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Significado de Deuteronômio 13:6-11
Esta seção trata do mesmo assunto da anterior, na qual profetas e sonhadores podiam seduzir os israelitas a seguir e servir a outros deuses. Aqui, no entanto, a sedução viria de um familiar próximo ou de um amigo querido. Em ambos os casos, a pena era igualmente severa. O traidor deveria ser morto. Isso deveria ser feito para expurgar o mal da comunidade israelita. Não importa se a sedução direcionada a fazer o povo abandonar os caminhos da aliança de Deus viesse de forma aberta ou velada, o mal precisava ser expurgado.
O segundo cenário que Moisés estabelece é o seguinte: Se seu irmão, o filho de sua mãe, ou seu filho ou filha, ou a esposa que você estima, ou seu amigo que é como sua própria alma, seduzi-lo secretamente (v.6). A lista é composta por pessoas próximas e muito amadas, incluindo familiares imediatos e amigos próximos. São pessoas a quem respeitamos e ouvimos. A família imediata inclui o irmão, os filhos e a esposa. A frase “a esposa que você estima” significa literalmente "a esposa do seu seio" no texto em hebraico, indicando alguém muito amado. Um exemplo de um amigo que é como sua própria alma seria Davi e Jônatas (1 Samuel 18:1).
O cenário é que uma dessas pessoas importantes poderia tentar seduzir ao povo secretamente. Literalmente, significa "enganar em segredo". A idéia aqui é tentar afastar a alguém da adoração ao SENHOR na privacidade de sua própria casa. Moisés dá um exemplo da sedução na forma de uma citação: Servir a outros deuses. Moisés descreve os outros deuses como aqueles que nem tu nem teus pais conheceram. Esta é uma referência aos deuses e deusas dos cananeus. Estes eram os deuses que forneciam justificativa moral para comportamentos perversos, como os listados em Levítico 18, referindo-se aos deuses e práticas tanto no Egito quanto em Canaã. Esses comportamentos incluíam uma impressionante variedade de incestos, perversões sexuais que incluíam o sexo com animais e sacrifício de crianças. Os israelitas tinham conhecido os deuses pagãos do Egito e dos outros povos que encontraram durante o êxodo (como ilustrado no episódio do bezerro de ouro). Os deuses dos cananeus eram os próximos.
Moisés continua se referindo a esses deuses como os deuses dos povos que estão ao seu redor, perto ou longe de vós, de uma ponta à outra da terra. A palavra “terra” aqui pode ser traduzida como "território". Provavelmente se refira à totalidade da Terra Prometida. O mapa abaixo (cortesia das Notas Expositivas sobre Números, por Tom Constable) mostra os vários povos que viviam na Terra Prometida pouco antes da conquista israelita.
Cada um dos grupos vistos no mapa das tribos cananéias (ver Recursos adicionais > Mapas) compartilhavam deuses com outros grupos e também tinham deuses exclusivos de seu próprio povo.
Em resposta às seduções para servir e adorar aos deuses e deusas cananeus, Moisés diz ao povo que eles não deveriam ceder a eles nem ouvi-los, e seus olhos não terão pena deles, nem os pouparão ou ocultarão (v.8). “Ceder” significa literalmente "satisfazer". Isso pode implicar a idéia de seguir a idolatria para manter a paz na casa. “Ouvir” implica uma resposta ativa em favor do que é dito. Os israelitas não deveriam ter pena (ou se "compadecer") dos aliciadores.
Ainda mais sinistro era que eles não deveriam poupar ou esconder o sedutor. Isso seria algo muito difícil, tendo em vista que o aliciador era um parente próximo, até mesmo uma esposa. No entanto, todos os israelitas deveriam rejeitar todo e qualquer apelo para irem atrás de deuses pagãos, mesmo que a sedução viesse de um ente querido. O caminho desses deuses pagãos era o caminho para a destruição de toda a comunidade. Isso os levaria a uma cultura comunitária de exploração, quebrando o pacto e destruindo a Israel. Israel recebeu a missão divina de ser uma nação santa que exibisse às nações vizinhas uma cultura de autogoverno e serviço mútuo, uma cultura onde todos amariam ao próximo e buscariam o bem-estar de outros.
Servir a outros deuses significava honrá-los naquilo que representavam. Os outros deuses prometiam (falsamente) poder para que uma pessoa se exaltasse sobre as outras. Os falsos deuses eram transacionais, exigindo oferendas (incluindo crianças queimadas) para concederem "o que a pessoa desejava". Uma sociedade cheia deste egoísmo produz, naturalmente, uma exploração mútua, onde os fortes sempre exploram os fracos. O Senhor Susserano proíbe Seu povo de adorar ou servir a outros deuses, porque os caminhos deles levam à morte e à perda.
