Significado de Deuteronômio 10:1-5

No capítulo 9, vimos que os israelitas provocaram a ira do Senhor logo após terem concordado com os termos da alilança no Monte Sinai. Moisés, líder de Israel e mediador da aliança, subiu ao Monte Sinai (Horebe) e lá permaneceu por quarenta dias e quarenta noites sem comer ou beber. No final dos quarenta dias e noites, o SENHOR deu a Moisés as duas tábuas de pedra e pediu-lhe que descesse do Monte Sinai rapidamente, porque os israelitas haviam agido corruptamente em sua ausência. Os israelitas haviam se afastado da ordem do Senhor e "fizeram uma imagem derretida para si" (Deuteronômio 9:12). Moisés intercedeu em favor do povo e o SENHOR poupou suas vidas (Deuteronômio 9:7-24).

Em Deuteronômio 10, Moisés recorda ao povo as palavras do SENHOR, começando com a expressão “Naquele tempo”, que liga a seguinte passagem à intercessão (9:25-29): Naquele tempo, o SENHOR falou a Moisés e disse-lhe: corta para ti duas tábuas de pedra como as anteriores.

O Deus Susserano perdoou aos israelitas por seu ato pecaminoso e cedeu em executar a devida justiça. Ele pede a Moisés que corte duas tábuas de pedra, porque Moisés havia quebrado as primeiras, pois Israel havia violado as leis que elas continham. No capítulo anterior, vimos que, enquanto Moisés estava com o Senhor no Monte Sinai, os israelitas haviam feito um bezerro de ouro como seu deus. Quando Moisés desceu com as duas tábuas da aliança nas mãos, notou que a aliança já estava quebrada porque um de seus termos mais importantes - o mandamento de não adorar a ídolos - havia sido violado (Êxodo 20:4).

Então, Moisés quebra as duas tábuas de pedra à vista de todos os israelitas. Depois, Moisés intercede em favor dos israelitas para pedir que Deus, em Sua misericórdia, não destrua o povo. Por causa de Sua graça e misericórdia, o SENHOR poupa o povo e pede a Moisés que suba ao Monte Sinai novamente para receber a revelação que estava nas tábuas anteriores. Então, depois de pedir a Moisés que cortasse para si duas tábuas de pedra como as anteriores, Deus diz: Suba até Mim ao monte e faça uma arca de madeira.

A "arca" era um baú, um recipiente forte feito de madeira e usado para armazenamento. Este foi o tipo de arca que o Deus Susserano instrui Moisés a fazer, a fim de proteger as tábuas de pedra de qualquer dano ou perda e para preservar a lei em um lugar conhecido. Moisés também lembra aos israelitas que havia obedecido à ordem de Deus e fez uma arca de madeira de acácia, cortou duas tábuas de pedra como as anteriores e subiu ao monte com as duas tábuas nas mãos. Parece que Moisés não levou a arca para o monte.

Provavelmente, a arca que Moisés havia feito era diferente da arca onde as tábuas seriam colocadas mais tarde. Em Êxodo, vemos a descrição da arca da aliança conforme projetada por Deus em Êxodo 25:9, onde Deus diz a Moisés: "De acordo com tudo o que eu vou mostrar-vos, como o padrão do tabernáculo e o padrão de todos os seus móveis, assim o construirás". O texto, então, passa a descrever o plano para a arca no versículo seguinte. No entanto, a arca não foi construída até Êxodo 37. Ela foi construída por trabalhadores qualificados. Entre um evento e outro, o incidente do bezerro de ouro ocorre em Êxodo 32 e os Dez Mandamentos são reescritos em Êxodo 34. Assim, parece provável que Moisés tenha construído uma arca temporária para guardar as duas tábuas até que a arca permanente fosse produzida.

Deus fez o que havia prometido a Moisés no versículo 2. Ele escreveu nas tábuas, como o primeiro escrito, os Dez Mandamentos que o Senhor havia falado a Israel. Esses mandamentos foram ditados diretamente por Deus na montanha, em meio ao fogo, no dia da assembléia. Agora, as mesmas ordens estavam inscritas nas duas outras tábuas de pedra.

O Deus Susserano não escreveu um texto diferente nas novas tábuas. Ele escreveu nas  tábuas os mesmos Dez Mandamentos das antigas tábuas as quais haviam sido quebradas por Moisés. Eram as mesmas palavras que Ele havia dito ao povo quando os reuniu no monte, para que aprendessem a temê-Lo todos os dias de suas vidas (Deuteronômio 4:9-14). Assim, depois de escrever os mesmos mandamentos nas novas tábuas, o SENHOR entrega as tábuas de pedra a Moisés.

Deus deu a Moisés muitas instruções, além dos Dez Mandamentos. É provável que Moisés tenha escrito isso enquanto estava na montanha. Muito do que lemos das leis e mandamentos para Israel veio diretamente do que Moisés escreveu lá. Porém, a Bíblia nos diz que o próprio Deus escreveu os Dez Mandamentos (Êxodo 31:18; Deuteronômio 4:13; Deuteronômio 9:10). Eles foram dados diretamente a eles por seu Deus Susserano.

Não nos é dito por que Deus escreveu os mandamentos na pedra com Seu próprio dedo, mas parece razoável considerar que Deus quis transmitir a natureza duradoura de Sua lei escrevendo a lei na pedra, bem como enfatizar que a lei vinha diretamente Dele. Deus é o legislador supremo e nenhum ser humano tem autoridade para substituir a lei de Deus. Mesmo na era da graça, depois da cruz, o apóstolo declara que, quando os crentes andam no Espírito, eles cumprem a justa exigência da lei (Romanos 8:4). A lei de Deus é Seu desígnio para o florescimento humano.

Finalmente, Moisés lembra ao povo de Israel que ele desceu do monte e colocou as tábuas na arca que havia feito. Neste ponto, Moisés relata o incidente que havia ocorrido quarenta anos antes. Muitas das pessoas que ouviam sua voz provavelmente eram muito jovens ou talvez nem tivessem nascido ainda durante o episódio do bezerro de ouro. Agora, Moisés reconta a história diretamente a eles. Neste ponto, ele provavelmente apontou para o tabernáculo, no qual estava a arca contendo os Dez Mandamentos e disse: “Lá estão elas, como o Senhor me ordenou.” Moisés diz aos israelitas que as mesmas duas tábuas de pedra contendo os Dez Mandamentos ainda estavam na arca (baú), onde ele as havia colocado cerca de quarenta anos antes. Ele fez o que o Senhor lhe havia ordenado.