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Significado de Habacuque 3:3–7
Nos versículos anteriores, Habacuque afirmara ter ouvido falar dos atos maravilhosos do Senhor no passado. Ele pede ao SENHOR que renovasse Suas obras maravilhosas entre Seu povo da aliança, para que a Terra pudesse reconhecer Seu poder, mesmo enquanto eles estivessem no exílio (vv. 1-2). Nas duas seções seguintes (vv. 3-7 e vv. 8-15), o profeta fornece uma descrição detalhada do relato que ouvira. Essas duas seções parecem ser um reflexo da grande libertação de Israel da escravidão no Egito.
Ao refletir sobre as atividades de Deus, Habacuque afirma: Deus vem de Temã, e o Santo do Monte Parã. O termo “Deus” usado aqui não é a palavra mais comum "Elohim". É "ʾĕlôah", um termo relativamente raro que enfatizava Deus como o Criador do universo (Deuteronômio 32:15). O termo "ʾĕlôah" é paralelo à frase “Santo” na segunda linha, enfatizando a separação e a autoridade de Deus sobre Sua criação, bem como a separação de todo o mal.
De acordo com Habacuque, Deus vem de Temã e do Monte Parã. O lugar chamado Temã era uma designação geográfica que geralmente significava "sul" (Êxodo 26:18). Era considerada a principal cidade de Edom. No livro de Obadias, Temã é usado como sinônimo de Edom (Obadias 1:9). Como Temã significava "sul" (Êxodo 26:18), provavelmente estava no extremo sul de Edom (Amós 1:12).
O lugar chamado Monte Parã era uma montanha localizada no deserto de Parã, ao sul da Terra Prometida. Foi o primeiro local onde os israelitas acamparam depois de deixarem o Monte Sinai "no segundo ano, no segundo mês, no vigésimo do mês" (Números 10:11-13). Era o lugar onde o SENHOR se levantou em toda a Sua glória como o sol brilhante sobre os israelitas durante sua jornada pelo deserto (Deuteronômio 33:2). Era também o lugar onde Ismael habitou (Gênesis 21:21). Ismael era filho de Abraão com Agar (Gênesis 16:4). Talvez essa referência geográfica remeta ao poder de Deus para libertar a Israel do Egito, confiando que Seu poder e amor por Israel ainda eram os mesmos.
Após indicar o local de onde o Senhor viria, Habacuque acrescenta a palavra "selá". O termo “selá” ocorre em apenas dois livros da Bíblia: Salmos e Habacuque. Ocorre frequentemente em todo o livro de Salmos (cerca de 71 vezes) e três vezes no terceiro capítulo de Habacuque. É provavelmente um termo musical que indica um descanso para os cantores ou músicos que executavam a canção. Cada vez que um músico tocava uma música nos tempos antigos, ele parava quando via a palavra "selá". Talvez os antigos israelitas interrompessem a canção ao ver o termo selá para refletir sobre o significado do que haviam acabado de ouvir ou ler, elevando seus corações em adoração e louvor a Deus por Sua verdade.
Quando Deus entra em cena, Seu esplendor cobre os céus. O termo traduzido como “esplendor” é "hôdh" em hebraico. Refere-se à magnífica aparição de Deus; Sua manifesta presença e glória como vista pelos homens. O esplendor de Deus se manifesta em Seu senhorio na criação e na história. Ele é "revestido de esplendor e majestade" (Salmo 104:1). Por causa do poder majestoso de Deus, a terra está cheia de Seu louvor. Isso significa que a majestade e a honra de Deus fazem com que as pessoas em toda a terra respondam a Ele com louvor (Isaías 60:18). Isso nos lembra da manifestação da presença de Deus no fogo e na chama quando Ele ia diante de Israel (Êxodo 13:21).
O esplendor do SENHOR estava ativo e visível em Sua vinda: Seu brilho é como a luz do sol, o que significa que Ele brilhava de forma impressionante. Além disso, Ele tem raios brilhantes em Suas mãos. A palavra hebraica traduzida como “raios” também pode se referir a chifres, simbolizando poder e força (1 Samuel 2:10; 16:13). Embora esses raios brilhassem nas mãos de Deus, há a ocultação de Seu poder. O brilho de Seu esplendor ocultava Seu poder, assim como o brilho do sol esconde o próprio sol.
Isso pode se referir ao fato de que o poder de Deus estava sendo manifestado através do arbítrio humano. Uma mera observação humana poderia dizer: "Os babilônicos conquistaram Judá". Porém, na realidade, aquele evento era o brilho de Deus que revelava Sua glória, ocultando Seu poder. Assim, o espectador veria a glória e o julgamento de Deus, mas não O reconheceria como poderoso sem que tivesse discernimento espiritual. É claro que Sua revelação permitiria que qualquer um que estivesse disposto a obter tal insight espiritual o tivesse.
Enquanto Habacuque relatava essas imagens que refletiam a manifestação de Deus após a libertação de Israel e julgamento do Egito, essa mesma imagem do poder de Deus vinha em direção a Israel para trazer julgamento sobre seus comportamentos semelhantes aos dos egípcios.
