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Significado de Provérbios 1:7-9
O temor de Jeová é uma declaração clássica que ecoa por todo o Antigo Testamento (Gênesis 20:11; Neemias 5:9, 15; Jeremias 32:40) e especialmente nos livros que compõem o gênero da literatura de sabedoria (Jó 28:28; Salmo 19:9; Eclesiastes 12:13; e quinze vezes no Livro de Provérbios).
Já que temos uma conotação negativa em torno do medo, essa frase é frequentemente descrita como uma reverencia saudável pelo SENHOR. Mas talvez devêssemos repensar o termo medo ou temor. Todo ser humano experimenta o medo, ele está ligado aos nossos valores. Tendemos a servir aquilo que mais tememos. Se é por nossas vidas ou pelas vidas de nossa família, é porque nos importamos profundamente com eles. Valorizamos a vida. Isso nos levaria a temer inimigos ou invasores porque estamos preocupados que eles possam levar ou destruir algo que importa para nós. Se esse é o nosso maior medo, então invasores em potencial se tornam nossos mestres sem nem realmente precisar invadir.
Os Provérbios desejam que escapemos do serviço a qualquer medo que não seja o temor de Jeová. Se tememos o SENHOR, então colocaremos obter a aprovação de Deus como um valor acima de todos os outros. Isso na verdade nos permite viver em paz em meio à ameaça de um invasor, mesmo enquanto reconhecemos e nos preparamos para essa possibilidade. E nos permitiria viver em paz e liberdade mesmo se o invasor capturasse nossa terra, porque nenhuma pessoa pode nos impedir de aplicar a sabedoria para agradar a Deus.
Os livros de sabedoria consideram o mistério de Deus de vital importância. Não podemos controlá-Lo. Somente Ele é Deus. Ele pode nos submeter a circunstâncias desafiadoras (como Jó) ou nos pedir para confiar nele (como Salomão em Eclesiastes). A confiança requer que reconheçamos nossa vulnerabilidade. Se reconhecemos que somos vulneráveis, haverá um medo associado a isso, uma incerteza que nos diz que estamos expostos a circunstâncias incontroláveis e eventos futuros desconhecidos. A vulnerabilidade insiste que confiemos, mas a única questão é "Em quem?" Será nossa confiança abusada ou colocada fora de lugar por confiar em nós mesmos ou em algo que não é seguro? Ou nós confiaremos em Deus? Ao confiar em Deus, proclamamos simultaneamente que Ele é aquele a quem valorizamos e a quem tememos.
Este é o princípio do conhecimento: temer a Deus. Preocupar-se que Ele pense positivamente das coisas que fazemos, antes de todos os outros medos de que possamos ter. Colocar nossa fé em Deus em vez de confiar em nós mesmos. É uma perspectiva assustadora, porque é uma submissão, uma entrega de controle - ou melhor, uma renúncia à ilusão de controle. É, na realidade, um abraço ao que é verdadeiro e real. Como Eclesiastes ensina, é loucura acreditar que controlamos o "hebel" da vida, as complexidades incontroláveis, vaporosas e incompreensíveis de tudo o que é. Mas a sabedoria e a realização estão disponíveis quando enfrentamos a realidade como ela é, confiando que a instrução de um Deus soberano e onipotente vem de um lugar de benevolência.
Aqui é onde a sabedoria começa: reconhecendo que Deus é Deus e eu não sou. Portanto, é prudente e necessário colocar minha confiança Nele se desejo viver uma vida que termine em realização.
Note que o temor do Senhor é onde a sabedoria começa - onde começa, mas não necessariamente onde termina. 1 João diz que o amor perfeito lança fora o medo (1 João 4:18). Mas o versículo anterior afirma: "O amor é perfeito em nós, para que tenhamos coragem no Dia do Juízo; porque, assim como ele é, nós somos também neste mundo." (1 João 4:17). Essa progressão começa com o temor do SENHOR, depois passa para o amor à obediência e, em seguida, para a ousadia, porque o amor perfeito nos leva à obediência completa.
