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Significado de Salmos 117:1-2

O louvor sincero é nossa resposta mais apropriada às atividades do Senhor em todos os cantos da terra. Ao reconhecermos Seu amor especial por cada pessoa, cada uma delas criadas para um propósito eterno, honramos os feitos históricos e salvíficos de Deus entre nós. Também encontramos liberdade na realidade de quem Deus é. Seu amor por cada pessoa nos liberta para sermos tudo o que Ele pretende que sejamos. Este salmo faz parte do "Hallel" (louvor) dentro dos Salmos 113-118.

O Salmo 117 é o capítulo mais curto em toda a Bíblia.

O salmo está inserido no agrupamento de salmos chamados "Hallel egípcio", ou seja, Salmos 113-118.

O termo "Hallel" tem sua forma raiz no verbo hebraico הָלַל (H1984 - pronuncia-se: "haw-lal'"). Hallel, em suas várias formas, significa "aclamar", "gloriar-se", "louvar". Expressa uma profunda satisfação através de elogios às atividades e ao caráter da pessoa elogiada.

O verbo Hallel é usado principalmente no plural, sugerindo que a alegria de reconhecer a grandeza de Deus deve ser compartilhada pelo povo de Deus. Aqueles que amam a Deus se unem para se alegrar no SENHOR e exaltá-Lo juntos. A exclamação "Aleluia" vem desta palavra.

Além do Salmo 113-118 (o Hallel egípcio), o livro de Salmos contém outros dois Hallels: o Salmo 136, chamado de "Grande Hallel"; e os Salmos 146-150, o "Hallel Final".

O Hallel egípcio (Salmo 113-118) recebe seu nome como referência ao Egito no Salmo 114:1. Este grupo de salmos era tradicionalmente cantado durante o Seder da Páscoa em comemoração à libertação de Israel do Egito (para saber mais sobre o Seder da Páscoa, veja o artigo A Bíblia Diz: "O Seder da Páscoa"). O Salmo 117 pode ter sido um dos hinos cantados por Jesus e Seus discípulos durante a celebração da Páscoa na noite anterior à sua crucificação (Mateus 26:30).

O Salmo 113 parece ser uma releitura do cântico de Moisés e dos filhos de Israel depois de Deus os salvar das garras do Faraó ao fechar o Mar Vermelho sobre os egípcios (Êxodo 15:1-18). O versículo central deste salmo - "Quem é semelhante ao Senhor nosso Deus?” (Salmo 113:5) - faz a famosa pergunta do hino em Êxodo: "Quem é como Tu entre os deuses, ó Senhor?" (Êxodo 15:11).

O Salmo 114 é um cântico de louvor que descreve o Êxodo. O Salmo explora a forma como as características físicas da terra tremeram diante do poder de Deus após a retirada milagrosa de Israel do Egito no meio do mar e também do rio Jordão em direção à terra prometida.

O Salmo 115 proclama como Deus é a figura central de toda história e convida os leitores a confiar no SENHOR, pois não serão desapontados.

O Salmo 116 é um hino profético sobre a traição, morte e ressurreição do Messias.

O Salmo 117 é um louvor e um mandamento evangélico. É também uma exortação a que todos os povos louvem ao SENHOR por Sua bondade. Sua proclamação prefigura a Grande Comissão (Mateus 28:18-20).

O Salmo 118 é o Hallel Hosana. A primeira metade do salmo lembra a época em que o salmista invocava ao SENHOR ao estar cercado por seus inimigos. O SENHOR o libertou. A segunda metade do salmo consiste na celebração triunfante da salvação do Senhor. O Salmo 118 é um texto profético referente às vitórias do Messias e suas declarações foram alardeadas quando Jesus entrou em Jerusalém no "Domingo de Ramos".

Primeiro, encontramos a ordem: Louvai ao Senhor, tendo sua raiz no verbo hebraico "hallel" (louvar). Esta diretriz ao louvor estabelece a referência para o encontro da mortalidade humana com o Deus Criador Imortal, o SENHOR (Javé). Este louvor lança luz sobre o Autor da Vida. Que tipo de resposta deveria ser esperada, além de um reconhecimento absoluto e admiração por Alguém que ultrapassa a toda a experiência humana? Pense nisso. Nós facilmente expressamos alegria e admiração diante de um pôr do sol dce cuja criação não participamos. Quanto mais deveria ser o nosso apreço por Aquele que criou a imagem diante da qual ficamos tão encantados!

