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Significado de Deuteronômio 33:1–5

Moisés anuncia a bênção das tribos israelitas com um breve relato histórico do relacionamento do SENHOR com Seu povo do pacto, Israel.

Antes de invocar as bênçãos de Deus sobre as tribos de Israel, Moisés faz uma breve introdução. Era um relato histórico do relacionamento do SENHOR com Seu povo do pacto, Israel. O texto começa com o narrador afirmando que esta é a bênção com a qual Moisés, o homem de Deus, abençoou os filhos de Israel antes de sua morte (v. 1). A frase “o homem de Deus” usada aqui pela primeira vez no Antigo Testamento descreve a autoridade de Moisés para falar em nome de Deus. Com essa autoridade, Moisés intercede por Israel em várias ocasiões (por exemplo, Êxodo 32:11-14). Aqui em Deuteronômio 33, Moisés age como um pai e pronuncia bênçãos proféticas sobre as tribos israelitas, pedindo a Deus que conceda favores especiais a cada uma.

Após a declaração introdutória do narrador, Moisés usa a poesia para descrever brevemente o Deus Único Susserano (o SENHOR) que concederia as bênçãos às tribos (Seus vassalos). A estrutura do tratado de vassalo-susserano era comum àquela época e apresentava um acordo do rei supremo com governantes subordinados, apontando para as bênçãos da obediência e para as maldições da rebelião. No caso da aliança de Deus com Israel, Deus era o supremo Susserano, mas fez Sua aliança diretamente com o povo. Sua bênção dentro da aliança estava ligada à obediência a Ele (o maior mandamento) exercida por meio do amor mútuo (o segundo maior mandamento).

A imagem que Moisés usa para retratar o SENHOR parece ser a de um rei-guerreiro. Se assim for, a ênfase desses versículos pode ter sido destinada a lembrar Israel de que seu supremo Susserano lutaria por eles ao entrarem na Terra Prometida. Isso faria sentido, já que Moisés morre no capítulo seguinte e Josué é nomeado como seu novo líder. Moisés lembra ao povo que seu verdadeiro líder é Javé, o Supremo Susserano com quem eles haviam firmado um tratado, ou aliança. Seria Ele quem os protegeria, caso permanecessem fiéis e seguissem ao Seu mandamento de amar uns aos outros.

Moisés identifica esse Rei-Guerreiro como o Senhor (Javé) que veio do Sinai (v. 2). Moisés lembra aos israelitas de que o SENHOR se havia revelado a eles no Monte Sinai como seu Susserano (Governante) da aliança e foi ali que o SENHOR lhes deu a lei e estabeleceu essa relação de aliança com eles (Êxodo 19-20). O Monte Sinai também é comumente referido como "Horebe" em todo o Deuteronômio.

Este Rei-Guerreiro (o SENHOR) também amanheceu em Israel de Seir. O termo Seir provavelmente se refira a toda a terra de Seir, também chamada de Edom (Gênesis 32:3; Números 24:18Ezequiel 35:15). O SENHOR também brilhou do Monte Parã. O lugar chamado Monte Parã era uma montanha localizada no deserto de Parã, ao sul da Terra Prometida. Foi o primeiro local onde os israelitas acamparam depois de deixar o Monte Sinai (Números 10:11-13). Os verbos amanhecer e brilhar apontam para a vinda do SENHOR em Sua glória como o sol inundando o deserto ao redor do Monte Sinai, Seir e Parã. Todas essas eram regiões geográficas pelas quais Israel havia passado em sua jornada do Egito até sua localização atual, na fronteira da Terra Prometida, quando estavam se preparando para entrar (Veja o mapa do caminho de Israel em Recursos Adicionais).

Essas imagens poéticas diziam a Israel que o Deus Susserano (Governante) havia se levantado em toda a Sua glória como o sol para brilhar sobre eles durante sua jornada pelo deserto, do Sinai, Seir e Monte Parã. O sol pode ser visto como a fonte de bênção. Como o SENHOR levanta-se como o sol, esta era uma imagem vívida de Sua bênção sobre Seu povo — Sua provisão e Sua proteção.

Além disso, Moisés diz que Deus veio do meio de dez mil santos. Embora seja possível que a expressão santos se refira aos anjos, ela também pode referir-se à multidão de israelitas, mencionados no v. 3 como o povo. Esses santos (Êxodo 19:6) seguiriam seu Rei-Guerreiro e Ele lutaria contra seus inimigos. Israel foi chamado para ser uma nação santa (separada) que operaria numa função sacerdotal às nações vizinhas, mostrando-lhes uma maneira melhor de viver. Em vez de viver em uma cultura onde os fortes exploram os fracos, como era comum entre as nações pagãs (Levítico 18), Deus desejava que Israel exibisse uma cultura de "amor ao próximo", onde os fortes servem aos fracos (Êxodo 19:6).

