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Significado de Jonas 3:1-4
Na primeira vez que o Senhor ordenou a Jonas que fosse a Nínive, ele embarcou em um navio para Társis, uma cidade na direção completamente oposta. O SENHOR o disciplinou enviando uma grande tempestade sobre o mar, causando grande temor entre os marinheiros. Quando os marinheiros descobriram que Jonas era a causa da tempestade, eles relutantemente o jogaram no mar, conforme sua recomendação. O SENHOR milagrosamente salvou Jonas do afogamento, permitindo que um grande peixe o engolisse. O profeta expressou sua gratidão dentro do peixe, e o SENHOR ordenou que o peixe o levasse à costa em segurança (Jonas 1-2). Depois do resgate e restauração de Jonas à terra firme, a palavra do Senhor veio a ele pela segunda vez.
A frase palavra do SENHOR refere-se à Sua revelação (1 Reis 6:11; 16:1). Nos tempos bíblicos, Deus muitas vezes revelava Sua vontade a alguns indivíduos que, por sua vez, deveriam comunicar a mensagem divina a outros (Oséias 1:1; Miquéias 1:1; Sofonias 1:1). Em nossa passagem, o escolhido é Jonas, "filho de Amitai" (Jonas 1:1). Deus decidiu usar Jonas como Sua voz profética, apesar de sua rebelião anterior (Jonas 1:3). Essa atitude demonstra que a vontade de Deus é maior que a nossa. Ninguém pode frustrar o plano de Deus. O profeta Amós afirma esta verdade de forma bastante enfática: "O Senhor DEUS falou! Quem pode senão profetizar?" (Amós 3:8). Deus usou um burro para profetizar e pode usar uma pedra também (Números 22:28; Lucas 19:40).
A segunda mensagem de Deus a Jonas foi como a primeira: Levanta-te, vai a Nínive, a grande cidade (Jonas 1:2).
Na primeira parte da ordem, Deus emprega dois imperativos consecutivos: Levanta-te, vai! Na língua hebraica, o verbo “levantar” ["qûm"] é frequentemente usado como um verbo introdutório para indicar urgência. Neste caso, o verbo não significa "levantar", como se alguém estivesse deitado ou sentado. Em vez disso, significa preparar-se para agir (ver Números 22:20-21; Juízes 4:14; 1 Reis 17:9). O termo que segue o verbo introdutório especifica o tipo de ação que precisava ocorrer. Em nossa passagem, esse verbo era “ir”. Assim, Deus pede novamente a Jonas que vá imediatamente a Nínive.
O profeta recebe a mesma ordem porque não havia obedecido a Deus da primeira vez. Quando Deus inicialmente lhe disse para ir a Nínive, ele pegou um navio na direção oposta a Társis, para escapar de sua missão (Jonas 1:3). Agora, Jonas estava de volta ao ponto em que havia começado. É assim que a vida às vezes funciona. Sempre que somos reprovados em um teste, precisamos de uma nova oportunidade de refazê-lo para termos outra chance de receber aprovação. Jonas teve a sorte de receber mais uma oportunidade. Nem sempre é assim. Jonas passaria no teste desta vez? Ele havia jurado que seguiria a Deus enquanto estava no ventre do grande peixe (Jonas 2:9) Ele agora irá para Nínive?
O Senhor vai mais longe ao descrever Nínive como a grande cidade. A cidade chamada Nínive era a capital do poderoso império da Assíria. Ficava na margem oriental do rio Tigre. De acordo com os antigos padrões do Oriente Próximo, Nínive era uma cidade fabulosa e importante. Isso explica por que Deus a descreve como a grande cidade. Hoje Nínive é Tel-Kuyunjik, localizada no rio Tigre cerca de seiscentas milhas rio acima do Golfo Pérsico, no norte do Iraque, aproximadamente 500 quilômetros da Babilônia (por favor, veja o mapa na seção Mapas e Gráficos na barra lateral).
Na segunda parte do mandamento, Deus diz a Jonas o que fazer ao chegar a Nínive: Anunciai a ela o anúncio que vos direi. Neste ponto, há uma pequena mudança entre a primeira mensagem e esta. Na primeira ocasião, Deus disse a Jonas para clamar contra Nínive (Jonas 1:2). Aqui, no entanto, Deus lhe diz para proclamar Sua mensagem a ela. Embora o verbo hebraico "qāraʾ" seja o mesmo em ambos os casos, a mudança da preposição faz toda a diferença na tradução e no significado. Essa mudança permite mais flexibilidade nos propósitos de Deus, dando a Nínive a chance de se arrepender e escapar de Seu julgamento.
