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Significado de Mateus 25:35-40
Esta parábola não tem paralelo aparente nos outros relatos do Evangelho.
O comentário ABibliaDiz subdividiu a parábola das Ovelhas e dos Bodes e sua subsequente elaboração (Mateus 25:31-46), de acordo com o esboço abaixo. Para facilitar a sequência e coesão, toda a passagem deste ensinamento está incluída na parte inferior e suas palavras estão em itálico em todas as porções dos comentários, mesmo que não apareçam nesta porção específica das Escrituras.
Esta parte da parábola se concentra em Mateus 25:35-40 - "As Escolhas dos Justos".
Mateus 25:31-46 O Contexto da Parábola
Mateus 25:31 A Observação de Abertura
Mateus 25:32-33 O Primeiro Julgamento: Separando as Ovelhas dos Bodes
Mateus 25:34 O Segundo Julgamento: A Recompensa dos Justos
Mateus 25:35-40 As Escolhas dos Justos
Mateus 25:41 O Terceiro Julgamento: O Banimento dos Amaldiçoados
Mateus 25:42-45 As Escolhas dos Amaldiçoados
Mateus 25:46 A Observação Final
AS ESCOLHAS DOS JUSTOS
O Rei dirá às ovelhas à Sua direita: "Porque eu estava com fome, e vós me destes de comer; Eu estava com sede, e vós Me destes algo para beber; Eu era um estranho, e vocês Me convidaram para entrar; nus, e me vestistes; Eu estava doente, e vocês Me visitaram; Eu estava na prisão, e vocês vieram a Mim."
Depois de recompensar as ovelhas justas, que são altamente reconhecidas por Seu Pai e recebem sua herança no Reino preparado para elas desde a fundação do mundo, o Rei explica por que elas estão sendo recompensadas dessa maneira.
Elas serão recompensadas pelo tratamento que deram ao Rei quando Ele estava em grande necessidade.
O Rei registra seis maneiras pelas quais os justos cuidaram Dele. Sua lista inclui algumas maneiras surpreendentes, se não intrigantes, pelas quais Seu povo O serviu. Não é uma lista do que as pessoas normalmente consideram grandes feitos ou ações poderosas. Mas, como muitas vezes vimos em todo o Evangelho de Mateus, a grandeza no Reino do Filho do Homem é alcançada e medida de forma muito diferente do que ocorre entre os reinos dos homens (Mateus 5:19; 6:5-6; 11:8, 11; 13:44-46; 18:4; 19:29-30; 20:25-28; 23:11-12). A lista do Rei quanto aos grandes feitos que são dignos de receber grandes recompensas são tarefas humildes de amor e serviço. São atos que normalmente não são anunciados pelo mundo - às vezes jamais reconhecidos pelo mundo. Mas todos eles são de grande valor para quem os recebe.
A primeira maneira descrita pelo Rei é como os justos cuidaram Dele alimentado-O quando estava com fome.
A fome era um problema constante em todo o mundo antigo e ainda é hoje. Fora do círculo dos líderes políticos e religiosos muito ricos, a maioria das outras pessoas na Judéia e em outros lugares não sabia de onde viria sua próxima refeição - ou, como era frequentemente o caso - se haveria alguma refeição amanhã (Mateus 6:25-26, 31). Não havia mercearias modernas ou cadeias de suprimentos industrializadas. Ter algo para comer era algo crítico para as classes trabalhadoras e para os pobres, mesmo nos bons tempos. Se uma fome atingisse uma região, ou uma guerra interrompesse a cadeia de suprimentos, as pessoas muitas vezes morriam de fome - os pobres acima de tudo.
O rei, por outro lado, era o menos propenso a morrer de fome. Ele tinha armazéns para guardar comida extra, juntamente com dinheiro e meios para comprar mais alimento, evitando assim que Ele ficasse com fome ou não tivesse o que comer. Porém, aqui está o Rei, o Senhor Deus, o próprio Filho do Homem, nada mais, nada menos, dizendo aos justos à Sua direita que, quando Ele estava com fome, eles haviam dado a Ele algo para comer. E, por seus atos de compaixão que O serviram em Seu momento de aflição, Ele agora está concedendo a eles o Reino preparado.
