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Significado de Deuteronômio 10:16-22

Moisés pede a Israel que separe seu coração diante de Deus e não se rebele. Eles devem amar e executar a justiça sem parcialidade, inclusive aos estrangeiros que habitassem entre eles, pois eles haviam sido estrangeiros no Egito. Isso refletiria como Deus julga, mostrando Seu amor por todos os povos. Israel deve se gloriar no amor de Deus e cuidar dessas pessoas.

Tendo ordenado aos israelitas que obedecessem completamente ao seu Deus Susserano (Governante), Moisés agora pede ao povo que responda adequadamente a Deus, mostrando humildade e gratidão. Ele lhes ordena que circuncidem seu coração. A circuncisão - o ato de cortar o prepúcio dos machos - era o sinal da aliança de Deus com Abraão (Gênesis 17:9-14). Era uma ação visível, exterior, que servia para lembrar aos israelitas que eles tinham uma aliança com seu Deus Susserano (Governante), uma aliança que lhes dava benefícios incondicionais, mas que também vinha com responsabilidades e provisões condicionais, com consequências substanciais para a obediência ou a desobediência (Gênesis 17:13).

Ações exteriores, como a circuncisão, não eram uma mera formalidade. Destinavam-se a mostrar a um coração mudado. Ações externas podem levar à mudança de pensamento e a circuncisão era um lembrete constante do pertencimento a uma família que Deus havia separado para um serviço especial. A circuncisão mais importante e aceitável deve ocorrer (metaforicamente) no interior (no coração). Nossos corações devem ser reservados para o serviço especial de Deus. Moisés ordena ao povo que circuncidasse ou separasse seu coração para andar em constante harmonia com Deus.

Moisés ordena aos israelitas, dizendo: Não enrijeçam mais o pescoço. Ter um pescoço duro significa rebelar-se contra os comandos prescritos. Provavelmente retrata um animal que não cede à direção do condutor - o animal deseja seguir seu próprio caminho em vez de ceder a seu mestre. Ter pescoço duro é similar à palavra "teimar", registrada no capítulo anterior. Moisés exorta os israelitas a evitar se rebelar contra o Senhor. Não teria sentido continuar a praticar a circuncisão física sem uma compreensão real de quem Deus era ou o que Ele requer. Deus desejava a circuncisão do coração, ou seja, a obediência a Ele, em vez de andar com o pescoço enrijecido, insistindo em seguir seu próprio caminho. Como Deus diz no versículo 13, Ele sabe o que é melhor para eles (e para nós) muito melhor do que nós mesmos.

O Deus de Israel é digno de ser obedecido. Ele é o Deus dos deuses; Ele é o verdadeiro Deus que criou tudo e todos. Como criador do mundo, Ele sabe como o mundo funciona e deseja o nosso bem. Portanto, devemos confiar Nele. Todos os outros "deuses", sejam demônios, ídolos ou qualquer outra coisa às quais possamos temer ou servir, não são nada comparados a Ele. Ele é o único e verdadeiro poder no universo. O Deus de Israel também é o Senhor dos senhores, ou seja, Ele é soberano sobre todas as outras autoridades. Ele é o grande, o poderoso, o Deus Todo-poderoso.

Ele é o Deus maravilhoso que não mostra parcialidade. Essa expressão pode ser traduzida literalmente como "Ele não considera rostos ao julgar", significando "não importa quem você seja, de onde você seja, ou quanto dinheiro ou prestígio você tenha". Como juiz supremo, o Deus Susserano trata a todos os assuntos com total justiça e retidão (1:16-17). O Deus de Israel não aceita suborno. A essência da idolatria antiga era baseada em dar ao ídolo um suborno, uma oferta, a fim de obter o que a pessoa queria. Não é assim que Deus trabalha. Deus não é manipulado. Ele sempre libera decisões justas.

Conforme Moisés explica a Israel, o SENHOR executa a justiça ao órfão e à viúva. Na Bíblia, um órfão geralmente se referia a uma criança sem pai. Uma viúva era uma mulher que havia perdido seu marido e permanecia solteira. Esses dois grupos de pessoas (órfãos e viúvas) estavam entre os que tinham menos poder na sociedade e eram facilmente explorados por outros. Então, o SENHOR ajuda ativamente a essas pessoas ao executar juízos justos. Ele não mostra parcialidade com base na posição ou classe.

