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Significado de 2 Coríntios 1:15-22
Uma das acusações de alguns na igreja em Corinto contra Paulo parecia ser sua mudança de plano de viagem e o não cumprimento de sua intenção de retornar a Corinto: “Nesta confiança, era a minha intenção, primeiro, ir ter convosco, para que recebêsseis um segundo benefício” (v. 15).
A expressão “nesta confiança” refere-se à mesma confiança explicada por Paulo nos versículos anteriores, principalmente sobre o "testemunho de nossa consciência" (v. 12) e a recompensa de Jesus pelo serviço fiel (v. 14). Paulo explica suas intenções de viagem não cumpridas: “...era a minha intenção, primeiro, ir ter convosco, para que recebêsseis um segundo benefício” (v. 15).
Aparentemente, o não retorno de Paulo a Corinto conforme ele havia planejado era uma fonte de antagonismo. Porém, ele afirma ter a consciência limpa quanto a isso, porque esta era genuinamente sua intenção. Seu objetivo ao retornar a Corinto era um só: “Para que recebêsseis um segundo benefício”. O benefício ao qual ele se refere aqui é explicado no versículo a seguir: “Passar à Macedônia, e da Macedônia ir ter outra vez convosco, e ser por vós encaminhado até a Judeia” (v. 16).
A bênção adicional, portanto, era que os coríntios teriam outra oportunidade de participar com o apóstolo na ministração à Judéia. Temos uma boa idéia do que Paulo tinha em mente aqui, porque nos capítulos 8 e 9 ele revela que ter confirmado o compromisso dos coríntios em iniciar uma oferta para um alívio financeiro aos crentes da Judéia. Portanto, os autores afirmam aqui que o “segundo benefício” se referia à uma segunda oportunidade de ajudar aos irmãos.
Não costumamos pensar em alguém nos pedindo dinheiro como "benefício". No entanto, se a causa é digna, é absolutamente uma bênção. Conforme Paulo afirma no capítulo 9:
Mas digo isto: aquele que semeia pouco também colherá pouco; e aquele que semeia em abundância também colherá em abundância (2 Coríntios 9:6).
O benefício também pode carregar em si a conotação de "graça ou favor". É possível que Paulo tivesse este duplo sentido em mente ao se referir ao "segundo benefício", conforme explica no versículo 16: “passar à Macedônia, e da Macedônia ir ter outra vez convosco, e ser por vós encaminhado até a Judeia”. Ele os abençoaria com sua presença em Corinto, tanto em seu caminho para a Macedônia quanto em seu caminho de volta da Macedônia.
No entanto, parece que a ênfase maior de Paulo estava no fato de que eles poderiam ser abençoados ao participarem da contribuição financeira aos irmãos em Jerusalém. Conforme continua a explicar no capítulo 2, este não era mais seu plano; ele baseia sua mudança de plano no "testemunho de nossa consciência":
Tendo eu, portanto, esta intenção, usei, porventura, de leviandade? Acaso, as coisas que proponho, proponho-as segundo a carne, para que haja comigo o sim, sim e o não, não? (v. 17).
O pronome agora muda para "eu". Assim, podemos presumir se tratar unicamente de Paulo.
Talvez uma acusação tivesse sido feita de que Paulo planejava passar por Corinto outra vez para ganhos financeiros. Isso também pode ser inferido a partir de 2 Coríntios 8:19,, 20 onde um homem descrito como "nosso companheiro de viagem no tocante a esta graça" foi enviado para recolher o dinheiro, deixando claro que nem Paulo nem Timóteo estavam ganhando qualquer benefício. Tudo seria entregue aos judeus visando ajudá-los em suas necessidades.
Paulo deixa claro que sua decisão de não retornar, conforme havia planejado inicialmente, não estava de acordo com sua carne, carregando o mesmo significado de sua defesa no versículo 12, ou seja, "sabedoria carnal". Sua decisão não teve nada a ver com seus próprios desejos ou mesmo suas necessidades, mas foi baseada na preocupação, amor e compaixão pela igreja em Corinto.
Paulo faz uma pergunta e a responde, a saber: “...para que haja comigo o sim, sim e o não, não?” (v. 17). Paulo indica que a acusação levantada era falsa. Ele não seguia ao padrão de dizer uma coisa e fazer outra.
Embora isso possa soar um pouco estranho para nós, não era incomum no tempo de Paulo usar a expressão “sim, sim” para se fazer uma afirmação inflexível e “não, não” para uma negação inflexível. A questão levantada dera se Paulo estava dizendo "absolutamente sim" ou "absolutamente não" ao mesmo tempo, dependendo do público com quem estivesse falando.
Basicamente, Paulo defende sua integridade. Ele afirma que seu “sim” significava sim e seu “não” significa não. Ele afirma operar em integridade, dizendo que sua palavra era uma extensão de sua fidelidade a Deus: “Mas, como Deus é fiel, a nossa palavra a vós não é sim e não” (v. 18). Paulo apela aos coríntios que, assim como Deus e Sua palavra eram fiéis, assim era sua palavra. Não havia duplicidade no que ele lhes contara originalmente em relação a seus planos; ele havia sido sincero ao dizer que retornaria a Corinto. A mudança tinha como base o propósito e o plano de Deus para ele e para a igreja em Corinto:
Pois o Filho de Deus, Cristo Jesus, que entre vós foi pregado por nós, a saber, por mim, Silvano e Timóteo, não se tornou sim e não, mas nele é sim (v. 19).