Israel, cujas experiências com o Senhor produziram o Livro dos Salmos, nasceu para ser um povo evangélico. Eles foram destinados pelo Deus Criador a convidar o mundo todo à fé no Senhor. De Abraão em diante, todos deveriam abençoar às nações da terra, sendo uma "luz para as nações, a fim de que a Minha salvação chegue até os confins da terra" (Isaías 49:6, 42:6; Gênesis 18:18). Assim, Israel deveria ser um agente da graça de Deus para o mundo inteiro.

A segunda coisa que aprendemos na segunda frase do Salmo 117:1 é que os chamados a louvar ao Senhor são, de fato, a colheita do trabalho evangelístico de Israel. O louvor deveria emanar das nações, raças e culturas alcançadas e abençoadas por Israel. O termo hebraico "goyim" é traduzido como “todas as nações”, o mesmo termo que, ao longo do tempo, foi aplicado pelos religiosos judaicos para descrever a população gentia do mundo, ou seja, todos os povos que não eram parte de Israel. O chamado a louvar a Deus, assim, é emitido não exclusivamente aos filhos e filhas de Abraão, mas também aos gentios (não judeus) herdeiros adotivos da salvação!

Além de ser a origem de muitas nações, Abraão seria o início de uma linhagem particular, uma grande família, um povo escolhido e favorecido por Deus (Gênesis 17:6-9). Eventualmente, essa comunidade se expandiria e receberia o nome do neto de Abraão, Jacó, mais tarde chamado de Israel. A nação passaria a ser conhecida como Israel (Gênesis 32:28).

A segunda frase do versículo 1 - dai-lhe louvores, todos os povos - é um convite não apenas aos judeus, mas a todos os povos, incluindo os herdeiros diretos da promessa dada por Deus a Abraão. O termo usado aqui - “povos” - destina-se a expandir o foco às nações gentias, incluindo às doze tribos, os descendentes diretos de Abraão, conhecido agora como Israel. A questão parece ser a de que o Deus de Israel deveria ser o Deus de todos. Ele deseja que todos O conheçam.

Ao criar Israel, Deus deixou claro que eles teriam uma missão evangelística. Ele os chamou para serem uma nação sacerdotal santa ao Senhor (Êxodo 19:6). Isso significava que Israel deveria seguir os caminhos de Deus e demonstrar às nações vizinhas que Seus caminhos, balizado pelo amor e serviço uns aos outros, eram superiores aos caminhos pagãos, onde os fortes sempre exploravam aos fracos.

O cerne da existência de Israel era o de proclamar, com alegria, o status exaltado do Senhor em toda a criação. A nação, agora identificada como o povo de Deus, deveria carregar a missão de exaltar os méritos do Senhor de modo a levar o resto do mundo à consciência da grandeza da salvação de Deus e dos efeitos devastadores e humilhantes do pecado. O plano de Deus era reconciliar a todos os povos consigo mesmo, o que foi finalmente realizado na pessoa de Jesus Cristo (Colossenses 1:19-20). Este salmo chama todas as pessoas a Deus e demonstra que o Deus de Israel é o Deus de todos.

O versículo 2 - Pois grande é a Sua benignidade - é surpreendente. Apesar da posição humilhante dos gentios e samaritanos durante o tempo de vida de Jesus, a declaração aqui é magnífica e generosa em sua aplicação, pois alcança a todas as tribos, todas as nações e todos os povos. É o anúncio indiscutível do caráter do Senhor - o amor em sua expressão mais plena - e de Seu amor imutável em relação a cada pessoa. Desta forma, Jesus foi o cumprimento do Salmo 117, na medida em que Ele reconciliou a todos os povos consigo mesmo através de Sua morte e ressurreição (Colossenses 1:19-20).

Claramente, a expressão “conosco” na frase não é limitada. A ordem para que as nações louvem ao Senhor e que todos os povos O louvem se sustentam como um chamado indistinto. O uso do pronome “conosco” propositalmente vai além das diferenças culturais, das fronteiras nacionais e de todas as outras distinções existentes entre um ser humano e outro. Do ponto de vista de Deus, todos os homens, mulheres e crianças são Sua criação; cada um é destinado a receber o amor, a bondade e a graça de Deus; cada um é destinado à salvação do Senhor. Cada um é chamado a relacionar-se com o seu Criador.

