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Deuteronômio 20:10-18
10 Quando te aproximares duma cidade para pelejar contra ela, oferecer-lhe-ás a paz.
11 Se ela se submeter em paz e te abrir as portas, todo o povo que se achar nela será sujeito a trabalhos forçados e te servirá.
12 Se não fizer paz contigo, porém te fizer guerra, sitiá-la-ás.
13 Quando Jeová, teu Deus, a entregar nas tuas mãos, passarás ao fio da espada todos os homens que nela houver;
14 porém as mulheres, e os pequeninos, e o gado, e tudo o que estiver na cidade, todos os despojos dela, por presa tua os tomarás; e sustentar-te-ás dos despojos dos teus inimigos que Jeová, teu Deus, te deu.
15 Assim farás a todas as cidades que estiverem mais longe de ti, que não são das cidades destas nações.
16 Porém nas cidades destes povos que Jeová, teu Deus, te está dando por herança, nada que tem fôlego deixarás com vida,
17 mas destruí-lo-ás totalmente: aos heteus, aos amorreus, aos cananeus, aos ferezeus, aos heveus, aos jebuseus, como Jeová, teu Deus, te ordenou;
18 para que vos não ensinem a fazer segundo todas as suas abominações que fizeram aos seus deuses; e assim pecareis contra Jeová, vosso Deus.
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Deuteronômio 20:10-18 explicação
Esta seção trata da condução da guerra durante a conquista da Terra Prometida. Moisés menciona dois grupos de adversários aos quais os israelitas encontrariam: Aqueles que estavam longe de Israel, fora de Canaã (vv.10-15) e aqueles que estavam dentro dos limites de Canaã (vv.16-18).
O cenário abordado por Moisés aqui é o seguinte: Quando vos aproximardes de uma cidade para lutar contra ela, lhe oferecerás termos de paz. A palavra traduzida como “termos de paz” aqui é "shalom" em hebraico. Neste contexto, significa entrar em acordo, fazer um tratado de paz (Josué 9:15; Juízes 4:17). Assim, a primeira coisa que os israelitas deveriam fazer era fazer uma oferta de paz com a cidade em questão.
Moisés, então, descreve o que Israel deveria fazer quando a cidade concordasse em fazer as pazes com eles e se abrisse para eles. Abrir os portões da cidade era uma indicação de que a cidade queria fazer um pacto de paz com os israelitas. Assim, se a cidade abrisse os portões, todas as pessoas que nela se encontrassem se tornariam seus servos os serviriam. Assim, os israelitas não deveriam matar a nenhum dos habitantes da cidade que se rendesse.
Este tratado de paz exigiria que os habitantes daquela cidade servissem a Israel como vassalos. Eles concordariam em se render a Israel. A cidade abriria seus portões e seus habitantes seriam submetidos a trabalhos forçados. Isso significa que os habitantes daquela cidade trabalhariam na agricultura e em projetos de construção para os israelitas (1 Reis 9:15-21).
No entanto, se uma cidade não fizer as pazes contigo, mas fizer guerra contra ti, então a sitiarás. Sitiar uma cidade significava cercá-la até assumir o controle total dela. Os israelitas receberam ordens para cercar aquela cidade com tropas, para que ninguém pudesse entrar ou sair. Isso faria com que o inimigo se tornasse fraco, geralmente ficando sem comida e água, e se rendesse a Israel.
Uma vez cercada a cidade, os israelitas deveriam esperar até o momento em que o Senhor, seu Deus, a entregaria em suas mãos. Quando isso acontecesse, eles deveriam matar a todos os homens com a ponta da espada. Observe que Moisés enfatiza que a rendição das nações cananéias seria obra de Deus. Ele entregaria o inimigo nas mãos de Israel, como fizera no passado (Deuteronômio 3:21-22; Deuteronômio 7:23).
A espada era uma das armas de guerra mais importantes no antigo Oriente Próximo e no mundo greco-romano. Variando de quarenta centímetros a três metros de comprimento, com um ou ambos os lados afiados, esta ferramenta era usado para cortar aos oponentes em conflitos armados. Era o instrumento que os israelitas foram instruídos a usar para matar a todos os homens daquela cidade.
Embora os israelitas devessem executar a todos os homens das cidades que escolhessem a guerra em vez da paz, os outros habitantes deveriam ser poupados: Somente as mulheres, as crianças, os animais e tudo o que há na cidade, todo o seu espólio, tomareis como espólio para si mesmos. A palavra traduzida “somente” (hebraico "raq") deve ser traduzida como "no entanto" ou "todavia". As cidades que se recusassem a se render aos israelitas veriam a morte de todos os homens, mas suas mulheres, crianças, animais, bem como o espólio da cidade seriam poupados.
A palavra “espólio” refere-se às propriedades e bens que os conquistadores poderiam tomar de seus adversários (Deuteronômio 2:35; 3:7). A palavra “espólio” também se refere a todos os pertences dos inimigos. Os israelitas deveriam tomar a todos os bens e propriedades valiosas que antes pertenciam aos adversários após a conquista de suas cidades. Eles deveriam usar o espólio de seus inimigos que o Senhor, seu Deus, lhes dera.
Moisés, então, repete que essas ordens pertenciam a todas as cidades que estão muito longe, que não são das cidades dessas nações próximas. As regras quanto à matança de todos os homens da cidade e não as mulheres, crianças, animais e outros despojos, se aplicavam a cidades muito longe de vós.
