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Significado de Deuteronômio 27:14-26
Esta seção dá sequência às instruções de Moisés ao povo para a cerimônia que deveriam realizar ao atravessarem o Jordão e tomarem posse da terra perto de Siquém, que incluía o Monte Ebal e o Monte Gerizim. Neste momento, o povo ainda estava no lado oeste do rio Jordão, na terra de Moabe (veja o mapa na barra lateral).
Eventualmente, o povo samaritano escolheria o Monte Gerizim como seu monte sagrado e contestaria Jerusalém como o principal local de adoração. Isso é mencionado pela mulher samaritana com quem Jesus conversou no Poço de Jacó em João 4:
“Nossos pais adoraram neste monte; e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” (João 4:20).
(Samaria também era chamada de Israel após a divisão do reino em duas partes, sendo o reino do sul governado pelos descendentes de Davi. O reino do sul era chamado Judá).
Esta passagem é a primeira de duas seções que contêm as maldições que deveriam ser proclamadas na cerimônia. A segunda seção está em Deuteronômio 28:15-68. Entre essas duas seções, há um grupo de bênçãos em Deuteronômio 28:1-14. Esta passagem aqui é composta por doze maldições que os levitas deveriam annunciar ao povo. Embora as doze maldições provavelmente representassem as doze tribos, os levitas responderiam e diriam a todos os homens de Israel em voz alta (v. 14). Falar em voz alta garantiria que todos ouvissem e, assim, não tivessem desculpas. Após ouvirem cada maldição, o povo deveria responder com a palavra "Amém", significando seu acordo em obedecer.
Isso seria uma ratificação adicional das disposições do pacto que eles haviam acabado de ratificar entre a nação e Yahweh, seu governante Susserano (Mateus 26:17). Seria algo semelhante à assinatura de disposições específicas de um contrato moderno, para que ninguém possa, mais tarde, alegar que "não leu essa parte". Israel deveria fazer o acordo muito específico de que concordava com o pacto com Deus que continha maldições específicas caso fosse violado.
A primeira maldição tratava da relação de um israelita com seu SENHOR Susserano. Diz respeito à idolatria praticada em segredo. Moisés afirma: Maldito é o homem que faz um ídolo ou uma imagem fundida (v. 15). A palavra “maldito” (hebraico, "'ārar") é uma das muitas palavras hebraicas traduzidas como "amaldiçoar". Esta palavra implica ser banido do recebimento de algum benefício. Aqui, ela implica que aquele que cometesse idolatria seria proibido de ser abençoado pelo soberano SENHOR. A palavra “ídolo” (hebraico, "pesel") refere-se a algo (madeira ou pedra) talhado à semelhança (ou imagem) de um humano ou animal. “Imagem fundida” (em hebraico, "massēkâ") tem o significado de algo feito ao se despejar metal líquido em uma forma ou molde.
Qualquer semelhança com qualquer divindade feita pelo homem era uma abominação ao SENHOR. Uma abominação era algo repugnante e detestável para o caráter santo de Deus. Era obra das mãos do artesão, não do SENHOR Criador. Publicamente, a pessoa poderia adorar ao SENHOR e, em segredo, adorar a um ídolo, incluindo um ídolo que supostamente representava o SENHOR (Deuteronômio 4:15-18). Um exemplo de alguém que fez isso pode ser encontrado em Juízes 17:1-5.
Essa idolatria (a adoração de imagens feitas pelo homem) é apresentada primeiro porque violava aos dois primeiros mandamentos (Deuteronômio 5-10). A adoração de um ídolo implicava que o SENHOR Deus de Israel não era digno de completa lealdade. É por isso que o autor diz que qualquer ídolo ou imagem fundida não deveria ser adorado, pois era uma abominação ao Senhor, um ato detestável.
Pelo fato de o Deus Susserano (Governante) frequentemente descrever Israel como Sua esposa (Oséias 2:2-23), a adoração de ídolos por Israel era uma forma de infidelidade. Portanto, qualquer pessoa que fizesse um ídolo, obra das mãos do artesão, e o erguesse em segredo, seria amaldiçoada. A expressão "em segredo" é acrescentada porque poucos israelitas adorariam a um ídolo publicamente, uma vez que sabiam que isso era proibido pela Lei Mosaica.
