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Significado de Filipenses 4:8-9
No capítulo 3, versículo 1, Paulo usa o termo “finalmente” mais uma vez: Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honroso, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa reputação, se há alguma excelência e se alguma coisa digna de louvor, detenham-se nessas coisas.” A palavra traduzida como “pensar” é “logizomai", da qual derivamos nossa palavra "lógica". Ela também pode ser traduzida como "raciocinar" ou "calcular". O tema central de Filipenses é escolher uma mentalidade ("phroneo") verdadeira e real, uma mentalidade enraizada na realidade de Deus e de Sua criação. A maneira de alcançar essa mentalidade é pensar corretamente, raciocinar, meditar, não apenas pensar em qualquer coisa, mas raciocinar sobre as coisas certas, começando pelas coisas verdadeiras.
O governador Pilatos relutantemente condenou Jesus à morte, tendo escolhido a conveniência política em detrimento da verdade. Ao interrogar a Jesus, Jesus declara: "Eu vim ao mundo para testificar a verdade". O cínico político romano retruca: "O que é a verdade?" (João 18:37-38). Sua resposta provavelmente foi dada com sarcasmo, afirmando "não existir a verdade". Os políticos romanos manipulavam a verdade para seu próprio fim. Os imperadores alegavam ser deuses e não acreditavam que existisse apenas um Deus. De fato, entregue à razão humana, a verdade é algo ilusório e inalcançável. Como somos finitos, não há como chegarmos à compreensão completa da realidade infinita. O livro de Eclesiastes deixa claro que, se confiarmos na experiência e na razão humanas, isso nos levará à loucura.
Porém, Jesus veio para testificar a verdade. A verdade está alojada no caráter e na pessoa de Jesus, que é a encarnação de Deus. É por isso que Paulo nos aconselha a escolher a mesma mentalidade que Jesus escolheu. Ao fazê-lo, estaremos nos debruçando sobre o que é a Verdade.
Ao mesmo tempo, toda a criação reflete a verdade de Deus (Salmo 19, Romanos 1:20). Assim, quando refletimos sobre a criação, com uma mentalidade de que ela reflete o poder de seu Criador, também estamos nos debruçando sobre o que é verdadeiro. Todas as coisas verdadeiras refletirão a Cristo, o Criador e sustentador de tudo o que existe. Tudo o que é falso não reflete a Cristo como Criador e sustentador, tornando-se em perversão ou distorção do que é bom. Portanto, insistir nessas coisas não é benéfico, pois não nos leva a escolher uma mentalidade verdadeira, uma mentalidade que nos leve a buscar o bem.
Deve estar claro, a essa altura, a imensa importância de exercer uma boa administração de nossas escolhas. Há apenas três coisas que podemos escolher. Uma dessas três coisas é controlar a nossa mente ("phroneo"). Paulo nos admoesta ao longo desta carta a escolher uma mentalidade verdadeira. Este parece ser um componente importante da escolha de confiarmos em Deus em todas as coisas. Escolher em quem ou no que confiar é outra das três coisas que controlamos. E cada uma dessas coisas se integra com a terceira coisa à qual controlamos: o que fazemos, que ações iremos tomar.
Uma ação a qual Paulo nos admoesta a tomar é nos debruçar sobre as coisas certas. Primeiro, ele deseja que nos detenhamos naquilo que é a verdade. Porém, Paulo também deseja que nos detenhamos em tudo o que é honroso. Devemos nos debruçar sobre as coisas que valem a pena. Paulo nos dá um exemplo claro de que vale a pena ser recompensado. Ele nos diz no capítulo 2 que Jesus foi premiado com a maior recompensa de todas ao escolher deixar de lado Seu conforto e assumir uma obediência radical. Ele estava no céu, desfrutando de Sua essência como Deus, mas assumiu a forma humana e venceu a tentação através da obediência até a morte na cruz, uma obediência radical a Seu Pai. Este tipo de honra valia a pena. É o caminho tomado por Paulo, ou seja, buscar o "prêmio do nosso chamado" (Filipenses 3:14).
Além disso, Paulo nos admoesta a nos debruçar sobre o que é certo. A palavra traduzida aqui é "dikiaos", que aparece mais de oitenta vezes no Novo Testamento. Na maioria das vezes é traduzida como "justo". Significa que algo se alinha com um padrão. Uma margem "justificada à esquerda" alinha-se corretamente com o espaçamento colunar atribuído a ela. A justiça, ou retidão, é um tema primário das Escrituras e a justiça exigida por Deus precisa alinhar-se a Seu padrão.
O padrão que Deus instrui os seres humanos a adotar ao longo da Bíblia é viver de maneira autônoma, buscando o bem-estar mútuo e lutar pelo bem-estar dos outros tanto quanto lutamos pelo nosso. Deus concedeu a Adão e Eva o cuidado da terra em harmonia um com o outro e com Ele, bem como em autogoverno sobre a criação. A única coisa que Ele pediu a eles para não fazer foi buscar conhecimento fora Dele. Quando escolheram seu próprio caminho, a injustiça entrou no mundo. A terra se encheu de violência (Gênesis 6:11); assim, Deus a destruiu e começou de novo com Noé e sua família. Ele instituiu o governo humano para deter a violência (Gênesis 9) e, eventualmente, fundou Israel como nação sacerdotal, visando demonstrar à terra os grandes benefícios de se viver de maneira autônoma. Deus deu a Israel os Dez Mandamentos, juntamente com seus regulamentos, para guiar os israelitas ao autogoverno. Os Dez Mandamentos estavam enraizados em dois pilares principais:
Paulo nos fornece um exemplo tangível de como deve ser o autogoverno no caso das duas mulheres em disputa. Ele exorta a cada pessoa no corpo a assumir a responsabilidade de fazer o que pudessem para promover o bem-estar daquelas senhoras. Eles deveriam ser assertivamente cooperativos. Eles não deveriam buscar conforto ou controle, mas o benefício mútuo. O objetivo era que as senhoras tivessem a mesma mentalidade. Esta é a essência da retidão, ou seja, que todos os membros de um corpo trabalhem juntos em unidade. Paulo usa o exemplo de um corpo como ilustração da justiça em Romanos 12 e em 1 Coríntios 12. Ele deixa claro que o corpo só funciona corretamente se tiver a cabeça correta. A cabeça correta só pode ser Jesus Cristo.
