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Significado de 3 João 1:11-15
Depois de apontar as más obras feitas por Diótrefes, João exorta a igreja: Não imites o mal, mas o bem. João havia declarado anteriormente que era bom receber os irmãos que ministravam o Evangelho em nome de Cristo de uma maneira digna de Deus (v. 5-8). Isso era bom. Diótrefes, porém, não apenas se recusava a fazer isso, mas também expulsava as pessoas da igreja que recebiam aos missionários. Isso era mal. João afirma: Aquele que faz o bem é de Deus. Aquele que faz o mal nunca viu a Deus. Aqueles que recebiam aos irmãos ministravam em nome de Jesus faziam o bem e eram de Deus. Diótrefes, porém, estava fazendo o mal, por isso não viu a Deus. A frase “nunca viu a Deus” não infere que aqueles que fazem o bem terão uma visão física de Deus e aqueles que fazem o mal não a terão. A palavra traduzida como “ver” é às vezes traduzida como "tomar cuidado". Este é provavelmente o sentido aqui. Quem faz o mal não dá ouvidos a Deus, porque Deus não faz o mal, nem tenta ninguém a fazer o mal (Tiago 1:13).
João, agora, apresenta um novo personagem, Demétrio. O apóstolo afirma que Demétrio havia recebido bom testemunho de todos e da própria verdade, e nós acrescentamos nosso testemunho, e sabeis que nosso testemunho é verdadeiro. João não explica quem era Demétrio, mas por inferência Demétrio parece ser alguém desconhecido da igreja com quem João se correspondia, o que exigia essa referência. João testifica que Demétrio era respeitado por todos que o conheciam. João afirma: Nós também damos testemunho. João novamente usa o plural, o que infere que sua declaração era proveniente de um grupo de pessoas. O apóstolo enfatiza que não fazia o que criticava em Diótrefes, ou seja, elevar-se acima das outras autoridades e dar ordens às pessoas ao redor.
João era parte de uma estrutura de autoridade; ele falava em seu próprio nome. É claro que João havia aprendido a lição ensinada por Jesus de que se alguém desejava ser o primeiro deveria se tornar servo de todos (Marcos 9:35). João havia percorrido um longo caminho desde o momento em que levou sua mãe a pedir a Jesus que transformasse seu irmão e ele nos maiores do grupo de discípulos (Mateus 19:20-21). Jesus havia ensinado que se vemos falhas nos outros, isso significa que nós mesmos temos culpa (Mateus 7:3-4). Parece provável que o grande erro de Diótrefes de desejar ter a primazia sobre todos tenha sido algo particularmente aparente para João, já que ele tinha o mesmo traço inerente à sua natureza. Fica claro aqui, no entanto, que João havia aprendido a lidar com sua própria tendência negativa. Ele não usou sua autoridade como apóstolo, mas apelou para a verdade. Ele convidava as pessoas, ao invés de mandar. Ele apelava à pluralidade das autoridades espirituais.
Demétrio pode ter sido um dos irmãos que ministravam em nome de Jesus aos quais João admoesta a igreja a apoiar de um modo "digno de Deus" (versículo 6). Ele também pode ter sido o mensageiro que trouxe a carta à igreja. João afirma que o caráter de Demétrio podia ser verificado não apenas pelo bom testemunho de todos, mas também pelo próprio testemunho de João. É possível que esse Demétrio seja a mesma pessoa de Atos 19:24, que criara uma enorme quantidade de problemas para Paulo. Se assim for, isso marcaria uma reviravolta incrível.
O caráter de Demétrio também é validado pela própria verdade. João provavelmente esteja apelando aqui para fatos objetivos: "Vocês podem conferir os dados por si mesmos e descobrirão que o caráter de Demétrio é excelente." Desta forma, a palavra traduzida como "verdade" é usada de forma semelhante ao seu significado em Lucas 4:25, quando Jesus diz:
"Mas eu vos digo em verdade: havia muitas viúvas em Israel nos dias de Elias, quando o céu ficou fechado por três anos e seis meses, quando uma grande fome tomou conta de toda a terra" (Lucas 4:25).
Aqui em Lucas 4, Jesus estava relatando alguns fatos históricos. Parece provável que João esteja usando a palavra “verdade” da mesma maneira: "Vocês podem verificar os fatos por si mesmos". Isso é consistente com a realidade de que João fazia de tudo para se comportar de maneira diretamente oposta a Diótrefes. João apela à igreja para que tomasse boas decisões baseadas na verdade e no amor, em vez de afirmar sua autoridade e dar-lhes ordens.
