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Significado de Atos 3:22-26

Pedro mostra que Jesus era o profeta prometido por Deus a Israel; quem não ouvisse ao Profeta seria destruído. Todos os outros profetas de Deus haviam falado sobre aquele período no qual os judeus decidiriam obedecer ou não ao Messias de Deus, pois eles faziam parte da aliança com Deus. Deus enviou a Jesus para abençoar ao povo de Israel e reconciliá-lo com Deus, caso se arrependessem.

Pedro chama seu público judeu a se arrepender, para que Jesus voltasse à terra e estabelecesse Seu Reino. Ele ecoa uma profecia do Antigo Testamento para buscar convencer àqueles na multidão que o ouviam a se afastar de sua pecaminosidade e se voltar a Deus. O público judeu conhecia as Escrituras e certamente apoiaria sua esperança na promessa de que Deus, um dia, restauraria a Israel. Pedro tenta fazê-los entender que aquela promessa estava sobre eles, caso se arrependessem.

Porém, eles estavam focados na ocupação romana e no Messias encaixado a um certo papel esperado, ou seja, sua salvação física e política. Assim, eles não viam a Jesus por quem Ele era, o Messias enviado para libertá-los espiritualmente. Então, O mataram. Pedro argumenta que Jesus era o Messias do Antigo Testamento, citando Deuteronômio 18:15: Moisés disse: 'O Senhor Deus levantará para ti um profeta como eu de teus irmãos, a Ele darás atenção a tudo o que Ele te diz. Pedro estava dizendo que Jesus era o profeta previsto por Moisés. Jesus era quem Deus havia levantado para cumprir àquela profecia.

No contexto de Deuteronômio 18, Moisés fala do tempo em que Israel se reuniu no Monte Sinai, onde Deus desceu ao monte em fogo, fumaça e ao som de trombetas. Porém, os israelitas vieram até Moisés e disseram: “Moisés, todo esse fogo na montanha, a fumaça, os sons, está nos aterrorizando. Temos medo de morrer. Deus pode falar conosco de outra maneira?” Moisés e o Senhor ouvem sua preocupação e lidam com seu medo. Deus responde ao pedido deles falando por meio de Moisés, mas também fornecendo a promessa de um futuro profeta, um "segundo Moisés".

Deus promete levantar um profeta como Moisés, que falaria a Israel como a própria boca de Deus. Jesus cumpriu essa profecia porque era tanto humano, como Moisés, quanto Deus. Ele falava como a própria boca de Deus, mas sem a presença imponente que levava os homens a temer por suas vidas; Ele veio na forma humana (Filipenses 2:5-10). Porque Jesus era esse profeta, Ele era a pessoa a quem os judeus deviam dar atenção.

Jesus não apenas havia falado as palavras de Deus, como Deus as entregou no Monte Sinai: Jesus era a Palavra de Deus. Ele era a personificação da Palavra de Deus (João 1:1). A chegada do Espírito Santo no cenáculo, que encheu os discípulos com o poder de Deus, foi muito parecida com o Monte Sinai, com fogo, vento e sons. O Espírito Santo entrou na vida das pessoas (Atos 2:2-4). Jesus era humano, como Moisés. Mas falava da própria boca de Deus porque era Deus, cumprindo a profecia de Moisés em Deuteronômio 18:15. Depois de ressuscitar a Jesus, derrotando a morte, Deus enviou Seu Espírito para habitar dentro de Seu povo, confirmando uma nova aliança sobre o coração de Seu povo (Jeremias 3:31-33).

Pedro continua a citar Deuteronômio 18: E será que toda alma que não der ouvidos àquele profeta (Jesus, o segundo Moisés) será totalmente destruída do meio do povo.  Essa "geração perversa" (Atos 2:40) foi a geração que rejeitou a Jesus, o Messias, que havia vindo para redimi-la. Finalmente, quase quarenta anos depois de Cristo subir ao céu, toda a nação de Israel foi dizimada. Jerusalém foi sitiada e o templo foi destruído. Curiosamente, os judeus que creram em Jesus foram, em grande parte, exilados e, assim, escaparam da devastação romana.

