Significado de Levítico 2:4-10

São descritos três métodos de preparação da oferta de cereais: 1) assado ao forno; 2) feito em uma grelha; e 3) feito em uma panela. Cada método requer que a oferta seja sem fermento, significando pureza e ausência de pecado ou orgulho, pois o fermento na Bíblia é frequentemente uma metáfora para o pecado e o orgulho (Mateus 16:6, 1 Coríntios 5:7-8).

• A oferta de cereais podia ser assada ao forno: Quando trouxerem uma oferta de cereais assada ao forno, serão bolos sem fermento, de flor de farinha, amassados com azeite, ou pães finos sem fermento, untados com azeite (v. 4).
• A oferta de cereais podia ser grelhada: Se a tua oferta for uma oferta de cereais feita na grelha, será de flor de farinha, sem fermento, amassada com azeite; tu a partirás em pedaços e derramarás azeite sobre ela; é uma oferta de cereais (v. 5-6).
• A oferta de cereais podia ser preparada numa panela: Agora, se a tua oferta for uma oferta de cereais feita numa panela, será feita de flor de farinha com azeite (v. 7).

A preparação da oferta de cereais - cozida ao forno, na grelha ou na panela - deveria ser feita com farinha fina e óleo, consistente com as ofertas descritas anteriormente em Levítico 2:1-3. Um pão cozido dessa maneira deveria ser plano e denso como uma tortilha ou outro pão achatado, fornecendo um bom número de calorias e nutrientes. Deus deu liberdade para o preparador escolher seu próprio método preferido de mostrar sua devoção.

Em seguida, Moisés orienta como a oferta deveria ser levada ao sacerdote no tabernáculo: "Quando trouxeres a oferta de cereais feita destas coisas ao Senhor, ela será apresentada ao sacerdote, e ele a levará ao altar " (v. 8).

Isso reforçava o papel do sacerdote como mediador entre o ofertante e o SENHOR. Também demonstrava que o sacerdote era necessário para a realização da oferta de grãos. Ela era preparada com os ingredientes prescritos e então apresentada ao sacerdote em algum momento posterior. A esse respeito, o ofertante estava apresentando tanto sua posse quanto seu trabalho ao Senhor por sua própria vontade. Isso resultava no benefício do sacerdote e de sua família.

Este papel foi concedido a Jesus no Novo Testamento como o mediador de uma aliança melhor (Hebreus 8:6). Ele se apresentou a Deus como sacrifício perfeito, de Sua livre e espontânea vontade (Filipenses 2:5-8). Ele se apresentou para agradar a Deus, para o benefício do mundo inteiro (João 3:16). Como Sumo Sacerdote sobre a casa de Deus, Ele intercede por nós diante do Pai (Hebreus 8:1-2, Romanos 8:34)

Agora, o texto dirige sua atenção aos sacerdotes, os filhos de Arão, e diz: "O sacerdote, então, tomará da oferta de cereais a sua porção memorial e a queimará sobre o altar, como oferta queimada de aroma agradável ao Senhor " (v. 9).

Esta porção memorial simbolizava a porção da oferta de grãos do adorador dedicada a Deus; a fumaça que subia representava o presente a Deus. Isso representava um aroma suave para o Senhor por causa da obediência da pessoa que apresentava o sacrifício. Claro, Deus conhecia o coração da pessoa (Hebreus 4:12).

No entanto, Deus desejava que Seu povo colocasse em ação o que estava em seu coração (Tiago 1:25). Mais do que os sacrifícios de animais e grãos, Deus desejava o sacrifício de obediência a Seus propósitos acima dos propósitos do ofertante, o sacrifício de um coração quebrantado e contrito diante de seus pecados (1 Samuel 15:22; Salmo 51:16-17).

O que não fosse parte do memorial era retido pelos sacerdotes para seu sustento: "O restante da oferta de cereais pertence a Arão e a seus filhos: coisa santíssima das ofertas queimadas ao Senhor " (v. 10).

Como os levitas não recebiam uma cota de terra como as outras tribos de Israel na qual pudessem cultivar, eles dependiam das dádivas dos adoradores. A lei de Moisés estabelecia o precedente de que a congregação deveria apoiar os que ministravam a eles nas coisas espirituais, fornecendo coisas físicas aos ministros. Este conceito continuou no Novo Testamento e além. Paulo cita a lei de Moisés para ensinar um princípio:

“Pois está escrito na Lei de Moisés: ‘NÃO AMORDAÇARÁS O BOI ENQUANTO ESTIVER DEBULHANDO’. Deus não está preocupado com bois, está? Ou está falando totalmente por nossa causa? Sim, por nossa causa foi escrito, porque o lavrador deve arar com esperança, e o debulhador deve debulhar com esperança de compartilhar as colheitas. Se semeamos coisas espirituais em vocês, é demais colhermos coisas materiais de vocês?”
(1 Coríntios 9:10-11)

Ao apresentar este argumento, Paulo cita Deuteronômio 25:4, que ordenava a Israel que fizesse do bem-estar do animal uma prioridade: “Não amordaçarás o boi enquanto estiver debulhando.” Paulo argumenta que o princípio espiritual por trás desse comando se aplicava aos humanos e a aplicação era a de que os humanos valem mais que os animais. Isso mostra que tudo o que Deus colocou em Sua Lei foi para nossa instrução, para que pudéssemos obter benefício e prosperar (2 Timóteo 3:16).

Esta porção da oferta de grãos destinada aos sacerdotes era considerada santíssima, refletindo seu propósito divino e o apoio que ela fornecia aos que serviam a Deus no templo. O termo Santo vem da palavra hebraica “Kadosh”, que significa separado ou incomum. Isso significava que deveria ser tratado e preparado especificamente para Deus e Seus servos, os levitas, de acordo com Suas instruções.

Levítico 2:4-10 fornece uma abordagem detalhada e estruturada para se fazer uma oferta de grãos, garantindo que a oferta fosse respeitosa, ordenada e santa, alinhando-se com a adoração e serviço ao SENHOR. A oferta de grãos era a mais frequente das ofertas ao SENHOR, já que era a mais acessível para os cidadãos mais pobres do que as ofertas de um cordeiro ou mesmo de pombas.