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Significado de Habacuque 1:2-4
Habacuque expressa suas preocupações em relação à iniquidade e injustiça que prevaleciam em Judá em sua época. Ele começa seu protesto com a frase interrogativa: Até quando? A frase "até quando" indicava que uma situação vinha ocorrendo há algum tempo. Era assim na época de Habacuque. O povo de Judá ignorava às leis de Deus continuamente e o profeta não via nenhum término à vista.
Por isso, ele grita: "Até quando." A aliança do estilo Susserano-Vassalo que Israel havia firmado com Deus continha remédios específicos contra o povo da aliança caso eles abandonassem aos princípios de autogoverno e do amor ao próximo como a si mesmos, conforme prescrito nos termos da aliança, resumidos na expressão "Amar e obedecer a Deus amando a seu próximo como a si mesmo" (Leia nosso artigo sobre os Tratados de Susserania-Vassalagem). Israel deveria ser separado do mundo (ser santo) e amar ao próximo, ao invés de explorá-lo. Israel fora designado para servir na função sacerdotal, mostrando um caminho melhor às nações vizinhas (Êxodo 19:6). Se falhassem em sua tarefa, a aliança previa que eles seriam disciplinados e pereceriam na terra (Deuteronômio 8:19-20).
Habacuque, então, pergunta: "Quando o Senhor vai executar a disciplina sobre Israel e parar com essa injustiça?" Embora o profeta estivesse preocupado com o futuro de Judá, ele tinha uma visão correta de Deus. Ele não estava reclamando contra Deus ou criticando a Deus. Em vez disso, ele pedia que Deus agisse da maneira como Ele havia prometido agir. Ele leva seus fardos a Deus em oração. E, sabendo que poderia solicitar a ajuda de Deus para alívio, Habacuque dirige-se diretamente a Deus, dizendo: Até quando, Senhor, vou pedir ajuda? Habacuque desejava que Judá voltasse a ser santo e desenvolvesse sua função sacerdotal; ele estava triste ao ver a exploração do próximo no lugar do amor.
O termo traduzido como “SENHOR” aqui é o nome da aliança de Deus, Javé. Significa "O Existente" e enfatiza que tudo o que existe depende de Deus (Colossenses 1:17). Este foi o nome revelado por Deus a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3:14, 15). O profeta fala a Deus usando Seu nome de aliança, o SENHOR, para lembrá-lo de Seu relacionamento de aliança com o povo de Judá. Habacuque pertencia a Deus e dependia Dele. Ele, agora, pede a Deus que intervenha naquela situação.
O verbo traduzido como “pedir ajuda” é "šawʿâ" na língua hebraica. Muitas vezes aparece em retrospectivas sobre angústias passadas (2 Samuel 22:7; Salmos 18:6; 31:22). Em tais contextos, significa pedir a Deus que forneça ajuda em uma situação perigosa. Por exemplo, Jonas refletiu sobre suas experiências passadas no mar quando "clamou por socorro das profundezas do Seol" (Jonas 2:2). Jonas conclui: O SENHOR "ouviu a minha voz" (Jonas 2:2). No entanto, em nossa passagem, o SENHOR estava atrasando Sua justiça; por isso, o profeta diz: Até quando pedirei socorro e não ouvirás? Habacuque estava angustiado porque havia pedido a Deus que purificasse a Israel de sua injustiça, mas Deus ainda não havia agido.
O verbo “ouvir” ["shama" em hebraico] muitas vezes expressa não apenas o ato físico de ouvir, mas de responder positivamente ao que é dito. Significa ouvir atentamente ao pedido de alguém e responder favoravelmente a ele. O verbo é sinônimo de "obedecer" (Deuteronômio 6:4). Neste caso, Habacuque desejava que Deus respondesse à sua petição.
O profeta pensava que Deus não havia prestado atenção a seu pedido. Assim, ele continua seu lamento e diz: Eu clamo: 'Violência!' O verbo traduzido como “clamar” é "zāʿaq" em hebraico. Muitas vezes descrevia alguém em sofrimento agudo procurando assistência imediata (Êxodo 14:10; Números 12:13). O termo traduzido como “violência” pode ser aplicado a ações que vão desde o assassinato e estupro até a maldade e derramamento de sangue (Obadias 1:10). Assim, descreve o caos e a anarquia. Habacuque não observa uma sociedade que refletia o autogoverno, o amor ao próximo e o tratamento dos outros com respeito. Ele via o contrário. A violência era o comportamento máximo dos exploradores.
Israel afundava-se nos padrões exploradores de seus vizinhos, padrões pelos quais Deus os havia punido através de Israel. Agora, os termos da aliança demandavam que Israel sofresse o mesmo destino (Deuteronômio 8:19-20). A razão de Deus para destruir a terra pelas águas durante o tempo de Noé foi porque ela havia se enchido de violência (Gênesis 6:11). O desígnio de Deus é o de que os seres humanos vivam em harmonia, servindo uns aos outros. Sua aliança com Israel estabelecia termos que trariam tal resultado, caso observados. Habacuque testemunha a violência no lugar do amor ao próximo na terra de Judá e clama ao Senhor. Porém, como o Senhor não prestou socorro imediato, Habacuque pensava que Ele estava desatento. Conforme o profeta afirma, ainda assim Tu não salvas.
O verbo “salvar” significa libertar ou resgatar alguém de algo. O contexto determina o que está sendo resgatado de quê. Deus havia salvado Israel da escravidão ao resgatá-los das mãos do Faraó e dos egípcios "com mão poderosa e braço estendido e com grande terror e com sinais e maravilhas" (Deuteronômio 26:8). Em nossa passagem, o profeta esperava que Deus agisse rapidamente em seu favor, porque a violência estava aumentando em sua sociedade. Ele desejava que Deus resgatasse Judá da corrupção e da iniquidade e o restaurasse ao comportamento adequado da aliança, baseado na obediência a Deus e no serviço uns aos outros.
