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Significado de Miquéias 3:9-12
Miquéias, cheio do Espírito do SENHOR (cf. v. 8), ordena: Ouçam, chefes da casa de Jacó e governantes da casa de Israel (v. 9). Os chefes e governantes eram os líderes políticos da nação. Embora encarregados de proteger e prover para os cidadãos sob seu governo, eles abominavam a justiça. Esses chefes e governantes incluíam os líderes cívicos aos quais Miquéias abordara nos versículos 1-4 e os líderes religiosos abordados nos versículos 5-8.
A palavra “abominar” (hebraico "hamăṯa'ăḇîm") é uma palavra forte que sugere que esses líderes pensavam que a justiça (o sistema de lei) era repulsiva e uma abominação. Isso provavelmente ocorria porque o tratado de Deus exigia que os líderes servissem ao povo e executassem justiça sem parcialidade (Deuteronômio 1:17, 16:18-20). Essa ideia era odiosa para eles, porque afetava seu prestígio, sua preferência por dominar os outros e sua justificativa moral para explorar aos outros, para seu próprio prazer e lucro (Miquéias 3:2-3).
Como resultado de sua escolha de explorar aos outros, eles distorcem tudo o que é reto. Isso indicava que eles racionalizavam seus comportamentos imorais, distorcendo a verdade e alegando que seu comportamento era moral. A palavra “torcer” (hebraico "yə'aqqêšū") significa "distorcer" ou "perverter". Os líderes de Israel distorciam a lei para dizer o que quisessem, a fim de justificarem sua exploração dos outros e lucrar com isso. Eles não tinham respeito por nenhuma lei, especialmente a Lei de Deus dada a Moisés e aos israelitas.
Eles também não tinham respeito (ou amor) por seus companheiros israelitas. Eles só amavam a si mesmos. Assim, eles violavam aos dois mandamentos sobre os quais dependem toda a lei e profetas (Mateus 22:37-40). Ele dava um mal exemplo e faziam com que sua terra violasse a aliança/tratado com Deus. Isso levaria o povo a graves consequências, conforme estabelecido no tratado (Deuteronômio 28:15-68).
O resultado da perversão da justiça é que eles construíram Sião com derramamento de sangue (v. 10). A palavra “Sião” na frase provavelmente se refira a Jerusalém. O Monte Sião era uma das colinas sobre as quais Jerusalém se assentava e era frequentemente usado como sinônimo da cidade. A implicação da frase “construir Sião com derramamento de sangue” era a de que os líderes desempenhavam seus deveres de tal forma que destruíam a vida de pessoas inocentes. Aparentemente, eles justificavam tal injustiça dizendo que aquilo "era bom para a cidade".
Isso provavelmente incluía assassinatos em algumas ocasiões, como visto na linha seguinte, onde eles atormentavam Jerusalém com injustiças violentas. Sião e Jerusalém são usados como sinônimos aqui para se referir ao centro legal e espiritual de Israel. Pode muito bem ter sido que esses líderes racionalizavam a ideia de que oprimir o povo construiria a Sião, porque isso os elevava, bem como a seu poder: "Devemos estar no controle, pois esse é o maior bem de Jerusalém". Este era o mesmo raciocínio que os líderes de Judá deram como motivo para matar Jesus (João 11:47-50).
No versículo 11, Miquéias restringe a discussão a Jerusalém. Ele descreve seus líderes (mesma palavra do v. 8) como aqueles que pronunciam julgamento por suborno (v. 11). Esses líderes (agindo como juízes) proferiam vereditos favoráveis àquele que lhes pagassem suborno. O suborno era uma violação do mandamento do Senhor em Deuteronômio 16:19. Mais uma vez, os líderes não estavam levando Judá a andar nos caminhos de Deus e experimentar Suas bênçãos (Deuteronômio 28:1-14). Em vez disso, eles estavam levando a nação a violar o pacto/tratado de Deus com eles, o que faria com que as disposições de execução para o descumprimento fossem invocadas (Deuteronômio 28:15-68).
Os líderes espirituais eram tão corruptos quanto os líderes cívicos - seus sacerdotes instruem por um preço. Os sacerdotes eram responsáveis por liderar o povo na adoração do Senhor da aliança no templo (Deuteronômio 18:1-5; 26:1-4) e ensiná-los a obedecer à Sua Lei (Números 3:3; Deuteronômio 24:8). Eles não deveriam cobrar por seus serviços; em vez disso, eles deveriam confiar nas ofertas de livre arbítrio do povo (Deuteronômio 10:9).
É irônico (e triste) que os líderes espirituais do povo desempenhassem seus deveres apenas por dinheiro. Infelizmente, isso é um reflexo da natureza humana caída (Romanos 7:15-18). Ela persiste através do tempo e chegará até o fim dos tempos (Filipenses 1:15; 2 Timóteo 4:3-4). Porém, Deus recompensará grandemente aqueles que O servem como testemunhas fiéis (Apocalipse 3:21).
