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Significado de Deuteronômio 20:1-9
Esta seção discute as regras que os israelitas deveriam seguir ao saírem para lutar contra seus inimigos. O Senhor Susserano havia instruído os israelitas a conquistar a terra de Canaã porque ela havia sido dada a Abraão e seus descendentes (Gênesis 15:8 - 20). Agora, Israel deveria andar pela fé para conquistá-la e possuí-la. Durante a conquista da Terra Prometida, eles certamente veriam cavalos e carros e pessoas mais numerosas do que eles. Israel não tinha cavalos ou carruagens, ambos instrumentos formidáveis de guerra. Haveria momentos em que eles estariam em menor número. Em ambos os casos, não eles deviam ter medo.
As carruagens eram veículos de duas rodas usados em todo o antigo Oriente Próximo para guerra, caça e viagens (Êxodo 15:4). Tanto os cavalos quanto as carruagens serviam como equipamento para lançar flechas e lanças porque forneciam força motriz rápida. Essas ferramentas eram, portanto, simbólicas de força militar para os exércitos antigos. Como declara o salmista Davi, alguns se vangloriam em carros e outros em cavalos. Mas, nós nos vangloriaremos em nome do SENHOR, nosso Deus (Salmos 20:7).
O SENHOR, por meio de Moisés, lhes diz para não terem medo. Apesar do que seus olhos viam, eles não deveriam temiam porque Javé estaria a seu lado e lutaria por eles. Assim, o SENHOR estava instruindo Israel a marchar para a guerra visível, ainda que em menor número e sem armas. Porém, Deus lutaria por eles a partir do reino espiritual, ao qual eles não conseguiam enxergar. Isso exigia muita fé. O SENHOR havia concedido a terra a Israel, mas eles teriam que andar pela fé e lutar para possuir o que lhes fora concedido. Sua herança os aguardava, porém eles só a possuiriam através da obediência e da fé. Este princípio básico também se aplica aos crentes do Novo Testamento. Paulo diz aos crentes que despertem todas as manhãs, vistam seu uniforme de soldado espiritual e entrem em batalha:
"Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e, tendo feito tudo, permanecei firmes" (Efésios 6:13).
Todo crente do Novo Testamento tem ao Senhor como herança incondicional, assim como Israel (Romanos 8:17). Porém, a recompensa da herança é possuída através do andar pela fé, mesmo que o mundo pareça apresentar probabilidades esmagadoras contra nós (Romanos 8:16-17; Colossenses 3:23).
Portanto, sabendo que os inimigos eram mais fortes e poderosos do que os israelitas, Moisés lhes diz para não terem medo em caso de guerra. A razão pela qual eles não deveriam temer ao número e à força de seus inimigos era clara: O Senhor, seu Deus, que o trouxe da terra do Egito, estará convosco. Essa declaração serviu para lembrar aos israelitas de sua vitória sobre os egípcios, quando Javé lançou aos cavalo e cavaleiros no mar (Êxodo 15:1) e destruiu a todo o exército egípcio (Êxodo 14-15). Os israelitas testemunharam o poder de Deus em ação na destruição do Faraó (que pensava ser invencível). O mesmo Deus que havia destruído ao Faraó e aos egípcios para redimir Seu povo da aliança (Israel) também os levaria à Terra Prometida. Se o SENHOR havia feito tudo isso para Israel antes, Ele garantiria a vitória de Seu povo contra seus inimigos agora. Esta deveria ser a base de sua fé.
Curiosamente, a primeira geração daqueles que deveriam ter lutado (20 anos ou mais), que haviam visto Deus partir o Mar Vermelho, se recusou a lutar. Assim, seriam aqueles que viram esse evento quando crianças ou adolescentes, ou até aqueles que ainda não haviam nascido, os convidados a ter fé no que havia ocorrido quarenta anos antes.
