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Significado de Mateus 26:17-19

Instruções para a Páscoa Os discípulos de Jesus perguntam, no primeiro dia dos Pães Asmos, onde Ele quer passar a Páscoa. Ele os envia à cidade para encontrar um certo homem e entregar uma mensagem de que Jesus observará a Páscoa em Sua casa. Os discípulos seguem as instruções de Jesus e os preparativos da Páscoa são feitos. Esta curta passagem também contém pistas importantes para nos ajudar a entender os últimos dias e horas da vida de Jesus.

Os relatos paralelos do Evangelho quanto a este evento são encontrados em Marcos 14:12-16  e Lucas 22:7-13.

As Escrituras sobre esta passagem referem-se aos feriados judaicos da Páscoa e dos Pães Asmos. Ambos os dias santos comemoram a libertação de Israel do Egito por Deus. Ambos foram ordenados por Deus a serem celebrados anualmente (Êxodo 12:14-16;  Levítico 23:4-8).

Agora, no primeiro dia dos Pães Asmos, os discípulos vieram a Jesus e perguntaram: "Onde queres que nos preparemos para comeres a Páscoa?"

A narrativa de Mateus muda a cena novamente. Desta vez, Mateus sai da barganha de Judas com os principais sacerdotes (Mateus 26:14-18) e aborda os preparativos de Jesus e Seus discípulos para comerem a refeição da Páscoa juntos. A palavra Agora indica essa transição de cenas na narração.

A pergunta dos discípulos era natural. As refeições da Páscoa, também chamadas de "Sêder de Pessach", exigiam uma boa dose de preparação.

Mateus estabelece o tempo do pedido dos discípulos com a frase sobre O primeiro dia dos Pães Asmos.

Porém, há uma certa ambiguidade quanto ao que Mateus e Marcos queriam dizer com essa frase (Marcos 14:12). Os discípulos estão claramente perguntando a Jesus onde Ele queria se preparar para comer a Páscoa, o que indicaria que sua pergunta foi feita antes da noite da Páscoa. Mateus e Marcos não devem ter se referido ao primeiro dia técnico da festa dos Pães Asmos, mas sim ao primeiro dia habitual.

Tecnicamente falando, a festa dos Pães Asmos começava no dia 15 do mês de Nisã (Levítico 23:6). Esta festa vinha no dia seguinte à Páscoa. Os cordeiros pascais deveriam ser abatidos em 14 de nisã (Êxodo 12:6;  Levítico 23:5).

Assim, não faria sentido para os discípulos perguntarem a Jesus onde Ele queria comer a Páscoa depois de haver sido concluída. Seria como perguntar a um cidadão dos Estados Unidos, no dia 5 de julho, onde eles querem assistir aos fogos de artifício do 4 de Julho.

Mas os judeus pensavam na Páscoa e no Pão Asmo como termos sinônimos que celebravam o mesmo evento - a libertação de Israel pela Deus da escravidão no Egito. Esses dois festivais eram dias santos consecutivos. E os judeus costumavam falar desses dias santos de forma intercambiável. Além disso, os judeus costumavam falar do 14 de nisã como o "primeiro dia dos pães ázimos", porque paravam de comer fermento naquele dia em preparação para a  Refeição da Páscoa e a Festa dos Pães Asmos.

Mateus e Marcos, então, estavam falando culturalmente, não tecnicamente, quando dizem que os discípulos vieram a Jesus com sua pergunta sobre comer a refeição da Páscoa no primeiro dia dos Pães Asmos.

E Lucas confirma que isso ocorreu em 14 de nisã (um dia antes do Pão Asmo tecnicamente começar), ao relatar que Jesus enviou a Tiago e João para preparar o lugar onde comeria a Páscoa. Ele especifica que isso aconteceu no "primeiro dia dos Pães Asmos, no qual o cordeiro pascal teve que ser sacrificado" (Lucas 22:7). O dia em que o cordeiro pascal tinha de ser sacrificado era 14 de Nisã (Êxodo 12:6;  Levítico 23:5). A refeição da Páscoa ocorria naquela noite. Como os dias judaicos começam e terminam ao pôr do sol, a refeição da Páscoa era consumida quando o calendário judaico mudava de 14 de nisã para 15 de nisã. Não havia fermento comido durante esta refeição, que é outra razão pela qual os judeus costumam se referir ao 14 de Nisã como o primeiro dia de pão ázimo.

Jesus provavelmente comeu a Páscoa no dia oficial da noite de 14 para 15 do mês de Nisã.

Porém, ele também pode ter escolhido celebrá-lo no dia anterior à data oficial (13 de Nisã, em vez de 14). A Lei de Moisés permitia (até ordenava) aos que perdiam a Páscoa  por estarem cerimonialmente impuros ou fora da cidade, que celebrassem a Páscoa em uma data diferente (Números 9:10-11). O Cordeiro Pascal, Jesus, estava se preparando para torna-se o sacrifício no dia da Páscoa (13 de Nisã). Além disso, se Jesus observasse a celebração da Páscoa no dia anterior à Páscoa, Ele demonstraria estar começando algo novo, ao que Ele chamará de "nova aliança no Meu sangue" (Lucas 22:20).

De acordo com Mateus e Marcos, os discípulos de Jesus vieram a Ele no primeiro dia dos Pães Asmos e Lhe perguntaram: "Onde queres que nos preparemos para comeres a Páscoa?"

Esta era uma pergunta natural para eles fazerem. Como vimos, as refeições da Páscoa, também chamadas de "Sêder de Pessach", exigiam uma boa dose de preparação.

Além disso, havia questões de segurança a serem consideradas, já que os principais sacerdotes conspiravam para matar Jesus. Conseguir isso exigiria planejamento e previsão.

