Significado de 2 Tessalonicenses 3:1-5

Paulo começa a encerrar sua carta e escreve: Finalmente, irmãos, rogai por nós para que a palavra do Senhor se espalhe rapidamente e seja glorificada, assim como aconteceu também convosco.

Os tessalonicenses ajudariam ao ministério de Paulo se orassem por ele e sua equipe. Esta carta parece ter sido escrita em Corinto, onde Paulo viveu e pregou por um ano e meio (Atos 18:11). A esperança do apóstolo era a de que a palavra do Senhor tivesse um efeito profundo e se espalhasse rapidamente. A palavra do Senhor aqui se refere especificamente ao Evangelho de Jesus Cristo, as boas novas que se iniciam com o novo nascimento. Os tessalonicenses haviam crido nas boas novas de que o Filho de Deus havia vindo à terra como homem e morrido numa cruz pelos pecados de todo o mundo. Paulo ensinou que todo o que tivesse fé para olhar para a morte de Jesus na cruz, esperando ser liberto de seus pecados, receberia gratuitamente o grande dom da vida eterna (João 3:14-15; Romanos 5:15-16).

O Evangelho continua após o novo nascimento, conduzindo cada crente a uma nova vida de fé através do poder da ressurreição de Jesus. A palavra do Senhor nos conduz na verdade e nos mostra que a maior realização disponível na vida vem através da nossa obediência à palavra de Deus (Filipenses 2:5-10).

A palavra do Senhor também pode se aplicar geralmente a toda a Bíblia, já que a Bíblia é a palavra escrita de Deus (2 Timóteo 3:16). Porém, a Bíblia também diz que Jesus é a Palavra.

A palavra grega traduzida na frase “palavra do Senhor” é "logos". O Evangelho de João usa esse "logos" para descrever ao Filho de Deus:

"No princípio era o Verbo ('logos') e o Verbo ('logos') estava com Deus e o Verbo ('logos') era Deus" (João 1:1).

Assim, a palavra do Senhor é anunciada através dos atos e palavras de Seu povo, bem como através das páginas das Escrituras. Porém, acima de tudo, a Palavra de Deus é Jesus, a Palavra Viva. Paulo também afirma que toda a criação anuncia o Evangelho, porque a criação reflete a seu Criador (Romanos 1:19-20, 10:16-18).

Paulo instrui os tessalonicenses a orar para que a palavra do Senhor seja glorificada. A palavra “glorificada” aqui tem a raiz grega "doxa", significando "a essência de algo observado". Isso pode ser visto na carta de Paulo aos crentes em Corinto, onde ele contrasta a glória ("doxa") da lua com a glória ("doxa") do sol, afirmando que cada astro possui uma glória diferente ("doxa").

A glória do sol e da lua diferem porque a essência do sol difere da essência da lua (1 Coríntios 15:40-41). Paulo também descreve a glória de certas pessoas escravizadas por seus apetites, dizendo que "sua glória está em sua vergonha". Com isso, Paulo ensina que a vergonha de seus comportamentos exibe a essência de seu caráter, neste caso, vergonhoso. Em todos os casos, a "glória" requer que a essência de algo seja observada.

Portanto, ao pedir oração para que a palavra do Senhor fosse glorificada, Paulo estava pedindo a seus filhos na fé que orassem para que a verdade do Evangelho fosse visivelmente manifesta, de modo que a essência do Evangelho pudesse ser observada. Paulo acrescenta: Assim como também fez convosco. Isso mostra que Paulo orava para que o Evangelho fosse vivido e exibido pelos crentes em todo o mundo, assim como o era nos crentes de Tessalônica.

O princípio das boas novas da palavra do Senhor é que somos aceitos na família de Deus pela fé de olharmos para Jesus, esperando ser libertos do veneno do pecado (João 3:14-15). Porém, as boas novas não param por aí. Jesus voltará como Rei conquistador um dia e governará a terra em perfeita paz quando, finalmente, estabelecerá uma nova terra na qual a justiça reina (2 Pedro 3:13). Assim, a terra será restaurada e se tornará uma terra onde habita a justiça. Incrivelmente, as boas novas também incluem a promessa de que aqueles que forem fiéis na vivência da palavra do Senhor, sendo testemunhas fiéis, receberão a imensa recompensa de entrarem na alegria do Reino de Jesus (Apocalipse 3:21; Romanos 8:17b).

