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Significado de Mateus 22:34-36
O relato paralelo do Evangelho quanto a este evento é encontrado em Marcos 12:28.
Quando os fariseus ouviram que a resposta de Jesus à pergunta dos saduceus em relação à ressurreição os havia silenciado, eles se reuniram. A provável razão pela qual os fariseus se reuniram depois que os saduceus falharam em prender Jesus foi para poder criar algo que O fizesse cair em uma nova armadilha.
Os fariseus e saduceus eram ambos autoridades religiosas em Israel. Porém, eram rivais. Os saduceus controlavam e operavam o templo e supervisionavam os sacrifícios. Os fariseus estavam dispersos por toda a nação e ensinavam suas interpretações da lei de Deus nas reunião locais chamadas sinagogas.
Embora os fariseus e saduceus quisessem destruir Jesus, os fariseus certamente não ficaram desapontados ao ouvirem como Jesus havia repreendido aos saduceus e refutado sua negação da ressurreição.
Por um lado, os fariseus criam na ressurreição (os saduceus não criam - Mateus 22:23). Jesus havia defendido enfaticamente sua crença na ressurreição de maneira dramática. O cenário hiperbólico que os saduceus haviam descrito para enquadrar sua pergunta (Mateus 22:24-28) tinha as características de uma "pegadinha" e possivelmente foi usada para atordoar os fariseus por algum tempo. Jesus habilmente deixou de lado o enquadramento deles e reformulou a pergunta, de acordo com a verdade, e os saduceus foram silenciados (Mateus 22:29-33).
Uma segunda razão pela qual os fariseus podem ter sentido um certo grau de satisfação ao saber que Jesus havia derrubado a premissa dos saduceus foi porque eles eram rivais e competiam pelo poder político e pela estima e admiração de seus companheiros judeus. Seguindo sua mentalidade "eu primeiro", qualquer coisa que prejudicasse seus rivais na competição pelo poder era vista como um benefício para si mesmos.
A mensagem do Reino de Jesus era exatamente o oposto das disputas políticas mundanas do "eu-primeiro/você por último" travadas pelos fariseus, saduceus, romanos e outros domínios políticos deste mundo. O Reino de Jesus não era deste mundo (João 18:36). Ele ensinou Seus seguidores a amar e servir a todos (Mateus 20:25-28), incluindo os menores deles (Mateus 10:42), e até mesmo os inimigos (Mateus 5:44-45). O ethos central de Sua mensagem foi manifesta em Sua resposta à pergunta dos fariseus sobre o grande mandamento:
"E disse-lhe: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento'. Este é o grande e principal mandamento. A segunda é como ela: 'Amarás o teu próximo como a ti mesmo'. Destes dois mandamentos, dependem toda a Lei e os Profetas." (Mateus 22:36-40)
Se os fariseus, de fato, se deleitaram com a derrubada des seus rivais por Jesus, fazendo-os parecer melhores aos olhos do povo, então a declaração de Jesus sobre "amar a Deus" (Mateus 22:37) e "amar ao seu próximo" (Mateus 22:39) foi um contraste irônico e acentuado à perspectiva dos fariseus.
Mateus relata que, depois de Jesus ter repreendido aos saduceus, os fariseus se reuniram, provavelmente planejando seu próximo passo para derrubá-Lo. Parece improvável que a próxima ação tomada pelo advogado, perguntando sobre o maior mandamento, tenha sido resultado de um complô arquitetado pelos fariseus. Em vez disso, o advogado que faz a pergunta parece ter agido por conta própria. De fato, no Evangelho de Marcos, parece que Jesus o elogiou depois daquela interação.
“Então, um deles, um advogado, fez-Lhe uma pergunta, testando-O.” A natureza de seu teste pode ter várias explicações, como será discutido adiante.
