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Isaías 7:10-13 explicação

Isaías 7:10-13 descreve como o SENHOR graciosamente convida Acaz a pedir um sinal, oferecendo—lhe a liberdade de pedir qualquer coisa tão alta quanto os céus ou tão profunda quanto o Sheol. No entanto, Acaz recusa sob o pretexto de humildade, mascarando sua falta de fé com linguagem religiosa. Em resposta, Isaías o repreende severamente, expondo sua rejeição à palavra de Deus não apenas como um fracasso pessoal, mas como um cansaço para o próprio Deus.

Em Isaías 7:10-13, o profeta questiona a falta de fé de Acaz em Deus. Esta é uma continuação da conversa profética entre o SENHOR e o rei Acaz de Judá, que teve começo quando Deus enviou Isaías para transmitir uma mensagem ao rei (Isaías 7:3). Esta é uma introdução e estabelece o contexto para a próxima seção, Isaías 7:14, que contém uma das profecias mais notáveis sobre o Messias — Seu nascimento virginal.

Os inimigos de Acaz — o rei Rezim da Síria e Peca, filho de Remalias, rei de Israel/Efraim — uniram—se contra Acaz, rei do reino do sul, Judá (Isaías 7:1). Esses inimigos estavam acampados na fronteira e se preparavam para sitiar Jerusalém e instalar "o filho de Tabeel como rei no meio dela" (Isaías 7:6).

Rezim e Peca infligiram grandes danos a Judá — capturando sua cidade portuária de Elate, que se conectava ao Mar Vermelho (2 Reis 16:6), matando 120.000 combatentes e capturando 200.000 prisioneiros (2 Crônicas 28:6-8). Acaz havia perdido seu próprio filho e também seu conselheiro de confiança, ambos mortos nesses conflitos (2 Crônicas 28:7).

Quando Acaz e a casa de Davi ouviram que Rezim e Peca estavam acampados contra ele, com os olhos postos em Jerusalém, o coração do rei e o coração do povo ficaram cheios de medo (Isaías 7:2).

O SENHOR enviou Seu profeta Isaías para ir a Acaz e trazer seu filho pequeno — cujo nome significava "um remanescente retornará" — para lhe dar uma mensagem de conforto e esperança. Isaías disse ao rei que a conspiração de Rezim e Peca para derrubá—lo e à casa de Davi "não subsistirá, nem acontecerá" (Isaías 7:7).

Acaz não seria derrubado por eles e a casa de Davi permaneceria. O SENHOR não permitiria que isso acontecesse, não por causa de Acaz, mas por causa de Sua promessa a Davi, de que sua casa e seu reino durariam para sempre (2 Samuel 7:16, Lucas 1:32-33). Isso era incondicional — pois "a palavra do nosso Deus subsistirá para sempre" (Isaías 40:8b).

Mas o SENHOR também deu a Acaz a oportunidade de se tornar grande — se ele confiasse em Deus e acreditasse nas promessas proféticas de Isaías. O profeta advertiu Acaz de maneira firme: "Se o não crerdes, não haveis de permanecer" (Isaías 7:9). No contexto, isso provavelmente significava que o nome de Acaz perduraria e perduraria se ele demonstrasse fé no SENHOR durante esse período perigoso, mas se não confiasse em Deus, ele iria se tornar mais um rei esquecível.

O rei Acaz não confiava no SENHOR nem em Suas promessas.

Em vez disso, Acaz confiou em Tiglate—Pileser, rei da Assíria,

“Acaz enviou mensageiros a Tiglate—Pileser, rei da Assíria, para lhe dizer: Eu sou teu servo e teu filho; sobe e livra—me das mãos do rei da Síria e das mãos do rei de Israel, os quais se levantam contra mim.”
(2 Reis 16:7)

Acaz também tomou ouro e prata do templo para oferecer como tributo (2 Reis 16:8). Acaz não confiava no SENHOR e em sua promessa de sustentar a casa de Davi. Embora fosse filho de Davi, Acaz buscou tornar—se "filho" de Tiglate—Pileser por meio de um tratado entre suserano e vassalo. Acaz valorizava a proteção de um rei pagão acima da proteção e das promessas do SENHOR. Isso foi uma rejeição vergonhosa do SENHOR e um desrespeito à sua identidade como legítimo governante de Judá, como filho de Davi.

De novo, falou Jeová com Acaz… (v. 10).

As palavras "falou" e "de novo" indicam algum tipo de pausa entre o que foi dito em Isaías 7:4-9 e o que estava prestes a ser dito (Isaías 7:10-16). Não sabemos quanto tempo durou essa pausa.

