AaSelect font sizeSet to dark mode
AaSelect font sizeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.
Significado de Deuteronômio 29:2-8
Tendo concluído seu discurso em Deuteronômio 27:1 - 29:1, retomando as bênçãos e maldições que Israel herdaria com base em sua fidelidade à promessa de obedecer à aliança com Deus, Moisés começa seu próximo discurso a partir daqui no versículo 2, que se estende até o capítulo 30, versículo 20. Este discurso parece adicionar uma aliança adicional aplicado àquela nova geração, bem como a seus descendentes. O povo havia concordado em ratificar e obedecer à aliança que Deus dera a Israel por meio de Moisés no Monte Horebe (Sinai), conforme descrito em Deuteronômio 26:17. Esta aliança é uma adição.
O apóstolo Paulo trata desta segunda aliança como exemplo de "justiça baseada na fé" em Romanos 10:6-10. Nesta passagem, Paulo cita Deuteronômio 30:11-14 para ilustrar que a justiça baseada na fé começa no coração, ao crermos naquilo que é verdadeiro. Paulo contrasta isso com a "justiça baseada na lei" e usa Levítico 18:5, enraizado na primeira aliança recebida em Horebe. Pode ser que, nesta segunda aliança, Deus estivesse enfatizando a fé como base para a obediência, para que Israel pudesse desfrutar dos benefícios de viver nos caminhos de Deus.
Para iniciar essa abordagem, Moisés convocou todo o Israel (v. 2). Todo o povo da aliança de Deus precisava ouvir à proclamação da aliança e responder a ela.
Nesta primeira seção desta nova abordagem, ele os informa sobre propostas projetadas para motivá-los a obedecer ao Deus Susserano. Para isso, Moisés faz uma revisão da história. Ele lembra o povo: Vós tendes visto tudo o que Jeová fez diante de vós na terra do Egito a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra; (v. 2). Deus havia enviado dez pragas ao Egito e humilhado ao Faraó (Êxodo 8-11). Todo o Egito sofreu como resultado da resistência de Faraó diante de Deus (Êxodo 8:15, 32, 9:34).
Eles haviam testemunhado pessoalmente tudo o que o SENHOR havia feito ao Egito, levando-os à sua libertação. Isso incluía as grandes provações que os olhos dos israelitas tinham visto (v. 3). Um exemplo das grandes provações que eles haviam experimentado foi em Massá, onde precisavam de água potável, mas encontraram apenas água amarga (hebraico "massâ") (Êxodo 17:1-7). O SENHOR, apesar de sua falta de fé, providenciou água para todo o Israel.
Junto com as provações, o SENHOR havia realizado grandes sinais e maravilhas para convencer ao Faraó e ao Egito a libertar os israelitas da escravidão (Êxodo 7-12). Esses grandes sinais e maravilhas incluíam as dez pragas com as quais o Deus Susserano afligiu aos egípcios. Então, após a décima praga, Faraó libertou aos israelitas. O SENHOR libertou a Seu povo da mão do Faraó e dos egípcios usando muitos sinais e maravilhas. As pragas (Êxodo 7-12), o enriquecimento deles pelas mãos dos egípcios (Êxodo 12:36) e a travessia do Mar Vermelho (Êxodo 14) foram eventos que haviam demonstrado o cuidado soberano do SENHOR por Israel. Moisés lembra a Israel do poder de Deus que haviam experimentado. Era esse mesmo poder que os capacitaria a entrar e possuir a Terra Prometida.
Apesar de tudo isso, Moisés diz aos israelitas: Até hoje o Senhor não lhes tinha dado um coração para conhecer, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir (v. 4). Esta afirmação parece significar que, embora os israelitas tivessem visto o que o SENHOR havia feito em seu favor, eles não entendiam que o SENHOR era a fonte daquelas maravilhas. Eles não tinham discernimento e conhecimento para compreender plenamente os atos poderosos de Deus no passado ou a importância das bênçãos de Deus para eles, porque Deus ainda não lhes tinha dado essa capacidade. Isso é semelhante à conhecida declaração de Sherlock Holmes a seu amigo Watson: "Você vê, mas não observa".
Israel precisava aumentar sua fé. Moisés estava dando a eles motivos suficientes para fazer isso. Talvez, em sua caminhada de fé, Deus acrescentaria o conhecimento necessário para que conhececessm, vissem e ouvissem.
Ao descrever a situação dos judeus em seu tempo, Paulo cita este versículo, dizendo:
“Pois quê? O que Israel busca, isso não tem conseguido, mas a eleição o conseguiu; e os mais foram endurecidos, como está escrito: Deu-lhes Deus um espírito de torpor, olhos para não verem e ouvidos para não ouvirem, até o dia de hoje” (Romanos 11:7-8).
Deus precisa abrir a mente e o coração das pessoas e capacitá-las a entender e apreciar Suas ações. A estrutura básica desta aliança, onde Deus promete bênçãos pela obediência, indica que as pessoas têm a capacidade de obedecer. Portanto, parece que o coração para conhecer, os olhos para ver e os ouvidos para ouvir são algo que Deus proporciona como parte da bênção que acompanha a obediência. Paulo apresenta este argumento em Romanos, indicando que o ponto de partida para viver em justiça é viver pela fé (Romanos 1:16-17; 9:30-31).
