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Significado de Mateus 23:13
O relato paralelo desta observação é encontrado em Lucas 11:52.
Enquanto falava às multidões e a Seus discípulos (Mateus 23:1), Jesus os advertiu a não serem como os escribas e fariseus (Mateus 23:2-3). Ele descreveu sua falsa justiça como impiedosa (Mateus 23:4) e obcecada por sua auto-imagem (Mateus 23:5). Sua ambição pelo poder os levava a ter inveja de Deus (Mateus 23:6-10). Em vez de se exaltarem como faziam os fariseus, Jesus instrui Seus discípulos a buscarem a verdadeira grandeza através de agradar a Deus e servir aos outros em humildade (Mateus 23:11-12).
Em seguida, Jesus começou a repreender aos escribas e fariseus, que provavelmente estavam presente entre as multidões, com uma série de interjeições proféticas e graves. Esta série é conhecida como "Os Oito Ais " (Mateus 23:13, 14, 15, 16, 23, 25, 27, 29).
Um ai é uma interjeição falada ou uma exclamação súbita que interrompe o fluxo de comunicação do interlocutor. Ele era comumente usado no mundo antigo. Na linguagem bíblica, transmite profunda tristeza ou desespero. Descreve o estado oposto do Bem-Aventurado (em grego, "Makarios"). Ao mesmo tempo em que os Oito Ais eram um tipo de paralelo linguístico, é improvável que fossem contrastes diretos às Oito Bem-Aventuranças que abrem o Sermão da Montanha (Mateus 5:3-12). (Os paralelos negativos com as bem-aventuranças são encontrados em Lucas 6:24-26). Os Oito Ais, no entanto, fornecem um vislumbre alternativo às Bem-Aventuranças.
Os usos modernos de hoje do termo “Ai” são tipicamente expressões humorísticas, irônicas ou divertidas de preocupação com nossos problemas no mundo ocidental (exemplo: "Ai de mim, meu wifi está com uma conexão muito lenta"). Porém, não devemos permitir que nossa linguagem contemporânea nos cegue quanto às graves advertências referentes às lamentações dolorosas ou ao profundo sentimento de desesperança que os ais do mundo antigo e da Bíblia transmitiam. Não havia nada de lúdico ou sarcástico neles.
A Bíblia normalmente usa o Ai de duas maneiras.
A primeira maneira pela qual a Bíblia usa o Ai é através do exemplo de alguém que está desesperado por circunstâncias desastrosas. Um exemplo desse uso foi quando os filisteus temiam o poder e a presença de Deus quando o exército israelita trouxe a arca da aliança para o seu acampamento: "Ai de nós! Quem nos livrará das mãos desses poderosos deuses?" (1 Samuel 4:8a). Outro exemplo foi quando o profeta Isaías se conscientizou de seu pecado quando, na presença de Deus: "Ai de mim, pois estou arruinado! Porque sou um homem de lábios imundos, E vivo entre um povo de lábios imundos; Porque os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos" (Isaías 6:5).
Uma segunda maneira pela qual a Bíblia usa o Ai é como uma advertência profética contra consequências calamitosas. A maioria dos ais encontrados na Bíblia eram advertências.
"Ai daqueles que chamam o mal de bem e o bem de mal." (Isaías 5:20a).
"Ai daquele que edifica a sua casa sem retidão e os seus cenáculos sem justiça.” (Jeremias 22:13).
"Ai dos profetas tolos que estão seguindo seu próprio espírito e nada viram." (Ezequiel 13:3b).
"Ai da terra e do mar, porque o diabo desceu até vós, tendo grande ira, sabendo que tem pouco tempo.” (Apocalipse 12:12b).
Os Oito Ais que Jesus declarou sobre os escribas e fariseus em Mateus 23 foram advertências proféticas. Pelo menos alguns desses Oito Ais foram ditos por Jesus em outras ocasiões, incluindo na refeição de Jesus com um fariseu (Lucas 11:37-52).
Com base no que Jesus disse após cada ai, é claro que Ele os declarou com grande consternação. A demonstração de emoção de Cristo é outra maneira pela qual vemos Sua humanidade como Filho de Deus. Isso não significa que Deus, apesar de não ser homem, seja desprovido de emoções como alegria ou tristeza. Estamos apenas destacando mais um exemplo de como Jesus participou plenamente da nossa humanidade (Hebreus 2:17).