No versículo 40, Jesus revelará que a maneira como Ele, como Rei, foi alimentado quando estava faminto, era quando as ovelhas justas o fizeram a "um destes meus irmãos, sim, o menor deles. "
A segunda maneira pela qual o Rei descreve como os justos cuidaram Dele foi que eles Lhe haviam dado algo para beber quando estava com sede.
Nos climas áridos da Judéia, a sede também era uma consideração relevante. Qualquer viajante (rico ou pobre) tinha que levar em conta onde estariam os suprimentos de água disponíveis ao longo do caminho. Nascentes, rios e poços eram as principais fontes de água doce, já que não havia encanamento interno. Para beber água, alguém teria que fazer um esforço diário. Muitas vezes era o trabalho diário das mulheres era buscar água nos poços e voltar com seus jarros todas as manhãs (João 4:7). Dar a alguém um copo de água fria era algo abençoador. Era uma dádiva de vida. Era um ato de misericórdia que valorizava a pessoa que o recebia.
Jesus promete a Seus discípulos que eles não perderiam sua recompensa caso dessem "um copo de água fria" a um desses pequeninos em Seu nome (Mateus 10:42).
O Rei Jesus dirá aos justos como eles foram misericordiosos com Ele quando se esforçaram para coletar água fresca e Lhe deram algo para beber quando estava com sede. Isso também é estranho, pois era o trabalho do Pastor encontrar água para Suas ovelhas (Salmo 23:2). Porém, aqui, Deus está dizendo como as ovelhas forneceram água para seu Pastor.
No versículo 40, Jesus revela que a maneira pela qual Ele, como Rei, foi cuidado quando tinha sede era quando as ovelhas justas o faziam a "um destes meus irmãos, sim, o menor deles."
A terceira maneira pela qual o Rei descreve como os justos cuidaram Dele foi que eles O convidaram a entrar em suas casas quando era um estranho.
Um estranho era qualquer um que fosse desconhecido para as pessoas em uma cidade ou aldeia. Estranhos não tinham lugar próprio para ficar. Eles dependiam da hospitalidade daqueles que viviam ali para atender às suas necessidades de comida e abrigo, até que pudessem sair. A lei de Moisés ordenava Israel a cuidar do estrangeiro (Levítico 19:33-34). Uma das maneiras pelas quais o justo Jó defendeu sua integridade contra seus amigos tolos foi explicar como havia aberto suas portas aos viajantes, jamais permitindo que os estrangeiros dormissem do lado de fora sempre que passavam por suas terras (Jó 31:32).
O Rei Jesus dirá aos justos como eles foram compassivos com Ele quando O convidaram a entrar em suas casas quando Ele era um estranho em sua terra. Este também é um quadro intrigante. Como pode um Rei ser um estranho entre o Seu próprio povo? E como poderia Deus, o Rei do universo, precisar de um lugar para ficar, quando Ele governa o mundo? Ele é dono de tudo (1 Coríntios 10:26). Ele tem total autoridade e não precisa assumir a posição de convidado (Salmo 135:6).
No versículo 40, Jesus revela que a maneira como Ele, como Rei, foi hospedado era quando as ovelhas justas o faziam a "um destes meus irmãos, sim, o menor deles".
A quarta maneira pela qual o Rei descreve como os justos cuidavam Dele era que eles O vestiam quando estava nu.
A roupa é uma necessidade humana desde a queda (Gênesis 3:7). A roupa cobre fisicamente tanto a nossa nudez quanto a nossa vergonha; ela nos protege do sol escaldante, dos ventos fortes, da chuva e do frio do inverno.
A palavra Nu neste contexto certamente significa estar completamente despido. A visão de uma pessoa tão desesperada, sem nenhuma roupa em público, deve evocar profunda piedade. Deve nos levar a agir e oferecer-lhes roupas. Mas a palavra Nu também pode significar a ausência de uma camisa ou de um casaco para proteger do clima. Essas também podem ser oportunidades para servir às pessoas e avançar radicalmente o Reino de Jesus - mesmo quando a outra pessoa tem um senso errado de direito (Mateus 5:40).
Esta é mais uma imagem perturbadora que o Rei Jesus dirá aos justos. Como pode um rei, que normalmente usa roupas finas e caras em seus palácios (Mateus 11:8) estar nu? Além disso, quão impensável seria imaginar o Rei e Criador dos Céus tão desesperado ao ponto de estar nu e precisando de roupas?