Jonas aprendera muito quando estava no mar, quando quase perdeu a vida. Em sua oração de ação de graças por sua libertação, ele descreve como as águas o aprisionaram até a morte (Jonas 2). Mas, Deus milagrosamente providenciou um grande peixe para engolir ao profeta e preservá-lo do afogamento. Deus também ordenou que o peixe vomitasse Jonas em terra firme porque Seu plano era que ele pregasse em Nínive, não morresse no mar ou permanecesse no ventre do peixe. Assim, Deus dá a mesma mensagem a Jonas novamente e lhe diz para levá-la a Nínive imediatamente.
Desta vez, Jonas obedece à voz do Senhor. Ele se levanta e vai para Nínive. Depois de tentar escapar de sua missão profética, Jonas aprendera a lição. Agora, ele responde de forma diferente. Ele não se rebela contra a ordem de Deus, como havia feito no capítulo 1. Pelo contrário, ele age de acordo com a palavra do Senhor. Isso significa que Jonas seguiu cuidadosamente ao que Deus lhe disse para fazer. No entanto, como descobriremos, Jonas ainda esperava que Nínive não se arrependesse. Ele evitou ir pela primeira vez porque aparentemente queria que Nínive fosse destruída (Jonas 4:1-2).
O narrador insere uma nota entre parênteses sobre Nínive antes de nos contar o que Jonas fez ao chegar à cidade. Ele nos diz que Nínive era uma cidade extremamente grande, uma caminhada de três dias. O narrador mais uma vez enfatiza o tamanho de Nínive com a repetição do adjetivo “grande” (3:2). Ele também dá mais informações para esclarecimento, informando que eram necessários três dias de caminhada para se percorrer toda a cidade. Ou seja, seriam três dias de viagem pela cidade e seus arredores.
O narrador retoma seu discurso sobre Jonas e diz que ele começou a percorrer a cidade e clamou. Esta declaração significa que, no primeiro dia em que Jonas entrou na cidade de Nínive, ele começou a proclamar a mensagem que o Senhor lhe dera. O profeta não atrasou sua pregação até chegar ao coração da cidade. Em vez disso, ele começou a gritar imediatamente depois de entrar. Curiosamente, Jonas em nenhum momento parece temer por sua vida.
A palavra traduzida é "qāraʾ" em hebraico. Ocorre várias vezes ao longo da narrativa, necessitando de várias traduções. Por exemplo, o SENHOR diz a Jonas para "clamar contra" Nínive, mas Jonas fugiu (1:1-3). O capitão disse a Jonas para "invocar" seu deus, mas não há indicação de que Jonas tenha feito isso (1:6). Os marinheiros "invocaram" o SENHOR antes de lançar Jonas ao mar (1:14). Então, Jonas finalmente "clamou" ao SENHOR por causa de sua aflição (2:3). Depois da rebelião de Jonas, o SENHOR ordenou-lhe pela segunda vez que "proclamasse" sua mensagem aos ninivitas (3:2). Agora, finalmente, Jonas começa a cumprir sua missão profética: ele clama e diz: Ainda quarenta dias e Nínive será destruída.
O verbo hebraico traduzido como “destruir” refere-se a uma ação que provoca uma mudança repentina ou um processo que de repente perturba uma cadeia de eventos. Muitas vezes significa "virar" ou "ser virado". Por exemplo, os antigos israelitas costumavam virar o pão quando os assavam para garantir que não se queimassem (Oséias 7:8). O verbo também pode significar “derrubar” em contextos onde se refere a uma cidade. Nesse caso, refere-se à destruição, conforme exemplificado na história de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19:25, 29).
Da mesma forma, no livro de Jonas, o profeta usa o verbo para prever a destruição de Nínive, que ocorreria em apenas quarenta dias. O Deus Todo-poderoso poderia ter destruído Nínive em segundos. Pporém, Ele decide enviar Seu profeta à cidade para proclamar uma mensagem de julgamento e dar a Nínive a oportunidade de se arrepender e ser salvo. Assim, os quarenta dias são provavelmente uma janela de oportunidade para Nínive. O propósito de Deus era dar aos ninivitas algum tempo para se afastarem de seus maus caminhos e evitar o juízo divino. Deus não tem prazer na morte dos ímpios (Ezequiel 33:11). Ele deseja que todos se arrependam (2 Pedro 3:9).