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Significado de Mateus 27:11-14
Os relatos paralelos do Evangelho sobre esse evento são encontrados em Marcos 15:2-5, Lucas 23:1-5 e João 18:29-38.
Depois de descrever o remorso de Judas por trair a Jesus e seu suicídio após os sacerdotes se recusarem a ajudá-lo (Mateus 27:3-5), explicando como o uso do dinheiro de sangue devolvido aos sacerdotes cumpriu terríveis profecias de Jeremias (Mateus 27:6-10), Mateus retorna ao seu assunto principal, a acusação de Jesus.
Esta passagem é um relato conciso da primeira fase do julgamento civil de Jesus. A primeira fase do julgamento civil de Jesus é chamada de "Acusação de Jesus diante de Pilatos". Esta escritura descreve a entrevista de Pilatos com Jesus e as consequências de Pilatos tê-Lo declarado inocente na primeira vez, conforme registrado por Mateus. Os acontecimentos deste relato ocorreram dentro e fora do Pretório (provavelmente no Palácio de Herodes, construído no lado ocidental da cidade alta ao longo da muralha). Este evento aconteceu quando era cedo (João 18:28), pela manhã (provavelmente antes das 7:00 da manhã). De acordo com o calendário judaico, a data provavelmente era o dia 15 de Nisã - o primeiro dia dos Pães Ázimos. No calendário romano, o dia provavelmente fosse uma sexta-feira.
Para saber mais sobre o tempo e a sequência desses eventos, veja o artigo de A Bíblia Diz "Linha do tempo: as últimas 24 horas de Jesus."
Depois que os líderes religiosos judeus condenaram a Jesus de forma apressada e oficial a morrer por blasfêmia em um julgamento escondido (Mateus 27:1; Marcos 15:1; Lucas 22:66-71), eles O amarraram e O entregaram a Pilatos, o governador (Mateus 27:2).
Isso marcava o início do julgamento civil de Jesus. Assim como Sua acusação religiosa havia ocorrido ao longo de três julgamentos, Seu julgamento civil ou político também ocorreria ao longo de três fases distintas.
As três fases dos julgamentos políticos de Jesus sob as autoridades romanas foram:
Mais cedo naquela noite...
Já havia sido uma noite bastante agitada.
Após o relato de Judas aos principais sacerdotes de que Jesus o havia identificado como Seu traidor e tinha conhecimento de seu plano para assassiná-Lo, os sacerdotes e anciãos se mexeram rapidamente. Eles solicitaram e receberam uma coorte romana e enviaram guardas do templo, liderados por Judas, para localizar e identificar Jesus. Judas os levou ao Jardim do Getsêmani, onde Jesus se submeteu à prisão (Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-51; Lucas 22:47-53; João 18:1-11) algum tempo depois da meia-noite.
Jesus foi imediatamente levado à casa de Anás, ex-sumo sacerdote, que O interrogou em busca de algo que pudesse ser usado para acusá-lo e condená-lo no julgamento preliminar de Jesus (João 18:12-13; 19-23). Anás não encontrou nada. Este foi o primeiro dos três julgamentos religiosos de Jesus.
Enquanto isso, os principais sacerdotes e anciãos do corpo judaico governante chamado Sinédrio haviam sido convocados de suas casas naquela noite de Páscoa (v. 28b) para a casa de Caifás, o sumo sacerdote em exercício, buscando realizar um julgamento noturno ilegal para descobrir ou fabricar acusações que condenariam Jesus à morte. Diante de Anás (João 18:24), o segundo julgamento religioso de Jesus começaria (Mateus 26:57-68; Marcos 14:53-65).
Depois de muitas testemunhas falsas não terem conseguido fundamentar uma acusação, Caifás interveio. Ele ordenou que Jesus respondesse se era ou não o Cristo, o Filho de Deus. Quando Jesus respondeu afirmativamente, Caifás rasgou suas vestes sacerdotais, numa demonstração hipócrita de indignação e ordenou ao Concílio que O condenasse imediatamente. Jesus foi condenado. A votação foi unânime, o que, de acordo com a lei judaica, significa que Jesus deveria ter sido absolvido (Marcos 14:64). Em seguida, eles também zombaram e abusaram fisicamente Dele.
Quando o sol estava nascendo, os príncipes dos sacerdotes e anciãos, juntamente com Caifás, realizaram o terceiro julgamento de Jesus (Mateus 27:1; Marcos 15:1; Lucas 22:66-71). Isso ocorreu em sua câmara do Conselho localizada no pátio do templo. Eles rapidamente retomaram o julgamento noturno ilegal de Jesus que resultou no crime de blasfêmia e O condenaram oficialmente à morte.