Essa pausa poderia ter sido um momento não registrado em que Acaz considerou e então dispensou Isaías. Essa pausa poderia ter durado mais tempo, de vários dias, durante os quais Acaz poderia ter ponderado as garantias e advertências proféticas de Isaías, tomado sua decisão sobre em quem confiaria seu futuro e enviado seus mensageiros a Tiglate—Pileser.

Em ambos os casos, o que o Senhor falou a Acaz foi uma continuação do que Ele já havia falado ao rei assustado, por meio de Isaías.

Foi isto que o Senhor disse quando falou novamente a Acaz, rei de Judá:

Pede a Jeová, teu Deus, um sinal embaixo nas profundezas, ou em cima, nas alturas (v. 11).

Seria de se esperar que Deus punisse Acaz por sua maldade e falta de fé. Mas Deus foi paciente com seu rei infiel. O SENHOR, misericordiosamente, deu a Acaz a chance de reconsiderar a quem confiaria a proteção de seu reino. E Deus, graciosamente, convidou Acaz a pedir qualquer sinal que tranquilizasse seu coração cético, para que cresse em Sua palavra.

Deus praticamente não estipulou um limite ao sinal que Acaz poderia pedir. Jeová disse a Acaz que ele poderia fazê—lo tão fundo quanto as profundezas, ou em cima, nas alturas.

Sheol é o lugar dos mortos. É considerado profundo.

As alturas pode se referir tanto ao firmamento quanto ao reino espiritual onde Deus vive. As profundesas são o oposto das alturas, assim como o Céu é o oposto de Sheol. É considerado como algo acima, e não profundo. E é um lugar de vida pura e perfeita, e não o lugar dos mortos.

No contexto, a oferta do SENHOR para que Acaz pedisse a Deus um sinal tão alto quanto as alturas poderia se referir ao céu e ao reino espiritual, ou a ambos.

O SENHOR não costuma convidar as pessoas a testá—Lo pedindo—Lhe um sinal. Na verdade, Deus proíbe colocar o SENHOR à prova (Deuteronômio 6:16). Mas neste caso, para Acaz, o SENHOR abriu uma exceção e o convidou a testar Deus e a verdade da Sua palavra com um sinal.

E notavelmente, Deus até deixou Acaz determinar qual seria esse sinal e o SENHOR o faria mesmo que fosse tão profundo quanto o Sheol ou nas alturas quanto o céu.

Apesar desta oferta incrível do SENHOR, Acaz não quis pedir um sinal a Deus.

Respondeu, porém, Acaz: Não pedirei, nem tentarei a Jeová (v. 12).

A razão implícita para Acaz não querer pedir um sinal a Deus era que, quando Deus o concedesse, Acaz seria obrigado a crer e a seguir a Deus. E Acaz não queria ser responsabilizado. Isso pode ter ocorrido porque Acaz não queria abrir mão dos prazeres que a idolatria lhe permitia desfrutar. Ou Acaz pode ter escolhido rejeitar a oferta de Deus porque seu coração estava contra Deus; ele pode já ter depositado suas esperanças no rei Tiglate—Pileser da Assíria.

Em ambos os casos, esta foi uma recusa ousada e direta da oferta do SENHOR e foi como se Acaz estivesse mentindo diretamente na cara do SENHOR.

Acaz rejeitou a Deus com a hipócrita desculpa de seguir os mandamentos do SENHOR. Sua rejeição pode ter sido feita com falsa humildade: "Não me cabe quebrar os mandamentos do SENHOR e pôr Deus à prova. Jamais farei tal coisa." (Embora o SENHOR tenha ordenado especificamente a Acaz que O testasse pedindo um sinal).

Mas Deus viu através do coração e das intenções perversas de Acaz, pois, como o Rei Salomão observou a respeito do SENHOR em oração: “Pois tu, só tu, conheces os corações de todos os filhos dos homens” (1 Reis 8:39). O salmista escreveu quase como se estivesse escrevendo sobre o idólatra Rei Acaz:

“Se nos esquecemos do nome do nosso Deus
Ou estendemos as nossas mãos a um Deus estranho,
Porventura, Deus não há de esquadrinhar isso?
Pois ele conhece os segredos do coração.”
(Salmo 44:20-21)

O rei Acaz pode ter sido capaz de enganar e explorar os homens e escapar temporariamente impune, mas não seria capaz de enganar a Deus. O profeta do Senhor, Isaías, repreendeu Acaz por sua traição.

Disse Isaías: Ouvi, agora, ó casa de Davi; porventura, não vos basta fatigardes aos homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus? (v. 13).

