AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Colossenses 4:1-6
O capítulo 4 começa com uma instrução dirigida diretamente aos que ocupavam posições de autoridade sobre outras pessoas. Paulo diz aos senhores: Concedei aos vossos escravos justiça e equidade (v. 1). A palavra grega “senhores” aqui é a palavra "kyrios", a mesma palavra traduzida como "Senhor" quando o contexto se refere a Deus. Esta seção, como grande parte da Bíblia, implora às pessoas que administrem bem seus corações, não se deixando abalar pela falsa sensação de que sua posição ou sua circunstância são a chave para sua identidade.
O apelo de Paulo aqui é para que os colossenses usassem sua própria posição, qualquer quer fosse ela, como oportunidade para administrarem bem a vida, não tirando vantagem dos outros. Isso é consistente com a essência da Lei Mosaica e seu ensino, bem como com o ensino da literatura de sabedoria bíblica, como Provérbios. Tanto a Lei quanto a literatura da sabedoria hebraica sustentavam que a vida era cheia de escolhas binárias, cada escolha incluía vida ou morte. Escolher a vida era escolher amar e servir ao próximo. Escolher a morte era seguir ao caminho da exploração. Paulo exorta os crentes colossenses a escolherem a vida.
A palavra grega traduzida como “escravos” é "doulos". Na era romana, o termo significava os escravos da forma como entendemos hoje, ou seja, alguém retido contra sua vontade. O termo também se aplicava a pessoas que voluntariamente celebravam um contrato econômico para servir a alguém por um período de tempo em troca, por exemplo, da quitação de uma dívida. Este caso voluntário é o sentido em que "doulos" é frequentemente usado para se referir aos cristãos descritos como sendo “servos ("doulos") de Deus”.
Portanto, os termos senhores e escravos eram amplos e podiam abranger a qualquer número de cenários em que uma pessoa estivesse em posição de autoridade sobre outra.
A instrução aqui é direcionada aos senhores. A palavra grega traduzida como “fazer” é "parecho", significando literalmente estender a mão e entregar algo a alguém. Então, há uma inferência proativa nisso. Os crentes não deveriam disponibilizar passivamente a justiça e a equidade quando ela fosse solicitada ou exigida. Em vez disso, eles deveriam ativamente buscar oportunidades para dispensar justiça e equidade. Eles não deveriam esperar até que outra pessoa o fizesse.
O que os senhores deveriam fazer aos escravos? Justiça e equidade. A palavra “justiça” aqui é "dikaios". Na maioria das vezes é compreendida como ter uma vida correta, agindo de uma forma que se alinhe ao projeto de Deus para o mundo. A outra palavra grega é "isotes", traduzida como "igualdade" todas as vezes que aparece nas Escrituras, exceto aqui. O que Paulo sugere, então, é que os mestres deveriam disponibilizar aos que estivessem sob seu comando oportunidades iguais para viverem bem a vida.
Obviamente, ninguém é responsável pelas escolhas do outro. O que Paulo ordena aqui é que os senhores, através do mau uso de seu poder, não se tornassem um obstáculo para os escravos. Todos nós devemos ter as mesmas oportunidades, uma chance igual para fazer nossas escolhas e administrar bem nosso caráter.
Paulo lembra aos senhores que eles deveriam fazer isso sabendo que tinham um Senhor no Céu (v. 1). Um dos grandes perigos e ilusões do poder é a ideia de que podemos alcançar autoridade posicional a ponto de não sermos subservientes a nada nem a ninguém. O lembrete de Paulo aqui é que toda a ordem criada está sob a autoridade do Criador. Devemos, portanto, tratar aos outros da forma como queremos ser tratados; amar aos outros como gostaríamos de ser amados. Devemos dar testemunho do Senhor supremo, lembrando que Ele dispensa a mesma justiça a todos. Se criarmos obstáculos para outros, responderemos Àquele que nos governa.
O versículo 2 começa com outra ordem. Paulo parece falar agora diretamente a um grupo específico de pessoas. A ordem é a seguinte: Perseverai na oração (v. 2). A palavra grega para “perseverar” é "proskartereo", significando literalmente "continuar". A continuidade de uma devoção ou prática espiritual depende da consistência do devoto.
Assim, Paulo instrui os colossenses a serem consistentes em sua caminhada. Em uma técnica que Paulo costuma usar, há um elemento de encorajamento aqui. O apelo para continuarem a fazer algo pressupunha que eles já o estavam fazendo. Paulo não instrui os colossenses a começar a orar. Ele diz que eles deveriam continuar orando. Esta foi uma forma eficaz encontrada por Paulo para encorajar e instruir os crentes, celebrando e reforçando o que eles faziam tão bem.
A oração é a comunicação com Deus. Paulo os instrui a estar comprometidos com esta prática de interação pessoal com o Divino, incluindo falar com Deus e ouvi-Lo.
