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Significado de Mateus 27:3-5
Este evento não tem paralelo nos outros evangelhos; no entanto, Atos 1:18, 19 o descreve rapidamente.
Este comentário trata do tema do suicídio. Se você ou alguém a quem você conhece possui pensamentos suicidas, nós o encorajamos a recordar a esperança do SENHOR em Lamentações 3:21-25 e buscar ajuda. Independentemente do que você esteja passando, sempre há uma saída.
Tendo concluído seus relatos sobre o julgamento religioso de Jesus à noite na casa de Caifás, o sumo sacerdote (Mateus 26:57-68) e diante do Sinédrio ao nascer do sol (Mateus 27:1-2), o autor faz uma pausa significativa em sua narrativa principal antes de retomar o julgamento civil de Jesus no tribunal de Pilatos (Mateus 27:11-26).
Entre seus registros sobre os julgamentos religiosos de Jesus e Seu julgamento civil, Mateus informa a seus leitores o que aconteceu com Judas, o discípulo que havia entregado Jesus aos sacerdotes (Mateus 26:14-16, 47-50).
O remorso e o suicídio de Judas provavelmente tenham ocorrido na noite do dia 15 de Nisã (em algum momento durante a madrugada de sexta-feira, pelos cálculos romanos). Como veremos em breve, Judas parece ter feito todas as coisas que Mateus relata dele nesta passagem depois que o segundo julgamento religioso de Jesus foi concluído na casa de Caifás, no momento em que o terceiro julgamento religioso de Jesus ocorreu.
Para saber mais sobre o tempo e a sequência desses eventos, veja nosso artigo "Linha do tempo: as últimas 24 horas de Jesus."
Então, Judas, que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso (v. 3a).
Mateus começa com a expressão “então”, visando informar ao leitor uma pausa em sua narrativa principal sobre a condenação de Jesus para falar sobre Judas. A expressão “então” serve como um chamado de volta aos eventos ocorridos no início daquela noite, antes de Jesus ser oficialmente julgado, rapidamente condenado ao nascer do sol e entregue a Pilatos (Mateus 27:1-2). “Então também pode significar "o que aconteceu a seguir". De qualquer forma, os eventos descritos por Mateus inicialmente nesta passagem ocorreram no “santuário” do templo (v. 5) pouco antes ou pouco depois do terceiro julgamento religioso de Jesus, ocorrido nas proximidades, no pátio do templo.
Judas era um dos doze discípulos de Jesus (Mateus 10:4) e Seu tesoureiro. Ele desviava dinheiro da bolsa. Ele repreendeu a Marta, irmã de Lázaro, e Maria por usar um perfume caro para lavar os pés de Jesus, em vez de doar o dinheiro ao Senhor. Se ela tivesse doado o perfume para ser vendido, Judas teria tido acesso ao dinheiro e poderia secretamente roubar a doação (João 12:4-6).
Judas era da cidade de Quiriote; daí seu nome, "Judas de Quiriote" ou "Judas Iscariotes". Queriote era uma cidade localizada no extremo sul da Judéia, aproximadamente 40 quilômetros ao sul de Jerusalém e 16 quilômetros a oeste do Mar Morto. Sua localização pode explicar como Judas foi capaz de deslocar-se para Jerusalém com facilidade para trair Jesus.
Judas era o único discípulo de Jesus proveniente da Judéia. Sendo aquele que O traiu, ele completou a total rejeição da Judéia a Jesus.
Em hebraico, o nome real de Judas era "Judá". A helenização dos nomes judaicos facilitou a perda de algumas conexões proféticas. Por exemplo, Judá, o patriarca da tribo de Judá (a tribo dos judeus) prefigurava "Judá de Queriote" (Judas Iscariotes).
Mateus descreve Judas como o discípulo que O traiu.
Em algum momento durante a semana que antecedeu a Páscoa, "Judas Iscariotes foi até os principais sacerdotes" e se ofereceu para trair Jesus por um preço - eles concordaram em pagar-lhe "trinta moedas de prata" - o preço de um escravo (Mateus 26:14,, 15 Êxodo 21:32). "Desde então, Judas buscava oportunidade para o entregar" (Mateus 26:16).