O profeta Habacuque, tendo testemunhado tal nível de iniquidade na terra de Judá, pede justiça a Deus. No entanto, Deus não providencia alívio por algum tempo. Ele não livra o povo justo dos ímpios, embora Habacuque esperasse que Ele o fizesse. O atraso levou Habacuque à angústia. Assim, ele deseja que Deus saiba quanto tempo mais ele deveria clamar por socorro sem obter uma resposta positiva. Ele sentia que sua paciência havia chegado ao fim.
A situação era horrível na época de Habacuque. Após a morte de Josias, os líderes de Judá haviam mergulhado na idolatria, persistindo na desobediência e desviando o povo de Deus. Como um homem piedoso, Habacuque imaginava que Deus não permitiria que pessoas malignas dominassem Judá. Enquanto continuava a observar a iniquidade e a injustiça em Judá, ele pergunta a Deus: Por que me fazes ver a iniquidade e me fazes olhar para a iniquidade?
O termo “iniquidade” ("ʾāven" em hebraico) é frequentemente usado na literatura profética para designar manipulações ilegais e injustiça social (Miquéias 2:1). O termo “maldade” ("ʿāmāl" em hebraico) significa problema ou malfeito. O salmista Davi emprega os termos “iniquidade” e “maldade” da mesma maneira no Salmo 55, onde ele descreve as condições que prevaleciam na cidade de Jerusalém: "Dia e noite eles a rodeiam sobre seus muros, e a iniquidade e a maldade estão no meio dela" (Salmo 55:10). O pecado específico observado por Habacuque era a destruição e a violência. Habacuque observa a exploração dos fracos, em vez do serviço a eles. Isso era uma violação total dos Dez Mandamentos e da provisão de Deus para o autogoverno e o serviço uns aos outros.
Habacuque observa a abundância de pecados em Judá e a iniquidade do povo. Ele estava angustiado porque o SENHOR, o Santo que a tudo vê e controla, permanecia inativo enquanto os ímpios triunfavam. Assim, ele declara: Sim, a destruição e a violência estão diante de mim.
Os termos “destruição” e “violência” enfatizavam a verdade de que o povo de Judá estava ficando rico através do roubo e da opressão, em vez do serviço ao próximo e trabalho duro. Atos perversos, como abusos de poder, injustiças e opressões dominavam a terra de Judá. Como resultado, as disputas eram constantes. A contenda é o oposto do autocontrole (Provérbios 15:18). Ela é similar à loucura (Provérbios 18:6). O povo de Judá brigava entre si porque havia perdido o senso de pertencimento e se tornado ganancioso. Eles não demonstravam mais o amor uns um pelos outros (Levítico 19:18). Portanto, a lei era ignorada.
O termo “lei” ("Torá" em hebraico) é usado em um sentido amplo para se referir às instruções de Deus ao Seu povo. A lei fora dada no formato dos antigos tratados de susserania e vassalagem, explicitando as bênçãos específicas para a obediência e as maldições para qualquer violação (Leia nosso artigo sobre Tratados Susserano-Vassalo).
O verbo traduzido como “ignorar” significa esfriar ou tornar-se ineficaz. Simplificando, as ordenanças de Deus tinham pouco impacto no coração das pessoas, uma vez que elas guardavam ambições egoístas e estavam focadas em servir a seus próprios apetites por meio da exploração dos outros, incluindo a violência. Pelo fato de o povo ter desrespeitado às leis de Deus, a justiça nunca era mantida. Isso implicava que os juízes proferiam julgamentos ruins. Talvez eles recebessem subornos, ou mostrassem parcialidade aos ricos e bem conectados, em violação à lei (Deuteronômio 16:19-20) porque “os ímpios cercam os justos”. Na presença de tantas pessoas más, a influência dos justos diminui.
Os ímpios em Judá eram aqueles que se aproveitavam dos outros para ganhos egoístas. Em contraste, os justos eram aqueles que tentavam ao máximo beneficiar aos outros ou ser uma bênção para eles. Em outras palavras, os justos serviam a outras pessoas, enquanto os ímpios se opunham a seu próximo. A lei da aliança de Deus exigia que os israelitas servissem uns aos outros, prometendo que a sociedade resultante seria grandemente abençoada. Em vez disso, Israel afundara em um estilo de vida explorador.
Os ímpios eram desonestos e infiéis. Cometiam atos hediondos por meio da opressão e corrupção dos tribunais. Porém, havia um remanescente justo, um grupo de pessoas fiéis ao Senhor. Elas O temiam e viviam uma vida piedosa. Infelizmente, elas tinham limitações no que podiam fazer para causar impactos positivos na vida das pessoas, porque os ímpios os cercavam e eram poderosos. Portanto, a justiça havia desaparecido.
Pessoas inocentes provavelmente haviam perdido seus direitos nos tribunais porque os juízes recebiam propina para falsificar a justiça. Os juízes haviam virado a justiça de cabeça para baixo para seu benefício. Como resultado, a lei era impotente, o caos e a anarquia prevaleciam na terra de Judá. Os fortes exploravam aos fracos. O Estado de Direito não era mais uma barreira para a maldade. Em vez de refrearem a seus apetites, eles extraíam dos outros para satisfazê-los. Isso perturbava Habacuque porque ele sabia que o SENHOR era um Deus de justiça. Ele sabia que Deus não toleraria tais atos perversos. Por isso, ele pede socorro a Deus.