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Significado de Deuteronômio 7:1-6
Nesta seção, Moisés instrui os israelitas a como se comportar na Terra Prometida. Ele começa dizendo: "Quando o Senhor, teu Deus, vos trouxer para a terra onde estás entrando para possuí-la". Na medida em que Israel avançava em direção à terra de Canaã, eles precisavam saber o que fazer ao chegar, porque a terra era originalmente habitada por outros grupos de pessoas. Moisés diz a Israel que Deus eliminaria a muitas nações diante deles. As nações às quais Deus limparia diante de Israel são descritas: “os hititas e os girgaseus e os amorreus e os cananeus e os perizeus e os heveus e os jebuseus."
Os hititas podem ter sido descendentes de Canaã através de Hete, de acordo com Gênesis 10:15. Eles viviam em torno de Hebrom (Gênesis 23:1-20). Os girgaseus são pouco conhecidos, mas são mencionados em textos ugaríticos, um corpo de textos antigos descobertos em 1928 em Ugarite (Síria). Alguns acham que os girgaseus se originaram no norte da Síria ou na Ásia Menor. Os amorreus eram um grupo que cobria cinco grandes reinos no Antigo Oriente Próximo: Jerusalém, Hebrom, Jarmute, Laquis e Eglon, de acordo com Josué 10:5.
Os cananeus viviam "junto ao mar e ao lado do Jordão" (Números 13:29). Os perezitas eram um grupo que vivia em cidades sem muros, tanto a leste quanto a oeste do Jordão. Menção a esse grupo era feita desde os tempos de Abraão (Gênesis 13:7) até os tempos pós-exílicos (Esdras 9:1). Os heveus (ou horitas) eram os povos de Siquém nos dias de Jacó (Gênesis 34:2). Mais tarde, durante a conquista por Josué, eles constituíram a população de Gibeão (Josué 9:7). Os jebuseus foram os ocupantes da região mais tarde associados à tribo de Benjamim, especialmente à cidade de Jerusalém (Josué 15:63). Todas essas sete nações que viviam em Canaã não eram vassalos, porque não tinham um relacionamento de aliança com Deus.
Moisés ordena que Israel os eliminasse junto com seus artefatos religiosos. O julgamento de Deus sobre os amorreus havia sido predito por Deus a Abraão em Gênesis 15:16, quando Deus diz, falando dos descendentes de Abraão:
“Então, na quarta geração, eles voltarão para cá, pois a iniquidade dos amorreus ainda não está completa."
Deus havia prometido o retorno de Israel à Terra Prometida, mas também indicou que embora os amorreus estivessem acumulando iniquidades, Deus ainda estava lhes permitindo a ampla oportunidade de se arrepender. Como Deus agrupa todas as sete nações em termos de sua maldade, podemos presumir que o juízo indicado para os amorreus deveria se aplicar às outras nações também.
Qual a natureza dessa maldade tão intensa a ponto de Deus decretar a extinção daqueles povos? Deus já havia feito isso uma vez no dilúvio de Noé. Nesse caso, Deus destruiu a terra e todas as pessoas, exceto Noé e sua família, porque a terra havia se enchido de violência (Gênesis 6:5, 11-12). Aqui, parece que a grande maldade estava relacionada à adoração de falsos deuses. Tais práticas envolviam imoralidade sexual desenfreada e sacrifícios humanos.
Uma das ordens é que os israelitas deveriam destruir o Aserim dos inimigos. Os Aserim podem ter sido símbolos fálicos que envolviam práticas sexuais cultuais (1 Reis 14:23-24). As práticas daqueles povos em Canaã deveriam ser proibidas aos israelitas e são especificamente listadas em Levítico 18. Elas incluíam uma ampla gama de imoralidades sexuais, como múltiplas formas de incesto, adultério, relações sexuais além das normas biológicas, como relações sexuais com animais. Esta passagem também proíbe o sacrifício de crianças, outra prática cananéia. Ao falar desses comportamentos, Deus afirma:
“Porque a terra se contaminou, por isso eu trouxe seu castigo sobre ela, de modo que a terra expulsou seus habitantes. Mas, quanto a ti, deves guardar os Meus estatutos e os Meus juízos e não farás nenhuma dessas abominações, nem o nativo, nem o estrangeiro que permanece entre vós (pois os homens da terra que estiveram antes de ti fizeram todas estas abominações, e a terra se contaminou); para que a terra não vos vomite, se a contaminares, como vomitou a nação que vos precedeu” (Levítico 18:24-25).
Deus descreve a remoção das nações como a terra expelindo seus habitantes, por causa desses comportamentos. O sacrifício de crianças é associado a práticas de adoração pagãs em todas as Escrituras (ver Levítico 18:21; Deuteronômio 18:10; 2 Reis 16:3, 17:17; 21:6; 23:10; Jeremias 32:35; Ezequiel 16:21; 20:26; 20:31; 23:37). Deus instrui Israel a limpar a terra da iniquidade, declarando Sua intenção de executar juízo sobre Canaã por meio de Seu povo. Deus deixa claro que, caso Israel caia nos mesmos comportamentos, eles também seriam expulsos, o que finalmente ocorre durante o exílio babilônico.
