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Significado de João 3:22-30
João muda de cena, registrando: Depois destas coisas, Jesus e Seus discípulos vieram para a terra da Judéia. A terra da Judéia era a parte sul de Israel, onde Jerusalém estava localizada. Seu nome é proveniente da tribo de Judá. Quando o reino de Israel se dividiu, as dez tribos do norte passaram a ser conhecidas como Israel, ou Samaria. O reino do sul era a Judéia, que consistia nas tribos de Judá e Benjamim. Cerca de 100 quilômetros a leste de Jerusalém estava o Mar Morto e, entre eles, estava o deserto da Judéia.
Jesus e Seus discípulos vão para a Judéia. Lá, Jesus passa um tempo com os discípulos batizando as pessoas. A palavra traduzida como “batizar” vem da raiz grega "baptizo". Os tradutores a transliteraram e criaram uma nova palavra a partir do grego, "baptize". Os judeus eram batizadores prolíficos. Os visitantes que visitam os sítios arqueológicos na moderna Israel podem ver muitos exemplos de batismos antigos, conhecidos como "mikvehs". Trata-se de um poço com escadas, permitindo que a pessoas seja mergulhada e depois ressurja à superfície.
Um bom exemplo dos mikvehs antigos pode ser encontrado no local da antiga Qumran, onde os Manuscritos do Mar Morto foram encontrados. Em Qumran estão localizadas as ruínas do que eram os antigos mosteiros judeus. Uma das principais atividades das pessoas que viviam lá era copiar as Escrituras à mão. Antes de escrever a palavra "Deus" eles faziam um ritual de purificação em um mikveh. O mikveh tinha que ter água corrente, chamada em hebraico de "água viva". Qumran está localizada em uma área árida e estéril perto do Mar Morto; assim, os antigos canalizavam aquedutos das colinas para trazerem "água viva" para os numerosos mikvehs localizados lá.
Qumran provavelmente estava em operação durante o tempo de Jesus e pode ter o lugar localizado a poucos quilômetros de onde o batismo de Jesus tenha ocorrido, do outro lado do rio Jordão.
Outro exemplo onde um mikveh foi encontrado é uma antiga casa na área de Jerusalém, onde se acredita ser a casa de um sumo sacerdote do século I. Nesta casa há um mikveh privado. O sacerdote o teria em sua casa devido às muitas ocasiões em que era obrigado a participar de rituais de limpeza. Talvez o maior exemplo de mikveh desta área esteja localizado no templo. Um grande número de mikvehs foram encontrados perto da entrada do templo. Acredita-se que os visitantes do templo faziam rituais de purificação, os batismo no mikveh, antes de entrarem no templo.
Assim, o batismo era algo muito familiar e comum entre os judeus. No entanto, o batismo de João aparentemente trazia uma reviravolta. Ele viera para batizar para o arrependimento. No caso de João, o batismo representava um compromisso de mudança de coração. João desencorajava as pessoas a serem batizadas sem uma mudança de coração. É provável que o batismo de Jesus tenha sido semelhante (embora Jesus não tenha batizado, apenas Seus discípulos, conforme observado no capítulo seguinte).
Enquanto os discípulos de Jesus batizavam, João também batizava em Enon, perto de Salim, porque havia muita água ali. A localização específica de Enon, que estava perto de Salim, não é certa. João batizara Jesus em Betabara, além do rio Jordão, ou seja, no lado oriental do rio Jordão, o que também pode ser uma pista sobre sua localização. Havia muita água ali. O rio Jordão era indomável. Assim, este era provavelmente um lugar acessível no rio, com água corrente (viva). O apóstolo João nos diz que as pessoas vinham e eram batizadas por João Batista. João observa que João Batista ainda não havia sido lançado na prisão.
O fato de um número significativo de pessoas vir até João para serem batizadas é algo notável. Esta área era estéril e pouco habitada, como vemos hoje. A distância até Jerusalém é de cerca de 60 quilômetros, o que exigiria uma caminhada de três dias. Isso mostra que havia uma fome espiritual. O Jordão era um bom lugar para João batizar, pois tinha "água viva", ou água corrente. Pporém, havia mikvehs para o batismo convenientemente localizados em Jerusalém. Assim, atravessar o deserto da Judéia para ir até João Batista para serem batizadas mostrava que muitas pessoas descobriram que a purificação no templo não era suficiente. Isso pode ser parte da razão pela qual as autoridades judaicas se irritassem com João.
Agora que os discípulos de Jesus estavam na mesma área que os discípulos de João Batista, surgiu uma discussão por parte dos discípulos de João com um judeu sobre a purificação. A discussão observada pelo apóstolo João ocorre entre os discípulos de João, por um lado, e um judeu, por outro. O termo “judeu” provavelmente vem da palavra "Judéia". Às vezes é usado no Novo Testamento para se referir a todo o povo de Israel, como na frase aplicada a Jesus pelos magos, bem como por Pilatos, "Rei dos judeus". No entanto, João frequentemente usava o termo "judeus" para aplicá-la aos governantes de Judá, como vemos no capítulo 1, onde "os judeus enviaram a ele (João Batista) sacerdotes e levitas de Jerusalém (1:19)".
