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Significado de Oséias 8:1–7

O SENHOR anuncia julgamento sobre Israel porque ela O rejeitou, bem como às Suas leis da aliança. Israel colherá o que semear e incorrerá nas consequências de seu comportamento, conforme explicitado em seu acordo de aliança com Deus.

O Deus Susserano abre este capítulo com uma convocação abrupta de soar o alarme: Coloque a trombeta em seus lábios! (v. 1). O verbo “colocar” não está aparece texto hebraico, mas pode ser fornecido para dar sentido à frase. A ausência de um verbo imperativo demonstra que o chamado era bastante urgente e exigia ações imediatas. A palavra hebraica para “trombeta” na frase “Coloque a trombeta em seus lábios é "shofar" e é frequentemente usada no Antigo Testamento como um dispositivo de sinalização feito a partir de um chifre de carneiro, visando reunir o povo à ação (Juízes 3:27; 6:34Neemias 4:18-20). Como em Oséias 5:8, o soar da trombeta aqui é um sinal de perigo iminente. Como tal, servia para colocar os israelitas em movimento (Amós 3:6).

Tendo posto o povo em movimento, Deus lhes diz que o inimigo vem contra a casa do SENHOR (v. 1). A frase “casa do SENHOR” refere-se à terra de Israel, que o SENHOR deu ao Seu povo da aliança. O Deus Susserano usaria uma nação inimiga (a Assíria) como ferramenta para realizar Seu julgamento sobre Seu povo do pacto. O inimigo invadiria Israel como uma águia que rapidamente desce e captura sua presa (Deuteronômio 28:49).

A razão para o julgamento de Deus sobre os israelitas era porque eles transgrediram  Sua aliança e se rebelaram contra Sua lei (v. 1). Transgredir à aliança de Deus significava quebrar ativamente seus termos, ir além das normas e princípios que Deus havia estabelecido. Da mesma forma, rebelar-se contra as leis de Deus era levantar-se em oposição a Seus preceitos. Embora ambos os tipos de desobediência fossem paralelos, eles se reforçavam mutuamente. Juntos, eles mostravam o comportamento perverso de Israel como quebradores da alianças.

Deus havia estabelecido Sua aliança com Israel para que eles aprendessem a viver de maneira autônoma, gerando benefícios mútuos e colaboração uns com os outros. O foco principal da lei da aliança de Deus com Israel foi resumido por Jesus no amor a Deus com todo o ser e amor ao próximo como a si mesmos (Mateus 22:37-40). A maneira de agradar a Deus é seguir Seus mandamentos, crendo que eles são para o nosso bem. Os mandamentos de Deus são para o nosso bem (Deuteronômio 10:13). Quando deixamos de lado o egoísmo e a ganância e amamos aos outros como amamos a nós mesmos, nossas comunidades prosperam. Em vez disso, Israel havia se afundado e seguido às culturas pagãs de exploração, levando-os ao engano e à violência (Oséias 4:2).

A obediência de Israel às leis do pacto teria feito com que Deus os elevasse "acima de todas as nações da terra" (Deuteronômio 28:1). Eles teriam desfrutado de um privilégio especial de andar em comunhão com Deus e uns com os outros, e representá-Lo na terra como um "reino de sacerdotes" (Êxodo 19:5). Eles tiveram a oportunidade de mostrar a outras nações ao caminho mais elevado  do autogoverno e da cooperação mútua para se produzir uma sociedade superior. Porém, Israel perdeu essa oportunidade. O povo havia se rebelado contra Deus e Suas leis. Decidiram seguir a seus próprios apetites.

A rebelião de Israel contra Deus tomou várias formas, uma das quais foi a adoração hipócrita. Eles clamavam a Ele, dizendo: Meu Deus, nós te conhecemos! (v. 2). Mas, na verdade, eles não conheciam a Deus, porque suas palavras não combinavam com suas ações. Israel professava conhecer a seu Deus, mas eram apenas palavras. Conhecer a  Deus é seguir Seus caminhos. O apóstolo Paulo afirma que conhecer a Jesus era sua principal prioridade e algo pelo qual ele havia suportado a perda de todos os bens terrenos:

"Mais do que isso, considero todas as coisas como perdas, tendo em vista o valor superior de conhecer Cristo Jesus, meu Senhor, por quem sofri a perda de todas as coisas" (Filipenses 3:8a).