Pedro os estava advertindo para que evitassem a esse julgamento: “Arrependam-se e evitem o que foi profetizado contra Israel.” Pedro diz aos judeus: Da mesma forma, todos os profetas que falaram, de Samuel e seus sucessores em diante, também anunciaram nestes dias quando o Messias retornará. Eles tinham uma escolha a fazer: ser a geração que receberia a restauração ou a geração sobre a qual aquelas desgraças recairiam.

Ao se referir a Samuel como um dos profetas que havia falado sobre o assunto, Pedro talvez estivesse apontando para a aliança entre Deus e o rei Davi: "A tua casa e o teu reino durarão diante de Mim para sempre; o teu trono será estabelecido para sempre" (2 Samuel 7:16). Se o povo se arrependesse, Jesus voltaria e estabeleceria o Reino em Israel para sempre. Se não se arrependessem, eles seriam totalmente destruídos.

Esses dias aos quais Pedro se refere eram os dias nos quais Jesus veio como o segundo Moisés, o profeta a quem o Senhor Deus havia enviado, Aquele que havia falado as palavras de Deus ao povo judeu. O próprio Jesus explicou isso:

"Porque eu não falei por minha própria iniciativa, mas o próprio Pai que Me enviou deu-Me um mandamento sobre o que dizer e o que falar" (João 12:49).

Pedro diz a seu público que “esses dias” eram "hoje". Jesus havia chegado, Ele era o profeta de Deus, a ponte de volta a Deus: “Vocês vão segui-Lo? Vocês vão rejeitá-Lo como rejeitaram a Deus nos dias no deserto?” (Números 14:20-23). Pedro recorda-lhes que eles eram o povo escolhido, o povo da aliança com Deus: Vós sois filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com vossos pais, dizendo a Abraão: 'Em tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra'. Esta última declaração de Pedro é uma citação de Gênesis, onde Deus fala a Abraão a respeito de seus descendentes. Deus estabelece uma aliança com Abraão, prometendo-lhe que todas as famílias da terra seriam abençoadas por meio dele e de seu descendente.

Quem era essa semente através de quem todas as famílias da terra seriam abençoadas? Como Paulo aponta em Gálatas, não são "sementes" no plural, é "semente", no singular (Gálatas 3:16). A Semente que abençoa a todas as nações da terra é Jesus Cristo. Nos dias de Atos 3, Ele era Jesus, o segundo Moisés, a Semente prometida a Abraão em Gênesis 22:

"Na tua descendência todas as nações da terra serão abençoadas, porque obedeceste à Minha voz" (Gênesis 22:18).

Deus faz esta promessa a Abraão depois que ele se dispôs a sacrificar Isaque em obediência a Deus, confiando que Deus o ressuscitaria dentre os mortos. Foi sua confiança na ressurreição de Isaque que criou essa incrível promessa. E foi a ressurreição de Jesus que deu a oportunidade a cada pessoa de ter suas iniquidades colocadas na cruz, destruindo a separação entre a pessoa e Deus (Colossenses 2:14). Este é o maravilhoso dom de Deus (Romanos 6:23).

Pedro estava ativamente pregando o Evangelho naquele momento. Ele estava convidando ao povo judeu a se arrepender e se reconciliar com Deus por meio de Jesus Cristo: Para vós primeiro, Deus levantou Seu Servo e O enviou para abençoá-los, afastando cada um de seus maus caminhos. Jesus havia vindo para abençoar a Israel e tirar a cada um deles de seus maus caminhos. Esta era a sua oportunidade. Será que eles a aceitariam? Tanto João Batista quanto Jesus haviam ensinado que o arrependimento espiritual deve preceder a bênção física.

A prosperidade física sem a vitalidade espiritual é um fardo. Deus deseja abençoar as pessoas. Porém, elas devem escolher se colocar na posição de ser abençoadas. Isso significa se afastar de seus maus caminhos. Os caminhos do pecado são autodestrutivos. Se Deus lhes der mais bênçãos materiais, isso significa apenas mais poder para prejudicarem a si mesmas. Ele deseja que, primeiro, as pessoas se arrependam. Então, os "tempos de refrigério" serão algo ao qual elas poderão abraçar e se beneficiar (Atos 3:19).

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