Desviar as pessoas do Senhor Susserano era um ato grave de traição à aliança. Este mal inevitavelmente se espalharia como um câncer e, então, precisava ser interrompido imediatamente. A pessoa deveria ser rejeitada da maneira mais extrema. Sua traição precisava ser vista como um complô para destruir a nação, ou seja, traição. O povo havia entrado em acordo com Deus para obedecer à aliança, no qual todas as bênçãos prometidas pertenceriam a eles (Êxodo 19:8; 24:3). Muitas das bênçãos eram consequências naturais de sua obediência; qualquer comunidade de pessoas que busque amar e respeitar umas às outras será um ótimo lugar para se viver e trabalhar. A tentação de servir a outros deuses era um convite a se buscar um estilo de vida explorador, ao invés de um estilo de vida de serviço. Como a Bíblia deixa claro, quando procuramos explorar os outros, somos os maiores perdedores. Quando servimos aos outros, somos os maiores vencedores (Mateus 16:25).
Moisés deixa claro ao povo de Deus, dizendo: Nem tu, nem teus pais conheciam a esses deuses. Além disso, Moisés diz aos israelitas que os outros deuses pertenciam aos povos que estavam ao seu redor, perto ou longe deles, de uma extremidade a outra da terra. Porém, o Deus Susserano tomou a Israel como "Sua propriedade entre todos os povos" (Êxodo 19:4-6). Por esta razão, Moisés adverte os israelitas a não prestarem atenção a qualquer um que os atraísse à idolatria. Ele afirma: Não cederás a ele nem o ouvirás, e os teus olhos não terão piedade dele, nem o pouparás nem o ocultarás.
Ceder a alguém é concordar em fazer o que a pessoa exige, estar disposto a seguir seus conselhos. Neste caso, o consentimento de um israelita em ouvir a sedução para servir a outros deuses. Os israelitas foram instruídos a não ter pena do tentador, o que significa que eles não deveriam mostrar misericórdia ou compaixão para com ele. Eles receberam ordens para não poupá-lo ou escondê-lo. Poupar alguém significa abster-se de lhe fazer mal. Ocultar alguém é encobrir ou manter em segredo algo que ele fez. Os israelitas não deveriam proteger a vida daquele que tentasse seduzi-los a servir a outros deuses nem escondê-lo. Era um câncer tóxico que precisava ser removido.
Em vez de acomodar aquele que tentasse levar as pessoas a adorar a deuses pagãos, Moisés ordena ao povo que certamente o matasse (v.9). A frase é bastante enfática no texto hebraico. Era de extrema prioridade matar ao aliciador, não importava quem fosse. A maneira pela qual essa pena capital deveria ser executada era que aquele que estava havia sido tentado deveria ser o primeiro a ir contra ele para matá-lo. Em outras palavras, o que foi tentado iniciava o processo de execução, depois a mão de todo o povo. Esta exigência constituiria um elemento de dissuasão a qualquer indivíduo que tentasse utilizar-se desta disposição indevidamente. Portanto, era uma advertência vívida sobre as consequências de tentar levar os outros a se tornar infiéis ao seu Senhor Susserano e seguir os caminhos dos deuses pagãos. Desta maneira decisiva e severa, Israel evitaria ser seduzido a trilhar por caminhos que levariam muitas pessoas à morte (Deuteronômio 30:15-18).
Especificamente, eles deveriam apedrejá-lo até a morte, literalmente "matá-lo com pedras" (v.10). O apedrejamento era uma forma comum de pena capital (Levítico 24:14; Números 15:35; Deuteronômio 21:21) porque permitia que toda a comunidade de Israel participasse ativamente do processo de morte dos condenados. Dessa forma, exigia consenso.
A razão para um castigo tão severo era que o tentador havia procurado seduzir as pessoas a se afastar do Senhor, seu Deus, que o tirou da terra do Egito, da casa da escravidão. A palavra traduzida como “seduzir” (hebraico "nādaḥ") é "afastar" em Deuteronômio 4:19, "desviar-se" em II Cron. 21:11 e "seduzir" (sexualmente) em Provérbios 7:21. Neste caso, o parente culpado ou amigo próximo tentaria levar seus companheiros israelitas a se afastar de adorar seu Senhor Susserano, Aquele que os havia tirado da terra do Egito, da casa da escravidão. Tal ato era uma ofensa gravíssima contra o Senhor que os havia livrado da cruel escravidão. Esse tentador desejava levar Israel de volta à escravidão e deveria ser eliminado.
A participação da comunidade de Israel no apedrejamento do indivíduo culpado deveria ser uma lição memorável. Após a execução, todo o Israel ouvirá e terá medo (v.11). Tinha que ser algo visual e brutal, porque as pessoas precisavam aprender a nunca mais fazer algo tão perverso. O objetivo era criar uma dissuasão suficientemente significativa para que tal aberração nunca mais ocorresse.