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Significado de Atos 3:1-10
Pedro e João estavam subindo ao templo na nona hora, a hora da oração. A nona hora corresponde às 15h. É a mesma hora em que Jesus morreu. Foi nesta hora de oração que Jesus disse: "Pai, EM TUAS MÃOS, ENTREGO O MEU ESPÍRITO" (Lucas 23:44-46). O fato de Pedro e João estarem subindo ao templo para orar mostra que ambos ainda praticavam os rituais religiosos judaicos do ambiente onde cresceram. Ser crente em Jesus não removeu seu judaísmo. Os apóstolos não estavam tentando começar uma nova religião. Em vez disso, eles estavam descobrindo o pleno significado de sua religião existente, onde as promessas de Deus estavam se tornando realidade. Deus havia prometido um Messias que viria e restauraria a Israel e Jesus era esse Messias ("ungido"). Jesus era o Filho de Deus que havia vindo à terra para dar à humanidade uma nova vida espiritual e uma missão a cumprir (Mateus 28:18-20).
O apóstolo Paulo continuou a seguir a lei por devoção e respeito, não para encontrar justiça nela (Atos 25:8, Gálatas 2:16). Muito do que o Antigo Testamento havia profetizado finalmente aconteceu. Pedro e João haviam testemunhado e crido. Porém, a maioria do povo de Israel não havia experimentado as boas-novas. Eles viram, mas não creram. Pedro confronta a multidão sobre seu fracasso em reconhecer ao Messias de Deus e os incentiva a se arrepender e se voltar à Deus.
O templo em Jerusalém, construído pelo rei Herodes, era gigantesco (veja ilustração na seção Mapas e Cartas). A Porta Formosa era o portão que dava acesso ao complexo interno do templo. As pessoas comuns podiam entrar no pátio, como Pedro e João, na hora da oração. Porém, apenas o sacerdote podia entrar no prédio do templo. Assim, pela Porta Formosa, Pedro e João entram no pátio e um homem coxo desde o ventre de sua mãe estava sendo carregado, a quem eles costumavam colocar todos os dias à porta do templo chamada Formosa, a fim de pedir esmolas aos que entravam ao templo. Amigos ou parentes do homem o levavam ao seu lugar habitual para se sentar na parte externa do templo, provavelmente à sombra das colunas, ou "Pórtico de Salomão" (Atos 3:11).
Durante o ministério de Jesus houve outro homem paralítico que era carregado em uma maca. Ele buscava a cura e Jesus o curou (Lucas 5:18-25). Esse homem coxo desde o nascimento em Atos 3 não podia trabalhar devido à sua condição e, por isso, buscava a caridade das pessoas. Como centenas de judeus passavam pela porta do templo que se chamava Formosa todos os dias, aquele era um local estratégico para se pedir esmolas. Quando Pedro e João encontraram o homem coxo desde o ventre de sua mãe, ele estava sendo carregado, provavelmente por amigos que o levavam ao seu lugar usual.
Quando o mendigo viu a Pedro e João prestes a entrar no templo, ele começou a pedir-lhes esmolas, assim como fazia com todos os que caminhavam nas proximidades. O coxo devia começar a pedir esmola antes mesmo de se acomodar. Aqui, na hora da oração, o coxo estava pedindo/orando por ajuda. Ele recebe ajuda, porém de uma forma muito melhor do que esperava.
Pedro, junto com João, fixou o olhar no coxo e disse: "Olhe para nós!" A frase parece mostrar que o homem implorava de maneira constante, clamando a qualquer pessoa próxima e talvez já se voltando a outra para maximizar a quantidade de caridade que poderia receber naquele dia. No entanto, Pedro, movido pelo Espírito, pede a atenção específica do homem. O mendigo lhes dá atenção, porque esperava receber algo deles. Curiosamente, esta é a natureza da oração. Pedimos e esperamos receber algo. Essa era a rotina diária do homem, sentado todos os dias no pátio do templo. Ele provavelmente tinha amigos que o traziam na hora da oração, porque havia multidões maiores e ele poderia esperar receber ajuda de mais pessoas.
Deus, através de Pedro, muda a vida daquele homem. Pedro diz ao coxo: Eu não possuo prata e ouro. Ele não tinha nada que o mundo considerasse valioso para dar àquele homem. Ele não tinha dinheiro, prata e ouro para dar. Muito possivelmente Pedro não tivesse dinheiro algum com ele, porque os apóstolos não eram homens que acumulavam riqueza, mas compartilhavam o que tinham com outros crentes (Atos 2:44-45). No entanto, Pedro tinha uma dádiva para o coxo: O que eu tenho eu te dou: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!
Pedro ordena que o homem ande, algo que ele não conseguia fazer naturalmente porque era coxo desde o ventre de sua mãe. Desde o dia em que nasceu até aquele dia, nunca havia andado. Pedro declara a cura em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, e então tomando ao mendigo pela mão direita, Pedro o levantou e imediatamente os pés e os tornozelos do coxo foram fortalecidos. A força dada por Deus cura a paralisia do homem. Sua incapacidade para andar, de repente, dá lugar a pés e tornozelos fortalecidos. Um milagre acontece e a cura de Deus se manifesta de tal forma que aquele homem dá um salto. O homem ficou de pé e começou a andar. Ele caminha com Pedro e João. Ele entra no templo com eles, agora curado, andando e até saltando. Ele salta, espantado por conseguir fazê-lo, dirigindo sua alegria e espanto Àquele que a merece: ele louvava a Deus.