Deus deixa claro que havia separado Israel e lhes mostrado um amor especial, acima de todos os povos (v.15).  Porém, a posição especial de Israel destinava-se a abençoar a todas as nações da terra, como Deus havia prometido a Abraão em Gênesis 12:3. Israel deveria servir numa função sacerdotal a outras nações, ser exemplo de como melhor florescer (Êxodo 19:5-6). Para ser coerente com esse chamado, além de executar  a justiça pelo órfão e pela viúva, o SENHOR mostra Seu amor pelo estrangeiro, dando-lhe comida e roupas. O estrangeiro é alguém que reside em um país estrangeiro. Um estrangeiro, que pode ter fugido de sua terra natal por razões políticas ou econômicas, geralmente não goza dos mesmos privilégios que um cidadão. Na verdade, ele geralmente está entre os que mais sofrem com a injustiça. Porém, todo ser humano é precioso aos olhos de Deus. É por isso que o SENHOR mostra amor aos estrangeiros e provê para eles, como faz para os outros povos.

Assim como o SENHOR ama ao imigrante, Ele espera que Seu povo de aliança demonstre amor ao estrangeiro também. Como Moisés diz claramente: Demonstre seu amor pelo estrangeiro. De acordo com Jesus, os dois grandes mandamentos que resumem a Lei de Deus é amar a Deus e amar ao próximo como a nós mesmos. Israel precisava demonstrar amor pelo imigrante como seu próximo. Eles precisavam se lembrar de como era ser um imigrante, pois eles mesmos haviam sido estrangeiros na terra do Egito. No Egito, os israelitas viveram como estrangeiros por cerca de 400 anos. Lá, eles não conheciam nada além de trabalho escravo e eram maltratados pelo Faraó e pelos egípcios. No entanto, o Senhor, seu Deus, os redimiu da escravidão para que pudessem viver como pessoas especiais para Ele. E Deus não queria que eles tratassem os outros com dureza, mas sim que demonstrassem amor pelo imigrante que vivia entre eles.

Isso está em total contraste com a instrução específica de Deus para aniquilar os atuais habitantes de Canaã. Deus marcou os cananeus para julgamento por causa de sua corrupção, por conta de seus comportamentos. Aqueles que se arrependeram, como Raabe, foram poupados. Deus deixou claro que a norma era tratar ao estrangeiro com amor. Portanto, Deus os exorta a não mostrar parcialidade ao administrar a justiça e a mostrar amor aos estrangeiros que viviam entre eles.

Além disso, os israelitas receberam a ordem de temer ao Senhor, seu Deus, a servi-Lo e a apegar-se a Ele, e deviam jurar pelo Seu nome. Temer ao SENHOR é se importar mais com o que Ele pensa e diz, e se Ele aprova nossa atitude (Deuteronômio 5:29; 6:2, 13). Servir a  Deus significa seguir aos Seus mandamentos e andar em Seus caminhos. O verbo traduzido aqui como "apegar-se" expressa proximidade emocional e lealdade. Moisés usa o mesmo verbo em Gênesis 2:24 para explicar como um homem deixa seus pais para "unir-se" à sua esposa para "tornar-se uma só carne" (ver também Deuteronômio 4:4). Israel deveria amar a Deus como uma esposa ama a seu esposo.

Finalmente, o povo de Deus deveria jurar apenas pelo Seu nome. Jurar pelo nome de Javé (fazer um juramento) significa reconhecer a Javé como o único Deus soberano e autoridade suprema.

Moisés diz a Israel: Ele [o Deus Susserano] é o seu louvor e Ele é o seu Deus, que fez essas coisas grandes e maravilhosas por você que seus olhos viram. Algumas traduções tornam a frase literal Ele é seu  louvor como dizendo que Deus é digno de louvor. Porém, a interpretação literal e o contexto parecem indicar que Deus e Suas grandes e impressionantes obras, que seus olhos tinham visto, deveriam ser o louvor de Israel. O que diferenciava Israel, aquilo no que eles deveriam se gloriar, era que seu Deus havia feito coisas poderosas por eles. A glória de Israel era o cuidado de Deus por eles.

O Deus Susserano de Israel os havia redimido da escravidão no Egito com "mão forte e braço estendido" (Deuteronômio 4:34; 5:15). Javé também foi aquele que multiplicou Seu povo a partir dos setenta que desceram ao Egito com Jacó (Gênesis 46:27). Moisés declara: Teus pais desceram ao Egito, setenta pessoas ao todo, e agora o Senhor, teu Deus, vos fez tão numerosos quanto as estrelas do céu. Ao fazer tal observação, Moisés reflete o texto da promessa de Deus a Abraão enquanto ele ainda estava sem um filho, de que ele teria numerosos descendentes, impossíveis de serem contados, como as estrelas do céu (Gênesis 15:5). Isso demonstra novamente a fidelidade de Deus. Ele mostra Suas grandes e impressionantes obras em nome de Seu povo. Ele é o louvor de Israel Israel deveria se gloriar Nele.

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