No versículo 40, Jesus revela que a maneira como Ele, como Rei, foi vestido quando estava nu era quando as ovelhas justas o faziam a "um destes meus irmãos, sim, o menor deles".
A quinta maneira pela qual o Rei descreve como os justos cuidaram Dele era que eles O visitaram quando estava doente.
Não havia indústria médica na antiga Judéia. Ou os doentes eram cuidados por suas famílias e amigos, ou eram abandonados (Mateus 8:14-16; João 5:7; João 11:1-2). Visitar uma pessoa doente demandava tempo e esforço. Isso afastava o visitante de suas tarefas diárias. E também incorria em grande risco. Era perfeitamente possível que o visitante que cuidasse do amigo ou parente doente também ficasse doente. Em uma sociedade subnutrida, sem o benefício da higiene e da medicina moderna, ficar doente poderia rapidamente resultar em morte. E muitas vezes isso ocorria.
Cuidar dos doentes é, muitas vezes, algo desagradável. Pode envolver atividades de limpeza da casa. A pessoa doente pode precisar de ajuda para fazer coisas, como comer, ir ao banheiro, tomar banho, se vestir, tudo isso coisas difíceis de realizar. A pessoa fica mais mal-humorada e ingrata quando está doente, por causa de dor ou desconforto. Visitar aos doentes pode ser algo física e emocionalmente exaustivo. Há poucos atos de maior serviço ou compaixão do que ajudar fisicamente alguém cujo corpo é muito fraco para atender às suas necessidades mais básicas.
Visitar a uma pessoa doente, em isolamento, também ministra à sua necessidade emocional de se relacionar. Isso a encoraja e ajuda a evitar que afunde na solidão e no desespero.
O Rei dirá aos justos que, quando estava doente, eles O haviam visitado e cuidado Dele. Imaginar um Rei poderoso numa posição de fraqueza e vulnerabilidade pela doença é uma visão patética. Como poderia o Rei Todo-Poderoso, "Jeová-Rafa" - "O SENHOR que Cura" (Êxodo 15:26) - ficar doente ou precisar de visitantes para cuidar de Suas doenças?
No versículo 40, Jesus revela que a maneira pela qual Ele, como Rei, foi consolado quando doente, era quando as ovelhas justas o faziam a "um destes meus irmãos, sim, o menor deles".
A sexta e última maneira pela qual o Rei descreve como os justos cuidaram Dele foi que vieram vê-Lo quando estava preso.
As prisões eram lugares perigosos e desagradáveis no mundo antigo. Os prisioneiros eram, muitas vezes, deixados para apodrecer, com pouca comida, água, roupa de cama, roupas ou saneamento. As prisões eram notórias por suas doenças. Os prisioneiros nas prisões antigas eram, muitas vezes, dependentes de sua família e amigos para pagar e prover suas necessidades. Praticamente todas as aflições anteriores, incluindo a solidão, eram sofridas pelos prisioneiros. E, claro, havia o estigma adicional de serem inimigos sociais ou políticos. Antes de ser preso, o profeta Jeremias reclamou amargamente ao Senhor sobre a dor de ser motivo de chacota em Seu nome (Jeremias 20:7-18). O apóstolo Paulo, que entrava e saía das prisões por compartilhar o Evangelho, sempre demonstrava gratidão quando seus amigos vinham visitá-lo e cuidar de suas necessidades (Filipenses 4:10-19; Colossenses 4:10, 14, 18; 2 Timóteo 4:9-13; Filemom 1:13).
Os prisioneiros nas prisões antigas eram, muitas vezes, dependentes de sua família e amigos para pagar e prover suas necessidades. Trazer-lhes algo para comer e beber, roupas, roupas de cama, etc. às vezes era a única maneira de satisfazer as necessidades básicas do prisioneiro. O ato de ir até eles na prisão ou visitá-los implicava o grande risco social e político de simpatizar com o prisioneiro. Identificar-se com o prisioneiro dessa maneira poderia facilmente levantar suspeitas e trazer estigmatização, ou mesmo levar à prisão do visitante.