Essas cidades muito longe poderiam se referir a cidades fora das fronteiras de Canaã, ou poderiam se referir a cidades às quais os israelitas deveriam conquistar, mas que estavam além das fronteiras da Terra Prometida. Lembre-se de que a Terra Prometida se estendia do rio Nilo, no Egito, no sul, passando pelo atual Líbano, Síria e norte do Iraque até o rio Eufrates (Deuteronômio 1:7, 11:24).
Passando agora às instruções a respeito das cidades que estavam dentro da fronteira de Canaã, Moisés diz ao povo: Somente nas cidades desses povos que o Senhor, seu Deus, está lhe dando como herança, não deixareis vivo nada que respire. Essas cidades referem-se às cidades cananéias dos povos listados no v.17. O povo de Deus deveria eliminar a tudo o que respirasse. Ou seja, deveriam executar a todas as pessoas (homens, mulheres e crianças) e animais nas cidades que estavam dentro das fronteiras desses povos.
Isso é enfatizado na primeira parte do versículo seguinte, quando Moisés afirma que os israelitas deveriam destruí-los completamente. A expressão traduzida aqui como “destruir totalmente” (hebraico "ḥāram taḥarēm") é intenso no hebraico e refere-se a um ato de obediência que entrega os adversários ao SENHOR (Números 21:2; Deuteronômio 7:2; 13:17). Assim, Israel deveria se dedicar a obedecer ao mandamento de Deus de eliminar a todas nações que viviam em Canaã, assumindo o controle total da terra. Isso cumpriria o julgamento de Deus sobre os cananeus por causa da excessiva iniquidade de sua cultura (Deuteronômio 9:5). Além disso, esse mandamento pretendia evitar que tal maldade poluísse a Israel (Deuteronômio 7:4).
Moisés lista as nações que deveriam ser completamente eliminadas. Todas viviam na terra de Canaã:
- Os hititas. Os hititas migraram para Canaã a partir da parte centro-norte da Ásia Menor (atual Turquia). Eles podem ter sido os descendentes de Canaã através de Hete, de acordo com Gênesis 10:15. Eles viviam em torno de Hebrom (Gênesis 23:1-20).
- Os amorreus. Este grupo era nativo de Canaã e vivia nas montanhas. Os amorreus eram um grupo que cobria cinco grandes reinos no Antigo Oriente Próximo: Jerusalém, Hebrom, Jarmute, Laquis e Eglon, de acordo com Josué 10:5.
- Os cananeus, também nativos da área de Canaã, viviam ao longo da costa do Mediterrâneo.
- Os perezitas, que residiam na região montanhosa de Canaã, em cidades e vilas não muradas a leste e oeste do rio Jordão.
- Os heveus. Eles viviam na parte norte de Canaã, ao sul das montanhas libanesas. Este grupo vivia dentro e ao redor da cidade de Jerusalém.
Esta lista é semelhante à de Deuteronômio 7:1-2, exceto que os girgazitas são deixados de fora. Todas essas seis nações que viviam em Canaã deveriam ser eliminadas.
Moisés ordena a Israel que as eliminasse completamente. Havia duas razões para isso. Primeiro, eles deveriam fazer exatamente o que o SENHOR, seu Deus, lhes ordenara. Eliminar àquelas pessoas era a vontade do SENHOR e Seu povo deveria obedecê-Lo.
A segunda razão para a destruição completa desses povos é dada no v.18. Os israelitas tinham que fazer isso para que não vos ensinassem a fazer de acordo com todas as suas coisas abomináveis que fizeram por seus deuses, para que pecassem contra o Senhor, vosso Deus. (v.18). O povo de Canaã estava envolvido em práticas pagãs e isso poderia se tornar uma tentação irresistível aos israelitas. O estilo de vida dos cananeus estava repleto de pessoas fortes explorando aos fracos (Levítico 18). O caminho de Deus para Israel era que cada israelita amasse e servisse ao outro. Essas duas culturas eram totalmente incompatíveis e Deus desejava que a exploradora cultura cananéia fosse eliminada, a fim de evitar sua contaminação.
Assim, a eliminação desses povos era benéfica a Israel. Essas nações vizinhas não deveriam ensinar Israel a praticar as coisas detestáveis que faziam. A expressão traduzida como "coisa detestável" (hebraico "toʿevah") é muitas vezes traduzido como "coisa abominável" (Deuteronômio 7:25). O termo "abominação" refere-se àquilo que era repugnante ou detestável aos olhos do SENHOR, variando de sacrifícios de animais defeituosos (Deuteronômio 17:1) à prática de magia e adivinhação (Deuteronômio 18:12) e práticas idólatras (2 Reis 16:3). Também incluía a perversão sexual, incluindo uma vasta gama de incestos, bem como o sacrifício de crianças (Levítico 18). As nações cananéias sacrificavam a seus filhos (geralmente, pelo fogo) quando queriam apelar aos deuses, para forçá-los a fazer algo por eles, como evitar uma calamidade ou dar-lhes vitória em uma batalha. Tais práticas perversas contrastavam totalmente com os caminhos de Deus. Os caminhos de Deus são proteger aos inocentes e enfatizar o amor ao próximo. É por isso que o Deus Susserano instrui os israelitas a eliminar a todas aquelas nações perversas, para que não adotassem seus caminhos perversos.