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Significado de Lucas 16:16-17

Jesus afirma a durabilidade da Lei de Deus. Ele diz que, embora a era da Lei e dos Profetas tivesse passado, e a Era do Evangelho do Reino houvesse chegado, seria mais fácil que o céu e a terra passassem do que que uma parte da Lei falhasse. Ao dizer essas coisas, Jesus oferece apresenta a fala enigmática de que todos se esforçam para encontrar o caminho para o Reino de Deus.

O texto paralelo deste ensinamento pode ser encontrado em Mateus 11:12 e Mateus 5:18, 24:34.

Depois de chamar a atenção dos fariseus por amarem ao dinheiro e à aprovação dos homens, desprezando a Deus e zombando de Seus ensinamentos (Lucas 16:14-15, Lucas 16:1-13), Jesus os adverte sobre a certeza da Lei de Deus.

O ponto principal da fala de Jesus é que a Lei de Deus é eterna e imutável. Ela não se muda ou se adapta às opiniões dos homens. Jesus estava dizendo aos fariseus: "Vocês estão errados se pensam que podem ir contra as leis de Deus e vencer. Vocês vão perder. De Deus não se zomba".

Jesus apresenta este ponto com três pensamentos e uma comparação.

Os três pensamentos são:

  1.  A Lei e os Profetas foram proclamados até João
  2.  A partir daquela época o Evangelho do Reino de Deus começou a ser pregado
  3.  Cada um se esforçava por entrar nele

A comparação é:

É mais fácil que o céu e a terra passem do que que um til da Lei falhe.

Este comentário aborda cada pensamento e, em seguida, a comparação de Jesus. Mas, primeiro, vale a pena notar que os três pensamentos oferecidos aos fariseus são muito semelhantes ao que havia sido ensinado às multidões quando os discípulos de João Batista retornaram ao rabino preso.

"Desde os dias de João Batista até agora o reino dos céus sofre violência, e homens violentos o tomam à força" (Mateus 11:12).

O primeiro pensamento expresso por Jesus: A Lei e os Profetas foram proclamados até João.

A expressão Lei e Profetas era uma alusão às escrituras judaicas, o que hoje chamamos de "Antigo Testamento". O Antigo Testamento começa com a Lei: os cinco livros de Moisés (Gênesis - Deuteronômio). Esses livros eram chamados de Torá pelos judeus (às vezes chamados de Pentateuco). A Torá/Livros de Moisés eram considerados pelos judeus como a Lei porque era onde os Dez Mandamentos estavam registrados (Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 5:1-21), bem como centenas de outros mandamentos e regras estabelecidas por Deus para os filhos de Israel seguirem a fim de cumprirem o espírito dos Dez Mandamentos. O Antigo Testamento termina com os Profetas (de Isaías a Malaquias).

O Evangelho de João se refere explicitamente a João Batista, primo de Jesus (Lucas 1:36, 57-60), o  precursor messiânico (Mateus 3:1-12; 11:7-19Marcos 1:1-8; Lucas 3:1-22; 7:18-30; João 1:6-8, 19-34).

O que Jesus quis dizer com A Lei e os Profetas foram proclamados até João?

Ele pode ter querido dizer que a era do Antigo Testamento, quando Deus falava principalmente por meio de profetas, havia chegado ao fim com João Batista. Seu fim pode ter ocorrido quando João começou seu ministério público ou quando o concluiu com a prisão/decapitação (Mateus 14:1-12; Marcos 6:14-29). Jesus observa que João cumpriria a profecia de que Elias viria antes do advento do Messias. Isso provavelmente significava que a frase "até João" indicava que o Batizador seria o último dos profetas do Antigo Testamento.

Jesus estava, com efeito, anunciando que uma era se encerrava - A Lei e os Profetas - e uma nova era estava sendo apresentada - O Advento do Reino messiânico.