O autor de Hebreus (que pode ter sido Paulo) implorou a seus leitores que "se lembrassem dos prisioneiros, como se estivessem na prisão com eles, e daqueles que são maltratados, uma vez que vocês mesmos estão no corpo" (Hebreus 13:3).
O Rei dirá aos justos que, quando estava na prisão, eles vieram a Ele, se identificaram com Ele e cuidaram de Suas necessidades. É estranho para um Rei, a personificação da lei, ser aprisionado como criminoso e depender de visitantes para ter suas necessidades providas. Porém, é ainda mais estranho para Deus, o supremo Justo Juiz do mundo (Salmo 9:8; Joel 3:12), e cuja própria Palavra é verdade e lei (Isaías 33:22; João 1:1; Tiago 4:12), ser aprisionado. Quão estranho é o Libertador que liberta os cativos esta na prisão (Isaías 61:1) numa posição de impotência e dependência de outros para trazer-Lhe comida, bebida e roupas!
No versículo 40, Jesus revela que a maneira como Ele, como Rei, foi cuidado quando perseguido, era quando as ovelhas justas o faziam a "um destes meus irmãos, sim, o menor deles".
O Número Seis como Representante da Humanidade
Um ponto interessante a considerar, portanto, é que há seis maneiras pelas quais o Rei registra como Seu povo cuidou Dele. O número seis na Bíblia, muitas vezes, representa a humanidade (a raça humana foi criada no sexto dia: Gênesis 1:26-31). Todas essas seis maneiras atendem às necessidades humanas básicas. Os cinco primeiros desses atos humanos ministram especificamente às necessidades materiais de uma pessoa por comida, água, abrigo, roupas e doenças. O sexto ato - visitar na prisão - provavelmente implica atender a várias das necessidades acima mencionadas de uma só vez, ao mesmo tempo em que ministra à necessidade emocional de companheirismo do preso. O simbolismo das seis ações, combinado com sua essência humana, enfatiza o quão importante é, para Deus, que prontamente sirvamos e atendamos às necessidades materiais das pessoas.
O mandamento indispensável de Deus de "amar o próximo como você ama a si mesmo" (Mateus 22:39-40) não deve ser relegado apenas a desejos fantasiosos e aplicações abstratas. Ela deve se manifestar nesses modos materiais, muito pessoais, muito humanos.
A Perplexidade dos Justos e a Resposta do Rei
Quando o Rei registra essas seis maneiras sobre como os justos haviam cuidado Dele, os justos ficam confusos. Eles perguntam quando aquelas coisas haviam ocorrido.
Então os justos lhe responderão: 'Senhor, quando te vimos com fome, e te alimentamos, ou com sede, e te demos algo para beber? E quando te vimos um estranho, e te convidamos a entrar, ou nu, e te vestimos? Quando te vimos doente, ou na prisão, e viemos a Ti?'
Aparentemente, os justos não têm nenhuma lembrança de terem visto o Rei em qualquer uma dessas circunstâncias de necessidade - muito menos qualquer lembrança de servi-Lo nesses momentos de carência.
O Rei responderá e lhes dirá: 'Em verdade vos digo que, na medida em que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo o mais pequenino, o fizestes a Mim'.
Há dois termos-chave e frases a serem descompactados na resposta do rei.
O primeiro termo que devemos identificar são Esses meus irmãos. Este termo refere-se aos irmãos e irmãs de Jesus como membros da família de Deus.
É verdade que todo crente em Jesus é um membro da família de Deus (João 1:11-12; Efésios 2:19; 1 João 3:1); o Deus do Céu é nosso Pai (Mateus 6:9; Efésios 2:18; Romanos 8:15) e Jesus é nosso irmão mais velho (João 20:17; Romanos 8:29; Hebreus 2:11-12).
Porém, Jesus também pode estar se referindo a algo mais íntimo, semelhante ao que havia ensinado a Seus discípulos quando disse:
"E estendendo Sua mão para Seus discípulos, Ele disse: 'Eis minha mãe e meus irmãos! Porque quem faz a vontade do Meu Pai, que está nos céus, é Meu irmão, minha irmã e minha mãe." (Mateus 12:49-50).
