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Significado de Filipenses 3:12-16
O desejo de Paulo de ser uma testemunha fiel e obediente até a morte é reforçado por sua declaração: Não que eu já tenha obtido ou já tenha me tornado perfeito. A palavra traduzida como “perfeito” é "teleioo", que carrega a ideia de conclusão, seja de uma tarefa, uma obra ou uma era. Paulo estava dizendo: "Jesus ainda está trabalhando em minha vida". Portanto, isso parece indicar que Paulo estava conectando o prêmio do chamado pelo qual ele se esforçava por alcançar à "exanastasis"/ressurreição dos mortos da qual procurava se apossar (versículo 11) através de sua determinação em viver uma vida de obediência radical a Deus até a morte como mártir de Cristo.
Paulo reconhece que precisava perseverar até o fim para alcançar aquela recompensa e é por isso que ele diz que ainda não a havia alcançado. Paulo já havia passado por sofrimentos terríveis. Ele havia sido incrivelmente fiel. No entanto, ele ainda não havia resistido até o fim. Por isso, Paulo continuava a se esforçar. Ele poderia ter em mente o princípio do Antigo Testamento encontrado em Ezequiel 18:24 de que se um homem justo se desviasse de sua justiça e fizesse o mal, isso apagaria o impacto positivo das boas ações que ele havia feito antes.
Esta passagem de Ezequiel deixa clara a importância de perseverarmos até o fim para recebermos a recompensa completa. Paulo afirma este princípio ao seu discípulo e sucessor Timóteo no momento em que estava prestes a morrer, durante a sua segunda prisão em Roma. Ali ele afirma que, se perseverarmos em fidelidade até o fim de nossas vidas, ganharemos a recompensa de reinar; porém, se não perseverarmos em fidelidade, nos será negada a recompensa de reinar com Cristo (2 Timóteo 2:12).
Em 2 Timóteo, Paulo afirma que, de fato, havia concluído a prova. Ele de fato conseguiu. Ele diz que uma coroa de justiça seria colocada em sua cabeça (2 Timóteo 4:8). A diferença entre 2 Timóteo e Filipenses parece ser que nesta carta aos Filipenses, Paulo esperava ser liberto da prisão, por isso esperava ter mais tempo para ser fiel. No entanto, em 2 Timóteo ele esperava morrer em breve. Sua vida estava quase no fim. Por isso, ele "alcançou" o prêmio.
Paulo desejava tornar-se ele mesmo um mártir. Ele abordava uma vontade, até mesmo uma ânsia de morrer por Cristo no capítulo 1 (Filipenses 1:23). Talvez isso explique por que ele usa a palavra "exanastasis" dos mortos em vez de simplesmente "anastasis" dos mortos (versículo 11), como em todos os outros casos nas Escrituras referentes à à ressurreição corporal. Morrer como mártir requeria uma obediência radical e, de fato, é algo a ser alcançado por meio da obediência fiel.
Vale ressaltar que a palavra "mártir" vem do grego. No livro de Apocalipse, a palavra "martírio" ocorre várias vezes e é mais frequentemente traduzida como "testemunha" ou "testemunho". Adotar a mentalidade de Paulo requer deixarmos de lado todas as coisas que impedem uma obediência radical a Cristo, a fim de sermos testemunhas fiéis ("martyria") e vivermos um testemunho consistente ("martyria") para Jesus. É essa entrega de nossas vidas que produz a maior das recompensas a serem obtidas. Precisamos entregar nossas vidas e tomar nossa cruz diariamente para obtermos a maior das recompensas, ou seja, conhecer a Cristo pela fé (Lucas 9:23). Porém, não precisamos necessariamente morrer fisicamente para sermos fiéis "mártires". No entanto, parece que Paulo esperava que esse fosse seu chamado.
Tal abandono do "eu" para ser testemunha fiel pode ser feito por meio de serviço e sacrifício e não necessariamente requer morrer fisicamente. No entanto, Paulo esperava morrer como mártir por Cristo. Ele havia adotado uma mentalidade de que morrer por Cristo representava um nível de fidelidade que ele desejava alcançar. Pode ser que ele estivesse falando alcançar ganhar o status de mártir da ressurreição e, dessa forma, se apossar do grande prêmio do chamado de Deus em Cristo Jesus.
Isso é consistente com outras passagens das Escrituras, como:
"Então ouvi uma voz alta no céu, dizendo: 'Agora vieram a salvação, e o poder, e o reino de nosso Deus e a autoridade de Seu Cristo, pois o acusador de nossos irmãos foi derrubado, aquele que os acusa diante de nosso Deus dia e noite. E eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra de seu testemunho, e não amaram sua vida mesmo diante da morte" (Apocalipse 12:10-11).
Fica claro nesta passagem do Apocalipse que aqueles que morreram como mártires o fizeram porque consideraram suas vidas menos valiosas do que obedecer a Jesus. Também é claro que seu testemunho ("martyria") é parte integrante da destruição de Satanás (o acusador). Além disso, essa obediência é parte integrante da inauguração do Reino de Deus na terra.