Neste caso, é provável que a discussão com os discípulos de João tenha sido travada por uma autoridade de Jerusalém (o judeu). Na maior parte das vezes, parece que as autoridades não estavam muito satisfeitas com o fato de que um grande número de pessoas enfrentava o deserto para ouvir João dizer-lhes o quão corruptos eram. A discussão era sobre a purificação. O batismo era uma forma de purificação. O apóstolo João introduz esta discussão após a chegada de Jesus e Seus discípulos à área. Esta conexão infere que o judeu estava tentando provocar conflitos entre os discípulos de João e de Jesus. Isso se encaixaria no padrão das autoridades judaicas que se opunham tanto a João Batista quanto a Jesus e elaboravam inúmeros esquemas para reduzir sua influência.
Aparentemente, o plano funcionou. Os discípulos de João foram provocados, vieram até João e lhe disseram: "Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, a quem testificastes, eis que Ele está batizando e todos estão vindo a Ele". A frase “Aquele que estava contigo além do Jordão” era uma referência a Jesus, a quem João havia batizado além do Jordão, conforme observado em João 1:28-35. O discípulo de João Batista observa que Jesus estava batizando e todos vinham até Ele. Em outras palavras, “as multidões Dele são maiores que as nossas". O discípulo de João provavelmente recebeu esta informação da parte do judeu e por isso este detalhe é incluído.
João Batista começara a passar o bastão para Jesus. João responde e diz: "Um homem não pode receber nada se não lhe tiver sido dado do céu". João não estava preocupado em perder popularidade junto ao povo. Ele havia recebido uma mordomia dada por Deus. Não lhe pertencia, em primeiro lugar, então ele não tinha nada a perder. Seu chamado pertencia a Deus. Portanto, nada mudou, do ponto de vista de João. Além disso, João observa que seu trabalho era ser uma testemunha do Messias, não ser o Messias. Isso testifica a grandeza de João, que estava focado apenas em servir à missão dada a ele por Deus, sem se preocupar com o que as pessoas pensavam. Jesus afirma a grandeza de João Batista (Mateus 11:9-11).
João Batista continua a falar a seus discípulos, dizendo: Vós mesmos sois minhas testemunhas do que eu disse: 'Eu não sou o Cristo', mas 'Fui enviado à frente Dele'. João Batista lembra a seus discípulos de que ele lhes havia dito claramente que seu papel era o de preparar o caminho para o Cristo. João tinha claro não ser o Cristo. Ele lembra aos discípulos que eles haviam sido testemunhas de que ele lhes disse essas coisas. Podemos inferir pelo tom da conversa que os discípulos de João estavam um pouco perturbados com ele, provavelmente agitados pelo judeu. Eles podiam estar dizendo: "Estamos perdendo nosso público, o que você vai fazer?" A resposta de João: "Comemorem! Este era o meu trabalho."
João, então, usa a ilustração sobre o amigo do noivo. João afirma que quem tem a noiva é o noivo, mas o amigo do noivo, que se levanta e o ouve, se alegra muito por causa da voz do noivo. Na tradição judaica, o casamento não era consumado até que o casal tivesse relações sexuais. Parte do trabalho do amigo do noivo, ao qual poderíamos chamar de "padrinho", era ficar do lado de fora da porta do quarto ouvindo a voz do noivo com a noiva, aguardando que o noivo atingisse o clímax sexual. Então, o amigo do noivo saberia que o casamento estava totalmente consumado. Nesse momento, o amigo do noivo não teria ciúmes por querer ser ele o que estava tendo a relação sexual com a noiva. Em vez disso, o amigo se alegra muito por causa da voz do noivo, sabendo que o casamento aconteceu em sua plenitude.
Da mesma forma, João Batista não fica chateado por causa do sucesso de Jesus no ministério. Ele é como o amigo do noivo, torcendo pela alegria do amigo. João diz: Então essa minha alegria foi completada. Ver Jesus ganhar multidões maiores do que a dele era, para João Batista, como a alegria do amigo do noivo. Em vez de ficar mal-humorado, como talvez seus discípulos tivessem ficado, João se alegra pela plenitude do ministério de Jesus.
João reconhece seu papel e se empenha em desempenhá-lo ao máximo. O trabalho de João era o de apresentar a Jesus, abrir caminho para Ele. João afirma ao discípulo: Que Ele cresça, que eu diminua. Esta é a razão de Jesus dizer sobre João Batista: "Dentre os nascidos de mulheres não surgiu ninguém maior do que João Batista" (Mateus 11:11). A verdadeira grandeza é fazer ao Senhor o que sabemos fazer de melhor com os dons e o chamado que Deus nos concedeu. Paulo afirmou que o Senhor dá "a recompensa da herança" àqueles que fazem tudo o que fazem como ao Senhor (Colossenses 3:23).
O trabalho de João Batista era o de ajudar Jesus a aumentar o impacto de Seu ministério, enquanto seu próprio ministério diminuía. O judeu que aparentemente estava tentando provocar conflitos entre os discípulos de João e Jesus pode ter tido sucesso com os discípulos, mas obteve o efeito oposto com João. Em vez disso, ele criou uma oportunidade para João ajudar a seus próprios discípulos a enxergar o quadro geral. João aponta seus discípulos Àquele maior do que ele mesmo.