Talvez seja semelhante a uma criança que tem pais humanos construtivos. A obediência da criança começa inicialmente porque eles são fisicamente mais fracos. Ela começa no temor dos pais. Mas eventualmente eles percebem que seus pais tinham o melhor interesse dela no coração e acabam se comportando exatamente como seus pais "neste mundo".
Devemos nos esforçar para chegar a um ponto (através da confiança/fé e sabedoria) em que não temos medo do que Deus pensa, porque temos a ousadia de saber que O amamos e estamos andando plenamente em Seus caminhos. Mas no princípio dessa confiança, o temor do que Deus poderia pensar de nós, fazer conosco ou nos pedir é um ponto de partida razoável. Não é apenas o ponto de partida, mas também o alicerce para viver uma vida que será completamente cumprida pela avaliação de Deus de que fomos, de fato, bons administradores da oportunidade que Ele nos deu.
O conhecimento, do qual o temor do Senhor é o princípio, é a palavra hebraica "yada". Ela engloba o aprendizado de fatos, a percepção da realidade e a aplicação da sabedoria. É uma palavra abrangente para a percepção humana, compreensão e habilidade na aplicação.
Por outro lado, os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução, esses dois adjetivos são usados na primeira cláusula no versículo 2, que estabelece o propósito do livro. Aqui, temos o protagonista dos Provérbios (a Sabedoria) contra o antagonista (a Insensatez). A sabedoria é um conhecimento aplicado e exige ação. Não é apenas o que fazemos (certo ou errado), mas como fazemos.
Os insensatos desprezam isso, eles evitam a instrução e a correção e procuram dobrar tudo ao seu redor à sua própria vontade (que é a melhor forma de levar à futilidade e frustração). Eles evitam a submissão/temor/confiança em Deus e vivem a vida de acordo com a percepção de seus próprios desejos carnais. Eles desprezam a sabedoria e a instrução. Eles representam o outro caminho disponível para os seres humanos, formam uma visão de mundo em torno de si mesmos, uma que necessita evitar a instrução, fazendo inimizade com a sabedoria.
Curiosamente, Provérbios não se concentra em converter os tolos, mas se reocupa principalmente em estabelecer o que diferencia os insensatos dos sábios. Não trata seu público jovem como uma pessoa sábia lutando contra a insensatez. Também não os retrata como tolos que precisam mudar seus caminhos. Não assume nem julga onde o leitor está, mas simplesmente apresenta os dois caminhos, as consequências e as realidades de cada um. Dessa maneira, Provérbios reconhece de forma conclusiva que cada pessoa recebeu (de Deus) a oportunidade e a responsabilidade de escolher entre a sabedoria e a loucura. Deus julgará essa administração no final da vida (Eclesiastes 3:17). Enquanto isso, essa decisão incrivelmente importante fica por nossa conta. Provérbios está disponível para todos que desejam instrução.
O versículo 8 traz o comando em duas partes: ouvir e não abandonar. Ele introduz a dinâmica familiar, a primeira arena de ensino para qualquer pessoa jovem: Ouve, filho meu, a instrução de teu pai. E não abandones o ensino de tua mãe. Observe que essas são qualidades passivas. Para aprender é necessário escutar. Não podemos adquirir sabedoria sem antes escutar e entender. Isso é um pré-requisito para a aplicação dos ensinamentos.
A ilustração familiar do pai e da mãe para descrever a instrução e o ensino ajuda a reforçar a audiência do livro, que são os jovens e inexperientes. Também reforça o valor da audição/aprendizado em um ambiente familiar - a família. É uma pequena parábola que podemos reconhecer - os pais nos ensinam como viver a vida e Deus é o pai supremo; submeter-se ao seu ensino é como ganhamos sabedoria.
Esses ensinamentos serão para a tua cabeça grinaldas de graça e colares para o teu pescoço. A palavra traduzida como grinaldas significa um enfeite atraente. Na época, poderia ter sido imaginada como um turbante elegante que demonstrava distinção. Um equivalente moderno de colares para o teu pescoço poderia ser algo como "um relógio caro". O ponto é que quando esses ensinamentos são postos em prática, eles nos tornam apresentáveis aos outros. Isso enfatiza mais uma vez que esses ensinamentos devem ser vividos na prática, em comunidade com os outros.