Paulo observa que buscava se apossar do grande prêmio do chamado de Cristo porque este era o propósito de seu chamado. Podemos considerar que Jesus se apoderou de Paulo aparecendo a ele no caminho de Damasco e fazendo-o reconhecê-Lo como Senhor. Jesus, então, nomeia Paulo como ministro aos gentios. Quando Jesus se apoderou de Paulo, Ele o fez através de uma ação específica para um propósito específico. Assim, Paulo se empenhava com todas as suas forças para alcançar o propósito específico designado a ele por Cristo. Ao fazer isso, Paulo adota a mesma "atitude" ou mentalidade de Jesus, confiando na benevolência de Deus. Paulo cria que andar em obediência aos mandamentos de Jesus dera sempre para o seu bem (conforme descrito em Filipenses 2:5-10).
Paulo considerava a jornada de sua vida como uma obra em progresso. Ele afirma: Irmãos, não me considero como tendo me apossado disso ainda. Paulo novamente fala da grande recompensa à qual ele buscava: conhecer a Cristo e ser exaltado por Deus por sua obediência fiel. Ele afirma estar olhando para frente e não para trás. Paulo aprende com o passado, mas não é escravo do passado. Ele afirma: Apenas uma coisa que faço: esquecendo o que está para trás e avançando para o que está à frente, sigo em direção à meta para o prêmio do chamado de Deus em Cristo Jesus.
Paulo cometeu muitos erros. Ele se autodenomina o "maior" na lista de pecadores (1 Timóteo 1:15). Paulo também havia feito grandes coisas, mas não se pautava em realizações passadas. Paulo não vivia no passado. Ele se esquece do que ficava para trás. Podemos aprender com o passado, mas não podemos mudar o passado. Sabiamente, Paulo vivia no presente. A cada dia, ele avançava em direção à meta, ao prêmio. As ações de Paulo eram informadas por seu passado, porém enraizadas no presente. Tudo o que ele fazia no presente era como um investimento na esperança de um benefício futuro. Ele constantemente agia no agora, mas avançava para o que estava adiante. Ele não esperava conforto. Ele diz que seguiria em frente em direção ao alvo. A expressão “prosseguir adiante” aponta para uma imagem de esforço extenuante. Pelo que sabemos, a vida de Paulo certamente ilustra esse esforço extenuante (2 Coríntios 6:4-5).
Paulo nos admoesta a adotar a atitude de Jesus. Ele nos fornece um exemplo em sua própria vida. De novo, isso é completamente consistente com a atitude que Paulo exorta os crentes de Filipos a adotar no capítulo anterior (2:5-10). Esta seção pode ser vista como o testemunho pessoal de Paulo sobre como aplicar a adoção da atitude ("phreneo") de Jesus em sua própria vida.
Paulo deixa para trás seu testemunho pessoal e volta a fazer uma admoestação. Ele afirma: Portanto, todos quantos somos perfeitos, tenhamos essa atitude. Essa atitude é a mesma que ele acabara de descrever, a qual ele escolheu ter, a mesma atitude de Jesus descrita no último capítulo (Filipenses 2:5). A atitude de obediência radical de Jesus ao Pai em todas as coisas era a atitude que Paulo admoesta os crentes a escolher.
A palavra grega "phreneo" ocorre dez vezes em Filipenses, sendo traduzida aqui como “atitude”, como também em Filipenses 1:7; 2:2, 5. Significa escolher uma mentalidade. O fato de que "phreneo" é encontrada dez vezes nesta pequena carta indica que um dos temas centrais de Filipenses é que os crentes deveriam escolher a mesma mentalidade que Jesus havia escolhido, uma mentalidade de que a obediência radical a Deus era o caminho para nosso próprio bem.
Paulo adverte que essa atitude de se buscar o prêmio futuro por meio da obediência radical a Cristo significava deixar de lado todas as coisas para servirmos a Cristo, incluindo nossas próprias vidas. Paulo insiste que essa atitude deveria ser escolhida por todos quantos fossem perfeitos. A raiz da palavra traduzida como “perfeitos” é a palavra grega "teleios", que também é traduzida como "maduro" ou "completo". "Maduro" é provavelmente uma ideia melhor aqui. Se alguém fosse "perfeito" no sentido de não precisar de mais nada, não haveria necessidade de admoestação da parte de Paulo para que eles continuassem a correr pelo prêmio.
Paulo estava provavelmente dizendo algo como: "Se alguém se considera maduro o suficiente para entender a sabedoria do que realmente é a vida, essa pessoa deve adotar a atitude de deixar tudo de lado tudo para alcançar o grande prêmio da vida que vem da obediência radical a Cristo". A cláusula introdutória “Sejamos, portanto” é qualificada por “quantos forem perfeitos”. O pronome "nós" aqui refere-se a Paulo e a todos os crentes a quem a carta estava sendo escrita. Porém, a admoestação só se aplica aos que são suficientemente maduros (perfeitos) para ter a sabedoria de tomar a atitude ("phroneo") de deixar de lado todas as coisas nesta vida e seguir a Cristo. Este é o caminho para o nosso maior benefício.