No entanto, os judeus não tinham autoridade para matar ninguém sob o domínio romano (João 18:31). Portanto, eles precisaram levar Jesus ao governador romano Pilatos para que fosse julgado, condenado e executado.
Durante o curso dos dois primeiros julgamentos religiosos de Jesus, Pedro negou a Jesus três vezes (Mateus 26:69-75; Marcos 14:66-71; Lucas 22:54-62; João 18:15-18; 25-27). Em algum momento do terceiro julgamento, Judas sentiu remorso por sua traição e devolveu a prata aos sacerdotes no templo. Quando eles se recusaram a receber o dinheiro de volta, Judas fugiu e se enforcou (Mateus 27:3-5). O remorso e o suicídio de Judas comprometeram o caso dos líderes religiosos contra Jesus no julgamento romano (mais detalhes sobre isso adiante).
Para saber mais sobre os julgamentos religiosos de Jesus, veja o artigo A Bíblia Diz "O Julgamento de Jesus, Parte 3. Os 5 Estágios do Julgamento de Jesus".
O Pretório e Pilatos
Conforme mencionado acima, esse evento é conhecido como o "Julgamento de Jesus diante de Pilatos".
A leitura conjunta dos quatro relatos evangélicos nos dá um quadro completo do que aconteceu durante essa fase do julgamento civil de Jesus.
João identifica o lugar para onde trouxeram Jesus como sendo o "Pretório" (João 18:28).
O Pretório era a residência e o escritório do governador romano da Judéia em Jerusalém. O Pretório estava localizado no lado ocidental da cidade alta, ao longo da muralha. Dentro dele, havia uma luxuosa fortaleza-palácio construída por Herodes, o Grande. Por ter sido construído sob Herodes, o Pretório às vezes era chamado de "Palácio de Herodes". Sua sala de julgamento, com seu tribunal e sua corte de julgamento, foi construída no lado externo da muralha da cidade, sendo provavelmente coberta. O Pretório pode ser visitado hoje.
Pilatos fora nomeado sob Tibério César como governador romano da província imperial da Judéia em 26 d.C. e serviu até 36 d.C. O julgamento de Jesus provavelmente ocorreu na metade de seu mandato. Pilatos era muito detestado pelos judeus. De acordo com o historiador judeu Josefo, Pilatos tinha o hábito de provocar os judeus ostentando a supremacia de Roma e jogando sal nas feridas judaicas (Josefo, Antiguidades dos judeus XVIII. 3.1-2).
Pilatos também era conhecido por ser intolerante, sangrento e cruel. Por exemplo, em outra parte do Evangelho de Lucas, Jesus discute um incidente recente no qual Pilatos havia executado alguns galileus e misturado seu sangue com seus sacrifícios (Lucas 13:1-2). Mais tarde, Pilatos seria chamado a Roma e dispensado de sua nomeação pelo imperador depois de os samaritanos reclamarem de como ele havia massacrado alguns adoradores no Monte Gerizim (Josefo, Antiguidades dos judeus XVIII. 4.1-2).
A história mostra que Pôncio Pilatos era o oposto de um homem misericordioso ou solidário. Ele tinha todas as qualidades de um político inseguro, prepotente, egocêntrico e propenso a violência excessiva para conseguir o que queria.
A residência principal de Pilatos como governador romano da Judéia era a cidade de Cesaréia, na costa do Mediterrâneo. Embora Jerusalém fosse a capital cultural e religiosa da Judéia, Cesaréia era a capital romana e sua localização era ideal para se comunicar rapidamente com Roma. Porém, como governador, os deveres de Pilatos exigiam que ele visitasse Jerusalém de tempos em tempos. A Páscoa judaica aparentemente foi uma dessas ocasiões.
Os judeus acusam Jesus diante de Pilatos
O julgamento civil de Jesus começou quando os judeus trouxeram Jesus do julgamento às escondidas sob a supervisão de Caifás no templo. Lá, Ele foi condenado à morte sob a acusação religiosa de blasfêmia. Então, os judeus entregaram Jesus a Pilatos no Pretório para Seu julgamento civil diante de Roma (Mateus 27:1-2; Marcos 15:15; Lucas 22:66 - 23:1; João 18:28).
Pilatos abriu o julgamento civil pedindo aos príncipes dos sacerdotes e anciãos que declarassem suas acusações e provas contra Jesus (João 18:29). A resposta dada por eles era inaceitável (João 18:30). A razão da insuficiência de sua acusação inicial possivelmente se deu porque sua principal testemunha (Judas) havia se enforcado recentemente (Mateus 27:3-5). Naquele instante, Pilatos parecia pronto para concluir o caso, dizendo-lhes para "julgá-lo de acordo com suas próprias leis" (João 18:31a).