Além disso, à sua direita havia relâmpagos piscando para eles. A mão direita do SENHOR  é um símbolo de poder e força. O relâmpago intermitente é traduzido como "lei de fogo" no texto em hebraico. O Rei-Guerreiro Susserano desceu ao Monte Sinai, marchando à frente de milhares de Seus seres angelicais com labaredas de fogo em Sua mão direita para proteger os israelitas do perigo, de forma que pudessem chegar com segurança à Terra Prometida. A tradição judaica afirma que Deus escreveu os Dez Mandamentos em pedra com dedo de fogo.

A base sobre a qual o Deus Susserano (Governante) havia libertado e protegido a Israel era por causa de Seu amor: de fato, Ele ama o povo (v.3). A palavra “amor” aqui (hebraico "ḥābab") é usada no Antigo Testamento apenas neste versículo, transmitindo a idéia de amor afetuoso de uma mãe para um filho. Tal amor infalível levou o SENHOR a resgatar a Israel da escravidão no Egito e estabelecer um relacionamento de aliança com eles no Monte Sinai, um pacto através do qual Israel seria apontado como uma "nação santa" (Êxodo 19:4-6). Este relacionamento de aliança também é descrito na Bíblia como um casamento. Foi como se houvesse ocorrido uma cerimônia de casamento no Sinai (ver Ezequiel 16:32, onde Deus compara o Israel desobediente a uma esposa adúltera).

Além disso, Moisés declara que todos os Teus santos estão em Tua mão. Esta é uma imagem de um Deus amoroso protegendo Seu povo do pacto com Sua mão poderosa. Os israelitas eram os santos de Deus nas mãos de Deus porque pertenciam a Ele. Eles haviam sido santificados, ou seja, separados, a fim de servirem em uma função sacerdotal, mostrando ao mundo uma maneira melhor de viver, tendo comunidades organizadas em torno do princípio autogovernado de "amar o próximo como a si mesmo” (Êxodo 19:6; Levítico 19:18). Além disso, o SENHOR os guiou e eles seguiram Seus passos.

Para garantir que os israelitas não se desviassem do caminho justo, o Deus Susserano garantiu que Todos recebessem Sua palavra. Isso significa que todos os israelitas receberam a Torá (Lei) do Deus Susserano para aprendê-la a agradá-Lo. Os Dez Mandamentos podem ser vistos como os princípios da lei. Os capítulos 5 a 26 expandem amplamente esses Dez Mandamentos e explicam as maneiras específicas pelas quais o povo de Israel deveria amar a Deus e ao próximo. A aliança de Deus com Israel os estabeleceu como Seu próprio povo, como Ele havia jurado a seus antepassados (Deuteronômio 29:10-13) e para mostrar-lhes como viver da maneira mais construtiva (Deuteronômio 10:13).

A verdade de que todo Israel havia recebido a Palavra de Deus torna-se facilmente aparente no versículo seguinte, onde o povo declara: Moisés nos encarregou da lei, uma posse para a assembléia de Jacó (v. 4). A lei ou Torá era um documento especial, exclusivo para Israel, dada a eles para instruí-los sobre como ser um reino de sacerdotes para representar Deus na Terra como nação santa e ser Sua propriedade exclusiva (Êxodo 19:4-6). Este foi um privilégio especial concedido a Israel. Era seu trabalho abraçar o princípio de autogoverno, amar uns aos outros e demonstrar às nações vizinhas esse modo superior de viver, como exemplo e convite a ser seguido.

A autoridade do SENHOR para conceder esse privilégio especial a Israel era Sua autoridade e poder supremos. Ele era rei em Jesurun (v. 5). O termo Jesurun é um nome poético e afetuoso para Israel e significa "o reto" (Deuteronômio 32:15). Como tal, o termo sugere que os israelitas foram chamados a ser retos porque pertenciam a um Deus reto e justo (Deuteronômio 32:4). O propósito benevolente do Líder de Israel era mostrar-lhes um modo melhor de vida (Deuteronômio 10:13).

O Deus Susserano era rei em Israel antes mesmo da existência de reis humanos. Deus já era rei quando o povo se submeteu à Sua lei e governou a si mesmo sob a lei de Deus e os princípios da organização de amar o próximo como a si mesmo (1 Samuel 8:7). O livro do Êxodo nos diz que "o SENHOR reinará para todo o sempre" (Êxodo 15:18). E como rei Susserano sobre a nação vassala, o SENHOR manifestou Seu governo a Israel quando os chefes do povo estavam reunidos e todas as tribos de Israel reunidas para receber as palavras do pacto no Monte Sinai (Êxodo 19:7-8). Da mesma forma, a autoridade e o governo de Deus sobre Israel possibilitaram o recebimento das bênçãos que Moisés estava prestes a articular para cada uma das tribos.

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