Jesus orou a Seu Pai para que Seus seguidores O conhecessem e ao Pai, porque isso leva às maiores bênçãos na vida (vida eterna) (João 17:3). Conhecer a Deus pela fé é a maior oportunidade que temos nesta vida, através do que alcançamos a justiça, com base na fé, de que os caminhos de Deus são para o nosso bem (Filipenses 3:8-11). Israel inicialmente se disponibilizou para buscar esse objetivo, mas aparentemente estavam apenas tratando a Deus como um de seus ídolos pagãos. Eles desenvolviam seu culto e diziam as palavras certas a fim de apaziguar e manipular a Deus, buscando cumprir Suas ordens, mas não criam que Seus caminhos eram para o seu bem. Por isso, não os seguiam.

Ao escolher seguir a seus próprios apetites e buscar o que era melhor aos seus próprios olhos, em vez de confiar que os caminhos de Deus eram a melhor escolha, Israel rejeitou o bem (v. 3). Deus deu Sua lei a Israel "para o seu bem". (Deuteronômio 10:13). Deus fez as leis morais do mundo, assim como fez as leis físicas. Assim, Deus conhece o princípio da causa e efeito, porque Ele o criou; Ele sabe o que funciona. Ele estabeleceu em Seus mandamentos como as coisas devem funcionar e os tipos de comportamentos que fazem florescer uma sociedade. Em resumo, quando cada pessoa decide, de livre e espontânea vontade, que é melhor tratar aos outros como eles desejam ser tratados (Levítico 19:18). O amor genuíno é uma escolha. Quando uma sociedade está cheia de ações amorosas, ela prospera.

Porém, o povo da aliança de Deus rejeitou ao mandamento de Deus de se amar uns aos outros. Eles rejeitaram cuidar dos pobres, executar a justiça com imparcialidade e andar em humildade e serviço uns aos outros (Amós 5:14, 15). Tais qualidades teriam permitido que Israel continuasse a viver na presença de Deus e desfrutasse de Suas bênçãos (Amós 5:14). No entanto, Israel tinha feito exatamente o contrário. Eles haviam rejeitado tudo o que era realmente bom. Em vez disso, buscaram algo que parecia bom, mas na verdade os levava à morte (1 João 2:15-17; Romanos 6:23Gálatas 6:8).

Consequentemente, como resultado da rejeição de sua aliança com Deus, as provisões para a violação da aliança seriam aplicadas (Deuteronômio 28:15-68). Uma delas é que o inimigo os perseguirá (v. 3). Deus usaria um adversário como Seu instrumento de julgamento para perseguir e derrotar a Israel (Deuteronômio 28:45, 49).

Tendo descrito em termos gerais como Israel havia transgredido Sua aliança (vv. 1-3), o SENHOR passa a dar ilustrações específicas sobre tais pecados: eles criaram reis, mas não por Mim; Eles nomearam príncipes, mas eu não sabia disso (v. 4). Este versículo parece se referir à turbulência política ocorrida após a morte do rei Jeroboão II em Israel em 753 a.C. Durante esse tempo, Israel teve seis reis e quatro deles foram assassinados (2 Reis 15:8-31). Em vez de buscar a nomeação de reis pelos profetas de Deus, os reis e príncipes estavam sendo escolhidos por meio da violência e da intriga. O reino do norte (Israel) rejeitou a autoridade de seu Deus Susserano. Portanto, a nação caminhava para a destruição.

É digno de nota dizer que a nomeação dos reis e príncipes de Israel sem consultar a Deus era uma clara violação de Seu mandamento. No livro de Deuteronômio, por exemplo, Moisés diz ao povo: "Quando entrardes na terra que o Senhor, vosso Deus, vos der, e a possuirdes e nela viverdes, e nela disserdes: 'Colocarei sobre mim um rei como todas as nações que estão ao meu redor', certamente porás um rei sobre ti, a quem o Senhor, teu Deus, escolher" (Deuteronômio 17:14-15). Porém, nos dias de Oséias, esse mandamento havia sido completamente ignorado.

Ao longo do Antigo Testamento, vemos que o SENHOR sempre quis proteger e preservar Israel por causa de Seu relacionamento de aliança com eles. Qualquer rei escolhido para governar deveria confiar em Deus para obter direções claras e sabedoria. E, como resultado, o rei israelita era diferente dos reis das outras antigas nações do Oriente Próximo, que multiplicavam cavalos e prata para si, às custas do povo (Deuteronômio 17:14-17). Em vez disso, o rei aprendia a temer ao SENHOR e servir ao povo. Porém, este não era o caso nos dias de Oséias. Parece que os reis não apenas não consultavam a Deus, como se nomeavam a si próprios; assassinos se tornavam novos reis (2 Reis 15:10, 14).