A boa oportunidade à qual Judas buscava provavelmente não seria na noite da Páscoa. Porém, quando Jesus inesperadamente identificou Judas como Seu traidor durante a celebração do Seder (Mateus 26:20-25; João 13:26), Judas foi até os sacerdotes e anciãos (v. 3) para informá-los de que Jesus estava ciente de sua conspiração (João 13:27). Essa notícia alarmante ameaçava não apenas frustrar o plano deles de executar Jesus, mas também ameaçava levá-los à queda caso a notícia de sua conspiração se espalhasse e o povo se voltasse contra eles.
Portanto, eles agiram com urgência para prender rapidamente e condenar secretamente Jesus naquela noite. Caifás conseguiu uma coorte romana de Pilatos para ajudá-los (João 18:3). Judas levou-os ao local exato onde Jesus estava orando em um jardim fora dos portões da cidade, onde O prenderam algum tempo depois da meia-noite (Mateus 26:47-56; Marcos 14:43-52; Lucas 22:47-53).
A partir daí, a falta de preparo jurídico do sumo sacerdote e dos anciãos começou a se manifestar, pois eles não tinham provas, nem uma única acusação contra Jesus. Primeiro, eles O enviaram a Anás, o ex-sumo sacerdote, que o interrogou (João 18:12-13; 19-24), enquanto falsas testemunhas e o Sinédrio foi reunido na calada da noite na casa de Caifás. Incapaz de fabricar uma acusação, Anás enviou Jesus a Caifás. O tribunal noturno, depois de muitas tentativas fracassadas e falsos testemunhos, O condenou injustamente de blasfêmia em um ataque de ódio (Mateus 26:57-68; Marcos 14:53-65).
Judas presenciou tudo aquilo.
Ele viu as falsas acusações. Ele viu como eles distorciam as palavras de Jesus. Ele viu o desrespeito desmedido ao estado de direito. Ele viu o escárnio e o abuso. Ele viu que Jesus havia sido condenado injustamente.
Ao ver tudo aquilo, Judas sentiu remorso por seu papel catalisador na condenação injusta de Jesus.
A palavra grega traduzida como “remorso” nesta frase é uma forma de μεταμέλομαι (G3338—pronunciado: "met-am-el'-lom-ai"). O termo descreve uma mudança de sentimentos ou emoções de positivas para negativas. "Metamelomai" significa sentir pena do que foi feito.
O remorso que Judas sentiu foi um sentimento de culpa e injustiça pela traição (v. 4) de seu rabino que o havia servido e amado (João 13:5), chamando-o de "amigo" (Mateus 26:50). A mudança emocional e o remorso que Judas sentiu foi uma mudança na direção certa. Era um sentimento diferente da atitude maléfica e grosseira que ele havia demonstrado ao beijar Jesus no jardim (Mateus 26:49). No jardim, Judas havia agido como agente de Satanás (João 13:27). Então, Judas, que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso.
A culpa que Judas estava experimentando era semelhante ao padrão que experimentamos sempre que entregamos nossos corações a Satanás e suas mentiras. Ele nos usa para infligir danos e muitas vezes sentimos remorso ao vermos as consequências horríveis do nosso comportamento pecaminoso. Porém, sentir-se bem ou mal com nosso pecado não nos justifica. Apenas pelo fato de sentirmos remorso pelo mal que fizemos não nos torna justos, ou seja, harmonizados com Deus.
Judas sentiu-se tão mal que tentou fazer algo para que aqueles sentimentos terríveis desaparecessem. Foi uma reação natural. Ninguém aprecia sentir-se culpado ou podre por dentro. Muitas vezes tentamos fazer com que nossos sentimentos desapareçam.
Podemos tentar fazer com que nossos sentimentos de culpa desapareçam de uma maneira doentia, fazendo coisas como:
O fator comum nessas maneiras doentias de lidarmos com a culpa é tentar lidar com ela longe de Deus. A única maneira saudável de lidarmos com sentimentos de culpa é trabalharmos com Deus. Podemos fazer isso:
Para saber mais sobre como lidar com sentimentos de culpa de forma saudável, veja o artigo "Culpa e Arrependimento: Como Lidar com o Remorso."
Judas tentou lidar com seus sentimentos de culpa e remorso de uma maneira doentia. Ele tentou lidar com isso em seus próprios termos, em vez de fazê-lo com Deus. Dada a sua situação, isso teria sido algo difícil de se fazer, porque Jesus havia sido condenado à morte e Judas havia se tornado um inimigo mortal dos outros discípulos. Judas certamente sentiu que não haveria a quem pudesse recorrer para pedir ajuda.