Paulo estende ainda mais essa instrução, dizendo aos colossenses que se mantenham alertas na oração com uma atitude de ação de graças (v. 2). O fato de Paulo encorajar o estado de alerta sugere que a oração não era apenas uma via de mão única, através da qual eles poderiam apresentar seus pedidos a Deus. Deveria ser um diálogo, uma linha de comunicação aberta. A oração ajuda na revelação de Deus; ela nos empurra para a paz e nos atrai à alegria. Paulo instrui os crentes a não perderem o que a oração poderia proporcionar, ou seja, ouvir a Deus. Eles deveriam escutar o que Ele tinha a dizer. Eles precisavam perceber o efeito da oportunidade à sua frente.
Esta atitude está em harmonia com a segunda metade desta exortação: adotar uma atitude de ação de graças. Uma postura de oração ingrata sugere que sabemos mais do que Deus e estamos chateados pelo fato de Ele não estar fazendo as coisas da maneira que gostaríamos. Esta é uma perspectiva perigosa a ser adotada, um câncer que corrói nosso relacionamento com Deus e uns com os outros. Expressar gratidão não significa assumir uma falsa sensação de positividade. Não se trata meramente de demonstrar educação. Trata-se de apreciar a realidade de viver no mundo de Deus mesmo quando não entendemos por que as circunstâncias são como são.
A gratidão é uma escolha ativa, uma perspectiva que decidimos ter, independentemente das circunstâncias. É escolher a paz dentro de nós mesmos porque confiamos que Deus é bom e que Ele está no controle. Escolher uma atitude de ação de graças é se engajar na oração de modo a reconhecer que Deus está sempre no controle e sabe o que é melhor para nós. Podemos ver isso modelado por Jesus em Sua oração no Getsêmani; ali Jesus expressou confiança e deferência ao caminho de Seu Pai (Mateus 26:39, 42).
Paulo convida os colossenses a participar de sua jornada, orando ao mesmo tempo por nós também (v. 3). Paulo os convida a orar não apenas pelas coisas dentro de sua própria história, mas também pela história do apóstolo, seus companheiros e sua missão. Ele motiva os colossenses, mostrando-lhes que suas orações tinham influência sobre ele, seus empreendimentos e seus esforços pelo Reino.
Paulo lhes faz um pedido específico de oração: Que Deus nos abra uma porta para a palavra, para que possamos falar o mistério de Cristo (v. 3). Paulo trabalhava para espalhar a mensagem de Cristo. A metáfora da porta aberta nos é familiar; Paulo pede que Deus lhe desse uma oportunidade para que a palavra, a mensagem do mistério de Cristo, fosse anunciada, ouvida e aceita.
Paulo procurava por portas abertas para que ele e seus companheiros pudessem falar do mistério de Cristo. Há um paradoxo aqui, porque a palavra “mistério” em grego tem o significado raiz de "fechar a boca". Assim, Paulo se refere a falar o indizível. Esse tipo de linguagem (o mistério de Cristo) é usado em todos os escritos de Paulo como referência aos limites da linguagem e da compreensão quando se trata de expressar e compreender o Reino de Deus.
No entanto, a missão de Paulo era a de anunciar o mistério de Cristo ao mundo. Ele pede aos crentes colossenses que se juntassem a ele nessa empreitada, intercedendo em seu favor. Em 1 Coríntios, Paulo fala do mistério de Cristo como estando além de qualquer coisa que qualquer ser humano pudesse conceber em seu coração, algo que Deus daria àqueles que O amam (1 Coríntios 2:9).
Em sua carta aos Efésios, Paulo fala do mistério de Cristo como sendo a graça de Deus se estendendo aos gentios, quando eles se tornariam coerdeiros e participantes das promessas de Deus (Efésios 3:1-6). Isso se encaixava com o desejo de Paulo de proclamar o Evangelho de Jesus ao mundo inteiro, formado principalmente por gentios. Também em Efésios, Paulo fala do casamento como refletindo o grande mistério de que a Igreja é a noiva e o corpo de Cristo (Efésios 5:30-32).
Referindo-se ao mistério de Cristo, acrescenta Paulo, pelo qual também estive preso (v. 3). Esta é provavelmente uma referência ao tempo que Paulo havia passado na prisão por sua fé. Paulo parecia estar na prisão ao escrever esta carta aos colossenses, com base em outras referências à prisão nesta carta (Colossenses 4:10, 18).
O termo “em cadeias” aqui é a palavra grega "deo", que literalmente significa "amarrado", "atado" ou "preso". Paulo pode estar usando isso como um duplo sentido; ele não apenas havia sido aprisionado pelas autoridades humanas, mas a verdade mais profunda é que ele estava ligado ao mistério de Cristo como servo de Deus. Ele estava vinculado à obrigação de anunciar o mistério de Deus por causa do seu chamado (1 Coríntios 9:1).