O SENHOR lembra ao povo de Israel que Ele os conduziu durante quarenta anos no deserto (v. 5). Isso foi o juízo de Deus sobre a geração que havia saído do Egito. Quando desobedeceram ao SENHOR, Ele os fez vagar no deserto por quarenta anos, até que toda a geração daqueles que fizeram o mal aos olhos do Senhor fosse destruída (Números 32:13). Especificamente, aqueles em idade militar, com vinte anos ou mais, tiveram que morrer antes que Israel fosse permitido entrar na terra (Deuteronômio 2:16).
Esses quarenta anos de peregrinação foram uma experiência difícil e perigosa, pois o deserto era uma terra cheia de serpentes ardentes e escorpiões (Deuteronômio 8:15-16). Era um ambiente hostil de outras maneiras também, incluindo a falta de comida e água, sem mencionar os inimigos ao longo do caminho.
No entanto, durante todos os quarenta anos de peregrinação, o Deus Susserano (Governante) cuidou de Seu povo da aliança em todo o caminho pelo deserto e garantiu que tivessem todas as suas necessidades básicas supridas. Ele lembra ao povo que suas roupas não se desgastaram e suas sandálias não se desgastaram em seus pés. Anteriormente em Deuteronômio, Moisés havia dito aos israelitas que nem mesmo os pés deles incharam durante a jornada no deserto porque o Deus Susserano havia orquestrado cada evento na vida de Seus vassalos (Deuteronômio 8:4).
Essa preocupação de Deus deixa claro que, embora Israel colhesse as consequências de suas ações, Deus nunca os rejeitaria como Seu povo. Deus havia escolhido e aceito a Israel porque os amava (Deuteronômio 4:37; 7:7). Este é o padrão em toda a Escritura e reflete a realidade de que os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis (Romanos 11:19).
Além disso, o Deus Soberano havia suprido Israel durante sua jornada no deserto. Eles não comeram pão nem beberam vinho ou bebida forte (v. 6), mas de acordo com Deuteronômio 8, Deus alimentou ao povo com o maná. O maná era uma comida especial que Israel "não conhecia, nem seus pais conheciam" (Deuteronômio 8:3). Ele veio diretamente do céu (Êxodo 16:4), do próprio SENHOR. O propósito de Deus em tudo isso era mostrar a Israel que Ele era o SENHOR, o seu Deus. Ele os amava e supria, mesmo quando colhiam as consequências negativas de suas próprias escolhas.
Assim, todas as provações e tribulações experimentadas por Israel durante sua jornada no deserto tinham o propósito de ensiná-los a reconhecer ao SENHOR como seu Deus Susserano e viver de acordo com Seus princípios. O intento de Deus ao instruir a Israel era para o seu bem (Deuteronômio 10:13). No entanto, Deus honra a capacidade de escolha das pessoas (Josué 24:15). Deus deseja que elas escolham o melhor. Ele instrui as pessoas de tal maneira que possam escolher o que lhes fará bem. Deus permite que os seres humanos escolham suas ações e experimentem as consequências dessas ações.
A proteção graciosa do SENHOR a Seu povo enquanto vagavam pelo deserto também se estendeu aos campos de batalha, quando, depois de chegarem a este lugar (do lado leste do Rio Jordão), Sion, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, saíram ao encontro de Israel para a batalha (v. 7).
Isso era uma referência ao evento registrado em Deuteronômio 2:26 - 3:17. Aconteceu que Sion, juntamente com todo o seu povo, saiu para enfrentar aos israelitas em batalha em Jaza, uma cidade localizada em algum lugar entre Hesbom e o deserto de Quedemote (ver mapa na barra lateral). Conforme o SENHOR havia prometido (Deuteronômio 2:31), Ele entregou a Sion nas mãos dos israelitas, e eles o derrotaram, assim como a seus filhos e a todo o seu povo (Deuteronômio 2:32-33).
Da mesma forma, os israelitas derrotaram a Ogue, rei de Basã (um reino a leste do rio Jordão), juntamente com todo o seu povo. Israel os feriu até que nenhum sobrevivente restasse (Deuteronômio 3:1-4). A vitória de Israel baseou-se unicamente na obediência à vontade de seu Deus Soberano, que sempre lutava por Seu povo (Êxodo 14:14). Este lembrete servia para motivar o povo de Deus a viver em completa obediência a Ele. Isso prova que Deus era confiável e cumpriria Sua promessa de abençoar a Israel sempre que guardassem as disposições de Sua aliança.
Moisés lembra aos israelitas que, após essas vitórias, eles tomaram sua terra e a deram como herança aos rubenitas, gaditas e à meia tribo de Manassés (v. 8). Os rubenitas eram descendentes do primeiro filho de Jacó com sua esposa Lia (Gênesis 35:23). Os gaditas eram descendentes de Gade, filho de Jacó com sua serva Zilpa (Gênesis 35:26). A meia tribo de Manassés, primeiro filho de José, consistia em dois clãs representados por Jair e Maquir (Gênesis 41:51). Assim, essas tribos receberam suas porções de terra a leste do rio Jordão. Os detalhes da distribuição da terra são claramente descritos em Deuteronômio 3 (veja o mapa na barra lateral).
Mais uma vez, os israelitas são encorajados a permanecer fiéis ao seu soberano SENHOR, à luz de Sua fidelidade inabalável para com eles. Moisés fornece razões suficientes para Israel crer em Deus, confiar Nele e compreender que Seus caminhos são para o seu bem. A fé é o alicerce para o cumprimento da aliança com Deus e para a obtenção das bênçãos advindas da obediência.