Paulo havia escrito anteriormente que, enquanto esteve em Corinto, "pregamos a Cristo, e este crucificado" (1 Coríntios 1:23). Para ele não havia equívoco: Cristo Jesus era o Filho de Deus, crucificado e ressuscitado, o Cristo vivo. Assim como não houve "sim" e "não" em sua pregação a respeito do Cristo, não havia "sim" e "não" em sua palavra aos coríntios.
A palavra de Paulo era “sim”: “Por isso, tantas quantas forem as promessas de Deus, nele está o sim” (v. 20). Todas as promessas de Deus se cumprem em Cristo Jesus. Todas elas são “sim”. Ele defende seu caráter e integridade, mostrando ser um homem de Deus. Suas palavras e decisões eram verdades e promessas nas quais os coríntios podiam confiar. Seu "sim" era "sim" e seu "não" era "não": “porquanto também por ele é o amém para a glória de Deus, por nosso intermédio” (v. 20).
A palavra “amém” é uma transliteração da mesma palavra no grego e hebraico. Geralmente expressa o sentimento de "que assim seja" ou "isso é verdade". Aqui, Paulo diz que Deus é nosso Amém. Portanto, ele se refere a Deus como verdadeiro e fiel. Paulo afirma que assim como Deus era verdadeiro e fiel, ele e seus companheiros também eram verdadeiros e fiéis, porque Deus operava através deles. A integridade de Paulo vinha de Deus. A fidelidade e a glória de Deus fluíam através dele.
Quando Jesus coloca um amém antes de Suas palavras, Seu objetivo era o de enfatizar a verdade e a validade das mesmas. O uso que Paulo faz do amém tinha o objetivo de colocar ênfase na validade e na fidelidade da Palavra de Deus. O Amém de Deus é pronunciado por Paulo e seus colegas “para a glória de Deus, por nosso intermédio”.
A palavra “glória” traduz a palavra grega "doxa", significando que a essência de algo ou alguém é observada (1 Coríntios 15:40, 41). A glória de Deus ser mostrada “por nosso intermédio” significava que Paulo vivia e demonstrava os atributos de Deus às pessoas. Jesus afirma no Evangelho de João que quando os crentes permanecem Nele e andam em Seus caminhos, eles glorificam ao Pai:
Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e ser-vos-á feito. Nisso é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos” (João 15:7, 8).
Isso significa que os crentes têm o imenso privilégio de mostrar Deus às pessoas por meio de suas ações. É um chamado alto e elevado. Mas, para exercê-lo, devemos seguir ao exemplo de Jesus.
É bom para a igreja de hoje, como o foi para a igreja em Corinto, lembrar que Cristo Jesus é quem Ele diz ser: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". (João 14:6) Ele é o Sim e o Amém de todas as promessas de Deus.
Paulo continua: “Aquele que nos confirma convosco em Cristo” (v. 21). O uso do termo “confirmar” no Novo Testamento implica algo legalmente garantido. Esta é a mesma palavra usada por Paulo em 1 Coríntios 1:8, 9: "O qual também vos confirmará até o fim, para serdes inculpáveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor".
Para Paulo, isso não era apenas algo do passado, mas uma experiência contínua com o Cristo vivo. Para ele, era isso que estar "em Cristo" significava. Ele continua descrevendo como Deus nos confirma em Cristo. Ele nos ungiu. A palavra “ungir” tem seu fundamento no Antigo Testamento, onde era usada no sentido da coroação de reis e governantes, designando oficialmente seu poder e jurisdição. No Novo Testamento, a palavra para o Messias, ou Cristo, é literalmente “O Ungido".
Agora, como crentes e "novas criaturas em Cristo Jesus", temos a unção do Espírito Santo. O apóstolo João escreve:
A unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina em todas as coisas, e ela é verdadeira e não mentirosa, e como ela vos ensinou, permaneceis nele (1 João 2:27).
Este parece ser o contexto usado por Paulo aqui no versículo 21. Somos ungidos por Deus em Cristo através do Espírito Santo e isso nos confirma e estabelece em Cristo, que também nos selou (v. 22). A palavra “selar” muitas vezes se refere a uma marca de validação legal, identidade ou segurança, apontando para o Apocalipse, onde o termo “selado” indica que alguém foi marcado com um selo de propriedade. A palavra também pode se referir ao batismo, onde os crentes confirmam sua crença interior e sua unção pela expressão externa da imersão nas águas.
Deus não apenas nos selou, mas Ele nos deu o Espírito em nossos corações como penhor (v. 22). O ato de Deus de dar o Espírito Santo aos crentes engloba as experiências da unção e selo. O penhor é um depósito da plenitude de Deus e da realidade de Sua presença em nossas vidas. Pedro descreve isso em Atos 2:38: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo".
Paulo havia escrito em sua primeira carta à igreja em Corinto: "Fostes comprados por um preço" (1 Coríntios 7:23). Agora, ele lembra à igreja em Corinto - e também à igreja de hoje - que Deus nos deu o penhor, o depósito, o pagamento inicial no Espírito Santo através de Sua "unção" e "selo" da promessa. Em Cristo, Paulo e os crentes em Corinto haviam sido "confirmados".