Este homem entendeu que aquela havia sido uma obra de Deus. Ele era judeu. Ele entendia de onde vinha o poder, por isso ele louva a Deus. No capítulo 4 lemos que o homem curado estava na casa dos quarenta anos (Atos 4:22). É possível que ele tenha pedido esmolas no templo nos últimos anos de sua vida. Ele era uma pessoa reconhecível no templo. A maior parte de Jerusalém estava familiarizada com aquele homem. Assim, sua cura cria um grande alvoroço, porque todos podiam ver que o mendigo coxo no pátio do templo agora era capaz não apenas de andar, mas de saltar.
O poder que fluiu através do apóstolo Pedro também fluiu através do apóstolo Paulo anos mais tarde, quando ele cura um homem em Listra, uma cidade na atual Turquia, embora naquela época fosse a província romana da Ásia (Atos 14:8-11). No caso de Paulo, o homem curado não louvou a Deus. Como Paulo estava em uma cidade pagã quando curou ao coxo, as multidões declararam que Paulo era um deus. Eles acreditaram que ele era um deus que tomara a forma humana para fazer milagres por eles. Assim, Paulo teve a oportunidade de pregar sobre o verdadeiro Deus que havia realizado aquela cura (Atos 14:15).
Uma vez que o Livro de Atos foi escrito pelo companheiro de ministério de Paulo, Lucas, parece provável que Lucas tenha escolhido incluir este episódio de Pedro curando ao homem coxo, pelo menos em parte, para demonstrar a validade da autoridade apostólica de Paulo, que estava sob constante ataque dos oponentes de Paulo. Pedro, apóstolo aos judeus, curou a um coxo judeu. Paulo, um apóstolo para os gentios, curou a um homem coxo gentio. Ambos saltaram. Isso demonstrou que Deus estava autenticando o ministério de Paulo, assim como havia autenticado ao ministério de Pedro.
Aqui, essa cura cria para Pedro a mesma oportunidade que a cura gerou para Paulo; cada um deles pôde pregar o Evangelho. Pedro toma esse momento de cura como uma chance de pregar que Deus havia descido do Céu e se tornado homem para nosso benefício. Sua pregação era endereçada aos judeus, semelhante à pregação de João Batista, para que eles se arrependessem. Eles já criam em Deus. No entanto, não estavam seguindo aos caminhos de Deus.
Esta cena de cura não passou despercebida: Todas as pessoas viram o homem curado andando e louvando a Deus. Atos 4:4 nos diz que dois mil crentes foram adicionados à igreja primitiva após o sermão de Pedro aqui em Atos 3, os que viram o milagre e os que ouviram a mensagem que se espalhava de boca em boca. Podemos supor que havia centenas, se não milhares, de pessoas no templo naquele momento específico.
Havia sido algo tão incrível que interrompeu aos protocolos comuns no templo: Eles estavam tomando nota dele (o coxo) como sendo aquele que costumava se sentar na Porta Formosa do templo para pedir esmola e ficaram cheios de admiração e espanto com o que havia acontecido com ele, tendo sido curado e restaurado. Ali no templo, durante a hora da oração, um coxo pede para ser abençoado e, através de Pedro, é abençoado por Deus de uma forma que não poderia imaginar. Da mesma forma, os judeus pediam a Deus que enviasse o Messias, para que pudessem ser abençoados fisicamente (como uma esmola), libertando-os da ocupação romana; porém, Deus envia algo muito maior. Ele envia a Jesus para curá-los espiritualmente (João 3:14-15).
A notícia dessa cura milagrosa se espalhou rapidamente, incluindo aos que não haviam visto o milagre acontecer. As pessoas o viam saltando e louvando a Deus. Elas provavelmente perguntavam umas às outras: "Não é este o homem que sempre implorava por ajuda à porta do templo? O homem que não podia andar e tinha que ser carregado aqui todos os dias? Ele está andando! Ele está saltando!" Compreensivelmente, eles estavam cheios de admiração e espanto. Porém, eles não sabiam para onde dirigir seu espanto, como o homem curado fazia. Ele olha para Deus, em gratidão, por salvá-lo de sua doença. O povo olha para Pedro e João e nos versículos seguintes Pedro corretamente os confronta sobre seu fracasso em compreender as ações de Deus em Israel — particularmente em relação a Jesus.
Podemos especular quanto às razões pelas quais Lucas incluiu este momento no Livro de Atos. Houve testemunhas oculares da cura. Aconteceu no local mais central e importante para a vida judaica à época. O milagre validava a sucessão do ministério de Jesus. Jesus havia delegado Sua autoridade aos discípulos (Mateus 28:18-20). Eles, agora, estavam começando a fazer o mesmo tipo de coisas que Jesus havia feito. Porém, eles não operavam em seu nome, mas no Nome de Jesus. Assim, todos veem o milagre. Ninguém podia negar ser o mesmo tipo de milagre feito por Jesus e ninguém podia encobri-lo, embora alguns tentassem. Este episódio, inclusive, também serviria como validação da autoridade de Paulo como apóstolo, já que ele também curou ao gentio coxo em um evento paralelo a este.