Tudo isso era completamente consistente com as instruções dadas aos presbíteros pelo companheiro de João, o apóstolo Pedro, que também era um dos doze:
"Portanto, exorto aos anciãos entre vós, como vossos companheiros anciãos e testemunhas dos sofrimentos de Cristo, e participantes também da glória que há de ser revelada, apascentem o rebanho de Deus entre vós, exercendo a vigilância não sob compulsão, mas voluntariamente, segundo a vontade de Deus; e não para ganho sórdido, mas com ânsia; nem ainda como dominando-o sobre os que lhe são atribuídos, mas revelando-se exemplos para o rebanho. Quando o Supremo Pastor aparecer, recebereis a coroa inabalável da glória" (1 Pedro 5:1-4).
Nesta passagem, Pedro deixa claro que os anciãos deveriam compartilhar a autoridade de forma plural, em vez de existir uma única pessoa com a primazia entre todos, como Diótrefes desejava (v. 9). Pedro deixa claro que o objetivo do presbítero é o de pastorear o rebanho de Jesus na igreja local, sem buscar ganhos pessoais. Eles deveriam buscar apenas a aprovação de Jesus, o Supremo Pastor, que julgará aos co-astores, os anciãos.
A palavra grega traduzida como "ancião" é "presbyteros". Este uso da palavra é comum nos Evangelhos para descrever a liderança dentro da cultura judaica. Aqueles que deveriam coordenar a igreja como autoridades também são chamados pela palavra grega "episkope", traduzida como "bispo, encarregado, líder, supervisor ". Parece claro que ambas as palavras são usadas para descrever os líderes da igreja, que os líderes da igreja devem pastorear ao rebanho juntos e que eles são responsáveis perante Jesus pela forma como pastoreiam. Uma parte principal do pastoreio é a proteção. Nesta carta, João exerce sua responsabilidade como presbítero para proteger o rebanho, a igreja local, da má liderança. Não há dúvida de que essa carta tenha criado conflitos. Porém, João não coloca seu próprio conforto acima do bem-estar das ovelhas, os crentes locais. Ele se expõe a conflitos e críticas para promover o bem-estar genuíno daqueles que estão sob seus cuidados.
João planejava visitar a igreja pessoalmente em pouco tempo. Ele parece dar objetividade à sua carta, aparentemente para confrontar urgentemente a má liderança de Diótrefes. Isso mostrava como as pessoas deveriam agir com urgência para combater as más lideranças. João afirma: Tinha eu muitas coisas que te escrever, porém não o quero fazer com tinta e pena. O fato de João não estar disposto a escrever as coisas que tinha a dizer com caneta e tinta também pode significar que ele não se achava capaz de transmitir adequadamente o que tinha a dizer por meio de uma carta. É difícil expressar tom e intenção através da palavra escrita. Assim, João afirma: Mas, espero ver-te brevemente; então, falaremos face a face. Mais instruções eram necessárias. Porém, aparentemente não eram tão urgentes que deviam ser abordadas imediatamente. João pretendia continuar a conversa pessoalmente.
João fecha a carta, dizendo:
Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda aos amigos nominalmente.
A expressão “Paz seja contigo” pode ser uma saudação típica usando a palavra hebraica "Shalom". João encerra esta carta, iniciada com um conflito em defesa da verdade, desejando a paz. A paz é o estado desejado, onde tudo está em harmonia e funcionando de acordo com seu projeto. Os líderes que exerciam seu papel para seu próprio benefício, não seguindo à verdade, deveriam ser disciplinados, ou a verdadeira paz não seria possível. A verdadeira paz é quando as pessoas escolhem voluntariamente servir a uma missão comum. A verdadeira paz, o "shalom", não é uma companheira da tirania.
João diz: Os amigos te saúdam. A seguir, ele pede aos destinatários da carta que saúde a seus amigos pelo nome. A primeira parte desta expressão provavelmente signifique que os amigos que estavam com João enviavam suas saudações. Pode ser que o uso dos pronomes "nós" e "nos" significasse que João estava expressando o sentimento desse grupo de irmãos. A segunda parte provavelmente se refira aos amigos de João na igreja de Caio. João parece expressar-lhes particular cordialidade, pedindo que cada um dos amigos seja saudado pelo nome.
Com isso, a carta termina. O Espírito Santo parece ter escolhido incluir essa carta no Novo Testamento visando enfatizar particularmente a importância dos líderes-servos na igreja, deixando especialmente claro aos líderes interesseiros que eles pagarão um preço alto diante Dele por sua liderança interesseira.