Os príncipes dos sacerdotes explicaram que eram incapazes de julgá-Lo porque Roma não lhes permitia matar ninguém (João 18:32b). Pilatos, enfim, permite que eles reapresentem o caso. Neste ponto, o principal sacerdote e os anciãos acusaram Jesus de três coisas:
A primeira acusação foi a de que Jesus era um incômodo público porque Seus ensinamentos perturbavam o status quo e ameaçavam a frágil estabilidade e ordem que Roma desejava. Dependendo da gravidade desse crime, a pena prevista no direito romano poderia ser a morte.
A segunda acusação era a de que Jesus estava instruindo o povo a se rebelar contra a autoridade romana, não pagando seus impostos. Essa acusação era uma mentira total — ver Mateus 22:15-22. Era uma acusação de sedição e provavelmente carregava a pena de morte sob o direito romano.
A terceira acusação era que Jesus estava desafiando a autoridade política de César como soberano governante da Judéia. A acusação era de insurreição e era gravíssima. Sob o direito romano, a pena para a insurreição era a morte.
Pilatos Entrevista Jesus
Tais acusações, especialmente a terceira, exigiam que o governador romano as levasse a sério. Porém, sem uma testemunha (como Judas), Pilatos teria que entrevistar Jesus pessoalmente. Todos os quatro Evangelhos registram que foi exatamente isso que ele fez a seguir (Mateus 27:11; Marcos 15:2; Lucas 23:3; João 18:33-38).
O resumo desta entrevista de Mateus consiste em um único verso:
Jesus estava em pé perante o governador; e este assim o interrogou: És tu o Rei dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu o dizes (v. 11).
Dos quatro relatos evangélicos a respeito da primeira entrevista de Pilatos a Jesus, o de João é o mais extenso.
A primeira coisa que Pilatos fez foi entrar no Pretório e convocar Jesus para que pudesse entrevistá-lo, longe de Seus acusadores que esperaram do lado de fora (João 18:28b; 33). Uma vez lá, a conversa parece ter-se concentrado na mais grave das três acusações: a acusação de insurreição.
Mateus, assim como Marcos e Lucas, parece resumir a entrevista afirmando a pergunta principal de Pilatos e a resposta principal de Jesus (Marcos 15:2; Lucas 23:3). Mateus afirma explicitamente que esse diálogo ocorreu quando Jesus estava diante do governador (v. 11a).
És tu o rei dos judeus? (v. 11a).
Como juiz do caso, Pilatos estava interessado em saber se Jesus era ou não culpado de alegar ser rei, tentando, portanto, usurpar a autoridade política de César na Judéia.
Jesus responde à pergunta de Pilatos e diz: "Tu o dizes" (v. 11b).
Pelo relato completo de João, vemos que Pilatos basicamente fez a Jesus uma outra versão da pergunta - “És o Rei dos Judeus?” - pelo menos duas vezes.
Pilatos faz essa pergunta pela primeira vez no início do relato de João sobre o depoimento.
"És rei dos judeus?" (João 18:33).
Jesus responde a isso com outra pergunta para saber o que Pilatos queria realmente saber: "Dizes tu isso por ti mesmo ou foram outros os que to disseram de mim?" (João 18:34). Uma versão da resposta de Jesus registrada nos evangelhos sinóticos pode ser resumida da seguinte maneira: “É você quem diz isso”.
Pilatos estava fazendo aquela pergunta a Jesus como governador romano que presidia um julgamento: "Porventura, sou eu judeu? A tua própria nação e os principais sacerdotes entregaram-te nas minhas mãos. Que fizeste?" (João 18:35).
Jesus, então, responde que Ele não era uma ameaça a Roma ou culpado de insurreição porque Seu reino não era deste mundo (João 18:36a). A prova fornecida por Jesus para apoiar Sua afirmação de que Seu Reino não era deste mundo foi que nem Ele nem Seus seguidores estavam resistindo às autoridades judaicas ou aos romanos (João 18:36b).
Pilatos, então, faz a pergunta uma segunda vez:
Logo, tu és rei? (João 18:37a).
Jesus parece responder afirmativamente, mas o faz de forma ambígua.
"Tu dizes que sou rei" (João 18:37b). Uma das versões bíblicas insere interpretativamente a palavra "corretamente" na resposta de Jesus. Esta palavra não aparece no texto grego. Esta versão é, portanto, interpretativa quanto à resposta de Jesus. A interpretação é razoável porque Jesus parecia querer sinalizar uma resposta afirmativa a Pilatos, mas a tradução interpretativa mascara a brilhante astúcia de Jesus a Pilatos de que era rei, fazendo-o sem dizer algo que constituísse autoincriminação, tornando-O, assim, culpado das acusações.