Além disso, a fim de mostrar aos israelitas que a batalha era do Senhor, esperava-se que o sacerdote realizasse certos deveres religiosos. Moisés diz: Quando estiverdes se aproximando da batalha, o sacerdote se aproximará e falará ao povo.
O sacerdote deveria aproximar-se dos exércitos de Israel e dizer-lhes: "Ouçam, ó Israel, estais próximos da batalha contra seus inimigos hoje". O verbo “ouvir” (hebraico "shāma'"), além do sentido de "prestar atenção", implica tanto escutar ao que está sendo dito quanto responder ao que está sendo dito em obediência (Deuteronômio 6:4). Assim, o propósito desta declaração introdutória era o de preparar as mentes dos israelitas para prestar muita atenção à mensagem, entender sua importância e responder em obediência fiel. Servia para encorajar aos vassalos de Deus (Israel) a levar a batalha a sério, em obediência aos mandamentos de seu Deus Susserano (Governante).
Depois de chamar a atenção dos guerreiros israelitas, o sacerdote usa quatro expressões diferentes para ordenar aos israelitas a serem fortes e corajosos. Ele lhes diz:
- Não desanimeis. No texto hebraico lê-se: "Não sejam gentis de coração". No entendimento hebraico, o coração era a sede do intelecto, da vontade e das emoções. Assim, os soldados de Israel deveriam estar completamente confiantes em sua atitude em relação à batalha e à presença do Senhor com eles.
- Não temais. Esta é a palavra típica usada para "medo", ter preocupação com o que alguém pensa ou pode fazer.
- [Não entrem] em pânico. A palavra hebraica ("ḥāpaz") também pode ser traduzida como "fugir" ou "ter medo".
- [Não] estremeçam diante deles. Semelhante ao termo anterior, esta palavra (hebraico "'āraṣ") implica estar em estado de pavor e aterrorizado.
Essas expressões tinham a intenção de fortalecer a fé do povo de Deus para que não demonstrassem medo na presença do inimigo. Eles não deveriam entrar em pânico quando vissem o exército dos adversários, independentemente do que viam. Mesmo que o inimigo estivesse mais armado ou fosse mais numeroso, Deus diz a Israel para lutar, não fugir.
No entanto, por que motivo Israel não deveria entrar em pânico na presença de inimigos mais bem equipados e com muitos cavalos e carruagens? A resposta é que o SENHOR, seu Deus, é quem vai convosco contra vossos inimigos, para salvá-los. Esta fora a promessa do Senhor a Israel durante o Êxodo e durante a conquista da parte oriental do Jordão. O contexto aqui indica que Israel estaria sendo salvo, ou liberto, da ira de seus inimigos. O Deus Susserano (Governante) lutaria contra os cananeus, assim como havia lutado contra o exército egípcio (Êxodo 14:14) e contra os dois reis dos amorreus, Seom e Og (Deuteronômio 3:22). Uma vez que Javé era o guerreiro invencível, não havia razão para os soldados israelitas temerem o inimigo quando fossem para a guerra.
Porém, nem todos os homens deveriam se envolver na guerra. A lei, nos vv.5-9, listava quatro grupos de pessoas que poderiam ser dispensadas do dever militar. Os três primeiros grupos pertenciam àqueles que haviam iniciado determinadas atividades pessoais, e o último grupo referia-se àqueles que demonstrassem grande medo. Esses quatro grupos de pessoas deveriam ser instruídos pelos oficiais, os responsáveis por preparar as tropas para a batalha.
