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Significado de Mateus 23:15

Em Seu terceiro ai, Jesus repreende aos escribas e fariseus por usarem os convertidos para melhorar seu status e número de seguidores.

Essa observação não é encontrada nos relatos dos Evangelhos.

O terceiro Ai de Mateus 23 considera os esforços dos fariseus em espalhar sua corrupção através do proselitismo. Foi dirigida aos escribas e fariseus.

Os escribas eram advogados religiosos. Eles meticulosamente estudavam a Lei e a Tradição para criar brechas para si mesmos e produzir mais e mais regras para controlar o povo. Os fariseus eram os mestres desses costumes religiosos. Eles lideravam as sinagogas locais e seguiam estritamente as  interpretações dos escribas da Lei e da Tradição. Os fariseus esmagavam qualquer um que falhasse em seguir suas regras ou que ousasse desafiá-las.

Os escribas tinham autoridade legislativa e judicial; os fariseus funcionavam como a polícia religiosa. Eles se aliaram como uma força incontestável e corrupta.

Jesus os chamou de hipócritas. A palavra hipócrita vem do termo grego para "ator". É alguém que finge ser uma coisa, mas é outra. Descreve alguém falso. Jesus usa esse termo para rotular aos escribas e fariseus como fraudes religiosas.

A razão pela qual Ele os chama de hipócritas neste ai foi porque eles viajavam por toda parte para fazer prosélitos e, uma vez que os convertiam, o faziam duas vezes mais filho do inferno do que eles próprios.

Um prosélito era um convertido de outra religião. Os escribas e fariseus, ao que parecetentavam converter prosélitos à fé judaica entre os gentios. Muito provavelmente eles tentavam converter gregos e romanos que viviam na Judéia e do outro lado do Mar Mediterrâneo à sua religião - daí a expressão Vocês viajam por mar e terra para fazer um prosélito.

O judaísmo tinha vários atributos característicos atraentes para a cosmovisão romana:

  1. Monoteísmo: O conceito de um Deus Único que criou, sustenta e governa o mundo era intelectualmente superior à mesquinhez e às competições do politeísmo. Filósofos gregos, como Sócrates, Platão e Aristóteles eram monoteístas.
  2. Moralidade: Os ensinamentos judaicos, como os Dez Mandamentos, fundamentavam a ética em padrões objetivos e aplicáveis que se elevavam acima dos caprichos morais arbitrários do paganismo.
  3. Significado: A Fé Judaica fornecia respostas substanciais para o sentido da vida. Além disso, dava explicações sensatas para o sofrimento e fornecia uma visão convincente para a redenção.
  4. Estabilidade: A religião judaica se destacava por sua longevidade e sua capacidade de resistir às conquistas, exílios e modismos em constante mudança da época.

O historiador romano Tácito (56-120 d.C.) registrou que os prosélitos romanos da fé judaica "desprezavam todos os deuses" e "renegavam seu país" (A História 5.5). O centurião romano Cornélio provavelmente foi um prosélito. Ele era "um homem devoto e alguém que temia a Deus com toda a sua casa, e dava muitas esmolas ao povo judeu e orava a Deus continuamente" (Atos 10:2). Mais tarde, ele aceitou a Jesus como o Messias quando da visita de Pedro (Atos 10).

Os escribas e fariseus não estavam tentando ampliar a família de Deus. Eles estavam tentando construir seu próprio rol de seguidores. Sua missão não era ajudar as pessoas a ver e viver a verdade, mas inflar seu próprio poder e ego. Cada prosélito que eles convertiam era outro troféu e outro discípulo de sua tribo. Seu proselitismo era desprezível e outro exemplo de sua Má Religião. Eles buscavam liderar, em vez de levar as pessoas a seguir a Deus como seu Líder (Mateus 23:10).

Jesus, então, dá aos escribas e fariseus uma repreensão pungente: Sempre que vocês convertem alguém, vocês o fazem duas vezes mais filho do inferno do que vocês mesmos.

A frase filho do inferno é melhor traduzida como filho do Geena. Geena era o nome grego do Vale de Hinom, localizado ao sul das muralhas da cidade de Jerusalém. Servia como lixão da cidade, onde os resíduos e carcaças de animais eram queimados (Para saber mais sobre o Geena, veja nosso artigo de Tópicos Difíceis "Geena, Inferno e Hades".)  

Jesus frequentemente usava o Geena como imagem para contrastar com as bênçãos de Seu Reino. E, assim, a frase filho do Geena pode servir para constrastar com a frase frequentemente usada de Jesus, "filhos do Reino". Em termos gerais, essa expressão era uma marca das pessoas da Má Religião, como os escribas e fariseus, que viviam no Geena em vez de participar da administração do reinado do Messias. A imagem era de alguém que escolhia viver na imundície e corrupção, como observadas no depósito de lixo fora da cidade, em vez de escolher viver na segurança e conforto da cidade. A realidade dos caminhos do mundo é como o aterro sanitário e o esgoto da cidade, enquanto o Reino de Cristo é como a cidade.

A ironia é que os escribas e fariseus se gabavam de governar o monte de lixo, enquanto zombavam e ridicularizavam o Reino de Deus. Eles simplesmente não percebiam que habitavam no Geena. Eles eram a epítome da frase "todo aquele que se exaltar será humilhado" (Mateus 23:12)! Eles não tinham humildade, eles não tinham olhos para ver a realidade.

E, aparentemente, os prosélitos que eles faziam eram ainda mais corrompidos em sua jactância e zombaria. Talvez isso ocorresse porque um prosélito sempre possui muito mais entusiasmo e abundante inexperiência. Eles eram zelosos pela causa, porém sem a etiqueta refinada e a astúcia dos escribas e fariseus. Talvez seja este o motivo de Jeesus ter dito que cada prosélito era duas vezes mais filho do Geena do que os escribas e fariseus que o convertiam.

Ao apontar o comportamento dos convertidos pelos fariseus, Jesus expôs a corrupção de seus ensinamentos.

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