Se a declaração de Jesus em Mateus 12 se aplica ao que o Rei Jesus está dizendo nesta parábola, então Esses meus irmãos se referem não apenas a alguém que crê Nele, mas aos crentes que ativamente seguem e se identificam com Ele e que possivelmente foram colocados na prisão por sua fidelidade a Ele.
O segundo termo a considerar é a frase: Mesmo o menor deles.
Jesus estende a frase Esses meus irmãos e inclui até mesmo o menor deles. Isso provavelmente significa aqueles que são desconsiderados como sem importância de acordo com os valores mundanos. Pessoas como os pobres e aflitos (Mateus 9:35-36), cobradores de impostos e prostitutas (Mateus 21:32, Lucas 19:2, 9-10), samaritanos (João 4:9), gentios (Atos 11:18), crianças (Mateus 18:5-6; 19:14), viúvas e órfãos (Tiago 1:27), etc.
Há pelo menos duas coisas que o Menor deles tem em comum. Eles não são meramente párias invisíveis e insignificantes, mas também não possuem qualquer capacidade de retribuir a qualquer um pelo serviço prestado a eles. Suas circunstâncias os impedem de retribuir em espécie. Se as pessoas estão com fome, elas não têm comida para oferecer de volta. Se estão com sede, não têm bebida para oferecer de volta. Se são estranhos, não têm abrigos para convidar a ninguém. Se estão nus, não têm roupas para fornecer. Se estão doentes, são incapazes de visitar a quem quer que seja. Se estão presos, não podem visitar ninguém na prisão.
Essas pessoas podem não ser capazes de retribuir. Mas Deus é capaz. E Deus dará um Reino aos filhos que assim O sirvam. Em outra passagem, Jesus assegura a Seus discípulos que quem se der ao trabalho de dar um copo de água fria em nome de um discípulo a uma criança não perderá sua recompensa (Mateus 10:42).
Três princípios e aplicações emergem da resposta do Rei.
O primeiro princípio é que os justos deram de si mesmos, sacrificialmente, sem expectativa de retorno. Eles realmente cumpriram o segundo mandamento de "amar ao próximo como a si mesmos" (Mateus 22:39). Talvez, uma das marcas de seu amor e a expressão de sua justiça sejam exatamente sua falta de expectativa de que seus serviços sejam retribuídos nesta vida.
Não devemos ter a análise terrena de custo/benefício para a misericórdia ou graça oferecida a outros. Se recebêssemos nossa recompensa dos homens, isso faria algum sentido (Mateus 6:2). Porém, se operamos na economia do Reino de Deus, o Rei Jesus e Seu Pai oferecerão uma recompensa completa (Mateus 6:3-4). Devemos acreditar no que DEUS nos ensina: teremos grandes recompensas SEMPRE que amamos, servimos e perdoamos aos outros (Mateus 5:7; Romanos 8:18; 2 Coríntios 4:17; 1 Pedro 4:19). Quanto mais confiarmos na recompensa de Deus, maior ela será.
O segundo ponto da resposta do rei é o ponto principal da declaração de Jesus. Quando Ele diz: Na mesma medida em que vocês fizeram isso a um desses meus irmãos, mesmo o menor deles, vocês o fizeram a Mim, Ele quer dizer: Quando servimos aos membros da família de Deus, estamos realmente servindo ao Rei. Todo ato de bondade ou misericórdia que fazemos a outros em nome de Jesus é considerado por Deus como tendo sido feito a Ele (o mesmo também é verdade para toda ação mesquinha e impiedosa). Quanto mais amarmos e servirmos ao nosso próximo, mais amaremos e serviremos a Deus (Mateus 22:37-40; João 14:15; João 15:12).
Devemos ter isso em mente da próxima vez que encontrarmos um dos irmãos ou irmãs de Jesus em necessidade.
O terceiro princípio é que a verdadeira grandeza, muitas vezes, é o oposto do que o mundo considera importante. Nós, que vivemos no mundo, tendemos a ver as coisas como o mundo as vê. Medimos a grandeza por seus padrões de acumulação de riqueza, honras ou fama terrena e poder político. Tudo isso é "hebel" (Eclesiastes 1:2), ou seja, vaidade e vapor, coisas que evaporam como o orvalho da manhã (Tiago 1:10-11). Não devemos nos deixar enganar por essas ilusões. A verdadeira grandeza está em servir. Quem quiser ser o primeiro no Reino do Filho do Homem será servo na terra (Mateus 20:26-27).