Miquéias também diz que os profetas faziam adivinhações por dinheiro (v. 11). Os profetas haviam sido designados para proclamar a palavra que o SENHOR lhes revelara (Deuteronômio 34:10; Juízes 6:8; Jeremias 1:5-7). Esses profetas, no entanto, como os líderes e sacerdotes, profetizavam apenas por dinheiro. Conforme descrito no v. 6, eles usavam a adivinhação (uma prática oculta) para tentar obter a palavra revelada pelo SENHOR e fazer uma profecia favorável àqueles que pagariam por ela. Ao fazerem isso, eles seguiam ao pecado de Balaão, que foi condenado pelo apóstolo Pedro séculos depois dos oráculos do profeta Miquéias (2 Pedro 2:15).
Esses líderes civis e religiosos alegavam que se apoiavam (ou "confiam") no Senhor. Isso significava que eles mencionavam o nome do Senhor para dar credibilidade às suas profecias. Sua mensagem proclamava: "Não está o Senhor no meio de nós?" A resposta esperada para essa pergunta retórica era "sim". Esta parte de sua afirmação era verdadeira. O SENHOR havia prometido Sua presença constante com Seu povo do pacto (Deuteronômio 2:7; 20:1; Isaías 41:10).
Porém, a segunda parte de sua declaração era falsa. Eles ensinavam que a calamidade não viria sobre eles (v. 11). A palavra “calamidade” (hebraico "rā'āh") é traduzida como "mal", mas também pode ser traduzida como "miséria", "infortúnio" ou "angústia". Eles ensinavam isso porque, embora aceitassem as promessas da presença eterna do SENHOR, haviam se esquecido (ou rejeitado) do ensinamento de que o SENHOR exigia que Seu povo obedecesse aos mandamentos de Sua aliança (Deuteronômio 13:4; 28:1). Eles se recusavam a reconhecer que as escolhas morais do povo teriam consequências morais.
Ao negligenciarem aos ensinamentos morais do pacto, os líderes ensinavam que a obediência do povo não era necessária ou importante para o Senhor. Ou, pior, justificavam a desobediência como obediência, distorcendo a lei de Deus (Miquéias 3:9b). Portanto, eles alegavam que, por causa da presença de Deus com eles, nenhum mal viria sobre eles. A ideia parece ser a de que "Deus está do nosso lado, então estamos a salvo de qualquer invasão". Eles se recusavam a honrar a provisão de sua aliança/tratado com Deus que afirmava diretamente que Deus os entregaria a nações estrangeiras caso desobedecessem ao Seu mandamento de tratar uns aos outros com justiça e amor (Deuteronômio 28:49-50).
Em contraste com os maus ensinamentos e ações dos líderes civis e espirituais, Miquéias prevê que o julgamento era iminente. Ele começa sua declaração com o termo “Portanto” (v. 12), conectando o que estava prestes a acontecer com as ações pecaminosas dos líderes cívicos e religiosos de Judá (ver vv. 10-11). De fato, Ele deixa claro que a calamidade descrita neste versículo era por causa deles. Seu falso ensinamento e tratamento injusto do povo do Senhor seria a causa de sua desgraça.
Miquéias, então, descreve o que o Senhor iria fazer. Ele diz que Sião será arado como um campo (vs 12). Sião refere-se ao Monte Sião, incluindo o templo, o lugar sagrado (Salmos 2:6; 76:2), Jerusalém e arredores. Em vez de uma cidade animada que era o centro de adoração do Senhor, os caldeus (babilônicos) transformariam toda a área em um campo vazio. Isso indicava que o povo de Judá seria exilado.
Além disso, a cidade de Jerusalém se tornará um amontoado de ruínas. As ruas da cidade, antes movimentadas, seriam transformadas em uma pilha de pedras. Isso incluía o templo, o lugar onde o SENHOR habitava entre Seu povo (Salmo 9:11). Isso indicava que Judá seria invadida e Jerusalém seria colocada sob cerco e destruída. Isso ocorreu quando os babilônicos destruíram Jerusalém e exilaram o povo (2 Reis 25:9-12).
Finalmente, Miquéias afirma que a montanha do templo se tornará lugares altos de uma floresta. Isso significa que o lugar mais sagrado de Israel ficaria coberto de árvores e outras plantas. Os únicos ocupantes da floresta seriam os animais, alguns deles perigosos (Jeremias 5:6). Isso porque Jerusalém seria desolada (2 Reis 25:12).
O cumprimento dessa profecia sobre a destruição de Jerusalém ocorreu primeiro em 586 a.C. pelos caldeus (babilônicos). A cidade foi destruída novamente pelos romanos em 70 d.C.