Add a bookmarkAdd and edit notesShare this commentary

Significado de Deuteronômio 15:7-11

Moisés exorta os credores israelitas a não relutarem em emprestar dinheiro a seus irmãos necessitados quando o ano da remissão estivesse próximo, porque o Deus Susserano (Governante) abençoaria grandemente aos que doassem de forma livre e generosa.

Tendo declarado a lei relativa à remissão de dívidas nos vv.1-6, Moisés apela aos corações de seus companheiros israelitas nos vv.7-11. Aqui, ele trata da seguinte realidade cotidiana: Se houver um pobre como tu, um de seus irmãos, em alguma de suas cidades em sua terra que o Senhor, seu Deus, está lhe dando. O cenário envolvia um israelita pobre e que morava na Terra Prometida. Isso implica que o texto não se aplicaria aos não-israelitas.

O reconhecimento dos pobres neste versículo e no v.11 tratava da realidade. Havia pobres, mas não havia uma classe de pessoas pobres. Deveria haver um caminho para sair da pobreza. O ano sabático, em que as dívidas eram extintas, deveria ser um elemento deste caminho. Moisés reconhece que isso criaria um incentivo para não se emprestar aos necessitados quando o ano sabático estivesse se aproximando.

À luz disso, Moisés exorta o povo a não endurecer seu coração nem fechar sua mão para seus pobres, mesmo que o ano da remissão estivesse próximo. Endurecer o coração significa não demonstrar piedade ou compaixão por um irmão necessitado. Fechar a mão significa não desejar compartilhar ou dar. Os credores foram instruídos a não agir dessa forma com um companheiro israelita pobre. A exigência que o Susserano (Governante) colocava a Seus vassalos (súditos) é que eles se tratassem como desejavam ser tratados. Os credores não deveriam relutar em emprestar dinheiro a seus irmãos necessitados quando o ano da remissão estivesse próximo.

Moisés deixa claro aos israelitas que eles eram irmãos, todos tendo o mesmo Pai, o SENHOR, seu Deus (Deuteronômio 14:1). Por causa de tal apego, Moisés adverte os credores a não endurecer seus corações contra os israelitas que viviam em qualquer de suas cidades na terra de Canaã, que o Senhor, seu Deus, lhes estava dando. O SENHOR lhes dera um grande presente: a Terra Prometida. O povo deveria refletir o ato gracioso do SENHOR para com seus irmãos de aliança, emprestando (doando) a fim de ajudar a levantar os pobres da pobreza. Emprestar perto do ano da remissão equivaleria a uma doação. Porém, Deus desejava que isso acontecesse, que eles doassem sem qualquer expectativa de serem recompensados.

Vale a pena notar que não deveria haver uma classe pobre permanente em Israel. Estas disposições destinavam-se a permitir uma saída para a pobreza. O objetivo de qualquer sistema voltado para os necessitados é proporcionar-lhes um caminho de saída.

Os credores foram instruídos a abrir livremente sua mão a um israelita que precisasse de empréstimo e generosamente emprestá-lo o suficiente para sua necessidade no que lhe faltasse, mesmo que o ano da remissão estivesse próximo. A expressão “abrir livremente” é enfática no texto hebraico. Literalmente, pode ser traduzida como: "Você certamente abrirá sua mão". Da mesma forma, a frase “emprestar generosamente” tem a mesma construção e pode ser traduzida como "Certamente emprestarás". Todos os israelitas deveriam ser gentis com seus vizinhos, sendo generosos em seus empréstimos, a fim de atender às necessidades de seus irmãos pobres.

A ordem de emprestar generosamente aos pobres permaneceria inalterada, mesmo que os pobres pedissem ajuda na última hora. Moisés diz ao povo para tomar cuidado que não houvesse nenhum pensamento perverso em seu coração na medida em que o ano da remissão se aproximava. A palavra “perverso” (hebraico "beliyaʿal") pode significar "corrupto" ou "inútil". O termo aparece em Deuteronômio 13, onde é usado para homens sem reputação que saíram do meio da comunidade israelita para seduzir aos habitantes de sua cidade, dizendo: "Vamos e sirvamos a outros deuses" (Deuteronômio 13:13). Aqui, é usado para um credor que poderia ter pensamentos inúteis ou perversos em seu coração, dizendo que o sétimo ano, o ano da remissão, estava próximo. A idéia aqui era a de que, se o sétimo ano estivesse próximo, haveria pouco ou nenhum tempo para o mutuário pagar o empréstimo e o credor perderia, de fato, o dinheiro que lhe era devido. Assim, o credor poderia ser tentado a abster-se de emprestar, porque o empréstimo se transformaria em doação. Moisés ordena: Que seja uma doação!

O objetivo aqui não era criar uma classe de parasitas. O objetivo era ajudar as pessoas necessitadas a encontrar um caminho para saírem da pobreza.