Assim como Noé, que escapou de um julgamento geral, Deus poupou aos cananeus que buscassem arrependimento e reconciliação. Veremos isso com os gibeonitas, bem como Raabe, a meretriz, que se tornou um ancestral de Jesus (Josué 9: Josué 2; Mateus 1:5).
Moisés também diz aos israelitas que essas sete nações eram maiores e mais fortes do que eles. No entanto, o Deus Todo-Poderoso os entregaria nas mãos de Seu povo para que os derrotassem e ocupassem suas terras. Moisés declara: "Quando o Senhor, teu Deus, os libertar [as sete nações] diante de ti e você as derrotar, então tu as destruirás completamente".
Israel recebeu o privilégio de estar em um relacionamento de aliança com o SENHOR. Eles foram escolhidos por Deus para ser Sua "propriedade entre todos os povos" (Êxodo 19:5). Em obediência ao mandamento de Deus, Moisés ordena que Israel os destruísse completamente. A expressão traduzida aqui como "destruir completamente" refere-se a um ato de obediência, que entrega os inimigos a Deus (Números 21:2; Deuteronômio 13:17). Assim, Israel era responsável por obedecer ao mandamento de Deus de destruir completamente àquelas nações, a fim de expulsar sua cultura corrupta e ocupar suas terras.
A total destruição daquelas nações é confirmada por Moisés ao dizer: "Não farás aliança com elas e não lhes mostrarás nenhum favor". Além disso, Moisés observa: "Não vos casareis com eles; não dareis vossas filhas a seus filhos, nem tomarás suas filhas para vossos filhos". Sua cultura aparentemente havia chegado ao ponto de ser irremediável. Como mencionado anteriormente, houve exceções, pois Raabe não apenas se casou em Israel, mas tornou-se uma das ancestrais de Jesus. Raabe abandonou sua cultura e se comprometeu a seguir ao Deus Único e Verdadeiro.
Os israelitas receberam a ordem de não se casar com outros grupos de pessoas, a fim de permanecerem santos para o seu Deus Susserano. Citando Deus diretamente, Moisés explica o porquê: "Porque eles afastarão vossos filhos de Me seguir para servir a outros deuses." O culto aos deuses pagãos era parte integrante dos comportamentos proibidos, incluindo o sacrifício de crianças. Tal ato de desobediência trazia seu próprio risco, pois Moisés adverte ao povo dizendo: "Então a ira do SENHOR será acesa contra vós e Ele rapidamente os destruirá". A ira de Deus refere-se a Seu justo julgamento. Quando Seus vassalos (povo de Israel) violassem aos termos de Sua aliança, haveria consequências negativas. Isso não afetaria a eleição de Israel como Sua propriedade. Porém, o pacto é claro de que a obediência traria bênçãos e a desobediência traria castigo.
Após a ordem de destruir as sete nações, Moisés pede a Israel que "derrubasse seus altares e quebrasse suas colunas sagradas e derrubasse seu Aserim e queimasse suas imagens gravadas com fogo". Os termos "altares", "colunas sagradas", "Aserim" e "imagens gravadas" falam dos artigos de adoração das nações. Os altares eram estruturas em forma de mesas banhadas com metal precioso sobre as quais as pessoas ofereciam comida e bebida a seus deuses. As colunas sagradas referem-se a pedras (cortadas ou não cortadas) que representavam uma divindade masculina (2 Reis 3:2). Os Aserim eram objetos localizados nos lugares de culto. Eles simbolizavam a deusa da fertilidade Asera e eram associados com o comportamento sexual proibido por Deus em Levítico 18. Todos esses objetos deveriam ser destruídos por Israel, os vassalos de Deus. A razão para tal destruição é dada a Israel no versículo 6: "Porque tu és um povo santo para o Senhor, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu para ser um povo para sua própria posse de todos os povos que estão na face da terra".
A palavra "santo" significa separado. Israel havia sido separado para ser um exemplo para outras nações (Êxodo 19:6). Assim, os israelitas não eram santos por possuírem um valor intrínseco maior. Na verdade, eles eram "um povo teimoso" (Deuteronômio 9:6). Portanto, os israelitas eram santos porque o Deus Susserano que os havia escolhido como Seus vassalos e os havia separado para Seu propósito especial era santo. Eles deveriam servir de exemplo sobre como viver bem e que tipo de comunidade produz florescimento humano.
Israel tinha um relacionamento de aliança com o SENHOR porque Ele os havia escolhido como "Sua propriedade entre todos os povos da face da terra". O propósito sacerdotal de Israel era o de levar às nações a Deus através de seu exemplo. Há muitos exemplos de cidadãos de outras nações sendo abençoados através de Israel ao longo da Bíblia. Uma descrição mais clara dos propósitos de Deus a esse respeito é encontrada em Romanos, onde Paulo descreve os crentes gentios em Roma como sendo uma “oliveira selvagem" que havia sido "enxertada" na oliveira principal, que é Israel e, consequentemente, "tornou-se partícipe com eles da rica raiz da oliveira" (Romanos 11:17).