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Significado de Êxodo 34:12-17
No primeiro mandamento desta seção, o SENHOR diz a Seu povo: Guarda-te, não faças aliança com os habitantes da terra para onde vais. Aliar-se aos habitantes da terra envolveria necessariamente um compromisso. Uma aliança com os cananeus seria equivalente a abraçar a seus deuses e isso era completamente inaceitável para um povo que estava em aliança com o SENHOR. Deus explica a razão por trás deste mandamento. Qualquer forma de compromisso se tornaria uma armadilha em seu meio. A palavra armadilha aqui é uma figura de linguagem, como um coelho preso na armadilha do caçador. A imagem é a de que tal evento os levaria à destruição e/ou morte (1 Samuel 18:21; Salmos 18:5; Jeremias 5:26).
Para eliminar a ameaça dessa armadilha, o povo deveria derrubar os seus altares, quebrar suas colunas e cortar os seus Aserins (versículo 13). Todos eles diziam respeito à adoração idólatra. Os altares eram lugares onde os sacrifícios eram feitos, incluindo sacrifícios humanos. As colunas sagradas eram monolitos que honravam a um ou mais deuses ou deusas pagãos. Essas colunas muitas vezes eram colocadas perto de um altar.
Os Aserins eram postes dedicados à deusa Aserá, retratada como a consorte do deus supremo cananeu El. Símbolos fálicos de pedra, moldados na forma de pênis, foram descobertos em sítios arqueológicos da era cananéia. Isso se encaixa com a natureza geral da adoração pagã, impregnada de imoralidade sexual de todas as formas (veja Levítico 18 para uma lista de perversões e explorações comuns tanto em Canaã quanto no Egito). Todo vestígio da religião cananéia deveria ser erradicado da Terra Prometida. Tal imoralidade era um veneno tóxico que precisaria ser eliminado.
A eliminação dos centros de adoração pagã baseava-se na idéia de que os israelitas não deveriam adorar a nenhum outro deus (versículo 14). Isso era uma reafirmação do primeiro mandamento (Êxodo 20:3). Israel deveria adorar somente ao SENHOR, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, é um Deus ciumento. Para Deus, ser zeloso significa que Ele tomará medidas para proteger aqueles a quem Ele ama, assim como o relacionamento entre Ele e aquele a quem Ele ama. Assim como o marido protegerá sua esposa e seu relacionamento de aliança com ela. Na verdade, o relacionamento entre Deus e Israel muitas vezes é retratado como um casamento, no qual Israel é como uma esposa infiel (veja Ezequiel 16 e o livro de Oséias para uma ilustração dessa imagem). Este tema continua no Novo Testamento, onde a igreja é retratada como a Noiva de Cristo (Efésios 5:22-32). Os motivos para destruir a todos os lugares pagãos e instrumentos de adoração são dados nos versículos 15 a 17.
O SENHOR, conhecendo o Seu povo, disse: guarda-te, não faças aliança com os habitantes da terra; não suceda que, quando idolatrarem eles os seus deuses e sacrificarem aos seus deuses. (versículo 15). O capítulo 32 demonstra que o povo era vulnerável a influências pagãs ecaso se fizessem uma aliança com os povos pagãos na Terra Prometida, isso os levaria a abraçar a cultura pagã deles. Tal atitude inevitavelmente os levaria à adoção de seus deuses e deusas. Na prática, eles se prostituíam com eles. Esta prostituição possuía aspectos tanto espirituais quanto físicos. Espiritualmente, adorar a outro deus era "unir-se" ou ter relacionamento com ele. Fisicamente, muitas, se não a maioria, das religiões pagãs envolviam a "prostituição cultual", na qual ter relações sexuais com uma prostituta do templo, ou com um animal, era um ato de adoração.
Em seguida, eles seriam convidados a comer dos seus sacrifícios. Comer alimentos sacrificados aos ídolos era um ato de devoção ao ídolo. Isso foi um problema na igreja de Corinto, abordado por Paulo em 1 Coríntios 8, aproximadamente 1500 anos mais tarde. A adoração pagã era um estilo de vida, chegando até mesmo à alimentação. Não haveria maneira de separar suficientemente seus caminhos pagãos sem que fossem contaminados. Era necessária uma separação completa. Em terceiro lugar, adorar aos deuses pagãos tentaria o povo a tomar mulheres de suas filhas para teus filhos, para que, idolatrando suas filhas aos seus deuses, façam que teus filhos idolatrem aos seus deuses (versículo 16). Em outras palavras, se os habitantes da Terra Prometida fossem autorizados a continuar com sua adoração pagã e os israelitas se casassem com eles, isso os levaria à contaminação de sua fé no SENHOR através das práticas pagãs dos cananeus. Este princípio ainda é relevante; por isso, Paulo incentiva seus leitores a se casarem "somente no Senhor" (1 Coríntios 7:39).
Deus estava instruindo Israel a ser completamente diferente do que existia na época, uma exceção à norma. Israel deveria ser uma nação autogovernada, baseada no amor e na obediência a Deus. O principal mandamento era que o povo se amasse e cuidasse uns dos outros. Ao invés de uma tirania em busca do prazer, baseada na exploração humana - que era o sistema das nações existentes - Deus buscava criar uma nação sacerdotal baseada na cooperação mútua, harmonia social voluntária e justiça igual para todos. Não havia possibilidade de que isso funcionasse bem se fosse misturado com práticas pagãs existentes. Misturar um pouco de "exploração humana" com um pouco de "amor ao próximo" não iria funcionar; isso resultaria em exploração humana todas as vezes, sem exceção.
A norma das culturas existentes era a de reis poderosos explorando aos reis mais fracos em busca de tributos (Gênesis 14:1-12). A norma das culturas existentes estava repleta de abuso sexual de mulheres e crianças (Levítico 18). As culturas existentes incluíam desvios sexuais, inclusive sexo com animais (Levítico 18). Por último, mas não menos importante, as culturas existentes incluíam o sacrifício humano (Levítico 18). Não havia como misturar "um pouco" de qualquer uma dessas práticas à cultura de autogoverno focada em amar a Deus e ao próximo. Qualquer forma de exploração humana resulta em exploração.
O versículo 17 é uma extensão do segundo mandamento (Êxodo 20:4). Aqui, não vemos a menção de "deuses fundidos". Porém, considerando o "bezerro fundido" (Êxodo 32:4, 8), o SENHOR ordena que não fizessem deuses fundidos para si. Eles não deveriam fabricar nenhum tipo de ídolo e esta formulação deixa isso muito claro, para que ninguém pensasse que existia uma brecha ou uma exceção.
Em resumo, esses versículos alertam os israelitas a se manter completamente afastados de qualquer coisa associada à idolatria. Israel havia acabado de cair na idolatria no capítulo 32 e o SENHOR deixa claro que adorar a outros deuses não deveria ter lugar na vida de Seu povo, com quem Ele tinha uma aliança. Eles não deveriam trazer "um pouco" de idolatria pagã e suas práticas exploradoras. Qualquer quantidade seria demais. O papel deles como uma nação sacerdotal, a quem havia sido mostrado um caminho melhor, era o de evitar a exploração e viver em obediência aos mandamentos de Deus, o que os levaria a produzir benefícios mútuos, proteger os inocentes e buscar justiça para todos, com base nas regras da lei.