Os tradutores da versão TB decidiram retirar o pronome "ele" deste versículo, que em outras versões se referem ao SENHOR, para mostrar como o SENHOR (ainda) falava com Acaz por meio de Isaías, o profeta do SENHOR. O SENHOR respondeu, por meio de Isaías, à recusa hipócrita de Acaz em pedir— Lhe um sinal com uma repreensão na forma de uma pergunta retórica.

Vale a pena notar que a repreensão e a pergunta do SENHOR não são dirigidas apenas a Acaz, mas sim a toda a casa de Davi. Antes de começar a pergunta, Deus diz: "Ouvi, agora, ó casa de Davi". Isso pode inferir que Acaz havia conferido com sua administração, incluindo seus herdeiros, antes de dar sua resposta, o que indica que ele não confiará no SENHOR.

A pergunta retórica de Deus é: É algo muito insignificante para vocês testarem a paciência dos homens, para que vocês também testem a paciência do meu Deus?

O pronome — meu — refere—se a algo que Isaías esta dizendo, o profeta do SENHOR. Isaías estava falando com Acaz e se refere ao SENHOR como meu Deus e não teu Deus, como fez no versículo 10. A mudança no pronome de teu para meu mostra como a recusa de Acaz ao convite do SENHOR para pedir— lhe um sinal foi uma rejeição do SENHOR como seu Deus. O SENHOR não é o Deus de Acaz. Acaz adora outros deuses. Esses deuses são diferentes do Deus verdadeiro a quem Isaías adora.

A resposta implícita à pergunta do SENHOR é que é algo muito insignificante para a casa de Davi testar a paciência dos homens, de modo que agora eles testarão a paciência do SENHOR, o Deus de Isaías.

Ironicamente, Acaz não testaria o SENHOR, mas Sua paciência. Ele hipocritamente fingiu guardar o mandamento de não testar o SENHOR, como desculpa para o desejo do seu coração de evitar confiar em Deus. Mas Deus conhece o coração (Hebreus 4:12). Portanto, Deus sabia da sua real intenção.

A questão é: é algo muito pequeno? significa: "não é o suficiente?" e/ou "você não está satisfeito com?"

E a expressão fadigar, ou testar a paciência de significa “mentir”, “explorar” e/ou “lidar falsamente com”.

Acaz havia caído na adoração de ídolos pagãos. A essência dessas práticas pagãs é buscar forças espirituais controláveis para obter poder sobre os outros, geralmente para explorá—los. Acaz não tinha interesse em se submeter a um Deus que ele não acreditava poder controlar. Ele preferia a ilusão do controle à realidade do mundo de Deus, de que Ele é o Criador e Governante de tudo.

Evidentemente, Acaz e a casa de Davi agiram traiçoeiramente com os homens e testaram sua paciência. Como adorador de ídolos, Acaz não se importava com Deus nem com Suas leis, que lhe ordenavam amar os homens e tratá—los com dignidade e respeito. Na tentativa de obter o que desejava, Acaz estava disposto a sacrificar até mesmo seus próprios filhos no fogo como forma de manipular forças espirituais em seu benefício (2 Reis 16:3; 2 Crônicas 28:3). Um homem que fizesse algo tão horrível provavelmente estaria inclinado a explorar outras pessoas também e testaria a paciência delas para obter o que desejava.

Acaz não apenas testou a paciência das pessoas, ele também testou a paciência de Deus. Acaz não tinha respeito pelo homem ou por Deus. Ao mentir de forma hipócrita para Deus, ele estava testando Sua paciência. Ele estava tentando explorar o SENHOR e Seus mandamentos para conseguir o que queria e/ou para evitar ter que servir a Deus. Mas Deus não se deixa escarnecer (Gálatas 6:7). Isso era, na realidade, aproximar—se de Deus da mesma forma que ele se aproximaria de deuses pagãos; "Como podemos manipulá—los para os nossos fins desejados?"

O SENHOR daria ao rei Acaz um sinal de que os planos de seus inimigos fracassariam e que a casa de Davi permaneceria firme. Mas esse sinal envolveria muito, muito mais do que o rei Acaz e o ataque que ele temia. Era um sinal de que o SENHOR não se esqueceria de Sua promessa de esmagar a serpente através da semente de uma mulher (Gênesis 3:15). Era um sinal de que a casa de Davi seria, de fato, restaurada e prevaleceria para sempre. E esse sinal seria tão alto quanto o céu.

Este é o assunto da próxima seção de comentários (Isaías 7:14-16).

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