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Significado de Deuteronômio 5:8-10
O Segundo Mandamento
O culto a ídolos era comum nos antigos países do Oriente Próximo, como a Mesopotâmia, Síria, Palestina e Egito. Esses ídolos eram imagens feitas pelo homem. Porém, eles eram frequentemente ligados a cultos de fertilidade, onde a "adoração" incluía promiscuidade sexual. Por exemplo, o culto a Baal e Astarote incluía a prostituição e o sexo ritual. O poste de Astarote referido nas Escrituras provavelmente era um símbolo fálico (no formato de um pênis). Foram descobertos pela arqueologia e podem ser vistos hoje. Assim, o fascínio da idolatria não era apenas focado no desejo de alcançar poder espiritual para "conseguir o que quero". Era também uma desculpa para racionalizar o comportamento imoral como algo santo e bom, servindo a um propósito religioso. O culto a Moloque talvez tenha sido o ápice disso, justificando a queima de crianças como observância religiosa (Levítico 18:21, 2 Reis 23:10).
Levítico 18 narra as práticas sexuais comuns tanto do Egito quanto de Canaã, que incluíam múltiplas formas de promiscuidade e incesto, até mesmo sexo com animais. Os israelitas são advertidos a não praticar tudo o que viram no Egito, ou que verão em Canaã.
Israel provavelmente refletiu essa cultura quando a nação pecou no incidente do bezerro de ouro. Ao verem o ídolo, o povo de Israel declara: "Este é o teu deus, ó Israel, que te trouxe da terra do Egito" (Êxodo 32:4). No dia seguinte, eles fizeram uma festa e "levantaram-se para se divertir" (Êxodo 32:6), provavelmente referindo-se às práticas sexuais egípcias. Assim, o fascínio da idolatria é uma justificativa para a busca do prazer em detrimento dos outros. Um ato ruim leva a outro.
A adoração ao ídolo também alimenta a idéia de que "posso conseguir o que quero se conseguir apaziguar ao ídolo". É apenas uma outra forma da busca de si mesmo. Essa mentalidade pode ser vista em todas as Escrituras. Um dos lugar onde isso pode ser facilmente observado é o episódio que ocorre muito mais tarde no tempo, na disputa entre o profeta Jeremias e o povo de Israel a respeito da adoração à "Rainha do Céu". O povo alega que seu culto ao falso deus trazia prosperidade, dizendo a Jeremias:
"Quanto à mensagem que nos falaste em nome do Senhor, não te vamos ouvir! Mas, ao contrário, certamente cumpriremos todas as palavras que saíram de nossas bocas, queimando sacrifícios à rainha do céu e derramando ofertas de bebida a ela, assim como nós mesmos, nossos antepassados, nossos reis e nossos príncipes fizemos nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém; pois então tínhamos comida de sobra e estávamos bem e não víamos infortúnio. Mas desde que paramos de queimar sacrifícios à rainha do céu e de derramar ofertas de bebida para ela, tudo nos faltou e encontramos nosso fim pela espada e pela fome" (Jeremias 44:16-18).
Jeremias responde-lhes que exatamente o contrário era verdadeiro: "Porque vocês queimaram sacrifícios e pecaram contra o SENHOR e não obedeceram à voz do SENHOR nem andaram em Sua lei, Seus estatutos ou Seus testemunhos, portanto esta calamidade se abateu sobre vocês, como aconteceu neste dia" (Jeremias 44:23).
Em meio a esse contexto de adoração generalizada a ídolos, o Deus verdadeiro emite o segundo mandamento a Seu povo como uma advertência, dizendo: "Não farás para ti um ídolo".
A palavra "ídolo" vem do verbo "gravar uma forma". O verbo é usado para descrever as tábuas de pedra sobre as quais Deus havia registrado os Dez Mandamentos (Êxodo 34:1, 4; Deuteronômio 10:1, 3). Assim, um ídolo é algo que os homens escavam na madeira ou na pedra, como em Habacuque 2:18, ou no metal, como em Juízes 17:3.
Deus proíbe Israel de adorar ídolos ou qualquer semelhança do que está no céu acima ou na terra abaixo ou na água sob a terra. Tais imagens deturpariam a Deus e substituiriam a dependência de Deus e Suas leis. Fazer tais imagens para representar ao Deus criador O reduziria ao nível de Suas criaturas. As frases "no céu acima", "na terra embaixo" e "na água debaixo da terra" incluem todas as coisas. Isso fecha qualquer brecha - todos os ídolos são proibidos. Não há desculpa para se moralizar a adoração a ídolos egoístas. A sociedade autônoma de Deus só será possível se as pessoas buscarem o melhor para os outros, em obediência aos mandamentos de Deus.
Além disso, Deus diz: "Não os adorarás nem os servirás". O verbo "adorar" também pode ser traduzido como "curvar-se" ou "prostrar-se". A idéia é curvar-se diante de um superior para mostrar reverência a ele. Nos tempos antigos, tal ação, às vezes, envolvia colocar o rosto no chão, como em Gênesis 18:2; 19:1 e Isaías 49:23.