De fato, os israelitas foram tão rebeldes contra a aliança com Deus que, com sua prata e ouro, fizeram ídolos para si mesmos (v. 4), violando assim o segundo dos Dez Mandamentos (Êxodo 20:4; Deuteronômio 5:8). Como a prata e o ouro simbolizavam riquezas (Oséias 2:8), o SENHOR os usa como exemplos para demonstrar como os ricos de Israel viviam em abundância durante os dias de Oséias.

E é por causa de sua abundância ou prosperidade que eles haviam se esquecido do SENHOR, seu Deus. Assim, ao invés de agradecerem a Deus por todas as riquezas que Ele lhes dera, o povo usava sua prata e ouro para fabricar ídolos, objetos feitos pelo homem que muitas vezes estavam ligados aos cultos de fertilidade (Levítico 18:21, 2 Reis 23:10). Para piorar as coisas, a multiplicação de suas riquezas vinham através da exploração dos pobres pelos ricos (Amós 4:1).

Portanto, a desobediência e a loucura dos israelitas os levaram ao seu próprio fim. Eles fizeram ídolos para si mesmos para que pudessem ser cortados (v. 4). Estava claro na aliança de Deus com Israel que a adoração aos ídolos e a subscrição às culturas pagãs de exploração e busca do prazer sexual às custas dos outros era uma clara violação do acordo da aliança (Deuteronômio 27:14-15).

O SENHOR, agora, usa um jogo de palavras para dizer a Israel que, assim como eles haviam rejeitado aos bons (v. 3) e buscado aos ídolos, Ele rejeitou a seu bezerro, ó Samaria (v. 5). Samaria era a capital do reino do norte. Aqui, entretanto, é provável que a palavra seja usada para referir-se ao reino do norte como um todo, como é frequentemente o caso, uma vez que não há indicação de que um bezerro de ouro tenha sido estabelecido na capital Samaria naqueles dias.

Se esse entendimento estiver correto, então o bezerro em vista provavelmente tenha sido um daqueles produzidos em Betel e Dã pelo rei Jeroboão I de Israel (1 Reis 12:29; Oséias 10:5). A justificativa de Jeroboão para fabricar esses bezerros no norte (Dã) e no sul (Betel) do reino de Israel era a de impedir que seu povo fizesse uma peregrinação a Jerusalém para adorar, para que não entregassem sua lealdade à Casa de Davi (1 Reis 12:26-27). Por isso, Jeroboão colocou dois bezerros para adoração, dizendo: "Eis os vossos deuses, ó Israel, que vos trouxeram da terra do Egito" (1 Reis 12:28).

Então, falando pessoalmente contra os habitantes do reino do norte, o SENHOR declara: Minha ira arde contra eles (v. 5). O comportamento idólatra de Israel fez com que Deus ficasse furioso. Ele estava descontente com Seu povo do pacto porque eles repetidamente ignoravam Suas leis, escolhendo o pecado e sua própria destruição.

Seus fracassos levaram Deus a perguntar: Até quando eles serão incapazes de inocência? (v. 5). A palavra “inocência” também pode ser traduzida como "limpeza" e refere-se à qualidade de ser moralmente correto ou irrepreensível. Israel não parecia ter a capacidade de andar na pureza moral. Naquele momento, eles eram incapazes de andar em inocência. A pergunta de Deus quanto ao tempo no qual Israel seria incapaz indica que tal incapacidade de fazer o bem era uma escolha intencional deles.

Faltava inocência em Israel nos dias de Oséias. Portanto, a pergunta foi feita para destacar a verdade de que Israel havia sido rebelde e culpado por muito tempo. Também destaca o fato de que Deus, havia muito, desejava ver mudanças em Israel. Porém, eles não tinham retidão porque havia rejeitado o bem (v. 3). Eles praticavam o mal continuamente.

A culpa de Israel foi demonstrada por seu ídolo-bezerro: Pois Israel é mesmo isso! Um artesão a fez, então não é Deus (v. 6).

Em todo o Antigo Testamento, os ídolos eram considerados nada além de objetos feitos pelo homem, sem nenhum valor. Em Deuteronômio, Moisés diz ao povo que os ídolos (deuses) eram "obra das mãos do homem, madeira e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram" (Deuteronômio 4:28; Salmos 115:5). Em Isaías, Deus destaca a loucura dos humanos ao cortar uma árvore e usar metade como lenha para cozinhar suas refeições e a outra metade para construir um ídolo, dizendo: "Livrai-me, pois tu és o meu deus" (Isaías 44:17). Isso infere que os humanos sabem que esses ídolos são meras criações. Porém, eles abraçam a crença devido ao seu desejo de viver na ilusão de que controlam o poder sobrenatural a quem farão seus pedidos.

