Add a bookmarkAdd and edit notesShare this commentary

Significado de Eclesiastes 3:14-17

Salomão declara que os ciclos do tempo e as circunstâncias da vida são obras soberanas de Deus. Já que o homem não pode compreender totalmente os mistérios de Deus e Seu julgamento está chegando, devemos temê-lo.

Salomão, agora, faz uma declaração interessante. Ele diz que sabe que tudo que Deus faz permanece para sempre. Sabemos que a terra atual vai ser destruída e ser substituída por uma nova terra (2 Pedro 3:10-12; Apocalipse 21:1). Salomão via as pessoas como obras de Deus, mas também sabia que as pessoas morriam. Então, o que Salomão quer dizer com essa frase, que as obras de Deus permanecem para sempre?

A expressão em hebraico traduzida como “para sempre” tem a mesma raiz da palavra traduzida como “eternidade” em Eclesiastes 3:11. Ela é traduzida como algo “sucessivo” em Gênesis 9:12, onde Deus diz sobre o arco íris no céu: “Este é o sinal da aliança que faço entre mim e vós e todo o animal vivente que está convosco, para perpétuas gerações”. Em Gênesis 6:4 a expressão é traduzida como “antigo” e se refere a uma era passada na qual homens poderosos, de renome, viveram. Homens que não existem mais, porque aquela era já passou. O senso da expressão cobre o período de uma era em particular ou, dependendo do contexto, talvez a extensão de todas as eras. Nesse caso, o contexto parece indicar que tudo o que Deus faz vai permanecer por um tempo determinado, nada mais, nada menos. Parece haver uma reformulação das afirmações que Deus tem “um tempo determinado para tudo” e que “Ele fez tudo apropriado em seu tempo” (Eclesiastes 3:11).

Não somente Deus fez todas as coisas apropriadas em seu tempo, mas Deus também vai Se certificar de que todas as coisas e todos os tempos existirão para Seus propósitos. Cada era é criada por Deus e vai permanecer até que outra era chegue. Em cada caso, é algo que Deus faz e vai permanecer até o tempo determinado.

Salomão também observa, ainda com respeito às obras de Deus, que não existe nada a ser adicionado e não existe nada a ser retirado. As obras de Deus são totalmente completas. Ele não deixou nada de fora, Ele não adicionou nada supérfluo. Tudo o que existe é tudo que tem que existir. Isso pode ser visto de outra forma, através da afirmação de que Deus “fez tudo com um tempo determinado” (3:11). E que Deus “fez tudo apropriado em seu tempo” (3:11). De maneira similar, a afirmação de Salomão de que tudo vai permanecer pode ser vista como uma declaração similar de que Deus fez “obras do princípio até o fim” (3:11).

Por que Deus colocou no coração do homem o desejo de descobrir Seus propósitos, ao mesmo tempo em que deixou claro que Seus propósitos são impossíveis de serem descobertos com base na razão e experiência humana? Salomão responde: porque Deus trabalha de maneira que os homens possam temê-lo. Nosso desejo humano de conhecer os propósitos, juntamente com a frustração de não conseguirmos descobri-los, deveria nos levar a temer a Deus.

Salomão nos diz em Provérbios que o temor do Senhor é o lugar inicial tanto para a sabedoria quanto para o conhecimento (Provérbios 1:7; 9:10). As realidades do mundo à nossa volta requerem que tenhamos um lugar de início, uma definição, antes de sabermos qualquer coisa. Todos os lugares de início verdadeiros são enraizados no temor de Deus. A raiz do temor é a preocupação com as consequências. Tememos ter câncer porque a consequência é a morte. Tememos a crítica de outras pessoas porque a consequência pode ser a vergonha. Tememos uma crise econômica porque a consequência pode ser que percamos nosso emprego.

O temor de Deus inclui se importar com o que Ele pensa. Tememos as autoridades porque nos importamos com o que elas pensam a nosso respeito, o que elas podem fazer conosco. Temer a Deus significa viver uma vida focada em agradá-Lo, para que Ele pense coisas boas sobre nós. Porém, não podemos agradar a Deus sem fé; é dito no Novo Testamento que “sem fé é impossível agradar a Deus, porque aquele que se chega a Deus deve crer que Ele existe, e que Ele se torna recompensador dos que o buscam” (Hebreus 11:6).

A consequência central para a qual Salomão nos alerta é a realidade de que Deus irá julgar tanto o homem justo quanto o homem ímpio. Este é um tema que ecoa por toda a Bíblia. O julgamento de Deus é uma certeza. Estaremos preparados? É fácil temermos coisas visíveis, mais presentes, mais imediatas. Alguns ignoram o julgamento de um Deus invisível em um tempo que parece muito distante. Essas pessoas exercitam a iniquidade no lugar da justiça. Pode parecer que a iniquidade vale a pena, mas, no final das contas, isso é equivocado. Deus julgará a todos, incluindo os ímpios. A impiedade vai se provar repleta de vapor.

Haverá um tempo no qual todos os assuntos e todas as ações serão julgadas por Deus. O início da sabedoria e do conhecimento é viver cada momento tendo como prioridade máxima o que Deus dirá a respeito das nossas ações no dia do juízo. A palavra em hebraico traduzida como “assunto” é normalmente entendida como “desejo”, “prazer” ou “deleite” e provavelmente expresse a noção de intenção. Hebreus 4:12 nos diz que Deus “julgará os pensamentos e intenções do coração”. Ele julgará tanto o que fazemos quanto o motivo de o fazermos. Se queremos alcançar significado e propósito na vida, precisamos viver constantemente com o dia do juízo em nossas mentes.

Embora o julgamento de Deus seja uma realidade certa, Salomão faz uma observação, dizendo já ter visto sob o sol que no lugar da justiça existe impiedade e no lugar da misericórdia existe impiedade. A frase “sob o sol” significa tudo o que podemos observar na vida. Salomão contempla essa observação, à luz do que já concluiu até aqui: Eu disse a mim mesmo. Novamente, Salomão tem uma percepção intensa sobre seus pensamentos e é um bom mordomo dos seus diálogos interiores. A afirmação de Salomão a si mesmo tem a ver com a certeza do julgamento de Deus. Ainda que Deus tenha ordenado que o homem deveria temê-Lo, é incrível que tantos homens escolham ignorar tal conhecimento e operar a iniquidade da mesma forma.

Salomão nota que não existe nada novo em relação ao que acontece atualmente. Ele diz que já aconteceu. Qualquer coisa que acontece conosco hoje já aconteceu antes. Ele continua afirmando que será sempre assim, porque o que será, já foi. As coisas que acontecerão no futuro já aconteceram antes.

Deus trabalha para que os homens O temam. Os ciclos que compõem a vida, as realidades cheias de vapor, combinadas com o desejo de buscar a eternidade colocada em nossos corações, tudo é orquestrado por Deus para nos levar a temê-lo. A frase “porque Deus busca o que já passou” é traduzida de muitas formas, como “Deus precisa de um registro das coisas que já se passaram” na versão Nova King James.

A expressão “coisas que já se passaram” é encontrada oito vezes em Provérbios e é traduzida como “buscar” sete vezes e “seguir” uma vez. Esta frase enfatiza a atuação atual de Deus no presente, assim como os ciclos inevitáveis da vida passam. Deus está ativamente trabalhando cada faceta disso, ou seja, buscar as criaturas às quais Ele fez à Sua imagem, para trazê-las ao conhecimento Dele pela fé.

Select Language
AaSelect font sizeDark ModeSet to dark mode
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência de navegação e fornecer conteúdo personalizado. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies conforme descrito em nossa Política de privacidade.