O versículo final deste pequeno salmo acrescenta: A verdade de Jeová subsiste para sempre. Esta adição conclusiva apresenta dois absolutos que são opostos entre si, porém constantes diante das muitas perspectivas filosóficas ocidentais do século 21 sobre a verdade e o tempo. A verdade vem unicamente do Senhor e ela não muda com os caprichos dos homens. Esta verdade do Senhor dura para sempre, é eterna.

Um ditado popular nos tempos modernos é que "tudo é relativo". Esta é uma afirmação internamente contraditória e isso pode ser demonstrado ao fazermos a pergunta: "Esta declaração é sempre verdadeira?" Caso afirmativo, a própria declaração de que “tudo é relativo”, como afirmação absoluta, sugere que a própria frase é relativa. Caso negativo, então a frase não é verdadeira. De qualquer forma, a afirmação mostra-se falsa. Este será, em última análise, o caso de todas as filosofias baseadas na razão humana finita.

Deus, porém, não é limitado pelo tempo. Ele não tem restrições finitas. O tempo para nós é vivido e limitado por uma memória imperfeita do passado, uma tênue compreensão do presente e meras conjecturas (bem informadas ou não) sobre o futuro. A eternidade, como expressão do tempo ilimitado, o eterno, é um tema geralmente reservado ao campo metafísico (teologia), poético (expressão artística) ou fictício (ficção científica). Este salmo, no entanto, declara que o louvor deve ser dado a Deus por todos os povos, porque a verdade do Senhor é para todos os povos, de todos os tempos.

Em contraste com os caprichos das filosofias criadas pelo homem que vêm e vão, o salmista declara que a verdade do Senhor é eterna. Lembre-se de que o nome do Senhor, Javé, evoca o Ser que é o Único Criador Imortal (Êxodo 3:14). Note que essa verdade real incontestável é tal porque o Senhor é o único Criador da verdade real. Nada do que não venha do Senhor pode competir com a verdade real; será meramente uma falsificação da verdade.

Isso foi precisamente o que tornou a afirmação de Jesus sobre sua divindade tão surpreendente aos que ouviram às Suas palavras pela primeira vez: "Eu sou...a verdade" (João 14:6). Esta declaração estabeleceu uma unidade entre Filho e o Pai de forma tão contundentes que aqueles que a ouviram não conseguiram mais postergar sua fidelidade ou sua oposição ao Nazareno. Esta era e é a verdade absoluta, imutável atemporal, não diluída pelos medos humanos, pela passagem da história ou pelas marés ascendentes e decrescentes da razão ou da ambição humanas.

Na verdade, é precisamente pelo fato de esta verdade ser centrada no Deus Eterno e Existente que ela não precisa de provas. Tudo o que ela é fala de seu Criador (Salmo 119). Assim é a verdade. O próprio Deus é eterno - sem começo e sem fim. Assim é a verdade de Deus. O caráter essencial de Deus é o amor (1 João 4:8, 16); a verdade da realidade de Deus dá testemunho desse amor. A eternidade da verdade do Senhor significa que a verdade, da mesma forma que o amor, também não vacila, muda ou morre (1 Coríntios 13:8).

O resultado é que os louvores mais intensos são devidos ao Deus que nos ama a todos com uma intensidade balizada em um propósito eterno. Não veremos tudo, não entenderemos tudo, não explicaremos tudo. A vida é, para nós, como um vapor ou névoa, "Hebel" em hebraico. Como observa nosso comentário sobre Eclesiastes, as tentativas de confiarmos na razão e na experiência humanas para tentar dar sentido a essa névoa de realidade só nos levam à futilidade, à loucura e ao mal.

No entanto, quando confiamos e demonstramos fé na verdade da Palavra de Deus, nossas limitações não mais importam, pois o Criador Eterno e Existente cuidou de tudo Ele mesmo. Quando cremos em Seus propósitos, aproveitamos a vida ao máximo, até a eternidade.

Somos eternamente amados e destinados dentro da eternidade a receber o convite de Deus para entrar na verdadeira salvação oferecida por Ele. Esta salvação não diz respeito apenas ao pecado (João 3:14-16), mas também à futilidade da prisão das limitações humanas. O louvor a Deus, o reconhecimento de quem Ele é e de que podemos confiar que Ele tem nosso melhor interesse em Seu coração são a chave para rompermos com aquilo que nos limita e oprime, libertando-nos para sermos tudo o que Deus nos criou para ser (Gálatas 5:13).

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