Quanto mais próximo o ano para o cancelamento das dívidas, menos o devedor teria que pagar o valor devido. O fato é que um empréstimo dado de última hora (quando o ano da remissão estava próximo) era basicamente um presente. Por esta razão, um credor poderia pensar que não seria capaz de receber seu dinheiro de volta. Assim ele raciocinava: "Vou esperar e emprestar mais tarde". Este era o pensamento perverso descrito por Moisés como sendo hostil a seu irmão pobre. Não lhe dar nada seria considerado um ato de hostilidade. Moisés diz aos credores israelitas que tal atitude em relação aos necessitados era ímpia. Mais uma vez, isso enfatiza o desígnio de Deus para que Israel fosse autogovernado e amasse e cuidasse de seus vizinhos. Deus desejava que Israel mostrasse às nações vizinhas que esta era uma maneira melhor de se viver do que as formas pagãs de exploração.

O israelita, a quem era negada ajuda, tinha o direito de clamar ao Senhor contra o credor, e isso seria um pecado contra ele. Este egoísmo seria tratado como pecado pelo Senhor Susserano e Ele condenaria o credor por tal ato perverso.

Moisés enfatiza este princípio mais uma vez, dizendo-lhes que deveriam generosamente dar e seu coração não deveria se entristecer quando dessem (v.10). Os credores eram instados a doar generosa e altruisticamente aos necessitados, porque eles também faziam parte da comunidade do pacto. Os credores não deveriam se lamentar caso o ano da remissão estivesse próximo. Moisés está reconhecendo aqui que um empréstimo dado pouco antes do ano da remissão se transformaria em uma doação. Porém, se houvesse uma necessidade genuína, as pessoas deveriam ser generosas.

Dois versículos em Provérbios parecem estar relacionados a esse princípio da doação. Primeiro, Provérbios 19:17 afirma: "Aquele que é gracioso para com um homem pobre empresta ao Senhor, e ele o recompensará por sua boa ação". Isso implica que o SENHOR recompensará àquele que empresta ("ser gracioso com") ao pobre. Em segundo lugar, Provérbios 11:24 diz: "Há um que se dispersa, e ainda aumenta ainda mais, e há um que retém o que é justamente devido, e ainda assim resulta apenas em carência". Este provérbio contrasta aquele que "dispersa" (ou seja, aquele que dá generosamente) com uma pessoa que "retém o que é justamente devido" (baseado em Deuteronômio 15:10). O homem generoso prospera, enquanto aquele que retém sofre (isto é, a pobreza). Isso pode ser, em parte, porque aquele que tem um espírito generoso cultivará a generosidade e terá mais oportunidades de negociar e prosperar.

Este conceito de dar generosamente também é encontrado no Novo Testamento. O versículo 10 pode ser a base do que Paulo diz aos crentes de Corinto: "Deus ama um doador alegre" (2 Coríntios 9:7).

Há uma recompensa pela generosidade. Moisés afirma: Por isso (isto é, ser generoso em dar/emprestar aos pobres) o SENHOR, teu Deus, te abençoará em todo o teu trabalho e em todos os teus empreendimentos. A frase “em todos os teus empreendimentos” é literalmente traduzida como "em cada estender da tua mão". Refere-se aos frutos do trabalho do homem (Deuteronômio 12:7; 26:11). Esta afirmação é enfática porque a  frase “em toda a tua obra” é sinônimo da frase “em todos os teus empreendimentos”. Esta declaração enfática servia para ensinar aos credores israelitas sobre a necessidade de doar gratuitamente aos compatriotas pobres, porque eles certamente receberiam bênçãos de seu Senhor Sussernao.

Moisés termina essa discussão sobre as doações enfatizando o fato de que os pobres nunca deixarão de existir na terra (v.11). A realidade é que sempre haveria alguns israelitas necessitados, mas deveria haver um caminho para saírem da pobreza. Este estatuto de resgate das dívidas, juntamente com outros estatutos, impedia a criação de uma classe de israelitas escravizados ou empobrecidos.

Moisés ordena aos credores que abrissem livremente a mão a seus irmãos, a seus necessitados e aos pobres da sua terra. Não deveria haver limite para dar ou emprestar graciosamente aos israelitas, porque seu Senhor lhes havia dado muito - liberdade da escravidão no Egito, provisão e proteção durante sua jornada para a Terra Prometida e, finalmente, a dádiva da própria Terra e a promessa de vitória sobre seus inimigos. O povo fora libertado da escravidão no Egito pela mão de Deus. Agora, através do ano sabático de redenção e sua generosidade para com os pobres, eles deveriam evitar criar uma classe de escravos econômicos.

É lamentável que, por muitos anos, Israel tenha ignorado o ano sabático. Quando Deus levou Judá ao exílio na Babilônia, Ele fixou o tempo do exílio em 70 anos, a fim de retomar os anos de sábado que a terra não havia descansado, o que significava que a lei do sábado não havia sido honrada por 490 anos (2 Crônicas 36:20-21).

Select Language
AaSelect font sizeDark ModeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.