Quando nos debruçamos sobre o que é certo, ou justo, devemos nos debruçar sobre como nossos dons são mais bem aplicados para beneficiar aos outros. Devemos nos deter no exemplo de Jesus, o Cabeça do Corpo de Cristo, e em como podemos seguir em obediência radical no serviço ao próximo. Devemos nos debruçar sobre a responsabilidade que temos de agir, reconhecendo que não podemos controlar a maioria dos aspectos da vida, deixando os resultados para Deus.
Paulo também nos diz para nos debruçar sobre o que é puro. O apóstolo usa a palavra “puro” em outras passagens como algo imaculado, intocado pela imundície do pecado e dos caminhos do mundo. Insistir no que é puro exige necessariamente que não mergulhemos em nenhuma atividade que possua a mentalidade do mundo. Ingerir a mentalidade do mundo é como beber veneno. Não devemos encher nossas mentes de pensamentos impuros, pecaminosos e lascivos, assim como não devemos buscar nos envenenar. Devemos, portanto, tomar extremo cuidado com a mídia impressa ou visual que consumimos. Devemos cuidar de quem ouvimos as coisas ou com quem passamos tempo. Todos esses insumos afetam o nosso coração a mente.
Paulo também nos diz para nos debruçar sobre tudo o que é amável. A palavra traduzida como “amável” significa “aceitável” ou “agradável”. Para se encaixar no contexto, isso teria que se aplicar a coisas que se alinhem com aquilo que agrade a Deus. O tema principal da carta aos Filipenses é a escolha da mentalidade de obediência radical que Jesus escolheu, a fim de agradarmos a Deus.
A próxima coisa que Paulo nos diz para prestarmos atenção é “tudo o que é de boa reputação”, às vezes é traduzido como "louvável" ou "de bom relatório" ou "admirável". Paulo pode ter em mente se debruçar sobre "o que vale a pena". Se desejamos nos debruçar sobre coisas que nos ajudam a escolher a mentalidade de andar como Jesus andou, faz sentido investir tempo e recursos pensando em coisas que nos façam andar como Jesus andou, fazer as coisas que Jesus fez. Esta pode ser a mesma ideia do que é excelente e honroso. A ideia parece ser a de "investir tempo pensando em coisas que nos ajudem a escolher uma mentalidade verdadeira e benéfica e, então, colocar essa mentalidade em prática".
Paulo acrescenta outra admoestação, depois de fornecer essas admoestações aos filipenses. Ele os instrui a praticar as coisas que aprenderam, receberam, ouviram e viram de mim. Os filipenses haviam aprendido e recebido muitos dos ensinamentos de Paulo. Paulo os exorta a se apegar a esses ensinamentos e segui-los. Eles também tinham visto em Paulo a aplicação de seus ensinamentos. Paulo os exorta a seguir seu exemplo. Paulo era incrivelmente transparente. Ele diz aqui: "O que eu estou dizendo a vocês é exatamente o que eu faço". Era um testemunho da integridade de Paulo.
Paulo lhes diz para praticar essas coisas e o Deus da paz estará convosco. A paz de Deus vem com a escolha de uma mentalidade verdadeira. Ao sustentarmos essa mentalidade, fazemos escolhas consistentes ao longo de nossa vida diária. Quando não temos paz, isso pode significar que estamos fazendo escolhas ruins. Precisamos reavaliar que mentalidade escolhemos. Precisamos reenfatizar a preocupação com as coisas certas. E precisamos buscar a ajuda de outras pessoas, daqueles que cuidam de nosso bem-estar, pessoas que podem nos ajudar a buscar a mentalidade adequada e lançar nossos cuidados sobre Deus. A palavra “prática” neste versículo é geralmente traduzida como "agir" em outros lugares. Uma das três coisas que controlamos é como escolhemos agir. Paulo admoesta os filipenses a escolherem fazer as coisas certas e promete que o Deus da paz estaria com eles.
Anteriormente, Paulo havia afirmado que a "paz de Deus" protegeria seus corações da ansiedade, caso eles confiassem que Deus estava no controle e que Ele era benevolente. Agora, Paulo promete que o Deus da paz estaria com eles quando eles fizessem o que Paulo lhes orientava a fazer. Vale a pena notar que, no momento em que Paulo escreve esta carta, ele estava na prisão e poderia ser condenado à morte. O Cristianismo era considerado uma prática ilegal em muitos lugares e a perseguição contra os cristãos era comum. Nenhuma dessas circunstâncias era pacífica. No entanto, a paz estava disponível através da fé no Deus da paz. A verdadeira paz é quando vemos todas as coisas como elas são. Isso não é possível no mundo físico até que Jesus retorne e restaure todas as coisas, criando uma nova terra na qual a justiça habita (2 Pedro 3:13). Porém, ela está disponível no plano espiritual, através da fé no Deus da paz. Essa paz é apropriada por nós através do ato intencional de fazermos boas escolhas que nos ajudem a adotar uma mentalidade ("phroneo") verdadeira.