Outro aspecto deste terceiro princípio é que muitas das chamadas "pequenas coisas" que fazemos, embora não sejam consideradas grandes ou importantes, podem ser reveladas como tendo um enorme valor no dia do julgamento. Isso pode ter sido parte da razão pela qual os justos não conseguiam se lembrar de seus atos de serviço ao Rei. Se isso for verdade, o oposto também é: algumas das coisas que pensamos ser um grande negócio na terra são de pouco valor no Reino.
Enquanto isso, devemos continuar servindo e prestar mais atenção às coisas que o Rei Jesus diz que importam, e gastar menos tempo nos preocupando com o barulho do mundo.
“E não desanimemos em fazer o bem, pois no devido tempo colheremos se não nos cansarmos. Então, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todas as pessoas, e especialmente àqueles [estes meus irmãos] que são da família da fé" (Gálatas 6:9-10).
A resposta do Rei também contém uma pista importante sobre a natureza do julgamento das ovelhas:
“Em verdade vos digo que, na medida em que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo o mais pequenino, o fizestes a Mim.”
A principal pista é a cláusula: na medida em que fazem isso.
O Rei diz algo explícito em relação à medida em que as ovelhas servem aos irmãos do Rei: tal serviço será contado como se o tivessem feito a Ele mesmo. Como a recompensa das ovelhas por esse tratamento é herdar o Reino, isso implica que algumas ovelhas receberão um maior domínio do Reino ou influência criativa, e algumas ovelhas receberão menos.
Foi o que aconteceu na Parábola dos Talentos. Cada um recebeu sua herança na medida em que gerou algo em relação ao que lhes foi confiado. Eles a receberão na medida em que foram fiéis. Os dois primeiros servos/ovelhas na parábola dobraram seus investimentos. O servo/ovelha infiel recebeu menos que todos os outros - e até mesmo o pouco que recebeu foi tirado dele (Mateus 25:28-29).
Mais uma vez, este (segundo) julgamento na Parábola das Ovelhas e dos Bodes diz respeito à extensão das obras de fé que um crente fez e descreve os julgamentos descritos nas três parábolas anteriores.
O primeiro julgamento nesta parábola, onde as ovelhas são separadas dos bodes, diz respeito à fé em Jesus. O primeiro julgamento está centrado em saber se uma pessoa é uma ovelha/crente em Jesus como o Filho do Homem, ou um bode/incrédulo. O primeiro julgamento determina onde cada pessoa passará a eternidade: para sempre com Deus no Novo Céu e Nova Terra (Apocalipse 21:1-3) ou eternamente condenada e separada Dele no lago de fogo (Apocalipse 20:10, 14-15).
Os amaldiçoados à esquerda do Rei irão para o castigo eterno, mas os justos à Sua direita irão para a vida eterna.
O primeiro julgamento que separa as ovelhas dos bodes parece definir se alguém é ou não membro da família de Deus. Uma pessoa se torna membro da família eterna de Deus crendo em Jesus (João 3:16; Romanos 5:1; Efésios 2:8-9). A vida eterna é uma dádiva (Romanos 3:24). As obras dessa pessoa não têm nenhum impacto sobre sua fé em Jesus, antes de nascer para a vida eterna (Romanos 3:28; 11:6; Efésios 2:8-9).
Porém, o segundo julgamento, que avalia a extensão das coisas boas que as ovelhas fizeram, diz respeito ao quão fiel a ovelha foi à família de Jesus. Os justos podem herdar a recompensa do Reino na medida em que servem aos menores entre eles quando estão com fome, sede, quando são estrangeiros, estão nus, doentes ou presos.
Sabemos que as obras de fé são muito importantes para Jesus. Elas trazem à tona o Seu louvor (Mateus 8:10; Lucas 19:1-10; 21:1-2) ou ira (Mateus 21:12-13; Mateus 23). Deus fala ao diabo sobre os justos e sua fidelidade (Jó 1:8; Jó 2:3). Jesus se sente honrado pelas obras dos justos e as confessa diante de Seu Pai (Mateus 10:32). Ele chamará os justos de "benditos".