Novamente, a resposta literal de Jesus a Pilatos aqui, conforme registrado por João, foi: "Tu dizes que sou rei" (João 18:37b). Esta foi, funcionalmente, a mesma resposta registrada em Mateus, Marcos e Lucas (Mateus 27:11; Marcos 15:2).
O Evangelho de João mostra uma resposta mais elaborada de Jesus: "Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade" (João 18:37b). Pilatos retruca: "O que é a verdade?" antes de terminar a entrevista e sair do Pretório para anunciar seu veredito de "inocente" aos principais sacerdotes e anciãos (v. 12) que esperavam do lado de fora (João 18:28, 38).
Pilatos anuncia seu veredito
Depois de sair do Pretório, "disse Pilatos aos principais sacerdotes e à multidão: Não acho culpa alguma neste homem" (Lucas 23:4 — ver também João 18:38b).
Este não era o veredito ou o resultado esperado pelos príncipes dos sacerdotes e as multidões de acusadores de Cristo.
Era um resultado inaceitável para os principais sacerdotes e anciãos que haviam trazido Jesus diante de Pilatos. Eles odiavam a Jesus. O povo acreditava que Ele era o Messias, mas os sacerdotes e anciãos não podiam controlá-Lo. Ele os havia ultrajado ao castigar os cambistas no templo (Mateus 21:12-16). Ele os humilhava ao responder suas perguntas enquanto ensinava publicamente no templo (Mateus 21:23 - 23:39). Mesmo antes desses eventos, os principais sacerdotes haviam conspirado para assassiná-Lo porque temiam que, se deixassem o ministério de Jesus continuar, Ele voltaria a nação contra eles e Roma tiraria seu poder (João 11:47-57).
Agora, Jesus estava ciente de sua conspiração (Mateus 26:21-25) e eles O haviam prendido ilegalmente (Mateus 26:55), condenado (Mateus 26:57-66) e O golpeado muito (Mateus 26:67-68). Se Pilatos libertasse Jesus agora, eles provavelmente seriam arruinados quando seus crimes e abusos contra o Homem ao qual muitas pessoas consideravam como o Messias viessem à luz. Os principais sacerdotes e anciãos estavam desesperados para que Jesus morresse logo.
Os principais sacerdotes e anciãos irromperam em protesto furioso contra o veredito. Uma avalanche de duras acusações contra Jesus irrompeu e eles exigem furiosamente que Pilatos reconsiderasse sua decisão.
Mas, enquanto os principais sacerdotes e os anciãos o acusavam, ele nada disse (v. 12).
A observação de Mateus quanto ao silêncio de Jesus enquanto Seus opressores gritavam acusações contra Ele cumpre mais uma profecia messiânica dentro do canto de Isaías (Isaías 52:13 - 53:12):
Ele foi oprimido, contudo, humilhou-se a si mesmo e não abriu a boca. Como o cordeiro que é levado ao matadouro e como a ovelha que é muda diante dos que a tosquiam, assim não abriu ele a boca (Isaías 53:7).
Esta profecia predisse como o Messias ficaria em silêncio diante de Seus opressores como um cordeiro mudo diante dos sacerdotes que o sacrificariam.
Pilatos também notou o silêncio de Jesus durante as duras acusações dos príncipes dos sacerdotes e anciãos (Marcos 15:3-4).
Então lhe perguntou Pilatos: Não ouves quantas acusações te fazem? (v. 13).
Mas, de forma impressionante, Jesus não responde a uma única acusação; o governador fica bastante espantado (v. 14) (Ver também Marcos 15:5).
Pilatos ficou bastante espantado com a notável compostura e silêncio de Jesus durante as calúnias que estavam sendo lançadas contra Ele no momento em que Sua vida ou morte estavam em jogo. Jesus estava colocando em prática um dos Seus próprios ensinamentos: "Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te dá na face direita, volta-lhe também a outra" (Mateus 5:39).
Talvez Pilatos estivesse tentando fazer com que Jesus dissesse algo que o levasse a mudar de idéia e vê-Lo como culpado, para que pudesse apaziguar os sacerdotes e anciãos furiosos; ou, talvez, dizer algo que envergonhasse Seus acusadores e, assim, desse a Pilatos a oportunidade de consolidar seu veredito de inocência de tal forma que os acusadores de Jesus se culpassem por terem perdido o caso e não a ele próprio.