As emoções que Jesus demonstrou nesses Oito Ais parecem ser de ira e tristeza. Deus se preocupa profundamente com a verdadeira justiça (Salmo 33:5; Isaías 61:8). A verdadeira justiça é quando uma comunidade cuida uns dos outros e trata com dignidade e valor a cada pessoa. A fim de alcançar a verdadeira justiça, aqueles que têm autoridade devem cuidar do bem-estar dos outros. Jesus ficou irado porque os líderes religiosos de Israel estavam abusando das leis para agir maldosamente, tirando vantagem daqueles a quem deveriam servir. Deus se identifica com o sofrimento dos inocentes e Ele entende a dor deles (Salmo 34:18; Salmos 147:2-6; Isaías 49:13). E, assim, Jesus lamentou o grande mal que os fariseus estavam infligindo a Seu povo.
O primeiro dos Oito Ais proféticos em Mateus 23 foi: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o Reino dos Céus às pessoas; pois não entrais vós mesmos, nem permitis que aqueles que estão a entrar entrem.”
No evangelho de Lucas, Jesus disse algo semelhante. Ele repreendeu aos "advogados" (escribas):
"Ai de vós, advogados! Pois você tirou a chave do conhecimento; vós mesmos não entrastes, e impedistes os que estavam a entrar." (Lucas 11:52).
Este ai (bem como sete dos oito ais em Mateus 23) foi dirigido aos escribas e fariseus.
Os escribas eram advogados religiosos. Eles eram meticulosos quanto aos códigos morais prescritos pela Lei (as Escrituras do Antigo Testamento, especialmente os Livros de Moisés) e a Tradição (a "Mishná" judaica, um registro escrito dos ensinamentos orais de rabinos que se estendiam desde Moisés e havia sido desenvolvido e codificado após o exílio babilônico). Os escribas procuraram formas na Lei e na Tradição de criar brechas para si mesmos e, ao mesmo tempo, produzir uma lista de regras para controlar o povo.
Os fariseus eram os guardiães e promotores da cultura moral judaica. Eles lideravam e ensinavam nas sinagogas locais. Eles eram vistos como os modelos e exemplos de fé judaica. Os fariseus seguiam estritamente as suas interpretações, bem como as dos escribas, sobre a Lei e a Tradição. E esmagavam qualquer um que não seguisse suas regras ou que ousasse desafiá-las.
Os escribas tinham autoridade legislativa e judicial. Os fariseus tinham autoridade executiva e poder para impor as interpretações da Lei dos escribas sobre o povo. Ambos conspiravam juntos para se tornarem uma força incontestável e corrupta da negligência religiosa.
Jesus os chamou de hipócritas. A palavra hipócrita vem do termo grego para "ator". Era alguém que fingia ser uma coisa, mas era outra. Descrevia alguém falso. Jesus usa esse termo para rotular os escribas e fariseus como fraudes religiosas.
No Sermão da Montanha, Jesus usou esse termo para denunciar as falsas ações religiosas perpetradas pelos fariseus. Porém, Ele não identificou explicitamente os fariseus como hipócritas nesse momento (Mateus 6:2; 6:5; 6:16; 7:5). Mais tarde, quando os fariseus e escribas confrontaram Jesus sobre Seus discípulos colherem grãos no sábado (Mateus 15:7-9) e quando eles se associaram aos herodianos para prendê-Lo quanto ao pagamento do imposto (Mateus 22:18), Jesus não foi tão sutil.
No primeiro dos Oito Ais, Jesus chamou aos escribas e fariseus de hipócritas pela forma como fecharam o caminho do Reino dos Céus para as pessoas. Aqueles líderes religiosos fingiam seguir a Deus, mas na verdade estavam interessados apenas em promover seus próprios feudos sociais. Eles rejeitaram ao Messias e Seu mensageiro (João Batista) que pregava sobre a vinda do Reino (Mateus 3:2; 4:17). Eles se esforçavam ativamente para desconectar o povo do Reino, caluniando Jesus (Mateus 12:24); planejando como poderiam destruí-Lo (Mateus 12:14; Lucas 11:53-54) e expulsando aos que confessaram que Jesus era o Messias (João 9:22). Em vez de direcionar as pessoas para Deus, eles usurpavam o lugar de Deus e apontavam as pessoas a si mesmos. Eles haviam usurpado a posição de Deus como Pai, Líder e Rabino para o povo.