Jesus respondeu à pergunta dos discípulos sobre onde comeriam a Páscoa, dando-lhes instruções específicas.

Ele lhes diz: "Ide à cidade a um certo homem e dissei-lhe: 'O Mestre diz: "O meu tempo está próximo; Eu devo guardar a Páscoa em sua casa com Meus discípulos. "'"

A cidade era Jerusalém. A razão pela qual os discípulos tiveram que entrar nela foi porque eles estavam hospedados na aldeia de Betânia (Mateus 21:7; Marcos 11:11-12) localizada "a cerca de três quilômetros de distância" de Jerusalém (João 11:18).

Os discípulos encontrariam um certo homem. O termo Certo homem indica que Jesus tinha alguém específico em mente que era desconhecido aos discípulos que executariam a tarefa. Marcos e Lucas registram como Jesus diz a Seus discípulos para distinguirem o homem entre as multidões na cidade: "Quando entrardes na cidade, um homem vos encontrará carregando um cântaro de água" (Lucas 22:10, ver também Marcos 14:13). Carregar jarros de água era considerado o trabalho dos escravos ou das mulheres, de modo que isso faria com que este certo homem se destacasse para os discípulos. Quando os discípulos o encontraram, eles deveriam segui-lo até sua casa e entregar uma mensagem ao dono daquela casa (Marcos 14:13-14;  Lucas 22:10-11).

Podemos teorizar que um homem carregando um jarro de água poderia ter significado uma de duas coisas: ou esse homem era um essênio; ou Jesus estava usando manobras evasivas para evitar ser capturado.

Os essênios eram uma seita religiosa judaica mística que havia se retirado em grande parte da sociedade em geral. Eles se haviam se afastado da influência das culturas pagãs, primeiro dos selêucidas (governantes gregos) e depois de Roma. Tampouco participavam das cerimônias do templo administradas pelos saduceus (governantes judeus). Em vez disso, os essênios se dedicavam à meditação e cópia das escrituras judaicas. Uma comunidade monástica de essênios vivia perto do Mar Morto (e eram os copistas dos Manuscritos do Mar Morto - descobertos em 1947). Mas acredita-se que o lado sudoeste de Jerusalém era o bairro essênio durante os dias de Jesus. Como havia poucas mulheres nas comunidades essênias, os homens realizavam tarefas femininas, como carregar água.

Um segundo significado possível para o homem que carregava um pote de água era que aquilo seria um sinal, como parte de um plano. Jesus estava ciente do complô dos sumos sacerdotes contra Ele (Mateus 26:3-4) e da iminente traição de Judas (Mateus 26:21). Ele pode ter tomado salvaguardas para evitar ser detectado. O certo homem carregando o jarro de água pode ter sido um sinal secreto conhecido apenas por alguns para permitir que Jesus celebrasse a festa com Seus discípulos em Jerusalém. Se este for o caso, Jesus estava seguindo o conselho que Ele próprio havia ensinado aos discípulos: ser "astutos como serpentes e inocentes como pombas" (Mateus 10:16). O fato de Jesus ter escolhido honrar a um homem que estava fazendo o trabalho de um escravo pode refletir o princípio bíblico de que Jesus recompensará aqueles que O servem (Mateus 10:41-42;  Marcos 9:41).

A mensagem que os discípulos deveriam entregar ao homem que carregava água era: 'O Mestre diz: "O meu tempo está próximo; Eu devo guardar a Páscoa em sua casa com os Meus discípulos."

A expressão O Mestre parece ser um código não muito sutil, mas sutil o suficiente para Jesus.

A declaração Meu tempo está próximo provavelmente se destinava a comunicar que Ele estava "pronto para guardar a Páscoa".  Foi também outra referência profética ao tempo em que Jesus seria sacrificado como o Cordeiro Pascal por Israel (Mateus 26:51;  Marcos 14:41Lucas 22:53). Seu tempo estava realmente próximo. Dentro de cerca de vinte e quatro horas depois de dizer isso, Jesus estaria morto.

A mensagem Eu devo guardar a Páscoa em sua casa com Meus discípulos era para confirmar ao dono da casa que Jesus estaria guardando a Páscoa em sua casa. Por causa da conspiração para matar Jesus, é possível que houvesse vários locais pré-arranjados e prontos para Jesus secretamente guardar a Páscoa com Seus discípulos em toda a cidade. Quando os discípulos perguntaram a Jesus onde Ele queria que eles se preparassem a festa, eles estavam perguntando se Ele havia decidido sobre um lugar específico.

A tradição da Igreja sustenta que o dono da casa onde Jesus guardava a Páscoa com os discípulos - no "Cenáculo" - era o pai de Marcos, o autor da segunda narrativa do Evangelho e o parceiro ministerial de Paulo e Barnabé (Atos 12:25).

Mateus conclui esta parte de sua narrativa resumindo a ação: Os discípulos fizeram o que Jesus os havia dirigido; e prepararam a Páscoa. Esta é a maneira de Mateus dizer que "Os discípulos obedeceram a Jesus e esses eventos se desenrolaram de acordo com o plano". A observação de Mateus de que eles se prepararam para a Páscoa é outro indicador explícito sugerindo que a última ceia de Jesus foi um Seder de Pessach.

Lucas revela que os dois discípulos enviados por Jesus nesta missão foram Pedro e João (Lucas 22:8). Eles estavam entre Seus discípulos mais confiáveis e pode ser por isso que Ele os enviou para realizar essa tarefa importante e potencialmente perigosa. Cristo também pode ter enviado outros pares de discípulos para a cidade para distrair Seus inimigos.

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