O Dilema de Pilatos e sua Solução
Como governador romano da província romana da Judéia, o veredito estava nas mãos de Pilatos. Porém, as tensões estavas altas. Estava claro que os principais judeus, os principais sacerdotes, odiavam a Jesus e queriam desesperadamente que Ele fosse executado. Era evidente que eles não estavam determinados a aceitar resultado algum diferente da execução. Não se tratava de justiça: era um jogo político.
As responsabilidades de Pilatos eram as de defender as leis de Roma e manter a boa ordem. Por um lado, ele acreditava que Jesus era inocente (Lucas 23:4; João 18:38). Porém, o governador precisava da ajuda dos principais sacerdotes e anciãos para manter o controle sobre as massas de judeus que lotavam a cidade de Jerusalém na Páscoa.
Se a província se voltasse contra Pilatos, ele perderia sua honra, seu emprego e, possivelmente, sua vida. O medo e a indecisão pareciam evidentes e fervilhavam no coração de Pilatos, enquanto tentava equilibrar a justiça sob o direito romano quanto à a inocência de Jesus e a manutenção da ordem civil. Enquanto isso, os sacerdotes judeus estavam obcecados por um objetivo: matar Jesus.
O Evangelho de Lucas descreve como terminou a primeira fase do julgamento civil de Jesus (Lucas 23:5-7).
Os principais sacerdotes e anciãos foram implacáveis e continuavam insistindo para que Jesus fosse executado (Lucas 23:5a). Em suas muitas acusações, eles disseram: "Ele agita o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui" (Lucas 23:5).
Algo nessa observação deu a Pilatos uma idéia - uma idéia que poderia absolvê-lo de ter que tomar uma decisão que estava se tornando cada vez mais difícil naquele julgamento mais longo do que ele gostaria que fosse.
A Judéia era todo o território da província romana sobre a qual Pilatos era governador. A Galiléia era um distrito dentro dessa província.
Quando Pilatos ouviu como Jesus havia agitado o povo da Judéia, saindo da Galiléia, o governador pergunta se Jesus era galileu (Lucas 23:6).
Jesus ressuscitou na Galiléia (Nazaré) (Mateus 2:21-23) e começara Seu ministério público na cidade de Cafarnaum, na Galiléia (Mateus 4:12-13).
Lucas diz que, quando Pilatos soube que Jesus pertencia à "jurisdição de Herodes, o enviou ao mesmo Herodes, que, naqueles dias, se achava em Jerusalém..." (Lucas 23:7).
O Herodes ao qual Pilatos se referiu era Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande (construtor). Herodes Antipas era o magistrado romano da Galiléia, o distrito de onde Jesus havia saído. É assim que Lucas descreve o processo de pensamento de Pilatos: Jesus pertencia à “jurisdição de Herodes" (Lucas 23:7). Pilatos, então, enviou Jesus a Herodes para que ele tratasse do assunto.
Enviar Jesus a Herodes convenientemente transferiu a culpa indesejável e a responsabilidade do governador romano de ter que decidir entre a justiça sob a lei e a ordem. A lei exigia a libertação de Jesus porque nenhuma culpa havia sido encontrada nele (Lucas 23:4; João 18:38b). Porém, tal veredito enfureceu os principais sacerdotes que ajudavam a manter a boa ordem e a reação dos líderes ameaçava a paz civil.
Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos exigiam que Jesus fosse morto. Porém, o veredito de iplatos infringiria à lei se condenasse um homem inocente à morte. Pilatos não podia seguir à lei e apaziguar os sacerdotes ao mesmo tempo. Ele teria que passar por cima de uma das opções. Ele seria criticado independente do que escolhesse fazer. Ao enviar Jesus a Herodes, Pilatos (pelo menos por enquanto) resolveria seu dilema. O político romano havia temporariamente se livrado da decisão que certamente traria críticas de seus superiores em Roma.
Herodes Antipas, a autoridade a quem Pilatos enviou Jesus para ser julgado, era filho de Herodes, o governante que havia tentado matar a Jesus em Seu nascimento (Mateus 2:16); ele havia sido o mesmo governante a decapitar João Batista, primo de Jesus (Mateus 14:1-12; Marcos 6:14-29; Lucas 9:9).
Este incidente encerra a primeira fase do julgamento civil de Jesus. "O Depoimento de Jesus diante de Pilatos" (Mateus 27:1-2, 11-14; Marcos 15:1-5; Lucas 23:1-7; João 18:28-38).
A segunda fase do julgamento de Jesus ocorre no tribunal de Herodes Antipas. Chama-se "Audiência de Jesus diante de Herodes Antipas" (Lucas 23:8-12).