Judas, como os outros discípulos, provavelmente estava confuso e profundamente perturbado pela disposição de Jesus de morrer nas mãos de Seus inimigos. Eles esperavam que Jesus se levantasse como um líder político para derrubar Roma e não entendiam como Sua prisão e crucificação podiam ser parte do plano de Deus. Eles pareciam não se lembrar das muitas vezes nas quais Jesus lhes explicou como seria morto por Seus inimigos e voltaria à vida (Mateus 16:21; 17:22-23; 20:17-19). Suas falsas noções de quem Jesus realmente era foram dolorosamente desvendadas e a desilusão que sentiram era maior do que podiam suportar.
Tomado de remorso pelo terrível mal que fizera ao trair Jesus, Judas tentou fazer com que os sentimentos desaparecessem devolvendo o dinheiro da propina. Primeiro, ele tentou devolver a propina que recebeu.
Mateus registra: “...tornou a levar as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos” (v. 3).
Os principais sacerdotes e os anciãos eram os saduceus e fariseus que se assentavam no Conselho do Sinédrio. O mesmo conselho que conspirou para matar Jesus (Mateus 26:3-5; João 11:47-53) subornou Judas para ajudá-los (Mateus 26:14-16) e acabou por condená-lo à morte (Mateus 26:65, 66).
Tendo testemunhado o intenso ódio e temor de Jesus da parte dos principais sacerdotes e anciãos, Judas provavelmente percebeu que não havia como desfazer a condenação de Jesus. E, assim, ele tenta desculpar-se e cuidar das feridas sangrentas do remorso. Ele devolve as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e anciãos. As trinta moedas de prata eram o preço que eles haviam concordado em pagar a ele pela traição de Jesus (Mateus 26:14-16). Aquela era uma taxa simbólica — o preço simbólico de um escravo (Êxodo 31:32; Zacarias 11:12, 13). Aparentemente, Judas já havia sido pago por seu serviço perverso, porque ele devolveu as peças de prata.
Após devolver o dinheiro, Judas explica aos príncipes dos sacerdotes e anciãos por que o estava devolvendo. A explicação que ele lhes dá é: “Pequei traindo sangue inocente” (v. 4a).
Judas confessa seu pecado contra os mandamentos de Deus. Os dois mandamentos aos quais Judas havia violado especificamente ao trair Jesus foram:
Ao trair Jesus, Judas provavelmente tenha violado também o mandamento de Deus:
Judas descreve com precisão seu pecado como traição de sangue inocente.
O Salmo 15 pode ser entendido como uma profecia sobre Judas como traidor do Messias. Este curto Salmo descreve as características de um cidadão de Sião.
O salmista começa perguntando: "Quem, Jeová, poderá hospedar-se na tua tenda? Quem poderá morar no teu santo monte?" (Salmo 15:1), antes de listar algumas ações aceitáveis e inaceitáveis diante de Deus. A esse respeito, o Salmo 15 é semelhante à lista de Jesus, Paulo e João sobre quem poderia e quem não poderia entrar em Seu Reino (Mateus 7:21; Gálatas 5:19-23; Apocalipse 22:14-15).
O Salmo 15 diz respeito a Judas, o traidor de Jesus, profeticamente.
Judas:
Judas:
Judas fez todas as coisas que o Salmo 15 prescreve que um morador da cidade do Senhor não faça e não fez as coisas que descrevem uma pessoa justa; portanto, Judas ficou extremamente abalado (Salmo 15:5).
Ao devolver a prata, Judas estava tentando absolver-se de seu pecado e aliviar seu profundo remorso e culpa. Porém, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos não se importaram com a confissão de Judas e o desprezaram:
Mas eles responderam: Que nos importa? Isso é lá contigo (v. 4b).
A reação dos líderes não foi condizente com a de um sacerdote ou mestre religioso que deveria ajudar os pecadores a se aproximarem de Deus. Os sacerdotes e anciãos rejeitaram ao discípulo de Cristo em sua hora de maior remorso. Sua reação impiedosa foi resultado de dois fatores.