Paulo, então, se dirige àqueles que talvez não tivessem maturidade para reconhecer o grande benefício de abrir mão de tudo nesta vida: Se em alguma coisa tiverdes uma atitude diferente, Deus revelará isso também a vós. Parece que alguns não eram maduros o suficiente para compreender que perder tudo por causa de Cristo era realmente ganhar tudo. Jesus afirmara esse princípio com frequência e Seus apóstolos não o entenderam até depois de Sua ressurreição dos mortos (Marcos 8:35; 9:35; Mateus 10:39; Lucas 9:24; 17:33; João 10:17; 12:25; 15:13). Eles ainda não eram maduros o suficiente para entender.
Ainda que este conceito seja encontrado em toda a Bíblia, ele ainda é de difícil compreensão. Não é algo intuitivo acreditar que a melhor maneira de ganhar nossa vida é abrir mão dela. Assim, Paulo está confiante de que, com o tempo, Deus revelaria àqueles irmãos a sabedoria de adotarem essa atitude. Este princípio se aplica a qualquer crente. Deus trabalhará na vida de todos os crentes para revelar a verdade a eles, caso estejam dispostos a ouvir.
Vale notar que o grande exemplo bíblico de fé, Abraão, obedeceu apenas parcialmente por mais de quinze anos. Deus chamou a Abraão enquanto ele vivia em Ur e disse-lhe para deixar sua casa e família e ir para Canaã, onde alcançaria uma grande recompensa por sua obediência (Atos 7:2-3). Abraão obedeceu parcialmente, deixando sua casa, mas não sua família. Ele chegou no meio do caminho para Canaã e parou em Harã por quatorze anos. Então, Deus novamente o instruiu a deixar sua casa em Harã, bem como sua família (Gênesis 12:1-3). Desta vez, Abraão deixou a maior parte de sua família, mas levou consigo seu sobrinho Ló. Em cada passo da jornada, Abraão obedeceu apenas em parte. Quando Abraão se separou de Ló e finalmente obedeceu plenamente a Deus, o Senhor lhe concedeu a recompensa prometida da terra:
"O Senhor disse a Abrão, depois que Ló se separou dele: "Agora levanta os olhos e olha do lugar onde estás, para o norte e para o sul, para o leste e para o oeste; por toda a terra que virdes, eu a darei a ti e aos teus descendentes para sempre" (Gênesis 13:14-15).
Observe que a Bíblia especifica que a recompensa prometida foi concedida apenas "depois que ele se separou de Ló" e, portanto, depois que Abraão finalmente obedeceu plenamente ao mandamento de Deus de "deixar sua casa e sua família". É reconfortante observar que um dos principais exemplos de fé da Bíblia (Abraão) tenha levado tantos anos para chegar à obediência plena. Deus começa uma grande obra em nós quando chegamos à fé em Jesus e recebemos o novo nascimento por Seu Espírito. Porém, Ele continua a trabalhar dentro de nós para nos conformar à Sua imagem. Quando andamos em fé, somos conformados à Sua imagem nesta vida e recebemos recompensas além do que podemos compreender (1 Coríntios 2:9). Isso pode ser visto como um exemplo do que Paulo tinha em mente ao dizer que Se em alguma coisa tiverdes uma atitude diferente, Deus revelará isso também a vós.
Paulo, agora, deixa de falar com aqueles que não tinham sabedoria para entender o grande benefício a ser obtido ao deixarem de lado tudo o que era considerado "grande" nesta vida a fim de ganhar algo infinitamente melhor. Ele agora aborda aqueles a quem ele considerava maduros, afirmando que deveriam continuar vivendo pelo mesmo padrão ao qual alcançamos. Esta frase também pode ser traduzida como: "Na medida do que já alcançamos, sigamos a mesma regra". A ideia parece ser: "Não importa o quão longe vocês chegaram, continuem avançando seguindo a este princípio fundamental".
Algumas traduções acrescentam a ideia de "ser da mesma mente". A vida é um esporte coletivo "jogado" no presente. O "jogo" não termina até acabar. E o jogo não acaba até que nossa vida termine ou até que o dia de Cristo chegue.
O desafio da vida é continuarmos a viver reconhecendo as realidades eternas, deixando de lado tudo o que nos atrapalha a ter obediência completa e radical a Cristo. A frase “continuar vivendo por esse mesmo padrão” refere-se à frase “ter a mesma atitude” no versículo 15. A atitude descrita nos versículos anteriores é a atitude de deixarmos de lado a todas as coisas deste mundo atual, a fim de prosseguirmos em direção ao prêmio do chamado de Deus em Cristo Jesus (versículo 14).
A palavra “atitude” aqui é "phreneo", encontrada dez vezes nesta breve carta. Ela é o tema central do livro. Paulo expõe a mentalidade que devemos adotar em Filipenses 2:5-10, ou seja, a mesma mentalidade que Jesus adotou. A mensagem primordial de Paulo para seus irmãos em Filipos é exortá-los a fazer a escolha deliberada de adotar a mesma mentalidade de Jesus ao deixou de lado o conforto do Céu para buscar a vontade de Deus, recebendo grande recompensa por Sua obediência.