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Significado de Deuteronômio 20:10-18
Esta seção trata da condução da guerra durante a conquista da Terra Prometida. Moisés menciona dois grupos de adversários aos quais os israelitas encontrariam: Aqueles que estavam longe de Israel, fora de Canaã (vv.10-15) e aqueles que estavam dentro dos limites de Canaã (vv.16-18).
O cenário abordado por Moisés aqui é o seguinte: Quando vos aproximardes de uma cidade para lutar contra ela, lhe oferecerás termos de paz. A palavra traduzida como “termos de paz” aqui é "shalom" em hebraico. Neste contexto, significa entrar em acordo, fazer um tratado de paz (Josué 9:15; Juízes 4:17). Assim, a primeira coisa que os israelitas deveriam fazer era fazer uma oferta de paz com a cidade em questão.
Moisés, então, descreve o que Israel deveria fazer quando a cidade concordasse em fazer as pazes com eles e se abrisse para eles. Abrir os portões da cidade era uma indicação de que a cidade queria fazer um pacto de paz com os israelitas. Assim, se a cidade abrisse os portões, todas as pessoas que nela se encontrassem se tornariam seus servos os serviriam. Assim, os israelitas não deveriam matar a nenhum dos habitantes da cidade que se rendesse.
Este tratado de paz exigiria que os habitantes daquela cidade servissem a Israel como vassalos. Eles concordariam em se render a Israel. A cidade abriria seus portões e seus habitantes seriam submetidos a trabalhos forçados. Isso significa que os habitantes daquela cidade trabalhariam na agricultura e em projetos de construção para os israelitas (1 Reis 9:15-21).
No entanto, se uma cidade não fizer as pazes contigo, mas fizer guerra contra ti, então a sitiarás. Sitiar uma cidade significava cercá-la até assumir o controle total dela. Os israelitas receberam ordens para cercar aquela cidade com tropas, para que ninguém pudesse entrar ou sair. Isso faria com que o inimigo se tornasse fraco, geralmente ficando sem comida e água, e se rendesse a Israel.
Uma vez cercada a cidade, os israelitas deveriam esperar até o momento em que o Senhor, seu Deus, a entregaria em suas mãos. Quando isso acontecesse, eles deveriam matar a todos os homens com a ponta da espada. Observe que Moisés enfatiza que a rendição das nações cananéias seria obra de Deus. Ele entregaria o inimigo nas mãos de Israel, como fizera no passado (Deuteronômio 3:21-22; Deuteronômio 7:23).
A espada era uma das armas de guerra mais importantes no antigo Oriente Próximo e no mundo greco-romano. Variando de quarenta centímetros a três metros de comprimento, com um ou ambos os lados afiados, esta ferramenta era usado para cortar aos oponentes em conflitos armados. Era o instrumento que os israelitas foram instruídos a usar para matar a todos os homens daquela cidade.
Embora os israelitas devessem executar a todos os homens das cidades que escolhessem a guerra em vez da paz, os outros habitantes deveriam ser poupados: Somente as mulheres, as crianças, os animais e tudo o que há na cidade, todo o seu espólio, tomareis como espólio para si mesmos. A palavra traduzida “somente” (hebraico "raq") deve ser traduzida como "no entanto" ou "todavia". As cidades que se recusassem a se render aos israelitas veriam a morte de todos os homens, mas suas mulheres, crianças, animais, bem como o espólio da cidade seriam poupados.
A palavra “espólio” refere-se às propriedades e bens que os conquistadores poderiam tomar de seus adversários (Deuteronômio 2:35; 3:7). A palavra “espólio” também se refere a todos os pertences dos inimigos. Os israelitas deveriam tomar a todos os bens e propriedades valiosas que antes pertenciam aos adversários após a conquista de suas cidades. Eles deveriam usar o espólio de seus inimigos que o Senhor, seu Deus, lhes dera.
Moisés, então, repete que essas ordens pertenciam a todas as cidades que estão muito longe, que não são das cidades dessas nações próximas. As regras quanto à matança de todos os homens da cidade e não as mulheres, crianças, animais e outros despojos, se aplicavam a cidades muito longe de vós.
Essas cidades muito longe poderiam se referir a cidades fora das fronteiras de Canaã, ou poderiam se referir a cidades às quais os israelitas deveriam conquistar, mas que estavam além das fronteiras da Terra Prometida. Lembre-se de que a Terra Prometida se estendia do rio Nilo, no Egito, no sul, passando pelo atual Líbano, Síria e norte do Iraque até o rio Eufrates (Deuteronômio 1:7, 11:24).