Primeiro, eles tinham pressa em condenar Jesus e entregá-lo aos romanos para execução logo após o nascer do sol - antes que o povo tomasse conhecimento de sua conspiração. Eles não tinham tempo a perder com Judas e seus escrúpulos morais.
Em segundo lugar, se eles aceitassem a premissa da confissão de Judas de ser culpado pela traição de sangue inocente, isso os implicaria no mesmo pecado e crime. Os sacerdotes e anciãos eram as pessoas a quem Judas havia entregue o homem inocente. Eles estavam prestes a assassiná-lo. Se Judas havia traído a um inocente, por extensão lógica os líderes estavam prestes a assassinar um homem inocente. Ao darem ouvidos a Judas, os principais sacerdotes e anciãos teriam que lidar com sua acusação implícita de serem eles os verdadeiros assassinos de Jesus. Eles relutaram em fazê-lo.
Portanto, o sumo sacerdote e os anciãos disseram a Judas que não queriam ouvir sua confissão a eles. Tudo isso foi expresso em sua pergunta retórica: “Que nos importa?”
Sua resposta cheia de desprezo a Judas foi: Cuide disso você mesmo!
Em outras palavras, eles disseram a Judas: "Deixe-nos fora disso."
Nesse momento, Judas ficou ainda mais desesperado. Mateus registra: “Judas, depois de arremessar as moedas de prata no santuário, retirou-se e foi enforcar-se” (v. 5a).
Eles haviam se recusado a ouvir sua confissão ou ajudá-lo a expiar seu pecado. Judas jogou o dinheiro do sangue profano no santuário do templo. O "Beit Hamikdash" ("A Santa Casa" de Deus) havia se tornado um "covil de ladrões" de fato (Jeremias 7:11; Mateus 26:13). Lançando as moedas de prata ao chão do santuário do templo, Judas, desesperado, saiu dali.
Seus sentimentos de remorso e culpa pareciam não terem diminuído como ele esperava que diminuíssem ao devolver as trinta moedas de prata. Ele ainda estava cheio de culpa. Tendo traído a Jesus e seus companheiros, e agora sendo zombado pelos sacerdotes e anciãos com quem lamentavelmente havia se aliado, Judas sentiu-se sozinho e entendeu que não havia a quem pudesse recorrer em sua terrível situação. Ele não conseguiu escapar da dor e sentiu que não havia nada que pudesse fazer para se livrar de seu remorso.
Tragicamente, depois de fugir do templo, Judas se enforcou (v. 5b).
Foi um ato final de desespero para escapar da culpa que o dilacerava. Porém, a morte física não remove a culpa (Mateus 10:28). Ela não remove nosso pecado diante de Deus. Morto ou vivo, todos seremos julgados por Cristo por nossas ações (Romanos 14:10; 1 Coríntios 3:11-14; 2 Coríntios 5:10; 2 Timóteo 4:1). Matar-se é uma violação do mandamento de Deus. Não podemos expiar a quebra da lei de Deus quebrando outra lei de Deus. A Bíblia não tolera o suicídio. Ela o proíbe (Êxodo 20:16; Deuteronômio 5:17).
Judas errou ao se matar. Ele estava errado em acreditar estar sem esperança, porque mesmo no seu mais terrível pecado, o amor de Deus era eterno.
Judas não se lembrou da grande esperança que havia em Deus (Lamentações 3:21).
As misericórdias de Jeová são a causa de não sermos consumidos, porque não falham as suas misericórdias. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade. Bom é Jeová para os que esperam por ele, para a alma que o busca (Lamentações 3:22-23, 25).
Em seu isolamento e desespero carregados de culpa, Judas não se lembrou dessa esperança. Talvez Judas tivesse vivido a ilusão de estar no controle. Ele estava roubando a bolsa de dinheiro enquanto apresentava uma imagem de respeitabilidade. Ele pode ter planejado forçar a mão para que Jesus se revelasse como o Messias pelo qual todos esperavam para derrotar aos romanos, ou como uma fraude. Em sua própria mente, ele pode ter raciocinado que se sairia bem de uma forma ou de outra.
Porém, as ilusões de controle de Judas haviam caído por terra. Ele estava lidando com a realidade de ter traído a um homem inocente. A culpa era avassaladora. Judas poderia se arrepender ou entrar numa espiral de autodestruição — a última coisa à qual ele poderia controlar.