Quando o SENHOR avança em Seu juízo, Ele usa as forças naturais para demonstrar Seu poder: Diante Dele vai a peste, e a praga vem depois Dele. O termo “peste” ("debher" em hebraico) denota doenças epidêmicas fatais que frequentemente atingiam aos homens e aos animais domésticos (Êxodo 9:3; Jeremias 27:13). O termo “praga” é "resheph" em hebraico. Como o termo peste, denota desastres mortais contagiosos. Em Deuteronômio, Deus a listou como uma das consequências da desobediência à aliança com a qual Seu povo havia concordado. Era uma provisão com a qual Israel havia concordado caso desobedecessem às leis da aliança (Deuteronômio 32:24). Deus também julgou ao Egito com pestes (Êxodo 8-10; Deuteronômio 8:19-20).
Na medida em que o SENHOR avançava com todo o Seu poder e glória, Ele se levantou e examinou a Terra. Isso significa que ele parou para avaliar a situação, antes de atacar ao inimigo. Depois de Seu exame minucioso, Ele olhou e assustou as nações, o que significa que Ele as assustou e as fez tremer. As nações estavam em pânico quando o Deus Todo-poderoso fez a terra tremer, mover-se de uma direção para outra. Sim, as montanhas perpétuas foram destruídas e as colinas antigas desabaram. Isso pode se referir à conquista de Judá pela Babilônia, quando as outras nações tremeram, perguntando-se se seriam as próximas a cair. Porém, também pode se referir à queda da Babilônia, como Deus havia previsto em Habacuque 2:8. A queda inesperada de um império tão poderoso naturalmente faria outras nações tremerem.
As montanhas e colinas simbolizavam estabilidade, durabilidade e segurança (Deuteronômio 33:15). Elas eram os "alicerces duradouros da terra" (Miquéias 6:2; 1 Crônicas 16:30). Porém, o poder de Deus causou uma inversão da ordem. Diante Dele, as montanhas se despedaçaram e as colinas antigas desabaram. Embora as montanhas e as colinas pudessem parecer estáveis e imutáveis, elas eram como mero vapor diante de Deus. De fato, Deus é incomparável. Só Ele é verdadeiramente permanente. Ele continua o mesmo. Seus caminhos são eternos e Suas ações são sempre consistentes com Seu caráter. Os seres humanos tendem a considerar o que observam no mundo como permanente, porém apenas Deus é permanente. Este mundo perecerá e será substituído por uma nova terra (2 Pedro 3:13).
Quando Habacuque olha para o sul, de onde o SENHOR estava vindo, ele nota os efeitos da presença do SENHOR em dois grupos de pessoas. Usando duas linhas paralelas, ele diz: Vi as tendas de Cusã em perigo, as cortinas das tendas da terra de Midiã tremiam. O profeta usa o pronome na primeira pessoa para se referir a si mesmo ao descrever o que viu. O verbo traduzido como “vi” lembra o leitor da visão profética que Habacuque tivera no capítulo anterior. Deus havia dado uma visão ao profeta e o instruiu a registrá-la para que qualquer um "que a leia possa correr" (Habacuque 2:2).
Portanto, enquanto o profeta refletia sobre a visão, ele viu as tendas de Cusã sob aflição. As tendas de Cusã referem-se às pessoas que nelas habitavam, não às tendas em si. Da mesma forma, as cortinas de tenda da terra de Midiã referem-se ao povo de Midiã que vivia nelas. Midiã era a casa de Jetro, sogro de Moisés. Foi a terra onde Javé apareceu a Moisés na sarça ardente e revelou Seu nome (Êxodo 3:1-2). No momento em que este artigo é escrito, a área de Midiã é a mais antiga evidência arqueológica conhecida do nome "Javé".
O lugar chamado Cusã é provavelmente um nome para um subgrupo de midianitas. É provável que estivesse localizado nas proximidades de Edom e Midiã, ao sul e sudeste do Mar Morto (veja o mapa ao lado). A terra de Midiã era uma região a sudeste de Israel colonizada pelos descendentes de Midiã, um dos filhos de Abraão (Gênesis 25:2).
Segundo o profeta, o Senhor viria do sul. Habacuque prevê o caminho que o SENHOR tomaria ao vir de Seu monte santo para julgar a Israel. Os babilônicos atacaram Israel pelo norte. Portanto, esta descrição de Deus vindo do sul provavelmente se refira ao julgamento divino de Deus. Conforme estabelecido nos dois primeiros capítulos, o julgamento divino de Deus seria derramado sobre Judá através da invasão dos babilônicos. Portanto, Seu julgamento seria derramado sobre os caldeus/babilônicos.
Ao passar pelo povo de Cusã e Midiã, eles tremeriam de terror. Isso pode se referir ao povo de Cusã e Midiã que tremeu quando Deus conduziu Israel do Egito. Da mesma forma, as nações que observavam a mão soberana de Deus se movendo tremeriam com as ramificações dos poderosos impérios sendo derrubados. Elas poderiam ver a mão soberana de Deus e arrepender-se de suas más ações (Habacuque 2:4).