Passando agora às instruções a respeito das cidades que estavam dentro da fronteira de Canaã, Moisés diz ao povo: Somente nas cidades desses povos que o Senhor, seu Deus, está lhe dando como herança, não deixareis vivo nada que respire. Essas cidades referem-se às cidades cananéias dos povos listados no v.17. O povo de Deus deveria eliminar a tudo o que respirasse. Ou seja, deveriam executar a todas as pessoas (homens, mulheres e crianças) e animais nas cidades que estavam dentro das fronteiras desses povos.
Isso é enfatizado na primeira parte do versículo seguinte, quando Moisés afirma que os israelitas deveriam destruí-los completamente. A expressão traduzida aqui como “destruir totalmente” (hebraico "ḥāram taḥarēm") é intenso no hebraico e refere-se a um ato de obediência que entrega os adversários ao SENHOR (Números 21:2; Deuteronômio 7:2; 13:17). Assim, Israel deveria se dedicar a obedecer ao mandamento de Deus de eliminar a todas nações que viviam em Canaã, assumindo o controle total da terra. Isso cumpriria o julgamento de Deus sobre os cananeus por causa da excessiva iniquidade de sua cultura (Deuteronômio 9:5). Além disso, esse mandamento pretendia evitar que tal maldade poluísse a Israel (Deuteronômio 7:4).
Moisés lista as nações que deveriam ser completamente eliminadas. Todas viviam na terra de Canaã:
- Os hititas. Os hititas migraram para Canaã a partir da parte centro-norte da Ásia Menor (atual Turquia). Eles podem ter sido os descendentes de Canaã através de Hete, de acordo com Gênesis 10:15. Eles viviam em torno de Hebrom (Gênesis 23:1-20).
- Os amorreus. Este grupo era nativo de Canaã e vivia nas montanhas. Os amorreus eram um grupo que cobria cinco grandes reinos no Antigo Oriente Próximo: Jerusalém, Hebrom, Jarmute, Laquis e Eglon, de acordo com Josué 10:5.
- Os cananeus, também nativos da área de Canaã, viviam ao longo da costa do Mediterrâneo.
- Os perezitas, que residiam na região montanhosa de Canaã, em cidades e vilas não muradas a leste e oeste do rio Jordão.
- Os heveus. Eles viviam na parte norte de Canaã, ao sul das montanhas libanesas. Este grupo vivia dentro e ao redor da cidade de Jerusalém.
Esta lista é semelhante à de Deuteronômio 7:1-2, exceto que os girgazitas são deixados de fora. Todas essas seis nações que viviam em Canaã deveriam ser eliminadas.
Moisés ordena a Israel que as eliminasse completamente. Havia duas razões para isso. Primeiro, eles deveriam fazer exatamente o que o SENHOR, seu Deus, lhes ordenara. Eliminar àquelas pessoas era a vontade do SENHOR e Seu povo deveria obedecê-Lo.
A segunda razão para a destruição completa desses povos é dada no v.18. Os israelitas tinham que fazer isso para que não vos ensinassem a fazer de acordo com todas as suas coisas abomináveis que fizeram por seus deuses, para que pecassem contra o Senhor, vosso Deus. (v.18). O povo de Canaã estava envolvido em práticas pagãs e isso poderia se tornar uma tentação irresistível aos israelitas. O estilo de vida dos cananeus estava repleto de pessoas fortes explorando aos fracos (Levítico 18). O caminho de Deus para Israel era que cada israelita amasse e servisse ao outro. Essas duas culturas eram totalmente incompatíveis e Deus desejava que a exploradora cultura cananéia fosse eliminada, a fim de evitar sua contaminação.
Assim, a eliminação desses povos era benéfica a Israel. Essas nações vizinhas não deveriam ensinar Israel a praticar as coisas detestáveis que faziam. A expressão traduzida como "coisa detestável" (hebraico "toʿevah") é muitas vezes traduzido como "coisa abominável" (Deuteronômio 7:25). O termo "abominação" refere-se àquilo que era repugnante ou detestável aos olhos do SENHOR, variando de sacrifícios de animais defeituosos (Deuteronômio 17:1) à prática de magia e adivinhação (Deuteronômio 18:12) e práticas idólatras (2 Reis 16:3). Também incluía a perversão sexual, incluindo uma vasta gama de incestos, bem como o sacrifício de crianças (Levítico 18). As nações cananéias sacrificavam a seus filhos (geralmente, pelo fogo) quando queriam apelar aos deuses, para forçá-los a fazer algo por eles, como evitar uma calamidade ou dar-lhes vitória em uma batalha. Tais práticas perversas contrastavam totalmente com os caminhos de Deus. Os caminhos de Deus são proteger aos inocentes e enfatizar o amor ao próximo. É por isso que o Deus Susserano instrui os israelitas a eliminar a todas aquelas nações perversas, para que não adotassem seus caminhos perversos.