Esta falsa ilusão de controle alimenta uma perspectiva egocêntrica que leva à exploração dos outros. E isso afasta diretamente as pessoas do amor ao próximo e do serviço comunitário. Em vez disso, tal atitude fomenta a exploração e a violência.

Tais ídolos seriam destruídos por Deus no momento apropriado. Ele declara tal destruição nesta passagem: Certamente o bezerro de Samaria será quebrado em pedaços (v. 6). Jeremias, mais tarde, ecoa esse sentimento ao afirmar: "Todo ourives deve ser envergonhado por seus ídolos. Porque as suas imagens derretidas são enganosas, e nelas não há sopro" (Jeremias 10:14).

Israel havia escolhido viver no engano, como se os ídolos estivessem vivos e tivessem poder. Curiosamente, é provável que a Assíria tenha quebrado os ídolos para derretê-los. Deus usou a Assíria como Seu instrumento, embora Deus mais tarde julgue a Assíria por sua brutalidade (Naum 1:1, 14).

As consequências do comportamento e das ações perversas de Israel são aqui representadas sob o imaginário do plantio e da colheita: Pois eles semeiam o vento e colhem o redemoinho (v. 7). A expressão “semear o vento” pinta o quadro de sementes sendo jogadas das mãos de alguém, depois levadas pelo vento, em vez de caírem na terra e plantadas no solo, onde podem brotar e produzir uma colheita. Semear o vento é fazer um plantio sem sentido que não irá produzir benefício produtivo algum (Provérbios 11:29).

O termo traduzido como “redemoinho” se refere aos ventos fortes (Salmo 55:8), como os tornados (Jeremias 23:19) ou tempestades destrutivas (Jó 27:20; Ezequiel 13:11). Simboliza algo tumultuado ou rápido. Fala em elevação da destruição. Interpretado como tal, este proverbial ditado mostra que as escolhas de Israel haviam criado consequências naturais. Eles haviam escolhido a exploração e a violência (Oséias 4:2) e isso agora se transformaria em uma torrente de destruição.

Como Israel não fazia esforço algum para buscar a Deus e buscar o bem (para si mesmos), eles cairiam sob o julgamento destrutivo de Deus (Isaías 29:6). Este princípio também é ilustrado no livro de Gálatas, onde Paulo afirma:

"Tudo o que um homem semear, isso ele também colherá. Pois aquele que semeia à própria carne colherá da carne, mas aquele que semeia ao Espírito colherá do Espírito a vida eterna" (Gálatas 6:7-8).

Uma parte substancial do julgamento prometido por Deus por não obedecerem ao pacto são as consequências naturais das escolhas. Israel havia escolhido a exploração e a violência. Agora, colheria uma torrente de exploração e violência.

Continuando com o imaginário agrícola, o SENHOR declara: O grão em pé não tem cabeça (v. 7). Nesta imagem de palavra, a semente que chega ao solo cresceu apenas até os talos, mas não há grão nele, não há benefício produtivo. As sementes que Israel plantava resultavam em caules que não produziam grãos (v. 7). Escolher comportamentos de exploração e violência é como semear ao vento, ou plantar sementes que não dão frutos. O fruto social da exploração e da violência é a destruição e a decadência.

Mesmo que a semente produzisse uma safra com grãos, ela seria explorada por outros. Em uma sociedade de exploração, o trabalho produtivo é extraído por outros: se rendesse, estranhos o engoliriam (v. 7).

Nações estrangeiras invadiriam a terra de Israel para comer seus grãos. Como Israel se voltou à idolatria pagã e ao estilo de vida explorador que fluía dele, Deus os entregaria aos exploradores. Esta é uma aplicação na Terra de um princípio do Sermão da Montanha:

"Porque, do modo como julgais, sereis julgados; e pelo seu padrão de medida, sereis medidos" (Mateus 7:2).

Este versículo de Mateus diz que todos seremos julgados pela forma como julgamos aos outros. O corolário é que seremos tratados da mesma forma como tratamos aos outros. Israel havia escolhido um caminho de exploração e violência (Oséias 4:2). Portanto, agora, eles seriam submetidos à exploração e à violência nas mãos da Assíria. Todos os esforços de Israel seriam inúteis, porque eles se afastaram do Senhor, aquele de onde fluem todas as bênçãos.

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