Porém, mesmo que a era da Lei tenha terminado, não devemos supor que as leis não tenham significado atual. Jesus disse em Seu Sermão da Montanha:

"Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; Não vim para abolir, mas para cumprir. Pois em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nenhuma letra ou traço passará da Lei até que tudo se cumpra. Aquele que, então, anular um desses mandamentos menores, e ensinar outros a fazerem o mesmo, será chamado menos no reino dos céus; mas quem os guarda e ensina, será chamado grande no reino dos céus" (Mateus 5:17-19).

No entanto, em nossa perspectiva atual, uma vez que Israel se recusou a seguir a Jesus, seu Rei (e inaugurar o Reino messiânico), o que se inicia é a "Era dos Gentios" (Lucas 21:24; Romanos 11:25).

Outro significado que Jesus pode ter tido em mente ao dizer que a Lei e os Profetas foram proclamados até João é que as Escrituras haviam profetizado sobre João e predito sua vinda como precursor do Cristo.

Ambos os significados podem ser inferidos em conjunto, sem eliminar o outro.

O segundo pensamento expresso por Jesus: desde aquela época o Evangelho do Reino de Deus tem sido pregado.

O segundo pensamento está relacionado ao primeiro. O primeiro pensamento indicava que a Era da Lei e dos Profetas era [desde o tempo de Moisés] até João Batista estava encerrada. Agora que João Batista aparece pregando as boas novas do Reino messiânico, uma nova era havia chegado. Isto é a isso que Jesus se refere ao dizer que desde aquela época [de João Batista] o Evangelho do Reino de Deus tem sido pregado. Ele era pregado por João e também por Jesus.

A mensagem de João era: "Arrependei-vos, pois o reino dos céus está próximo" (Mateus 3:2). Ele "pregava um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados" (Marcos 1:4, Lucas 3:3) em preparação para o Messias. O Evangelho do Reino de Deus tem sido pregado (e continua sendo) desde João, começando em seu ministério. O ministério de Jesus começa depois que o Messias suporta a tentação de Satanás e se estabelece em Cafarnaum, sendo descrito com a seguinte declaração:

"A partir daquele momento, Jesus começou a pregar e dizer: 'Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo'" (Mateus 4:17).

Como Jesus ensinou, Ele estava apresentando e convidando as pessoas a participarem de Seu Reino.

O terceiro pensamento expresso por Jesus: e cada um se esforça para entrar nele.

Os dois primeiros pensamentos indicavam que a Era da Lei havia chegado ao fim e que a era do Evangelho do Reino de Deus havia chegado. O terceiro pensamento afirmado por Jesus imediatamente após essas observações é que as pessoas deveriam se esforçar por entrar no Reino.

O Evangelho de Mateus diz: "Os violentos o tomam à força" (Mateus 11:12).

O que Jesus pode querer dizer com esse pensamento enigmático?

O que está claro é que Ele se refere ao Reino de Deus.

A frase “se esforçar por entrar no Reino” pode significar duas coisas.

Poderia se referir à violência feita a João Batista (e a outros membros fiéis do Reino de Deus). De acordo com essa interpretação, todos ("os violentos" em Mateus 11) implicavam as autoridades terrenas, como os fariseus e saduceus, que levaram João sob custódia (Mateus 4:12) e Herodes, que havia mantido a João preso (Mateus 11:2).

Por extensão, esta interpretação também se refere a todos os que perseguem aos fiéis. Jesus predisse o quão perigoso seria ser uma testemunha fiel para o corpo (mas não para o "psuche") (Mateus 10). A Igreja Cristã encontraria muita violência e perseguição em todo o Livro de Atos e além. A força da qual Jesus estava falando aqui pode muito bem se referir à violência da perseguição contra os do Reino.

Se é isso que Jesus quis dizer, então nós, como seguidores de Cristo, podemos ter a certeza de que o "Reino de Deus não pode ser abalado" (Hebreus 12:28) e que "as portas do Hades não dominarão Sua igreja” (Mateus 16:18).

Porém, Jesus poderia estar se referindo a um tipo diferente de violência.