Os tessalonicenses criam nisso e isso era o que eles esperavam quando Cristo voltasse. Esta era uma parte relevante de sua motivação para viverem como testemunhas fiéis, apesar da perseguição que sofriam, a fim de obterem a recompensa de herança no Reino de Deus (2 Tessalonicenses 1:5). Eles criam nas boas novas compartilhadas por Paulo.

Paulo pede oração para que as boas novas se espalhassem rapidamente e fossem glorificadas através das vidas transformadas das pessoas impactadas por elas, assim como havia ocorrido com os tessalonicenses.

O apóstolo também pede aos tessalonicenses que orem por sua segurança e sua equipe: Que sejamos salvos dos homens perversos e maus, pois nem todos têm fé. Os tessalonicenses sabiam em primeira mão sobre as perseguições daqueles que não tinham fé. Quando Paulo pregou o Evangelho pela primeira vez a eles, ele e sua equipe foram expulsos da cidade por uma turba furiosa de homens perversos e maus (Atos 17:5-10), homens que não tinham fé em Deus, não criam na verdade das boas novas. Estes eram ávidos opositores das boas novas.

Paulo traz a atenção dos irmãos e faz um pedido especial por seus discípulos: Mas o Senhor é fiel e Ele os fortalecerá e protegerá do maligno. Os tessalonicenses estavam sofrendo perseguição de homens perversos e maus, pessoas que, talvez involuntariamente, faziam a obra do maligno, Satanás, o anjo caído, o inimigo de Deus (Salmo 8:2). Porém, em Sua fidelidade, o Senhor fortaleceria e protegeria a Seus filhos das atividades de Satanás. Como as Escrituras prometem, quando os crentes resistem a Satanás, ele foge deles (Tiago 4:7).

Paulo exorta os tessalonicenses a se destacarem, crescerem e aumentarem seu amor por todos os homens e sua perseverança diante das provações (2 Tessalonicenses 1:3, 1 Tessalonicenses 4:1). No entanto, ele os elogia por agradarem a Deus e viverem uma vida separada do mundo (1 Tessalonicenses 1:6-7). O apóstolo os motiva: Temos confiança no Senhor a respeito de vós, que assim estais fazendo e continuareis a fazer o que ordenamos. A avaliação de Paulo sobre os tessalonicenses foi consistente em ambas as cartas: eles estavam fazendo o que haviam sido ordenados a fazer.

Paulo expressa sua confiança de que os tessalonicenses sustentariam sua fidelidade no futuro e continuariam a fazer o que foram ordenados a fazer. Isso ocorreria porque os irmãos haviam crido nas boas novas de Deus e em Sua palavra, ou seja: andar em obediência aos mandamentos de Deus era o caminho para experimentarem a maior realização na vida. Isso exigia fé, pois ao se afastarem dos caminhos do mundo eles seriam perseguidos. Os tessalonicenses já estavam experimentando este resultado.

Paulo declara mais uma bênção sobre eles: Que o Senhor direcione vossos corações para o amor de Deus e para a firmeza de Cristo. Este é um dos grandes temas destas cartas tessalonicenses. Por seu amor, eles cresceriam em fé e teriam firmeza para resistir aos ataques do mundo contra eles. Esse amor e firmeza vinham de Deus e de Cristo. Nossa ajuda é espiritual, ou seja, vem de nosso Pai Celestial e de nosso Salvador, não de nossa própria força de vontade. A firmeza de Cristo foi gerada durante sua caminhada de obediência ao Pai, confiando que os mandamentos de Seu Pai eram para o Seu melhor e que as recompensas de Seu Pai compensariam as perseguições e sofrimentos (Filipenses 2:5-10).

Nos versículos seguintes, Paulo abordará mais um ponto específico de preocupação quanto à igreja de Tessalônica antes de concluir a carta: a preguiça.