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Significado de Joel 3:14-17

O dia do SENHOR será um tempo de julgamento para as nações gentias, mas um tempo de libertação para os filhos de Israel. Como consequência desse livramento, os filhos de Israel reconhecerão a Javé como seu Deus Susserano.

Esta seção começa com a voz de Joel e termina com a voz de Deus. Segue-se o discurso de Deus no qual Ele ordena que as nações se reúnam no vale de Josafá para receber seu veredito (vv. 12-13). Joel, agora, retorna à cena para dar uma breve descrição da batalha. Segundo o profeta, uma perturbação cósmica acompanhará a batalha. O sol e a lua ase escurecerão. Porém, o povo da aliança de Deus não precisa temer porque o SENHOR é seu refúgio e fortaleza. O SENHOR, então, encerra esta seção tranquilizando Seu povo quanto a Sua presença e proteção.

Joel começa seu discurso com um grito alto e prolongado: Multidões, multidões no vale da decisão. O termo hebraico traduzido como “multidões” é "hămônîm". Traz a idéia de tumultos e confusão. Sugere um barulho confuso de uma grande multidão (Is. 17:12). A repetição do termo aumenta sua intensidade. Como tal, descreve a maior multidão possível no vale da decisão, onde o SENHOR executará o julgamento sobre as nações (v. 12).

A razão do grito intenso de Joel é porque o dia do Senhor está próximo no vale da decisão. A frase “dia do SENHOR” refere-se a qualquer momento do julgamento de Deus. O exílio babilônico de Judá em 586 a.C., a primeira das quatro invasões de gafanhotos retratadas por Joel, foi chamado de dia do Senhor. Este dia do Senhor aqui provavelmente se refira ao tempo em que o SENHOR intervirá abertamente nos assuntos humanos e encerrá esta era. Durante esse tempo, Deus julgará a todas as nações que se rebelaram contra Ele. O julgamento de Deus recairá sobre as nações gentias porque elas se recusaram a reconhecer quem Ele é. Deus trará todas as coisas à sua ordem adequada e vingará toda iniquidade cometida ao longo da história (Isaías 2:12Obadias 15).

Aqui Joel diz que Deus reunirá as multidões no vale da decisão. Nos versículos 2 e 12 é dito que Deus reunirá todas as nações e as levará ao vale de Josafá (Joel 3:2; 12). Parece que são duas descrições para o mesmo lugar. Josafá significa "Deus julgará", indicando que este vale será o palco do grande julgamento de Deus no dia do Senhor. A decisão referida aqui provavelmente seja a decisão de Deus em Seu julgamento contra as nações. Não há nenhum vale conhecido ou referido como vale de Josafá ou vale da decisão. A tradição diz que é um dos vales perto de Jerusalém. Isso é provável, pois parece que na última batalha desta era, as nações se reunirão nas planícies de Megido, também chamado de Armagedom, (Apocalipse 16:16) e marcharão sobre Jerusalém, onde estarão "fora da cidade" (Apocalipse 14:20). Naquele lugar "fora da cidade", no vale chamado Josafá e decisão, haverá uma grande matança. Haverá tanto sangue correndo que chegará até aos freios dos cavalos (Apocalipse 14:20). A palavra “decisão“também pode ser traduzida como "trincheira", referindo-se ao local onde o sangue correrá profusamente.

Naqueles dias, o julgamento de Deus causará uma perturbação cósmica. O sol e a lua escurecem e as estrelas perdem o brilho. Joel repete este versículo quase textualmente em relação à mesma declaração em 2:10. Isso provavelmente indique que o mesmo evento estará em exibição. O escurecimento desses luminares está ligado ao dia do julgamento de Deus sobre as nações gentias. O Apocalipse prevê uma série de perturbações cósmicas ligadas ao período de grande tribulação. Assim também faz Jesus, em Mateus 24:

"Mas imediatamente após a tribulação daqueles dias O SOL ESCURECERÁ, E A LUA NÃO DARÁ SUA LUZ, E AS ESTRELAS CAIRÃO do céu, e os poderes dos céus serão abalados. E então o sinal do Filho do Homem aparecerá no céu, e então todas as tribos da terra hão de chorar, e verão o FILHO DO HOMEM VINDO SOBRE AS NUVENS DO CÉU com poder e grande glória" (Mateus 24:29-30).

A primeira parte da declaração de Jesus parece ser uma citação de Joel 2:10, repetida aqui em 3:10. Elas parecem apontar para o mesmo ponto culminante da era, quando Deus trará toda a injustiça a juízo.

Joel continua: O Senhor ruge de Sião e pronuncia Sua voz de Jerusalém. O verbo “rugir” significa proferir um grito profundo e prolongado. É normalmente usado para demonstrar o leão, que fica à espera de sua presa (Amós 1:2; 3:4; Judg. 14:5). No entanto, o verbo é usado aqui para descrever o poder majestoso do SENHOR, bem como Sua ira contra as nações que perseguiram Seu povo. O lugar chamado Sião é uma montanha localizada no lado oriental de Jerusalém, a capital de Judá. Neste versículo, Sião e Jerusalém são usados como sinônimos para explicar o local onde Joel ouviu a voz de Deus. Isso parece se conectar bem com a idéia de o vale da decisão estar próximo a Jerusalém.