Este advogado era um especialista legal na interpretação da Lei de Deus. Marcos explicou que ele era "um dos escribas" e que este escriba havia ouvido Jesus debatendo com os saduceus e tinha reconhecido que Jesus lhes tinha respondido bem. (Marcos 12:28). O fato de Jesus "lhes ter respondido bem" poderia simplesmente significar que o advogado tenha concordado com a resposta de Jesus.
O advogado dirigiu-se a Jesus como Mestre, provavelmente "Rabino" na língua hebraica. O relato de Marcos sobre esse diálogo fornece mais detalhes e parece descrever uma conversa pacífica, talvez até amigável. Os detalhes de Mateus são escassos e se concentram na resposta de Jesus. Ao ler o relato de Marcos, parece que o título de Mestre pode ter sido dado genuinamente e com respeito. Não há nada no relato de Marcos que sugira que ele se referiu a Jesus em tom sarcástico ou que estava jorrando escárnio ou engano, como havia sido o caso dos fariseus que, zombeteiramente, haviam chamado a Jesus de "Mestre" em Mateus 22:16.
A pergunta do advogado era: "Qual é o grande mandamento da Lei?" Jesus responde que o grande mandamento é: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento" (Mateus 22:37). (Isso será comentado na próxima seção.)
A expressão "o maior mandamento" era uma maneira de dizer "o mandamento mais importante". Marcos deixa isso explícito quando registra que o advogado perguntou: "Que mandamento é o mais importante de todos?" (Marcos 12:28). Jesus também ressaltou Sua resposta dizendo ao advogado: "Este é o grande e principal mandamento" (Mateus 22:38).
A Lei era uma abreviação do Pentateuco - os Cinco Livros de Moisés. Moisés entregou a Lei de Deus a Israel. Moisés ensinou a Israel os mandamentos de Deus. Ele proferiu centenas de leis, incluindo os Dez Mandamentos. Os Dez Mandamentos eram uma lista com os títulos dos mandamentos, ou artigos, sob os quais as outras leis eram organizadas. Aparentemente, este advogado acreditava corretamente que maior mandamento havia sido dado por Moisés e declarado na Lei.
É interessante observar que Mateus escreve que esse advogado estava testando a Jesus. A palavra grega que Mateus usa para testar neste versículo é "peirazown". "Peirazown" é um particípio que significa “testar” ou "tentador". Ele descreve como o advogado fez a pergunta.
O teste, nesse contexto, poderia sugerir pelo menos três conotações.
Tentação antagônica
É possível que este advogado tenha tentado derrubar Jesus. Peirazown é a mesma palavra raiz que Mateus usou quando "Jesus foi conduzido pelo Espírito para ser tentado” ("peirasthonai") pelo diabo" (Mateus 4:1). Foi a palavra exata que Mateus usou para descrever o diabo quando escreveu: "E o tentador ("peirazown") veio e disse a Ele..." (Mateus 4:3). O uso que Mateus faz do termo “teste” ("peirazown") aqui pode indicar uma associação que trabalhava em nome do diabo (consciente ou inconscientemente). O diabo e os fariseus (como um todo) queriam destruir a Jesus.
Além disso, o uso de "peirazown" (teste) aparece na forma de um particípio contínuo. Isso pode indicar que a maneira como esse advogado estava testando Jesus era fazendo-Lhe uma mesma pergunta repetidas vezes - talvez como um agitador na multidão, tentando assediar ao orador.
Se essa imagem for precisa, o diálogo não teria sido um teste lógico, mas social ou emocional. A pergunta do advogado sobre o maior mandamento da Lei era de fácil resposta a um rabino judeu. Praticamente qualquer menino judeu seria capaz de citar as Escrituras da Lei se aquela pergunta fosse dirigida a ele.