Se você ou alguém que você conhece está lutando contra o suicídio, nós o encorajamos a se lembrar dessa esperança e procurar ajuda. É muito difícil para nós, seres humanos, lidarmos com a realidade de que controlamos pouquíssima coisas nesta vida. Porém, a grande notícia é que Deus está no controle de tudo e é sempre confiável. A questão é se vamos confiar Nele ou não.
Cada um de nós recebeu três categorias fundamentais de escolhas: em quem ou no que confiamos; a perspectiva ou os modelos mentais que adotamos; e as ações que tomamos. Cada um de nós tem a oportunidade de confiar em Deus em tudo o que não conseguimos controlar (quase tudo na vida). Cada um de nós tem a oportunidade de escolher a perspectiva verdadeira, incluindo a realidade de que Deus nos ama e é um Deus perdoador que deseja nosso sucesso; e temos a oportunidade de fazer escolhas construtivas, escolhas que reconheçam que a obediência a Deus é o caminho para nossa maior realização.
Dois outros pontos a serem considerados em relação à morte de Judas.
O primeiro diz respeito ao julgamento civil de Jesus diante dos romanos (Mateus 27:11-26; Marcos 15:1-15; Lucas 23:1-25; João 18:28; 19:16).
Embora os sacerdotes e anciãos obviamente não se importassem com Judas como pessoa - para eles, ele era apenas mais uma ferramenta para ajudá-los a prender e condenar Jesus - seu remorso e suicídio provavelmente criaram um problema material para eles durante o julgamento civil de Jesus.
Sob a lei romana, os judeus podiam condenar Jesus por blasfêmia dentro de seu próprio sistema judicial religioso, mas eles não tinham autoridade para executá-lo (João 18:31). Eles precisavam de uma condenação romana para conseguir a crucificação. Roma pouco se importava com os costumes religiosos judaicos e não ouviria seu caso. Para o julgamento civil de Jesus, novas acusações e provas teriam que ser encontradas.
A principal acusação que os judeus usariam contra Jesus diante de Pilatos foi a de insurreição (Lucas 23:2) - cuja pena era a morte. Como basicamente eles não tinham evidência alguma disso (João 18:29-30), podemos supor que eles pretendiam usar o testemunho de Judas, discípulo de Jesus. Sem Judas, sua principal testemunha, seria mais difícil demonstrar que Jesus era um insurrecionista merecedor da morte. Ao mudar de idéia, Judas teria representado uma ameaça ao seu esquema, tornando sua pressa em condenar Jesus ainda mais essencial.
O segundo ponto sobre a morte de Judas diz respeito a como Lucas descreveu o destino de Judas no livro de Atos (Atos 1:18,19).
Mateus registra que Judas se enforcou.
Lucas relata que Judas, “...precipitando-se de cabeça para baixo, arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram" (Atos 1:18).
Esses relatos horríveis sugerem que Judas se enforcou em um lugar alto e, quando a corda se rompeu ou foi cortada, seu cadáver caiu de cabeça e seu corpo se abriu ao bater no chão. Outra possibilidade oferecida por alguns estudiosos como forma de esclarecer esse relato é a de que Judas se enforcou, conforme relatado por Mateus, mas que seu corpo foi jogado por cima das muralhas da cidade contra as rochas, como relata Lucas.
A razão pela qual seu corpo pode ter sido jogado sobre o muro era porque seu cadáver havia contaminado a cidade e impedido os sacerdotes de realizar a festa e os sacrifícios matinais. Os sacerdotes devem ter ficado furiosos com Judas por desertá-los e podem ter ordenado que seu corpo fosse jogado pela muralha sul da cidade no Vale de Hinom, o lixão da cidade. Há lugares nosmuros de Jerusalém com quedas íngremes em direção ao vale. Na época de Jesus, o Vale de Hinom era referido como "Geena", às vezes traduzido como "inferno" (Mateus 5:22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:33; Marcos 9:43, 45, 47; Lucas 12:5). Se esse segundo cenário realmente ocorreu com Judas, ele foi uma representação gráfica e teologicamente adequada de seu destino.
Mateus registra como Judas morreu: “enforcou-se”; Lucas nos conta o que aconteceu com seu cadáver: " precipitando-se de cabeça para baixo, arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram" (Atos 1:18).