudadora de Jesus.

Amar uns aos outros significa amar a nossos cônjuges, significa colocar suas necessidades acima das nossas e amá-las, ajudando-as a encontrar o chamado de Deus para cumprir seu desígnio. Para os homens, isso significa arriscar sua vulnerabilidade para ajudar suas esposas a serem melhor, abrir-se a elas e convidá-las a serem parceiras em tudo o que fazem. Para as mulheres, significa evitar palavras de crítica e, em vez disso, usar palavras que honrem. Significa concentrar-se não apenas na aparência exterior, mas na beleza interior, com exemplo de caráter piedoso, como para o Senhor.

Quando amamos ao nosso cônjuge, amamos a Deus e somos os maiores beneficiários disso.

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