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Significado de Gênesis 15:17-21
Enquanto Abrão estava em sono profundo, Deus (na manifestação de um fogo fumegante e uma tocha de fogo) passou entre os pedaços do sacrifício. Muitos concordam que o fogo fumegante e a tocha de fogo eram uma representação de Deus, semelhante à coluna de nuvem e coluna de fogo indicando a presença de Deus no deserto, conforme mostrado em Êxodo 13:21-22. Deus estabelece a aliança sem qualquer juramento, acordo ou compromisso por parte de Abrão. Isso era muito incomum. Abrão foi o destinatário da aliança, porém não um participante ativo. Abrão foi simplesmente um espectador naquela maravilhosa exibição da graça de Deus. A aliança não dependeu da promessa de Abrão. Era uma aliança composta somente pela promessa de Deus e seu cumprimento dependia somente Dele. Deus estava assumindo a responsabilidade exclusiva na aliança.
Curiosamente, a palavra "fogo" (hebraico “Tannur”) usada aqui era uma panela usada para assar pão e torrar grãos para o sacrifício (Levítico 26:26, 2:14, 7:9). O uso da palavra "fogo" pode criar a imagem mental errada na mente moderna. O termo simboliza um grande frasco de barro. A massa colocada dentro do pote grudava nas laterais e depois era assada ao se colocar carvão dentro do pote ou ao se colocar o pote próximo ao fogo. O fogo é frequentemente usado como metáfora para o julgamento de Deus e a Bíblia nos diz que o próprio Deus é um "fogo consumidor" (Dt 4:24; 9:3; Hebreus 12:29). O fogo produz calor que consome o que está nele. Também é usado como símbolo da presença vingadora de Deus (Êxodo 24:17; Dt 9:3; Isaías 31:9). A Bíblia nos diz que os inimigos de Deus serão consumidos pelo fogo como se estivessem em um forno (Salmos 21:9-10). O fogo representava a purificação e a santidade de Deus (Isaías 6:3-7; 1 Coríntios 3:10-14). Muitas vezes, a fumaça e o fogo são usados para representar a presença de Deus. Vemos exemplos na saída do Egito e no Monte Sinai (Êxodo 13:21-22, 19:18, 20:18; Hebreus 12:18).
O Senhor fez uma aliança com Abrão. Uma aliança era um contrato, um tratado, um acordo ritual ou pacto entre duas partes. Ela vinculava formalmente duas partes em uma só relação, com base num compromisso pessoal mútuo, com consequências para a manutenção ou quebra do pacto. Aqui, Deus faz uma aliança ou promessa com a semente de Abrão, seus descendentes, e se compromete a jamais quebrá-la. A cerimônia de aliança enfatizava que a semente de Abrão receberia a terra prometida (Gênesis 15:13-16, 18-21). No mundo antigo, os sacrifícios muitas vezes eram seguidos por gestos simbólicos, como se as pessoas dissessem: "Que Deus me faça como eu fiz a este animal se eu não cumprir as exigências da aliança". Era um juramento sério. Uma vez que Deus foi o único a fazer a promessa da aliança, Ele estava invocando a maldição sobre Si mesmo caso não cumprisse Sua promessa.
“Aos vossos descendentes dei esta terra”. No antigo Oriente Próximo, os reis às vezes concediam terras ou outros presentes a súditos leais. Aqui, Deus deu terras a Abrão, Seu súdito, como posse e herança. No entanto, Abrão não tomaria posse imediata, pois ela foi possuída por seus descendentes. A posse certamente ocorreria porque Deus havia prometido e Ele tinha o poder e a integridade para cumprir o que estava prometendo. Um dos temas claros na Bíblia é que as promessas de Deus jamais falham.
A mensagem clara de Deus a Abrão era que, apesar das perspectivas de morte e sofrimento (escravidão no Egito), ele e seus descendentes acabariam recebendo as promessas, pois Deus havia jurado (Hebreus 6:13-14). Nada pode separar o povo de Deus de Seu amor ou do cumprimento de Seus planos (Romanos 8:18-39; 2 Pedro 1:3-4). Mesmo que a posse real da terra pelos descendentes de Abrão ainda estivesse centenas de anos no futuro, Deus fala desse evento no pretérito, dizendo: “Eu já dei”, enfatizando a certeza de que Suas promessas seriam cumpridas. Os mais de quatrocentos anos de espera seriam como o tempo entre fechar a compra de uma casa e se mudar e tomar posse. A posse era certa, mas ficou pendente por muitos anos.
Deus define a extensão da terra prometida: “Desde o rio do Egito até o grande rio, o rio Eufrates”. A terra prometida era de cerca de 500.000 quilômetros quadrados. O "rio do Egito" pode se referir ao Nilo. No entanto, outros acreditam que se refira ao "Wadi El-Arish" (ribeiro do Egito), um marco familiar na fronteira sudoeste de Canaã, perto do deserto do Sinai (Josué 15:4; Ezequiel 48:28; Números 34:5). O rio Eufrates marca o limite nordeste de Canaã. É interessante notar que a fronteira real da nação ainda não havia se estendido até a extensão total do que Deus prometera. Ainda que, depois de quatrocentos anos, os descendentes de Abrão tenham tomado posse parcial da terra, o cumprimento completo da promessa ainda está no futuro.
Em um nível mais profundo, esta cerimônia prenunciava a obra de Cristo e Seu sangue derramado na cruz. Nos pactos antigos, as partes em acordo com o pacto caminhavam entre os pedaços do animal desmembrado para selar o acordo, por assim dizer. Nesta cerimônia de aliança aqui participam três partes:
Deus Pai é representado pelo fogo fumegante. Quando Deus desceu ao Monte Sinai a Bíblia diz:
"Ora, o Monte Sinai estava envolto em uma fumaça, porque o Senhor desceu sobre ele em fogo; e sua fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha, e toda a montanha tremeu violentamente" (Êxodo 19:18).