Assim, para reconhecerem sua compreensão e concordância com a declaração da maldição, todo o povo responderia e diria: "Amém". A palavra "amém" significa literalmente "certamente" ou "verdadeiramente" e é uma forte afirmação da verdade, significando "que assim seja!" ou "que seja feito". Era uma afirmação cabal de que as pessoas concordavam que aquelas seriam consequências justas caso seu acordo com Deus fosse violado.
As próximas dez maldições lidam com as relações humanas. A primeira delas neste grupo está relacionada à honra aos pais. Moisés afirma: Maldito aquele que desonra seu pai ou sua mãe (v. 16). Desonrar (hebraico "qālâ") significa tratar com desprezo, envergonhar ou ter baixa estima. Em outras palavras, desonrar significa considerar sem valor. O povo de Deus foi instruído a honrar (considerar como valiosos) a seus pais (Deuteronômio 5:16).
Isso era expresso por meio de demonstrações de amor, obediência e apoio aos seus pais. O quinto mandamento era honrar e obedecer aos pais, portanto, era uma prioridade máxima dentro da aliança de Deus com Israel. Os filhos deveriam honrar e obedecer aos pais, assim como Israel deveria honrar e obedecer a Deus. Como representantes da autoridade de Deus, os pais mereciam ser honrados.
Esse nível de obediência era tão importante que a Lei Mosaica permitia que os pais entregassem qualquer filho rebelde ou teimoso à comunidade para ser punido com a pena de morte caso os pais perdessem toda esperança de corrigir àquele filho (Deuteronômio 21:18-21). Ao ouvirem e concordarem com a proclamação da maldição, todo o povo diria "Amém", indicando seu pleno acordo.
A próxima maldição envolvia uma lei previamente estabelecida em Deuteronômio 19:14. Uma maldição era declarada sobre quem movesse o marco do seu próximo (v. 17). Mover o marco de limite (evidência de propriedade) era essencialmente roubo, ou seja, tomar a propriedade de outra pessoa (presumivelmente em segredo) para ampliar a própria propriedade. Isso não era permitido na comunidade israelita, era uma violação do mandamento de não roubar. Tendo ouvido e concordado com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém", indicando seu pleno acordo de que essa maldição era apropriada para tal atividade ilegal.
Os levitas então declararam: Maldito aquele que faz que o cego erre no caminho! (v. 18). Essa maldição provavelmente era baseada no preceito de Levítico 19:14. Enganar uma pessoa cega na estrada colocaria essa pessoa em perigo físico. Também demonstraria indiferença pelo bem-estar de outros israelitas e, como tal, seria uma violação de Levítico 19:18, o mandamento de amar ao próximo como a si mesmo. Este mandamento era a aplicação prática da Lei Mosaica. A aplicação primária de amar aos outros significava amar àqueles (como os cegos) que não podiam retribuir sua bondade. Tendo ouvido e concordado com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém", indicando seu acordo de que essa maldição era apropriada.
O versículo 18 trata de pessoas fisicamente vulneráveis. A maldição envolvia aqueles em situação de vulnerabilidade social. Aqui, os levitas anunciaram: Maldito aquele que perverte o direito do peregrino, do órfão e da viúva! (v. 19). O peregrino era um estrangeiro que residia na terra de Israel, tornando-a sua morada permanente. O órfão - um filho sem pai - era vulnerável porque não desfrutava da proteção da figura masculina (pai), como acontece em uma família normal. Da mesma forma, a viúva - uma mulher que havia perdido seu marido por morte e permanece solteira - estava sem a proteção física e provisão de um marido. Pessoas nessas situações eram especialmente vulneráveis e poderiam ser facilmente exploradas. Os israelitas foram ordenados a protegê-las e prover para elas, assim como o SENHOR fazia por eles (Deuteronômio 10:18; 24:19-21). Tendo ouvido e concordado com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém", indicando que esta maldição era apropriada e que eles estavam de acordo.
