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Significado de Deuteronômio 32:34-35
Moisés continua a apresentar o Cântico de Moisés a ser cantado por Israel, visando lembrar-se de sua aliança com Ele. Isso ocorre pouco antes do momento em que Moisés morreria e Josué conduziria o povo através do Jordão para a Terra Prometida.
Esses dois versículos parecem ser uma mensagem diretamente do SENHOR, pois Ele afirma: Não está guardado Comigo? Todas as ações de todos os povos são registradas e lembradas.
A pergunta retórica de Deus - Não está guardada Comigo, selada em Meus tesouros? (v. 34) - tem uma resposta afirmativa implícita. A palavra refere-se ao registro dos atos perversos de Israel descritos na seção anterior, vv. 28-33.
O SENHOR declara, aqui, que havia feito um registro de suas obras e guardado em um lugar seguro para uso posterior. Este registro não pode ser retirado porque está selado nos tesouros de Deus e protegido por Seu poder. Isso indica que tudo o que ocorre é registrado. Podemos ver isso em Apocalipse, onde "os livros" são abertos para julgar as obras, indicando que todas as ações são registradas (Apocalipse 20:12). A questão é que todas as coisas serão julgadas. Deus garante que a justiça prevalecerá.
Os atos perversos dos inimigos de Israel seriam lembrados e registrados (Deuteronômio 32:32-33). As nações inimigas de Israel não tinham temor ao verdadeiro Deus. Seu abuso de Israel não ocorria por um senso de justiça. Por esta razão, o Deus Susserano (Governante) exerceria justiça sobre elas, mesmo que fossem usadas como instrumento de Deus para disciplinar a Israel. Este é um tema imporatnte por toda Escritura: Deus replica sobre o homem tudo o que ele faz a outros. Deus recompensa aos que amam as pessoas e castiga aos que as exploram.
Antes de revelar Seu plano, os inimigos de Israel pensavam que eram poderosos que Deus ao derrotarem a Israel. No entanto, era o plano soberano do Senhor para Israel ser derrotado, porque eles haviam desobedecido às leis do pacto. Os inimigos de Israel eram instrumentos para que a provisão do tratado/pacto para a desobediência fosse aplicada (Deuteronômio 8:19-20). Porém, como Israel pertencia a Deus, Ele vingaria Seu inimigo por seu orgulho e arrogância. Deus usaria seu propósito hostil contra Israel para servir a Seus propósitos, porém eles ainda seriam julgados por invadir Israel. Eles também veriam a justiça.
O Deus Susserano declara: A vingança é minha, e a retribuição (v. 35). A palavra “minha” no texto hebraico enfatiza que foi o SENHOR quem trouxe julgamento sobre Seu povo usando as nações. As nações podem ter pensado que puniram a Israel, mas era a mão do Senhor. Israel colheu as consequências de suas próprias ações. Eles haviam concordado em entrar no tratado com Javé, seu Deus da aliança (Êxodo 19:8). O tratado explicitava claramente que, caso se voltassem às formas pagãs de exploração, em vez de amarem o próximo, eles incorreriam em penalidades específicas, incluindo cair nas mãos de nações estrangeiras (Deuteronômio 8:19-20).
No entanto, como o SENHOR é um Susserano justo e fiel, além de trazer justiça fazendo cumprir as disposições do tratado, Ele também vingaria Seu povo da aliança contra seus inimigos. Isso será abordado na próxima seção (Deuteronômio 32:36-38).
A palavra “vingança” (hebraico "nāqām") traz a idéia de se vingar um erro. A vingança de Deus deve ser entendida à luz de Seu caráter pleno. Deus é a essência da justiça. Se o SENHOR não executar vingança contra os culpados do mal, Sua justiça não faz sentido. A misericórdia e o amor não existiriam caso não houvesse também a justiça. São as duas faces de uma moeda.
Deus violaria a Seu próprio caráter caso ignorasse a iniquidade e não a levasse à justiça. Deus amou o mundo de tal forma que enviou Seu Filho para morrer pelo mundo (João 3:16). Porém, a razão pela qual Jesus morreu foi para pagar o preço pelos pecados de todos, a fim de satisfazer a justiça de Deus (Colossenses 2:14; Romanos 3:20-26). Deus é um Deus de misericórdia, mas a misericórdia exige que haja justiça.
Além disso, a vingança pertence somente a Deus. Na verdade, a Bíblia proíbe uma pessoa de se vingar pessoalmente de outra pessoa (Levítico 19:18). Este princípio também se aplica aos crentes do Novo Testamento, como visto em Romanos 12:19 e Hebreus 10:30. Em vez de justiça de pessoa a pessoa, Deus delega ao governo humano o poder para executar vingança em Seu nome.