Uma segunda interpretação da expressão “se esforçam por entrar no Reino” é a necessidade de um tipo de violência espiritual para superarmos as tentações da era atual para entrarmos no Reino. Se este for o caso, Jesus estava aludindo a algo muito semelhante ao que Paulo descreve em Efésios 6:10-17 sobre vestirmos toda a armadura de Deus e nos prepararmos para a guerra espiritual. De acordo com essa interpretação, os violentos aqui se referiam especificamente aos homens espiritualmente violentos, como João, que tomaram o Reino pela força e resistiram à sua natureza pecaminosa, aos padrões corruptores deste mundo e às suas tentações de luxo e prestígio.

Esta segunda interpretação é semelhante à exortação de Jesus para procurarmos diligentemente entrar no Reino pela porta estreita (Mateus 7:13-14). Se este for o caso, significa que a única maneira de entrarmos no Reino é abrindo caminho para ele, confiando no poder espiritual de Deus.

Se esta segunda interpretação é o que Jesus quis dizer, ela reforça a idéia de que tal resistência espiritual contra os esquemas do diabo é louvável (Tiago 4:7).

Talvez Jesus tenha ambos em vista, na medida em que o Reino de Deus provoca uma forte resposta de uma ou outra maneira. Da mesma forma que a escolha do mestre, Deus ou o dinheiro, a resposta ao Reino será a submissão humilde ou a resistência inflexível.

Jesus faz uma comparação: É mais fácil o céu e a terra passarem do que um til da Lei falhar.

Depois de informar aos fariseus que a Era da Lei e dos Profetas terminara e que a Era do Reino Messiânico chegara, na qual todos responderiam de uma maneira ou de outra, Jesus os lembra de que as Leis de Deus eram eternas.

Ele diz aos fariseus que é mais fácil passar o céu e a terra do que um único til da Lei falhar. Tudo será cumprido. Deus não pode ser zombado. É mais fácil que as leis naturais desta terra sejam desfeitas do que a Lei de Deus perca sua autoridade. Deus estabeleceu as leis físicas do universo quando criou tudo o que existe (Gênesis 1:1). Alguém pode optar por ignorar a gravidade, mas a gravidade ainda opera sobre eles. Da mesma forma, Deus estabeleceu as leis espirituais e morais do universo ao criar tudo o que existe (Colossenses 1:16). As leis morais de Deus podem ser desacreditadas, mas ainda assim funcionarão.

No Sermão da Montanha, Jesus diz que "até que" o céu e a terra passem, a Lei permanecerá (Mateus 5:18). Mais uma vez, a Lei de Deus jamais perde sua relevância, mesmo com o fim da Era da Lei e a chegada da Era do Reino. A Lei será aplicada pelo menos até que a Terra atual seja abolida e os Novos Céus e a Nova Terra cheguem.

Vale notar que a ideia básica por trás dessa Lei, conforme interpretada por Jesus, é:

  1.  Deus deve ser reconhecido e seguido como o Criador de todas as coisas (como esta passagem reforça)
  2. A maneira como Deus preparou as coisas para funcionar melhor indica que os humanos por Ele criados podem escolher livremente servir uns aos outros em amor (Mateus 22:36-40).

A experiência confirma que a maior realização acontece quando uma equipe, família, empresa ou comunidade serve a uma missão unificadora na diversidade de seus dons. Este versículo parece afirmar que os princípios morais de causa-efeito permanecerão em vigor enquanto a Terra permanecer.

Compreendendo todos os três pensamentos expressos por Jesus nesta passagem, juntamente com a comparação de Jesus dentro do contexto da zombaria dos fariseus (Lucas 16:14) e Sua repreensão às suas tentativas tolas de autojustificação (Lucas 16:15), vemos que Jesus os adverte de que a perspectiva de Deus é suprema.

O Evangelho do Reino foi e continua sendo pregado e as pessoas estão tendo que tomar um lado. É melhor aceitarmos ao Deus Criador como nossa autoridade do que estar ao lado de homens ignorantes. Escolheremos estar do lado Daquele que criou o céu e a terra, ou escolheremos as modas e opiniões de nossos dias?

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