A próxima maldição envolve situações sexuais proibidas. A primeira maldição deste grupo se refere ao incesto. Os levitas proclamaram: Maldito aquele que se deita com a mulher de seu pai (v. 20). Isso está relacionado à proibição do incesto em Deuteronômio 22:30, bem como em Levítico 18:6-18. A razão dada aqui é que tal ato levanta as vestes de seu pai. A expressão “levantar a veste de seu pai” é um eufemismo que descreve a desonra ao pai ao se ter relações sexuais com sua esposa. Tendo ouvido e concordado com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém".
Esta proibição reitera o que o Deus Susserano (Governante) havia proibido no livro de Levítico: "Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é a nudez de teu pai" (Levítico 18:8).
A próxima maldição declarava: Maldito é aquele que se deitar com qualquer animal (v. 21). Esse pecado (chamado de bestialidade) era tão sério que sua pena era a punição capital (Êxodo 22:19; Levítico 18:23, 20:15 e seguintes). A declaração "certamente serão mortos" (por exemplo, Levítico 20:16) é intensa no texto hebraico. Tal pecado violava a ordem de criação de Deus, já que Deus havia criado homens e mulheres à Sua imagem e os separado dos animais (Gênesis 1:26-28; 2:18-25). Ao ouvirem e concordarem com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém".
Outra forma de incesto é tratada na próxima maldição: Maldito aquele que se deita com sua irmã, filha de seu pai ou filha de sua mãe! (v. 22). No livro de Levítico, o Deus Susserano diz a Seus vassalos que tal ato era uma desgraça e as pessoas envolvidas deveriam ser eliminadas diante dos olhos dos filhos de seu povo (Levítico 20:17). Ao ouvirem e concordarem com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém".
A próxima maldição era relacionada à imoralidade sexual: Maldito aquele que se deita com sua sogra (v. 23). Essa proibição já havia sido estabelecida no livro de Levítico (Levítico 20:14) e a gravidade desse pecado sexual é evidenciada por sua punição: as pessoas envolvidas deveriam ser mortas e em seguida cremadas (queimadas com fogo). Ao ouvirem e concordarem com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém".
A maldição no versículo 24 trata de danos corporais infligidos secretamente ao próximo. Ela declara: Maldito é aquele que fere o seu próximo em segredo (v. 24). O verbo traduzido como "ferir" (hebraico, "nākā") significa "golpear" ou "atingir". Assim como na primeira maldição (v. 15) este ato era feito em segredo. A tradição judaica diz que essa disposição se refere à difamação. Isso parece se encaixar no contexto, considerando que o golpe é feito em segredo; um golpe físico não pode ser feito em segredo. Ao ouvirem e concordarem com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém".
Assim como a maldição anterior relacionada a prejudicar outra pessoa em segredo, a maldição seguinte tratava de alguém que aceitava suborno para cometer um assassinato em segredo, violando ao sexto mandamento (Deuteronômio 5:17). Maldito é aquele que aceita suborno para matar uma pessoa inocente (v. 25). Vimos anteriormente que o recebimento de suborno significava aceitar algum tipo de pagamento por alguuma decisão injusta ou desleal (Deuteronômio 16:19). Esta maldição aqui aborda a questão de se aceitar suborno para matar uma pessoa inocente (sem culpa). Ao ouvirem e concordarem com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém".
A próxima maldição apresenta um resumo de todas as maldições neste capítulo. Ela diz: Maldito é aquele que não confirmar as palavras desta lei, para as cumprir (v. 26). A frase "as palavras desta lei" provavelmente se refira a todo o livro de Deuteronômio. Tiago pode ter tido essa disposição em mente ao escrever: "Porque qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos" (Tiago 2:10). Ao ouvirem e concordarem com a proclamação da maldição, todo o povo disse "Amém".
O povo de Deus era constantemente lembrado de obedecer aos preceitos da aliança de Deus para receber Suas bênçãos. Qualquer israelita que deixasse de obedecer à aliança sofreria grandes consequências e o povo disse "amém" porque o Deus Susserano já os havia advertido.