Como resultado do SENHOR rugir de Sião e Jerusalém, os céus e a terra tremem. Nada e ninguém pode resistir a Deus. Sempre que Ele fala, Sua voz é sentida no universo. Como declara o salmista: "A voz do Senhor está sobre as águas; o Deus da glória troveja. O SENHOR está sobre muitas águas. A voz do SENHOR é poderosa. A voz do Senhor é majestosa" (Salmo 29:3-4). Em nossa passagem, quando o SENHOR liberar Sua voz, os céus e a terra tremerão, causando pânico entre as nações. Pporém, a perturbação cósmica não representará nenhuma ameaça ao povo escolhido de Deus, porque o SENHOR é um refúgio para o Seu povo e uma fortaleza para os filhos de Israel.

O substantivo traduzido como “refúgio” vem do verbo que significa "abrigar-se". A raiz do verbo significa basicamente "esconder-se". Denota a busca confiante de segurança, em vez de "uma fuga de desespero". A idéia geral é a de que o povo de Deus pode depender Dele. Ele é um lugar de segurança e proteção. Ele protegerá Seu povo de quaisquer ameaças associadas ao Seu dia de julgamento sobre as nações gentias.

Joel enfatiza a idéia de refúgio afirmando que o SENHOR é uma fortaleza para os filhos de Israel. O termo “fortaleza” refere-se a qualquer local de refúgio, como uma fortificação murada. Uma fortaleza era, muitas vezes, construída em altas montanhas e feita para ser impenetrável. Assim, proporcionava segurança para as pessoas contra seus adversários. Joel lembra aos israelitas que o SENHOR os protegeria e preservaria quando julgasse a Seus inimigos entre as nações gentias. Portanto, os filhos de Israel não tinham motivos para entrar em pânico.

O SENHOR, agora, fala para tranquilizar a Seu povo quanto à Sua presença e proteção. Em consequência desse livramento, o SENHOR declara: Saberás que eu sou o SENHOR, teu Deus. O verbo “saber” significa perceber. Neste contexto, significa reconhecer ou compreender algo. O pronome “Eu” é enfático no texto em hebraico, sugerindo que seria o SENHOR (não qualquer suposto deus) quem protegeria Seu povo e proveria a todas as suas necessidades.

A declaração “Eu sou o SENHOR, seu Deus” lembraria o povo de Judá de seu relacionamento de aliança com o SENHOR. Esse relacionamento de aliança era baseado no amor gracioso de Deus e não nos méritos de Judá. Deus permanece fiel à Sua natureza. Suas obras farão com que Seu povo da aliança O reconheça como seu Deus Susserano (Governante), Aquele que habita em Sião, minha montanha santa.

O Monte Sião ficava na parte sudeste da cidade de Jerusalém, no reino meridional de Judá. Era a alta colina sobre a qual o rei Davi havia consturído uma cidadela. Por esta razão, a Bíblia muitas vezes a chama de "a cidade de Davi" (2 Samuel 5:7). Simbolizava, assim, o lugar da autoridade em Israel. A autoridade máxima em Israel é claramente Deus, e Jesus, o filho de Davi, o herdeiro de todas as coisas. Foi a Jesus que Deus concedeu toda a autoridade no céu e na terra (Mateus 28:18). Sião é referida como o monte santo de Deus (Isaías 52:1).

Por causa da presença do SENHOR no Monte Sião, Jerusalém será santa, e os estrangeiros não passarão mais por ela. Deus assumirá Sua autoridade em Jerusalém e governará Seu povo. O resultado será que a justiça reinará. Isso pode muito bem ser uma previsão da restauração do Reino a Israel, quando Jesus assumirá o trono de Davi (2 Samuel 7:13), conforme previsto pelos profetas. Isso é claramente ensinado nas Escrituras, embora não tenha sido compreendido pelos judeus no tempo de Jesus. Depois que Jesus ressuscitou, pouco antes de sua ascensão, os discípulos perguntaram: "É neste momento que restaurarás o reino a Israel?" (Atos 1:7). A resposta de Jesus presume que o reino seria restaurado, mas afirma que não cabia aos discípulos saber quando ocorreria.

Em Isaías, Jerusalém é chamada de "cidade santa" (Isaías 52:1). A cidade foi destruída em 586 a.C. pelos babilônios, a primeira invasão de gafanhotos. Também foi destruída em 70 d.C. pelo exército romano, a última classe de gafanhotos. Porém, um dia, Jerusalém será santa. O SENHOR separará Jerusalém e fará dela Sua morada especial. Estranhos não passarão mais por ela. Os estrangeiros que não tenham participação em Israel não poderão mais tomar Jerusalém cativa. Portanto, o povo de Deus desfrutará de um tempo de paz e prosperidade. Isso pode se alinhar ao tempo do reinado de mil anos de Jesus, conforme previsto em Apocalipse 20, quando Jesus restaurará o reino a Israel, aparentemente antes da destruição desta terra e da criação de um novo céu e terra.

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