O Reino dos Céus descreve a nova e perfeita harmonia social entre Deus e Seu povo que Cristo veio inaugurar. Esta harmonia resultou do reinado do Rei Jesus. E Sua regra fundamental era tratar aos outros com o mesmo amor e respeito que queremos para nós mesmos (Mateus 7:12). Jesus convidava as pessoas a servirem às necessidades dos outros e a buscar o interesse das pessoas em amor (Mateus 22:39), incluindo os inimigos (Mateus 5:44) e os fracos (Mateus 19:14).
O Reino dos Céus era a mensagem central de Jesus (Mateus 4:23; 6:33; 9:35). Ele pregou e ensinou os valores do Reino em Seu Sermão da Montanha (Mateus 5:3; 5:10; 5:19; 5:20; 6:10; 6:13; 6:33; 7:21). Ele comissionou Seus discípulos a espalhar essa notícia (Mateus 10:7; 16:19; 28:18-20). Ele ensinou sobre isso em parábolas (Mateus 13:11; 13:24; 13:31; 13:33; 13:44; 13:45; 13:47; 18:23; 20:1; 22:2. E Ele discutiu isso com multidões de seguidores (Mateus 8:11-12; 11:11-12; 19:23).
O tema central do Evangelho de Mateus é que Jesus era o Messias prometido que havia vindo para redimir a Israel, inaugurando Seu Reino eterno.
Os escribas e fariseus rejeitaram a Jesus e Seu convite para o Reino através de suas persistentes negações (Mateus 12:28; 22:3). Foi sua escolha seguir a estrada larga e entrar pela porta larga, que leva à destruição (Mateus 7:13-14). Neste caso, tal destruição incluía a oportunidade de Israel de ter seu Reino restaurado (Atos 1:6, 3:19). Foi sua escolha não deixar as coisas do mundo e entrar no Geena ardente, ao invés de entrarem no Reino, ainda que mutilados pelas perdas terrenas (Mateus 5:29-30).
Deus respeita a decisão de todos de segui-Lo ou rejeitá-Lo. Mas a rejeição dos fariseus atingiu um nível elevado, porque eles fingiam estar perto de Deus e apoiar o Seu Reino. Jesus ressaltou que eles mesmos não entravam e participavam do Reino. Foi por isso que Jesus os chamou de hipócritas.
Além disso, eles faziam tudo ao seu alcance para não permitir que aqueles que estão entrando no Reino entrassem. Eles caluniaram Jesus e Sua mensagem e perseguiram ativamente aos que tentavam segui-Lo. Eram pedras de tropeço para os fiéis.
Em outro lugar, Jesus advertiu com outro ai a qualquer um que fizesse com que "um desses pequeninos" tropeçasse em seu caminho para o Reino:
"Quem quer que faça com que um desses pequeninos que acreditam em Mim tropece, seria melhor para ele ter uma pesada pedra de moinho pendurada em seu pescoço e ser afogado nas profundezas do mar. Ai do mundo por causa de suas pedras de tropeço! Pois é inevitável que venham pedras de tropeço; mas ai daquele homem por meio do qual vem a pedra de tropeço!" (Mateus 18:6-7).
No entanto, apesar de seus esforços para não permitir que ninguém entrasse no Reino, os escribas e fariseus foram incapazes de parar a obra de Deus. As multidões gritavam e as crianças cantavam "Hosana ao Filho de Davi" (Mateus 21:9, 15). Os cobradores de impostos e prostitutas estavam entrando no Reino diante de seus olhos (Mateus 21:31). O Reino estava sendo tirado dos escribas e fariseus e dado a um povo que produziria seu fruto (Mateus 21:43).
Era como se as pedras tivessem começado a clamar (Lucas 19:40).