A esperança de Paulo era a de que ele pudesse deixar claro (o mistério de Cristo) na maneira como deveria falar (v. 4). Isso ainda é parte do pedido de oração de Paulo aos colossenses — para que ele pudesse falar com clareza, para que aqueles que ouvissem pudessem entender as boas novas de Jesus. A palavra “manifestar” (do grego "phaneroo") significava revelar o que estava oculto. Assim, Paulo esperava solucionar o mistério de Cristo às pessoas, o suficiente para que pudessem colocar sua fé em Deus.
Paulo desejava ajudar a desvendar o mistério através de sua maneira de falar, o que significava que ele gostaria de dizer as coisas de maneira eficaz. Isso mostra que Paulo estava procurando refinar sua capacidade de falar, procurando ser o mais persuasivo possível. Também mostra que Paulo acreditava que seus discípulos em Colossos poderiam ajudá-lo a alcançar a eficácia por meio de suas orações em favor de sua missão.
Nos dois últimos versículos desta seção, Paulo volta a dar aos crentes colossenses instruções sobre como administrarem suas próprias jornadas. Tendo a referência acima como sua missão, Paulo continua exortando-os a conduzir-se com sabedoria para com os de fora (v. 5). A palavra “andar” (do grego "peripateo") significa "caminhar". Assim, a frase "andar em sabedoria para os de fora” significava dar passos com sabedoria - estar sempre exercendo seu caráter como testemunha do Reino ao qual eles pertenciam.
A expressão “os que são de fora” provavelmente signifique aqueles que ainda não eram crentes em Jesus. Isso coincide com o que Paulo descreveu num versículo anterior como seu chamado, sua missão. Ao implorar aos colossenses que se comportem com sabedoria para com os de fora era um convite q que se unissem a Paulo em sua missão de alcançar o mundo pelo Evangelho de Cristo.
A implicação aqui é que as pessoas estão observando o que dizemos e fazemos. O que escolhemos fazer e a maneira como nos comportamos tem influência sobre aqueles que nos rodeiam. Paulo diz aos colossenses que conduzir-se bem é aproveitar ao máximo a oportunidade (v. 5). A palavra grega aqui é "exagorazo", significando literalmente "remir". A palavra traduzida como “oportunidade” é "kairos", muitas vezes traduzida como "tempo". Assim, esta frase significa literalmente "resgatar o tempo". O oposto de resgatar o tempo é perder tempo. Portanto, eles deveriam fazer a oportunidade valer a pena, investindo-a em fazer algo que produzisse retorno.
É interessante notar aqui que a ênfase de Paulo no testemunho dos colossenses aos não crentes se concentrava principalmente em seu comportamento. Paulo pede orações por sabedoria para a melhor forma de explicar o Evangelho aos gentios. Porém, ao aconselhar seus discípulos a testemunhar, sua ênfase está em seu comportamento.
Descrevendo como aproveitar ao máximo essa oportunidade de serem boas testemunhas com suas vidas, Paulo instrui os colossenses a deixarem que seu discurso seja sempre com graça, temperado com sal (v. 6). O valor do sal é que ele acentua o sabor da carne ou do pão; ele traz mais ênfase ao que é verdadeiro. O sal faz com que as coisas tenham um sabor ainda mais parecido com elas mesmas. Portanto, não se tratava apenas de falar a verdade. Quando falamos a verdade com graça, ela acentua a verdade, tornando-a mais clara e reconhecível. Este é o lembrete de Paulo: não é o que dizemos, mas como dizemos, o que importa. Não é apenas a realidade dos fatos que importa em nosso discurso, mas o tom, a gentileza, a intenção de nossas palavras. As pessoas captam essas coisas invisíveis, que podem adicionar ou diminuir o sabor, aumentar ou diminuir o impacto do que fazemos.
A palavra grega traduzida como “graça” é "charis" e significa "favor". Portanto, a exortação é falar de maneira favorável, incluindo usar uma linguagem útil, cuidadosa e responsiva. A verdade liberta as pessoas, mas a verdade deve ser embrulhada em uma linguagem vitoriosa.
A ironia disso é que tentar comunicar a verdade dessa forma acentuada não afeta apenas ao ouvinte, mas também ao falante. Há aqui um benefício mútuo. Quando falamos a verdade na graça, utilizando a sabedoria, participamos mais plenamente da verdade. Não há maneira melhor de aprender do que ensinar. Quando operamos desta forma, nos tornamos mais íntimos da verdade, mais capazes de vê-la e mais hábeis em comunicá-la. Paulo explica o benefício da seguinte maneira: para saberdes como deveis responder a cada um (v. 6). Ao exercitarem a sabedoria e a graça, elas dariam aos colossenses mais capacidade de discernir. A prática os levaria à perfeição. Ao adotarem essas perspectivas e seguirem à sabedoria prática, os crentes colossenses cresceriam em caráter e impacto.