A tocha flamejante parece representar Jesus. Jesus é a Luz do Mundo. Humana e biblicamente falando, Jesus era descendente de Abraão e estava em seus lombos participando da cerimônia (Hebreus 7:10). Abrão pede a Deus a garantia de que seus descendentes receberiam a terra (Gênesis 15:8). Jesus, representado pela tocha (em vez de Abraão), ao passar pelo animal do sacrifício junto com o Pai (representado pelo fogo), demonstrava que a aliança de Deus com Abrão e Seus descendentes seria eterna (Romanos 11:26-29).
Essa aliança de sangue que Deus faz em Gênesis 15 e ra tanto uma garantia da concessão da terra aos descendentes que viriam do corpo de Abraão (Gênesis 15:4), quanto um prenúncio de Jesus como Aquele que selaria uma aliança em Seu sangue, indicada na frase: "Este cálice que é derramado por vós é a nova aliança em Meu sangue" (Lucas 22:20). A nova aliança se aplica a todos os filhos espirituais de Abraão, pois Abraão é o pai de todos os que crêem (Romanos 4:11).
O versículo 17 diz que “era escuro”. O hebraico literalmente diz "espessa escuridão". Isso parece estar ligado ao fato de que a grande salvação nasceria de grandes dificuldades. Israel se tornaria uma grande nação, poderosa o suficiente para ocupar a terra, mas nasceria somente depois de quatrocentos anos de escravidão no Egito (Gênesis 15:12-14). Da mesma forma, a redenção da humanidade por Jesus, que assumiu os pecados do mundo, veio através de Seu sofrimento e crucificação, representados pelas trevas que cobriram a terra a partir da sexta hora (Mateus 27:45, Marcos 15:33, Lucas 23:44).
Há uma aplicação para cada crente nesta passagem. É pelas dificuldades e sofrimentos que temos a oportunidade de crescer na fé (Tiago 1:2-4, 12). A fé é o único caminho para conhecermos a Deus e isso nos dá a experiência e a recompensa da vida (João 17:3). Além disso, conhecer a Deus pela fé é o caminho para recebermos a maior bênção desta vida, ou seja, reinar com Cristo (Romanos 8:17b; Apocalipse 3:21).
O capítulo 15 termina com uma lista de dez habitantes pré-israelitas da terra de Canaã. Além de traçar os limites geográficos, esta é uma lista de grupos a serem desapropriados. São 27 as nações pré-israelitas que habitavam Canaã no Antigo Testamento.
Os queneus eram conhecidos como metalúrgicos e semi-nômades. Eles habitavam principalmente no sul da terra no Neguebe (Números 24:21-22; Juízes 1:16, 4:11, 17, 5:24; 1 Samuel 15:6, 27:10, 30:29; 1 Crônicas 2:55).
O nome "Quenaz" (quenezeus) aparece pela primeira vez em Gênesis 36:11 (1 Crônicas 1:36) como o neto de Esaú, chefe de um clã edomita ( Os cadmoneus aparecem apenas aqui neste versículo. Nada se sabe sobre eles além de que seu nome vem de uma raiz que significa "leste". Como são associados às tribos do sul, eles podem ter residido no Neguebe.
Os heteus eram descendentes de Hete e viviam perto de Hebrom (Gênesis 23:10). Abrão adquiriu uma caverna funerária dos heteus (Gênesis 23:10-20, 25:9). Os israelitas foram proibidos de se casar com os heteus (Gênesis 26:34-35). Urias, o heteu, serviu no exército de Davi (2 Samuel 23:39). Esaú casou-se com uma mulher dos heteus (Gênesis 27:46) e entristeceu muito a seus pais. Salomão vendeu carros a eles e até se casou com suas mulheres (1 Reis 10:29, 11:1; 2 Reis 7:6).
Os perizeus eram um dos povos que habitavam Canaã e foram destruídos por Israel (Gênesis 34:30; Josué 17:15; Juízes 1:4-5, 3:5). Seu nome significa "moradores de aldeias", em contraste com aqueles que viviam em cidades muradas (Deuteronômio 3:5).
Os refains habitavam a terra prometida antes da conquista por Israel. Eles eram conhecidos por sua extraordinária altura, ou gigantes (Gênesis 14:5, 15:20; Deuteronômio 2:11, 20, 3:11, 13; Josué 12:4, 13:12, 17:15).
Os amorreus eram uma tribo cananéia conhecida como "habitantes da montanha" (1 Samuel 7:14; 2 Samuel 21:2; 1 Reis 4:19, 9:20, 21:26; 2 Reis 21:11).
Os cananeus eram os habitantes de Canaã. Eles eram comerciantes (Gênesis 38:2; Números 21:1, 33:40; Provérbios 31:24; Zacarias 14:21).
Os girgaseus eram uma tribo nativa de Canaã (Deuteronômio 7:1; Josué 3:10, 24:11; 1 Crônicas 1:14; Neemias 9:8).
Na antiguidade, Jerusalém era chamada de Jebus (Números 13:29). Os jebuseus foram os primeiros habitantes de Jerusalém (Juízes 1:21; Josué 15:63). Uma vez que Davi ganhou o controle da cidade (2 Samuel 5:6) ela passou a ser chamada de "a cidade de Davi". Os jebuseus seriam derrotados por Israel na conquista de Canaã (Êxodo 3:8, 17).