O verbo "servir" refere-se ao ato de fazer oferendas a um deus como forma de homenageá-lo (Êxodo 10:26; Isaías 19:21). Deus usou esses dois verbos para proibir Seu povo de se prostrar diante de qualquer ídolo, seja uma representação do verdadeiro Deus ou uma representação de outros deuses. Conforme dito anteriormente, essa adoração provavelmente é um ato nascido da busca de si mesmo, apaziguando o ídolo a fim de obter um benefício pessoal.
A razão dada por Deus para proibir Seu povo de adorar aos ídolos é porque Ele é um Deus zeloso. O adjetivo "zeloso" significa que Deus quer preservar o que lhe pertence (Isaías 42:8; 48:11). Israel havia entrado em um relacionamento de aliança, onde o Deus Susserano (Governante) havia redimido a Seus vassalos do cativeiro no Egito. O povo, como vasos, havia "assinado" a aliança, dizendo: "Tudo o que o Senhor falou nós faremos". Ao fazerem isso, eles prometeram ser servos leais, servindo somente a Deus. Deus insiste que eles só poderiam manter sua parte da aliança se fossem leais a Ele, servindo somente a Ele. É evidente que, se fossem como as outras nações, eles não poderiam servir na função sacerdotal que designada por Deus a eles.
Deus muitas vezes retrata a Israel como Sua noiva. A busca por proteção e benefício dos ídolos é um ato de infidelidade a Deus. Em passagens como Ezequiel 16 e o livro de Oséias, Deus ilustra a desobediência a Ele como uma esposa infiel em adultério. O ciúme de Deus é o de um marido que busca a fidelidade da esposa, ou o ciúme de uma esposa que busca a fidelidade do marido.
As consequências negativas sempre seguem à desobediência aos mandamentos de Deus. Assim, como consequências da adoração aos ídolos, Deus visita a iniquidade dos pais sobre os filhos, e sobre a terceira e a quarta gerações daqueles que O odeiam. Visitar a iniquidade dos pais sobre os filhos significa infligir punição por seus erros aos seus descendentes. Tal penalidade não torna os filhos pessoalmente responsáveis pelos pecados de seus pais, porque a Bíblia diz: "Cada um será morto por seu próprio pecado" (Deuteronômio 24:16; ver também Ezequiel 18:20). Em vez disso, essa declaração mostra a misericórdia de Deus, que esperará de três a quatro gerações, dando tempo para o arrependimento, antes que a iniquidade seja punida naqueles que O odeiam e desobedecem ao Seu mandamento de amar ao próximo e não buscar interesses egoístas.
Em contraste com as consequências negativas que se seguem à desobediência, o SENHOR recompensa aos que permanecem leais a Ele. Moisés diz que o Deus ciumento mostra bondade para com milhares daqueles que O amam e guardam Seus mandamentos. A palavra traduzida como "bondade" fala da recompensa de Deus àqueles que estão em relacionamento de aliança com Ele e são fiéis na obediência a Seus mandamentos (Deuteronômio 7:9). Esta bondade amorosa refere-se ao acordo da aliança: a bênção segue à obediência. Deus mostra lealdade e amor a milhares daqueles que entendem que Sua benevolência é superior a todas as alternativas concorrentes, àqueles que permanecem fiéis à Sua aliança.
A palavra gerações - na expressão terceira e a quarta gerações - está em itálico no texto da maioria das versões porque não aparece no texto hebraico original, estando apeans implícita. Pode ser que também esteja implícita na declaração contrastante de bênçãos para milhares de gerações. Isso significaria que Deus garante que as bênçãos decorrentes da obediência continuarão por muitas gerações aos que andam em obediência.
A idolatria é um problema desde este momento histórico da Bíblia até os tempos do Novo Testamento. Os gregos do Novo Testamento também praticavam a idolatria e isso foi abordado pelo apóstolo Paulo durante seu ministério aos gentios (Atos 17:16-31). Em 1 Coríntios 8:4, Paulo diz: "Portanto, a respeito de comer coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que não existe ídolo no mundo, e que não há Deus senão um". A declaração de Paulo reflete sua compreensão do Antigo Testamento.
A prática da adoraração de ídolos também foi proibida por outros escritores do Novo Testamento. Por exemplo, em 1 João 5:21, João diz: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos". Os crentes de hoje provavelmente não serão tão tentados a se curvar a figuras ou estátuas. No entanto, a idolatria inclui qualquer racionalização do comportamento de busca de si mesmo. O principal mandamento de Jesus é o de amar-nos uns aos outros. A busca de si mesmo é incompatível com a busca do melhor para os outros. Qualquer coisa a que apelamos, em um esforço para racionalizar a busca de nós mesmos, tem a mesma função que os ídolos tinham no mundo antigo.