Moisés ordena que, antes da próxima batalha, os oficiais falariam ao povo (v.5). Esses oficiais (hebraico "shōṭēr"), na verdade oficiais militares subordinados, deveriam inspecionar as tropas e fazer as seguintes perguntas:
Quem é o homem que construiu uma nova casa e não a dedicou? Tratava-se de um homem que havia construído uma casa nova e era obrigado a morar nela por um certo período de tempo, antes de poder reivindicar o direito de propriedade. Caso contrário, outro homem poderia reivindicá-la e ocupá-la. A pessoa que estava nessa situação deveria partir e voltar para sua casa, caso contrário poderia morrer na batalha e outro homem a dedicaria. Esta era a primeira categoria de pessoas isentas de lutar em batalha. Este comando parece antecipar o tempo posterior na conquista da Terra Prometida, já que ninguém teria a oportunidade de construir uma nova casa até que uma parte substancial da terra fosse conquistada e ocupada.
A próxima pergunta que os oficiais fariam dizia respeito a um segundo grupo de pessoas. Eles deveriam perguntar: Quem é o homem que plantou uma vinha e não começou a usar os seus frutos? Enquanto o primeiro grupo dizia respeito àqueles que possuíam uma casa nova, este grupo incluía homens que tinham uma vinha nova e ainda não haviam desfrutado de seus frutos. Assim como no primeiro grupo, os oficiais diziam aos homens desse grupo que partissem e voltassem para suas casas, caso contrário eles poderiam morrer na batalha e outro homem começaria a usar os frutos. Assim, qualquer homem que tivesse plantado uma vinha deveria voltar para casa para desfrutar de seus frutos. Caso contrário, outra pessoa poderia vir, desfrutar dos frutos da vinha e reivindicar a propriedade dela.
Os oficiais, então, abordariam ao próximo grupo: O homem que está noivo de uma mulher e não se casou com ela (v.7). Este terceiro grupo envolvia os homens que tinham uma nova noiva. Como nos dois grupos anteriores, os homens recém-casados ou noivos deveriam partir e voltar para sua casa, caso contrário poderiam morrer na batalha e outro homem se casaria com ela. Alguém que havia pago o dote da noiva deveria se casar com ela e levá-la para casa. Caso contrário, ele poderia morrer em batalha e outra pessoa se casaria com a mulher. Deuteronômio 24:5 prevê que quando um homem tomasse uma nova noiva, ele deveria permanecer em casa com sua nova esposa por um ano antes de se envolver em guerra, a fim de "trazer felicidade" a ela.
O último grupo de pessoas isentas do serviço militar eram aquelas que tinham medo e desânimo (v.8). A Os termos traduzem duas palavras hebraicas ("rak halēbāb") que literalmente significam "suave [ou terno] de coração". Mais uma vez, os oficiais deveriam dizer à pessoa para sair e voltar para sua casa, para que não fizesse o coração de seus irmãos derreter como o seu coração. Esta regra buscava evitar que o medo paralisante de um homem se espalhasse para os outros homens ao seu redor. Assim, o soldado amedrontado não deveria contaminar os outros e, assim, fazê-los perder a batalha. Em vez disso, ele simplesmente não deveria participar da guerra, já que seria um perigo para si mesmo e para seus companheiros israelitas. Todo soldado deveria andar pela fé enquanto depositava sua confiança no grande guerreiro, Javé. Esta última disposição significa que Israel deveria ter um exército voluntário.
A última tarefa deveria ocorrer quando os oficiais terminassem de falar com o povo (v.9). Aqui, eles deveriam nomear comandantes de exércitos à frente do povo. A palavra para “comandantes” (hebraico "śar") também pode ser traduzida como "príncipe". É um termo genérico que se refere a qualquer pessoa em posição de autoridade sobre os outros. Esses comandantes serviriam como "líderes de milhares e de centenas, de cinquenta e de dezenas" (Deuteronômio 1:15). Assim, o exército de Deus seria organizado em grupos pequenos até o número de dez. Usando esta matemática, cada líder poderia ter entre cinco a dez homens se reportando a ele.
O SENHOR desejava que apenas os melhores soldados travassem as batalhas, homens que não se distraíssem com situação alguma da vida ou que fossem paralisados pelo medo. O SENHOR não precisaria necessariamente de um grande exército para lutar, porque estava do lado deles e lutaria por eles.