De fato, todo o céu se maravilha com a maneira pela qual vivemos nossas vidas na terra (1 Coríntios 4:9; Efésios 3:10). O drama épico do cosmos ocorre todos os dias na vida dos crentes. Cada escolha moral que fazemos faz parte da ação principal e da trama. Talvez seja por isso que Pedro diz a seus leitores para “preparar suas mentes para a ação, manter sóbrio em espírito e fixar sua esperança completamente na graça a ser trazida a vocês na revelação de Jesus Cristo" (1 Pedro 1:13), imediatamente após informá-los sobre como os anjos anseiam por compreender como o Evangelho do céu se desenrola na terra (1 Pedro 1:12).
Com temor e tremor, sabemos que, como crentes, nossas obras serão julgadas por Cristo (1 Coríntios 3:11-13; 2 Coríntios 2:9-10; Filipenses 2:12-13). Este julgamento é chamado de Bema de Cristo. Esta era a palavra grega para a plataforma a partir da qual as autoridades proferiam julgamentos.
Sabemos que, como crentes, seremos recompensados por nossa fé e amor, ou seja, nossas "boas obras” (1 Coríntios 3:14).
Sabemos que essas recompensas serão muito melhores do que podemos compreender atualmente (Marcos 10:29-30; João 14:2-3; Romanos 8:18; 2 Coríntios 4:17; Hebreus 11:39-40; 1 Pedro 3-5).
Também sabemos que, como crentes, é possível perder nossa recompensa e perder a herança dos benefícios do Reino caso não tenhamos fé e amor (Mateus 7:13-14; 7:21-23; 1 Coríntios 3:15; Colossenses 2:18; 2 Timóteo 2:12; Hebreus 10:39).
Também sabemos que, mesmo que tal perda ocorra, é impossível perder o dom da vida eterna (Mateus 18:14; João 10:28-29; Romanos 8:28-29; 2 Timóteo 2:13; Apocalipse 21:3-4), ainda que percamos as recompensas na vida eterna.
Muitas das parábolas e ensinamentos de Jesus a respeito do Reino retratam o Bema de Cristo, no qual Ele avalia Seus seguidores e a extensão de sua fidelidade:
Todas essas coisas dizem respeito ao julgamento das ovelhas e suas obras, descritas no ensino de Jesus sobre as ovelhas e os bodes.
Sabemos, pela maioria dos ensinamentos e parábolas citados acima, que há resultados maravilhosos para os crentes fiéis no Bema de Cristo, mas que também há consequências lamentavelmente devastadoras para os crentes infiéis. Está claro que a maior parte da tristeza virá como resultado da perda do que a pessoas poderia ter ganho. O fato de Jesus usar uma hipérbole para enfatizar tal perda nos mostra quão imensamente preciosa é cada oportunidade de vivermos como testemunhas fiéis neste mundo, andando pela fé.
Felizmente, ser consumido pelo fogo eterno não está entre as consequências adversas a ser experimentadas pelas ovelhas, aquelas que creram e nasceram de novo (1 Coríntios 3:15).
A descrição de Ovelhas e Bodes neste segundo julgamento se refere a um único resultado positivo. Ela não menciona os resultados da perda. Sabemos que a perda de recompensa é uma possibilidade, porque muitos dos ensinamentos acima nos alertam sobre isso. Porém, a omissão deliberada de Jesus quanto a este fato parece indicar Seu desejo de garantir a todo crente de que o pertencimento à família de Deus, após a aceitação do Filho de Deus, é algo incondicional, algo que nos leva a habitar eternamente na presença de Deus.
Quando levamos em conta a plenitude do que a Bíblia diz sobre esse julgamento, vemos que há uma ampla gama de resultados. Para cada crente, a medida positiva ou negativa deste julgamento será determinada pela medida em que o crente serviu e amou as pessoas na terra.
O primeiro julgamento, que classificou as pessoas como ovelhas ou bodes, mostrou apenas dois resultados: ovelhas que entram na vida eterna ou bodes que entram no fogo eterno. O segundo julgamento tem uma série de outros resultados, alguns bons, outros melhores, outros excelentes e outros muito ruins.
Discutimos sobre os dois primeiros julgamentos. Passaremos, agora, para o terceiro julgamento, quando o Rei falará com os bodes à Sua esquerda.