Deus inicialmente fez essa delegação após o dilúvio, autorizando os humanos a tirarem a vida de outro ser humano como uma forma justa de lidar com os assassinos. Ele fez isso para dissuadir a violência, para que o mundo não se enchesse de violência novamente, como antes do dilúvio de Noé (Gênesis 9:6, 6:11). O livro de Romanos, no Novo Testamento, afirma que Deus delegou às autoridades humanas (governo) o poder de executar Sua ira, a fim de punir o mal (Romanos 13:1-7).
Deve ficar claro neste capítulo, e em outros lugares das Escrituras que, embora Deus, às vezes, delegue aos seres humanos o poder de executar a justiça em Seu nome, quando eles o fazem injustamente, eles também serão levados à justiça. Este é um dos pontos principais do livro de Habacuque, onde Deus deixa claro que Ele sempre julga os orgulhosos, mas dá graça àqueles que andam na fé (Habacuque 2:4).
Deus afirma definitivamente que no devido tempo seus pés irão escorregar. O pé escorregadio é uma expressão metafórica que significa tornar-se instável e afastar-se do caminho que se deseja seguir. Este Cântico de Moisés é anunciado no futuro do pretérito para mostrar a inevitabilidade de que sua previsão se concretizaria. Neste caso, esta afirmação foi feita do ponto de vista de uma previsão futura. Israel desobedeceria ao tratado no devido tempo, ou seja, "eventualmente". Esta canção lembraria a cada geração que, eventualmente, haveria uma queda, mas que eles teriam a oportunidade de decidir não cair. Cada geração poderia decidir ser fiel ao tratado/aliança e amar ao próximo, em vez de explorá-lo.
Como nota lateral, parte de Deuteronômio 32:35 foi usada como texto para o famoso sermão "Pecadores nas mãos de um Deus irado" - "seu pé escorregará no devido tempo". Já que isso se aplica ao povo de Deus, o versículo seria melhor empregado para amplificar o ensino do Novo Testamento de que Deus disciplina a Seu povo. Um exemplo é este versículo:
"PARA AQUELES A QUEM O SENHOR AMA ELE DISCIPLINA, E AÇOITA TODO FILHO QUE RECEBE" (Hebreus 12:6).
Este versículo de Hebreus cita Provérbios 13:11. Portanto, é um princípio que ecoa em todas as Escrituras. Aparece também da boca de Jesus no livro do Apocalipse:
"Aqueles a quem eu [Jesus] amo, repreendo e disciplina; portanto, sede zelosos e arrependei-vos" (Apocalipse 3:19).
Deus deixa claro aqui que Ele mantém Seu povo em um padrão. Se eles não viverem de maneira consistente com o mandamento de Deus de amar ao próximo e defender o que é verdadeiro, serão castigados. Isso é consistente com a imagem que Deus nos dá em relação a Seu caráter, chamando-se a Si mesmo de "Pai".
A disciplina de Israel seria uma calamidade. O tempo da calamidade estaria sempre diante deles, porque certamente aconteceria sempre que Israel decidisse começar a andar nos caminhos pagãos da exploração: Pois o dia de sua calamidade está próximo. Isso, novamente, mostra o verbo no futuro do pretérito (indicando a certeza de que esta profecia se concretizaria). A questão é que o castigo de Deus era iminente; viria rapidamente caso Israel deixasse de seguir aos termos do tratado.
A declaração “E as coisas iminentes estão se apressando sobre eles” coloca ênfase na certeza e na rapidez do julgamento de Deus sobre Israel. É interessante notar que, séculos depois, o profeta Habacuque perguntaria a Deus por que Ele estava atrasando a justiça sobre Judá (sul de Israel) por conta de sua iniquidade. Isso é consistente com um tema bíblico de que muitas coisas são iminentes, mas parecem demorar. Isso se aplica ao julgamento de Deus, bem como ao segundo retorno de Cristo. O apóstolo Pedro aborda isso, observando que nos últimos dias as pessoas diriam que Jesus não iria voltar, já que Ele estava demorando muito (2 Pedro 3:4). Pedro responde, dizendo:
"Mas não deixe este fato escapar de sua atenção, amado, que com o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não é lento em relação à Sua promessa, como alguns contam lentidão, mas é paciente para convosco, não desejando que nenhum pereça, mas que todos venham ao arrependimento" (2 Pedro 3:8-9).
Israel certamente incorreria em julgamento. Porém, seus inimigos também, como abordaremos na próxima seção.