Se foi um teste antagônico, talvez tenha sido planejado como uma tentativa de irritar Jesus e provocá-Lo com a pergunta sobre a amar a Deus (e possivelmente amar aos outros), de modo a testá-Lo, para ver se Ele ficaria irritado por uma pergunta tão elementar. Talvez o teste fosse para ver se Ele responderia em tom de irritação, demonstrando um comportamento que contradiria Suas palavras e quebraria o mandamento. Os fariseus estavam prontos para atacá-Lo caso o comportamento de Jesus não se alinhasse com Sua resposta.
Esta interpretação parece improvável, dadas as informações adicionais que recebemos sobre esse diálogo.
Verificação esperançosa
Por outro lado, este advogado pode não ter tentado humilhar a Jesus. Com base no que o advogado havia visto e ouvido de Jesus, ele pode ter tido um impulso em direção à crença de que Jesus poderia realmente ser o Messias. O fato de ele ser chamado de advogado, à parte da descrição de ser um fariseu, pode indicar que ele estava agindo à parte, talvez enquanto os fariseus estavam reunidos. Sua pergunta sobre o maior mandamento pode ter sido uma maneira de verificar ou testar Jesus, para ver se Ele realmente era o Messias. Dados os milagres e ensinamentos de Jesus, tal atitude seria uma coisa responsável para uma autoridade religiosa investigar.
Se esse foi o caso, o advogado não era antagônico a Jesus, como muitos dos outros fariseus; em vez disso, ele estava esperançoso de que aquele fosse o Cristo. Sabemos que pelo menos alguns líderes religiosos e fariseus creram em Jesus (João 12:42, 19:38-39). Este advogado pode ter estado entre aqueles que creram, ou que pelo menos estavam abertos a crer Nele.
Novamente, se este foio o caso, então a autenticidade do advogado e o teste esperançoso de Jesus teriam sido um ponto fora da curva na série de armadilhas que os saduceus e fariseus estavam colocando para Cristo durante Seu o tempo em que ensinava e curava no templo (Mateus 21:15-16; 21:23-27; 21:28-46; 22:15-22; 22:23-33; 22:41-46). A fala de Marcos sobre esse diálogo parece retratar uma conversa de respeito mútuo. Seria uma indicação de que, mesmo no meio da rejeição, Deus sempre separa um remanescente (Romanos 11:4).
Um Cumprimento Simbólico do Exame de Jesus como o Cordeiro Pascal
Um terceiro aspecto do teste do advogado ("peirazown") que Mateus pode ter tido em mente ao usar essa palavra para descrever o diálogo não estava na atitude do advogado, mas sim, tinha a ver com a Páscoa.
O feriado anual da Páscoa lembrava a noite anterior ao êxodo de Israel do Egito. Naquela noite terrível, Deus matouo os filhos primogênitos do Egito, mas passou por cima de todas as casas que tinham o sangue do cordeiro imaculado pintado em seus batentes (Êxodo 12:1-32). Os judeus comemoravam este dia santo todos os anos sacrificando cordeiros pascais.
Parte do processo da celebração da Páscoa era uma inspeção do cordeiro pascal para garantir que ele fosse impoluto (Êxodo 12:3, 5). Jesus foi e é o nosso Cordeiro Pascal imaculado (1 Coríntios 5:7). Seus confrontos com as autoridades religiosas no templo durante a semana da Páscoa serviram como uma espécie de inspeção ou teste quanto ao caráter imaculado de Jesus.
Durante Seu teste, Ele foi encontrado sem culpa e ninguém foi capaz de respondê-Lo (Mateus 22:46). Depois de ouvir a resposta de Jesus a essa pergunta, este advogado elogia Jesus por Sua resposta (Marcos 12:32-33).
É claro que essas autoridades religiosas e esse advogado (antagônico ou esperançoso) não tinham noção de que estavam avaliando Jesus como o Cordeiro Pascal naquele momento. Eles estavam obcecados em tentar forçá-Lo a dizer ou fazer algo que O desacreditasse aos olhos do povo, ou encontrar algo de que pudessem acusá-Lo ou prendê-Lo, trazendo-O diante dos romanos.
Jesus passou em todas as suas provas.